PREPARATÓRIO PARA OAB Professor: Dr. Marcel Leonardi DISCIPLINA: DIREITO CIVIL Capítulo 3 Aula 1 DOS FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS E PROVA Coordenação: Dr. Flávio Tartuce 01 Dos Fatos e Negócios Jurídicos e Prova "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br O artigo 104 delimita quais são os elementos imprescindíveis à existência e validade do negócio jurídico, pois formam a sua substância. Esses elementos podem ser gerais, se forem comuns à generalidade dos negócios jurídicos, dizendo respeito à capacidade do agente, ao objeto lícito, determinado ou determinável e ao consentimento dos interessados; e particulares, quando são peculiares a determinadas espécies, tendo relação com sua forma e sua prova. O primeiro deles é a capacidade do agente. Todo negócio jurídico pressupõe uma declaração de vontade, e com isso a capacidade do agente se torna indispensável para a sua participação válida na esfera jurídica. O segundo elemento é o objeto lícito, possível, determinado ou determinável. O negócio jurídico válido deverá ter, em todas as partes que o constituírem, um conteúdo legalmente permitido. Ele deverá ser lícito, ou seja, conforme a lei, não sendo contrário aos bons costumes, à ordem pública e a moral. Se tiver objeto ilícito será nulo. O objeto deve ainda ser possível, física ou juridicamente. Deverá ter objeto determinado ou, pelo menos, passível de ser determinado, pelo gênero e quantidade, sob pena de nulidade absoluta. Por fim, temos também a forma prescrita ou não defesa em lei, de modo que, às vezes, será imprescindível seguir determinada forma de manifestação de vontade ao se realizar um negócio jurídico. O princípio geral é o de que a declaração de vontade independe de forma especial, sendo suficiente que se manifeste de modo a tornar conhecida a intenção do declarante, dentro dos limites em que seus direitos podem ser exercidos. Apenas excepcionalmente a lei exige uma determinada forma. Se essa forma especial não for observada, o negócio jurídico será inválido. O artigo 105 estabelece o princípio de que a incapacidade relativa é uma exceção pessoal. Isto significa que a incapacidade somente pode ser formulada pelo próprio incapaz, ou pelo seu representante. Se o contratante for absolutamente incapaz, o ato por ele praticado será nulo. A segunda parte diz que se o objeto do direito ou da obrigação comum for indivisível, será impossível separar o interesse dos contratantes. Com isto, a incapacidade de um deles poderá tornar anulável o negócio jurídico praticado, mesmo que isto seja invocado por uma parte capaz, aproveitando, portanto, aos co-interessados capazes que, porventura, houverem. O artigo 106 menciona que o objeto pode ter uma impossibilidade relativa. Quando isto ocorrer, se essa prestação puder ser realizada por outra pessoa, embora não pelo próprio devedor, isto não invalidará o negócio jurídico. Da mesma forma, se o negócio jurídico contém um objeto impossível, que tiver sua eficácia subordinada a um evento futuro e incerto, e essa impossibilidade cessar antes de realizada aquela condição, o negócio jurídico será válido normalmente. O artigo 107 trata da forma dos negócios jurídicos. A regra é a forma livre, ou seja, a validade da declaração da vontade só dependerá de forma determinada quando a norma jurídica explicitamente exigir. Pelo outro lado, nós temos a forma especial ou solene, que é o conjunto de requisitos que a lei estabelece como necessários para a validade de determinados negócios jurídicos. O artigo 108, por exemplo, observa que qualquer negócio jurídico que tenha por objetivo constituir, transferir, modificar ou renunciar direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no país exige que ele se efetive mediante escritura pública, sob pena de invalidade. Aula 1 02 Pelo artigo 109, há a possibilidade de existir uma previsão contratual exigindo uma forma especial para validade do negócio jurídico. Assim, se houver uma cláusula em um contrato estipulando a invalidade do negócio jurídico se ele não se fizer por meio de escritura pública, esta escritura passará a ser de sua substância, ou seja, obrigatória. Logo, essa declaração de vontade somente terá eficácia jurídica se o negócio jurídico observar a forma prescrita contratualmente. O artigo 110 fala em reserva mental, que é a emissão de uma declaração intencional não querida nem em seu conteúdo, nem em seu resultado, pois o declarante tem por único objeto enganar o declaratário. Se isso for de conhecimento da outra parte, significa que não existe declaração real de vontade e, em conseqüência, não se forma nenhum negócio jurídico. Se isso não for de conhecimento da outra parte, o ato continua existindo, porém, poderá ser anulado. E isso é assim porque, se além de enganar, houver a intenção de prejudicar, estaremos diante de um vício social similar à simulação. O artigo 111 estipula quando e como o silêncio pode ser considerado um fato gerador de um negócio jurídico. Ele pode indicar consentimento, mas somente quando certas circunstâncias ou os usos o autorizarem, e isto quando não for necessária a manifestação expressa da vontade. Em caso contrário, o silêncio não tem força de declaração de vontade. Isto quer dizer que é o juiz, em um caso real, que deverá verificar se o silêncio representa ou não a vontade. O artrigo 112 estabelece que o intérprete do negócio jurídico não deve se limitar apenas ao exame gramatical de seus termos, mas sim examinar qual a verdade vontade das partes, indagando qual foi sua intenção. O que importa é a vontade real e não a declarada; daí a importância de se desvendar a verdadeira intenção das partes. O artigo 113 evidencia que os negócios jurídicos devem observar as regras do lugar de sua interpretação, mas sempre levando em consideração o princípio fundamental de todos os negócios jurídicos, que é a boa- fé. O artigo 114 faz uma ressalva em relação aos negócios jurídicos benéficos e de renúncia, mencionando que eles devem ser interpretados restritivamente, limitando-se apenas ao que foi estabelecido pelas partes, sem incluir outras questões, o que seria uma interpretação ampliativa. O artigo 115 trata da representação, que é a relação jurídica pela qual certa pessoa se obriga diretamente perante terceiro, através de ato praticado em seu nome por um representante, cujos poderes são conferidos por lei ou por mandato. O representante legal é aquele a quem a norma jurídica confere poderes para administrar bens alheios, como o pai, ou a mãe, em relação ao filho menor, o tutor, quanto ao pupilo, e o curador, no que concerne ao curatelado. A representação legal serve aos interesses do incapaz. Por outro lado, o representante convencional é aquele que tem mandato expresso ou tácito, verbal ou escrito, do representado, tal como o procurador no mandato. O artigo 116 observa que a manifestação da vontade pelo representante, ao efetivar um negócio em nome do representado, nos limites dos poderes que lhe foram conferidos, produz efeitos jurídicos relativamente ao representado. Ou seja, o representado irá adquirir os direitos e assumirá as obrigações decorrentes da representação. Uma vez realizado o negócio pelo representante, os direitos serão adquiridos pelo representado, incorporando-se em seu patrimônio; igualmente os deveres contraídos em nome do representado