impossível de determinar. O conhecimento da lei ocorre no momento de sua publicação no Diário Oficial, que é o meio pelo qual as normas jurídicas entram em vigor. A partir deste momento, ninguém pode alegar ignorância a respeito da lei, que se tornou pública. Presume-se, portanto, que seus destinatários têm plena ciência de seu conteúdo a partir da publicação da lei. Em muitas ocasiões, uma lei tem lacunas que precisam ser supridas por seu intérprete. Em outras situações, simplesmente não existe uma norma que seja diretamente aplicável ao caso analisado. O artigo 4º da Lei de Introdução ao Código Civil estabelece que, "quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito". A analogia consiste em aplicar, a um caso não previsto de modo direto ou específico por uma norma jurídica, uma outra norma jurídica, que foi prevista para uma hipótese distinta, porém semelhante ao caso não previsto. A aplicação da analogia exige a presença de três condições simultâneas: a) o caso não esteja previsto em norma jurídica; b) o caso tenha uma relação de semelhança com outro caso, previsto em norma jurídica, e c) o elemento de identidade entre os casos não seja qualquer um, mas sim um elemento essencial, um fato que permita afirmar que a situação não regulada pela lei realmente mereça ser regulada por uma lei que, a princípio, somente teria aplicação para outra situação. O costume é outra fonte supletiva para preencher as lacunas da lei. O costume, como o próprio nome já demonstra, é uma prática que se estabelece por força do hábito, ou seja, pela aceitação tácita de uma determinada prática, pela sociedade, ao longo do tempo. O costume possui dois elementos necessários: a) o uso e b) a convicção jurídica. Isto quer dizer que o costume somente pode ser levado em consideração quando consistir, de fato, em uma prática uniforme, constante, pública e geral e que represente, ao mesmo tempo, uma prática aceita como correta socialmente. Por outro lado, uma prática ilegal, ainda que comum na sociedade, não poderá ser considerada como um costume pelo juiz. As condições de vigência do costume, portanto, são as seguintes: continuidade, uniformidade, moralidade, e obrigatoriedade. Continuidade, porque a prática deve ser habitual; uniformidade, porque deve ser feita pela maioria das pessoas; moralidade, porque deve ser uma prática não proibida pelo ordenamento jurídico; e obrigatoriedade, porque as pessoas devem respeitar a prática como se fosse uma lei. Quando nem a analogia, nem o costume podem ser utilizados para o preenchimento da lacuna na lei, o juiz pode aplicar os chamados princípios gerais de direito. Os princípios gerais de direito são preceitos que não estão necessariamente previstos de modo explícito pela norma jurídica, mas que são inerentes ao próprio ordenamento jurídico do país. Eles são conceitos básicos sobre como deve funcionar a vida em sociedade, independentemente de estarem ou não previstos em lei. Assim, os princípios gerais de direito são derivados das idéias políticas e sociais em vigor, como se representassem o consenso da sociedade com relação a quais valores e aspirações morais devem prevalecer em um determinado momento histórico. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 04 Alguns princípios gerais de direito: a) moralidade; b) igualdade de direitos e deveres; c) proibição de enriquecimento ilícito; d) função social da propriedade; e) ninguém pode transferir mais direitos do que tem; f) a boa-fé é presumida e a má-fé deve ser provada; g) ninguém pode invocar a própria malícia; h) o dano causado por dolo ou culpa deve ser reparado; i) autonomia da vontade e liberdade de contratar, entre muitos outros. Quando o juiz não encontra a solução para a lacuna da lei na analogia, nos costumes e nos princípios gerais de direito, pode se valer da eqüidade para decidir o caso. A eqüidade é entendida como um princípio de Direito Natural. Ela é uma forma de afastar o rigor da lei em determinadas hipóteses, ou seja, de se julgar uma situação específica de forma mais flexível, buscando-se uma interpretação mais benigna e humana do caso. Como o julgamento por eqüidade pode até mesmo contrariar o que diz a lei, ela não pode ser aplicada sempre. O próprio Código de Processo Civil estabelece, no artigo 127, que o juiz somente pode decidir por eqüidade nos casos previstos em lei. Para que a eqüidade possa ser utilizada, é preciso que os seguintes requisitos estejam presentes: a) a interpretação a ser adotada seja decorrência do sistema jurídico e do direito natural; b) não exista, sobre aquela matéria que está sendo julgada, texto de lei claro e inflexível; c) exista, realmente, uma omissão, defeito, ou uma exagerada generalidade da lei; d) não exista possibilidade de resolver a questão aplicando-se as soluções comentadas anteriormente, ou seja, a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito; e) e, por fim, a elaboração da regra de eqüidade deve estar em harmonia com o sistema jurídico. A eqüidade tem por objetivo fazer com que o julgador encontre aquilo que for justo e razoável. Ou seja, ela serve para fazer com que a finalidade da lei prevaleça sobre sua linguagem, e que entre as diversas interpretações possíveis para o caso, encontre-se aquela que for mais benigna e humana. O artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil estabelece que "na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum". Isso significa que o juiz deve buscar o real objetivo da lei e não se ater apenas ao texto dessa lei. Se uma mesma lei permite mais de uma interpretação, o juiz deve escolher aquela que se apresente mais justa, ou seja, que atenda ao bem comum e à sociedade. O artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil estabelece que "a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada". A definição de cada um desses termos está na própria lei. Assim, ato jurídico perfeito, de acordo como parágrafo primeiro do artigo 6º, é o ato "já consumado segundo a lei vigente, ao tempo em que se efetuou". Isso quer dizer que o ato jurídico perfeito já se tornou apto a produzir os seus efeitos e, em razão disso, não é alterado pela existência de lei posterior. Ou seja, a lei em vigor terá efeito imediato geral, atingindo os fatos futuros e não os fatos passados. A lei nova não pode retroagir no tempo, para alcançar os fatos do passado, mas somente ser aplicada para o futuro. Isso ocorre para garantir a segurança jurídica, já que se uma nova norma considerasse como inexistente ou inválido um ato já consumado que estava de acordo com a norma anterior, o direito adquirido que dele decorre desapareceria, por falta de fundamento. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 05 Em outras palavras, os direitos adquiridos decorrentes das leis anteriores seriam perdidos, o que causaria desordem social. Direitos adquiridos são aqueles direitos