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Relatório Estágio Hibrido Diferentes Contextos no Ensino de Adultos - Maxwell dos Santos

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER
MAXWELL DOS SANTOS, RU 1220329, TURMA 2018/07
 
ESTÁGIO SUPERVISIONADO HÍBRIDO - EXTENSÃO
VITÓRIA
2021
MAXWELL DOS SANTOS, RU 1220329, TURMA 2018/07
 
	
ESTÁGIO SUPERVISIONADO HÍBRIDO - EXTENSÃO
Relatório de Estágio apresentado ao curso de Licenciatura em História do Centro Universitário Internacional – UNINTER, como requisito de conclusão do Estágio Supervisionado: Diferentes Contextos
VITÓRIA
2021
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	4
2 O PROJETO DE EXTENSÃO	5
2.1 ESTADO DA ARTE	5
2.2 CAMPO EXTERNO REMOTO – ANÁLISE IMAGÉTICA	6
2.3 MATERIAL: CRIAÇÃO E REFLEXÃO	9
2.4 PRÁXIS E RELATÓRIO DE EVIDÊNCIAS	9
2.4.1 Práxis	9
2.4.2 Relatório de evidências	13
3 PLANO DE AULA	17
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS	18
REFERÊNCIAS	20
1 INTRODUÇÃO
Cuida-se do Relatório de Estágio Supervisionado Híbrido, apresentado ao curso de Licenciatura em História do Centro Universitário Internacional UNINTER, faz parte da disciplina: Estágio Supervisionado: Diferentes Contextos.
O estágio em questão foi desenvolvido por uma proposta de ação de extensão universitária, face à impossibilidade da execução de uma observação presencial, em virtude da pandemia de COVID-19.
No plano de estágio supervisionado - projeto de extensão, propus uma live, onde discuti com o geógrafo e professor Francisco Fernandes Ladeira a respeito do uso do audiovisual para disseminação do revisionismo histórico.
Os objetivos da live foram:
· Estabelecer o conceito de revisionismo histórico, quem o promove e a quais interesses ele serve;
· Apontar os principais movimentos de revisionismo histórico;
· Fazer um histórico da Brasil Paralelo;
· Mostrar como a Brasil Paralelo promove revisionismo histórico e desinformações por meio de seus filmes e documentários.
A live ocorreu no dia 16 de julho de 2021, transmitida da minha casa, no meu canal www.youtube.com/maxwellon
2 O PROJETO DE EXTENSÃO 
2.1 ESTADO DA ARTE 
Na pesquisa de estado da arte sobre a educação, utilizando as palavras-chave: "Brasil Paralelo”, "revisionismo histórico" no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e Google Acadêmico, encontrei várias pesquisas a respeito, das quais destaco as mais relevantes:
· Narrativas “historiográfico-midiáticas” na era da pós-verdade: um olhar sobre o revisionismo histórico para além das fake News (Bonsanto, 2021)
· Revisionismo histórico e educação para a barbárie (Picoli, 2020)
· A nação brasileira entre a cruz e a espada: apontamentos sobre a atual (re)construção de uma identidade nacional supremacista no Brasil (Lima, 2019)
· A" guerra cultural" neofascista no Brasil: entre o neoliberalismo e o nacional-bolchevismo (Vasconcelos, 2021)
· NEGACIONISMO: HISTÓRIA, HISTORIOGRAFIA E PERSPECTIVAS DE PESQUISA (Valim, Avelar e Bevernage, 2021)
· Os vendedores de verdades: o dizer verdadeiro e a sedução negacionista na cena pública como problema para o jornalismo e a história (2010-2020) - (Meneses, 2021)
· Passado presente: a influência da cultura histórica de jovens brasileiros sobre a ditadura e sua relação com posicionamentos no hoje (Janz e Cruz, 2020)
· NEGATIONISM IN JAIR BOLSONARO'S OPPOSITION TO THE NATIONAL TRUTH COMMISSION (Almada, 2021)
2.2 CAMPO EXTERNO REMOTO – ANÁLISE IMAGÉTICA 
Contexto: 
O documentário 1964 - O Brasil entre armas e livros tem como tema central a ditadura-civil militar ou “revolução de 1964”, como alguns depoentes denominam. O contexto em que passa o documentário é urbano, com depoimentos de fontes pretensamente insuspeitas. O ambiente se passa na casa ou no escritório dos depoentes.
Roteiro: 
A temática central do documentário é introduzida notícias de sites que repercutem o lançamento do mesmo e as supostas censuras e boicotes. Os fatos do documentário são reais, embora distorcidos para atender aos interesses da extrema-direita. 
Ambiente/Espaço: 
Os ambientes são as casas ou escritórios dos depoentes. O que é destacado são as falas dos entrevistados, alinhados ao ideário liberal-conservador. 
Personagens: 
Alguns se apresentam como testemunhas oculares, por meio do malabarismo retórico, justificando a repressão da ditadura para evitar a ameaça comunista.
Reflexões interdisciplinares 
Esteticamente, o documentário tem uma boa fotografia, trilha sonora e direção de arte primorosa. Todavia, o roteiro e as falas são eivados de teorias conspiratórias e delírios.
O documentário não me agradou em nada, só me fez refletir da manipulação da historiografia para atender uma agenda em particular.
Para ver este ou qualquer documentário da produtora gaúcha, tem que ser um estudioso de história, para não ser engodado por tantas mentiras e distorções dos fatos históricos.
Relações com a sua formação acadêmica-pedagógica: 
O documentário em nada contribuiu com minha formação, uma vez que é enviesado e tendencioso, apelando à deliberada desonestidade científica. Senti náuseas ao tentar vê-lo. Para atender à agenda de extrema direita, distorce os fatos históricos. Em nenhum nível da educação básica, ou de educação não-formal, eu usaria tal documentário em minhas aulas. Talvez no nível superior, de como não produzir um documentário pautado nas mentiras e manipulações da historiografia para fins obscurantistas e infantilizantes.
FICHA TÉCNICA
2.3 MATERIAL: CRIAÇÃO E REFLEXÃO
LIVE SOBRE O USO DO AUDIOVISUAL PARA PROPAGAÇÃO DO REVISIONISMO HISTÓRICO
Foi produzido uma live, em forma de bate papo com o professor e geógrafo Francisco Fernandes Ladeira, onde discutimos o uso do audiovisual enquanto instrumento de revisionismo histórico, a partir do case da Brasil Paralelo, com seus filmes e documentários. Não é um produto, mas a teve a interação dos expectadores, e eu respondendo no decorrer da live.
2.4 PRÁXIS E RELATÓRIO DE EVIDÊNCIAS
2.4.1 Práxis
A linha de pesquisa é História, Comunicação e Novas Tecnologias, onde pretendo abordar o uso, a bem da verdade, o abuso do audiovisual para propagação do revisionismo histórico, através do case da produtora gaúcha Brasil Paralelo. O Dicionário infopédia da Língua Portuguesa (2021), traz a definição de revisionismo:
(...) posição de quem nega a existência de um facto documentado ou de quem propõe interpretações não fundamentadas de fenómenos históricos já estudados; negacionismo
Mandelli (2020) aponta o sentido positivo do revisionismo histórico:
(...) é necessário dizer que a prática de revisar a história não tem – ou pelo menos não tinha – uma conotação conceitualmente negativa. Isso porque o aprimoramento dos instrumentos, evidências, documentos e técnicas de análise pode impactar teses já estabelecidas na produção historiográfica. Para os historiadores isso não é nenhuma novidade – aliás, é sabido que o conhecimento é mutável em todas as áreas.
A autora, no entanto, aponta o mau uso do revisionismo pelos negacionistas:
(...)os negacionistas de eventos históricos também se apropriaram do preceito revisionista, invertendo seu princípio positivo e impondo ao termo um viés conspiratório e, consequentemente, de busca por uma verdade “escondida”. (Mandelli, 2020)
Este é o modus operandi dos documentários da Brasil Paralelo: cheios de teorias da conspiração, buscando por uma verdade que ainda não fora revelada, desacreditando a historiografia brasileira, dizendo que ela é contaminada por um viés marxista. Picoli, Chitolina e Guimarães (2020, p.10) trazem uma objetiva definição da Brasil Paralelo:
Brasil Paralelo é uma empresa formada por jovens empreendedores que, engajados com o cenário político de 2014 e descontentes com a hegemonia cultural de esquerda, decidiram produzir conteúdo sobre um novo modo de se fazer política, possibilitando ao povo acesso a “versões ocultas” da história do Brasil.
Segundo Picoli, Chitolina e Guimarães(2020, p.17), a finalidade do revisionismo, o de conotação negativa, é 
(...) “denunciar a história oficial como uma mentira, expor uma esfera de influências secretas das quais a realidade histórica visível, demonstrável e conhecida” sofre, para que assim a narrativa historiográfica oficial passe a ser percebida como pouco além de uma “fachada externa construída com o fim maior de enganar o povo”.
Por mais que se apresentem como isenta, seus conteúdos têm conotação conservadora-liberal, com influência do pensamento de Olavo de Carvalho, filósofo brasileiro radicado nos Estados Unidos, presença constante nos documentários da produtora fundada em Porto Alegre/RS. A Brasil Paralelo não é isenta, mas segue um ideário. Para Picoli, Chitolina e Guimarães (2020, p.16), empresas como a “Brasil Paralelo” procuram cumprir metas em uma agenda específica. Revisam o passado de forma a corroborar com suas premissas, não se atendo ao rigor metodológico.
Balestro e Miranda (2019) abordam o viés ideológico da Brasil Paralelo e seu modo de operar por meio das produções audiovisuais:
Partem do pressuposto de que a academia foi tomada pelo marxismo e as ideologias de esquerda, sendo necessário, diante disso, combater o que chamam de “marxismo cultural”. Para tanto, distorcem a história, agindo diretamente na formação da consciência histórica das pessoas, disseminando concepções revisionistas da história do Brasil, de maneira que elas acreditem na versão apresentada por esse aparelho e neguem a narrativa historiográfica forjada cientificamente pelas historiadoras e historiadores.
(...)
Assim, o Brasil Paralelo, disseminando conteúdos revisionistas, contribui para a perpetuação da classe burguesia, ensejando realizar sua doutrinação pautados pelos ditames do capital e da economia de mercado.
Os mesmos autores observam acerca das distorções da história que a Brasil Paralelo promove em seus documentários:
No entanto, o que o Brasil Paralelo faz, em seu revisionismo histórico, é instrumentalizar o conhecimento histórico por uma prática social, por uma ideologia, por uma visão de mundo. São, consequentemente, profundamente antiéticos, alterando sem cessar o vivido, e o que se vive, supostamente em nome do que os seus autores querem viver.
O conhecimento histórico é, dessa forma, colocado no leito de Procusto. Na mitologia grega há uma lenda chamada “Leito de Procusto”, que se tratava de um bandido que sequestrava as pessoas, levando-as para a sua casa. Nela, havia uma cama de ferro, que possuía o exato tamanho de Procusto e para a qual ele obrigava as pessoas a se deitarem. Se os “hóspedes” fossem demasiados altos, ele amputava o excesso de comprimento para ajustá-los à cama, e os que tinham pequena estatura eram esticados até atingirem o comprimento suficiente.
Brasil Paralelo faz isso: o acontecimento histórico que não se ajusta exatamente ao tamanho das suas ideias, é forçadamente “ajustado”, nem que isso signifique amenizar o que ocorreu na ditadura no país, nem que isso signifique deslegitimar todo o legado de Paulo Freire.
Ao contrário do jornalista de celebridades Nelson Rubens, que sempre diz " eu aumento, mas não invento", a Brasil paralelo aumenta, diminui, e, se preciso, inventa e até distorce os fatos históricos para que caibam dentro de sua agenda. Falam do período que não viveram, abordam a história do ponto de vista dos vencedores, dos dominadores.
2.4.2 Relatório de evidências 
Nome da ação: Live de bate-papo
Ementa – breve resumo da atividade: Live, em forma de bate-papo, a respeito do revisionismo histórico promovido pelos documentários da Brasil Paralelo.
Período de realização: 16 de julho de 2021
Número de inscritos e participantes: 8 participantes
Lista de participação, conforme consta; 
A seguir ficha de frequência obrigatória:
Divulgação da live na imprensa:
Print da tela de participação:
3 PLANO DE AULA
1.IDENTIFICAÇÃO 
Disciplina/Área do conhecimento: História
Campo em que o plano foi aplicado: Live pelo YouTube
2.CONTEÚDO DA AULA/ATIVIDADE 
Bate-papo com o professor e geógrafo Francisco Fernandes Ladeira, onde abordaremos acerca do revisionismo histórico por meio do audiovisual, tendo como referência a produtora gaúcha Brasil Paralelo, com seus filmes e documentários.
3.OBJETIVOS 
· Estabelecer o conceito de revisionismo histórico, quem o promove e a quais interesses ele serve;
· Apontar os principais movimentos de revisionismo histórico;
· Fazer um histórico da Brasil Paralelo;
· Mostrar como a Brasil Paralelo promove revisionismo histórico e desinformações por meio de seus filmes e documentários.
4.SÍNTESE DO ASSUNTO 
Como fundamentação teórica será utilizado o livro A Escrita da História, organizado pelo historiador britânico Peter Burke.
5.DESENVOLVIMENTO DA AULA/ATIVIDADE 
Na live, serão abordados os impactos da pandemia na educação, exibição de reportagens sobre problemas educacionais, repercussão das mesmas e análise de conjuntura.
6.RECURSOS 
Smartphone, tripé, microfone e fone de ouvido.
7. REFERÊNCIAS 
BURKE, Peter (org.). A escrita da história: novas perspectivas. Tradução: Magda Lopes. São Paulo: Editora UNESP, 1992. 358 p.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
No Estágio Supervisionado: Diferentes Contextos, eu pude refletir a respeito da historiografia e do uso do audiovisual para propagação de conteúdo historiográfico. Todavia, o conteúdo da Brasil Paralelo faz é científicamente desonesto e distorce os fatos históricos para atender a uma agenda reacionária e elitista. 
No documentário 1964 - O Brasil entre armas e livros, torturadores são tratados como heróis que salvaram o país de uma suposta ditadura comunista, expondo os excessos do regime militar como mal necessário.
Por muitos anos, os historiadores criticam o fato de outros profissionais fora do campo da história produzirem conteúdo histórico, como livros feitos pelos jornalistas Eduardo Bueno e Laurentino Gomes. 
É importante que os historiadores de verdade tragam os fatos históricos em linguagem acessível, sem as solenidades da escrita acadêmica. Movimentos revisionistas só cresceram no Brasil por falta de historiadores que divulguem as pesquisas históricas para o brasileiro médio, não apenas para seus pares de academia.
REFERÊNCIAS
BALESTRO, Mayara; MIRANDA, João. Brasil Paralelo e o revisionismo histórico. [S. l.]: Esquerda On Line, 12 jun. 2009. Disponível em: https://esquerdaonline.com.br/2019/06/12/brasil-paralelo-e-o-revisionismo-historico/. Acesso em: 3 ago. 2021.
MANDELLI, Mariana. O revisionismo histórico e a desinformação. São Paulo: Instituto Palavra Aberta, 16 set. 2020. Disponível em: https://www.palavraaberta.org.br/artigo/o-revisionismo-historico-e-a-desinformacao. Acesso em: 2 ago. 2021.
PICOLI, B. A.; CHITOLINA, V.; GUIMARÃES, R. Revisionismo histórico e educação para a barbárie: a verdade da Brasil Paralelo;. Revista UFG, [S. l.], v. 20, n. 26, 2020. DOI: 10.5216/revufg.v20.64896. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/64896. Acesso em: 2 ago. 2021.
REVISIONISMO. In: Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha] Porto: Porto Editora, 2021. Disponível em: <https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/revisionismo>. Acesso em: 17 jul 2021.

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