dentre os quais se enquadra a seguridade social. Ademais, no arcabouço engendrado pelo constituinte, cabe papel fundamental à Lei de Diretrizes Orçamentárias, conforme delineada pelo art. 165, § 2º, e ao orçamento da seguridade social que lhe é tributário, previsto no § 2º, do art. 195, ambos da Lei Maior. De outra parte, deve ser editada a Lei Orçamentária, a cada ano. E, por último, há de existir o Plano de Custeio. Parece haver sido estabelecida certa hierarquia entre os diversos planos. Com o plano plurianual deve guardar compatibilidade o orçamento anual, como determina o § 7º do art. 165 da Constituição de 1988. O orçamento, por sua vez, deve ater-se às metas e prioridades fixada na lei de diretrizes orçamentárias (art. 195, § 2º). No interior de todo esse amplo arcabouço se insere o Plano de Custeio que qualifico como o instrumento apto a impor a manutenção, em caráter permanente, do necessário equilíbrio financeiro e atuarial da seguridade social. Com efeito, se o Plano de Custeio estima o valor das contribuições sociais que financiarão o Plano de Proteção em determinado período e se tal Plano deve ser revisto a cada ano, as regras que vinculavam os contribuintes até então só podem ser modificadas tanto para majorar como para reduzir certa fonte financeira quando a projeção atuarial que fundamenta e integra o Plano de Custeio for revista e, a seu tempo, submetida à apreciação do Poder Legislativo. Na seguridade social, o Plano de Custeio deverá situar as coordenadas de risco e de contribuição. Destarte, certas empresas deverão pagar maiores contribuições e outras, ao contrário, deverão ter seus encargos reduzidos. Todas essas considerações preliminares nos obrigam a chamar a atenção para aspecto de grande relevância. 08 Se as contribuições sociais estivessem subordinadas integralmente aos princípios gerais da tributação o desequilíbrio poderia perdurar por largo tempo, para que se cumprisse o disposto no art. 150, III, b, da Constituição. Por força desse comando, que é conhecido como principio da anterioridade, só no inicio do exercício financeiro subseqüente poderia ser cobrado o tributo criado em determinado ano. Mas, no que concerne às contribuições sociais resultou estabelecido o que se convencionou denominar de anterioridade mitigada. De fato, conforme previsto no § 6º do art. 195, da Constituição de 1988, as contribuições sociais podem ser cobradas noventa dias depois da respectiva criação. Portanto, sempre que estiver em risco a manutenção da seguridade social, em curto prazo poderá ser implementada outra fonte de financiamento para seus programas. A regra da contrapartida. Porém, há componente fixo a ser considerado, assim no plano plurianual, como no orçamento da seguridade social. Atuando como guide (ESSER), como diretriz, para elaboração de tais peças, esse elemento permite que sejam enfrentadas as zonas de turbulência que ocorrem no peculiar campo de atuação do sistema. Conquanto não tenha sido inscrita no elenco inicial dos objetivos da seguridade social, temos considerado a diretriz estabelecida pelo art.195, § 5º, que cognominamos regra da contrapartida, como sendo esse "guide" que, a certa altura da evolução da proteção social brasileira, foi necessário explicitar. Parece-nos que se trata de, para utilizarmos o linguajar atual, um principio virtual. Principio esse que é chamado a garantir, o permanente equilíbrio financeiro do sistema de seguridade social. Assim se expressa o § 5º do art. 195 da Constituição: "Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total". "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 10 "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br Ninguém poderia supor que o ordenamento jurídico autorizasse o descompasso entre metas a serem atingidas e recursos disponíveis. Tal anomalia acabaria desnaturando o modelo que, mesmo em trânsito para a forma superior da seguridade, não se pode furtar à estreita conotação que deve existir entre receita e despesa, elementar para que qualquer seguro seja seguro. Dir-se-ia, pois, que a fórmula da contrapartida é limitação constitucional contra os abusos que o Poder Legislativo, seduzido pela demagogia (notadamente nos anos eleitorais), viesse a cometer, mediante a criação de prestações de seguridade social que não tivessem previsão das respectivas receitas de cobertura. Atingido na sua equação econômica elementar - que se define como estreita correlação entre receitas e despesas - o sistema acabaria por esboroar-se, levando consigo todos os que dele dependem. A restrição imposta pela regra da contrapartida funciona, assim, como garante do sistema. O planejamento é essencial porque permite a eleição dos meios necessários e suficientes para o cumprimento dos fins a que se acha preordenado o setor. Cassando a juridicidade de toda norma que venha a perturbar o elementar equilíbrio do sistema protetivo brasileiro, a diretriz contida no § 5º do art. 195, da Constituição, também significa outro comando em favor da integração dos diversos programas de seguridade. De fato, o orçamento da seguridade social há de ser elaborado de forma integrada pelos setores da saúde, da previdência e da assistência, como determina a Constituição Federal, no § 2º do art. 195. Em suma, o caminho da implantação efetiva dos direitos de seguridade social, em nosso País, passa pela observância dos princípios que regem o custeio, pelo cumprimento da regra da contrapartida e pela melhor definição dos percentuais que cabem a cada um dos setores na repartição das receitas das contribuições sociais e das demais verbas que constitucionalmente lhe são consignadas.