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A DISPUTA E A DISTRIBUIÇÃO DE TERRAS NO BRASIL

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A Lei de Terras, regulamentação feita após o fim do tráfico negreiro em uma 
era de transição da mão de obra escrava para a assalariada, tinha como 
objetivo impedir a posse de terras pelos negros e trabalhadores imigrantes. Em 
suma, os grandes fazendeiros se antecipavam a fim de monopolizar o uso de 
terras ali existentes. Na conjuntura atual, percebe-se resquícios de uma 
estrutura fundiária altamente concentrada devido ao hipercapitalismo e à 
desigualdade social que estabelecem uma disputa constante pelas terras no 
Brasil. 
 Pontua-se, de início, o sistema capitalista que prioriza o agronegócio em 
detrimento da agricultura familiar. Dessa forma, os latifundiários detém uma 
grande parcela das terras com fins lucrativos de industrialização, comércio e 
exportação, enquanto a grande maioria de pequenos agricultores e 
camponeses se encontram deficientes de terras utilizáveis para produção de 
alimentos e aquisição de renda familiar. Isso é comprovado em dados do 
Censo Agropecuário de 2017, em que quarenta e sete por cento de toda a área 
agropecuária no Brasil está concentrada nas mãos de apenas um por cento 
dos proprietários de terra, o que alarma grandemente a problemática de uma 
distribuição desigual de terras no país. 
 Nesse sentido, vale salientar, ainda, a desigualdade social como fator 
preponderante para a desproporcional distribuição de terras no Brasil. Nessa 
análise, há a constante disputa entre grupos que levantam a bandeira da 
necessária Reforma Agrária -camponeses, indígenas e quilombolas- que 
mantém uma luta de reinvindicação de suas terras e, em contrapartida, os 
latifundiários que as apropriam. O que problematiza a questão, dessa maneira, 
é um sistema político feito pela Bancada Ruralista -frente parlamentar que luta 
pelos interesses dos proprietários rurais- no qual há o privilégio de elites rurais 
nas pautas do Congresso, deixando, assim, os pequenos agricultores isentos 
de tais concessões necessárias às suas atividades. 
 Portanto, para que a realidade de uma estrutura fundiária altamente 
excludente seja apenas um cenário do passado são necessárias mudanças. A 
princípio, o Estado, por ser gestor e regulador dos órgãos públicos, deve 
reformar urgentemente o acesso à terra, por meio da aplicação das exigências 
estabelecidas na Constituição Federal -a qual promulga a Reforma Agrária-, 
em que se facilite o acesso da agricultura familiar ao crédito agrícola, sob pena 
de multa para àqueles que mantiverem a posse irregular de terras não 
utilizáveis, para que, dessa forma, a estrutura cultural de um país altamente 
desigual possa ser combatida.

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