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AD2_Literatura

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB
Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD
DISCIPLINA: LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR
AD1 – 2021.1 - prazo final de entrega: 16 de maio
Coordenadora(o): Anna Carolina C. de A. da Matta Machado
Aluno(a): Maiana Pimentel da Silva 
Matrícula: 19212080176 							
Polo: Magé 
Orientações
· Preste atenção aos enunciados das 4 (quatro) questões e responda a partir de reflexão com clareza, coerência, dialogando com o conteúdo estudado (aspectos teórico-metodológicos da disciplina) e com posicionamento próprio e crítico acerca das questões lançadas nesta AD2 (relativa às Aulas 08 a 23).
· Esta avaliação a distância pode ser realizada individualmente ou em dupla, necessariamente de estudantes do mesmo polo, tal como na AD1. Neste caso é essencial que ambos os estudantes enviem o mesmo arquivo, com nome e matrícula da dupla. 
· Atenção às citações das fontes consultadas. 
1ª Questão: (valor: 2,0 pontos)
Retome a leitura da Aula 8 e faça uma relação dos conceitos e ideias centrais explorados nesta aula. Em seguida, leia, com atenção, o poema “Lição de biologia”, e escreva um comentário sobre este texto, destacando que características permitem que ele seja um exemplo de texto literário.
Eu plantei um pé de amor
no fundo da minha vida
a semente foi brotando
primeiro criou raiz
da raiz nasceu o broto
do broto nasceu o caule
do caule nasceu o galho
do galho nasceu a folha
da folha nasceu a flor
e da flor nasceu o fruto
e o fruto que era verde
depressa ficou maduro
e com ele eu fiz um doce
que eu dei pra você provar
que eu dei pra você querer
que eu dei pra você gostar.
Fonte: Dezenove poemas desengonçados, de Ricardo Azevedo, Editora Ática. 
	A aula 8 trata das características do gênero texto literário, que são a subjetividade, a verossimilhança e o uso conotativo das palavras e de figuras de linguagem, além de comparar o texto literário com outros gêneros textuais, apresentando as diferenças e diversos poemas como exemplo.
	O poema “Lição de Biologia” apresenta essas características desde o início, ao falar, por exemplo, que “plantou um pé de amor”, comparando um sentimento a uma planta que cresce e amadurece. 
2ª Questão: (valor: 2,0 pontos)
	Na perspectiva da formação do leitor, é muito importante ter contato, nos dias de hoje, com produção de conteúdo relacionada a esta temática nas redes sociais e plataformas como YouTube, Podcast, Blog, Instagram. 
	Pesquise e indique 2 (duas) referências que poderiam ser válidas para a formação de um educador. Vamos reunir e postar no fórum da disciplina algumas destas indicações dos estudantes. 
1) Nome do canal/perfil: Leia Intelectuais Negras
Plataforma: Instagram
Endereço@: @leiaintelectuaisnegras
Breve descrição e justificativa da escolha: a página se dedica a divulgar produções teóricas e livros de intelectuais negras sobre questões de raça, classe e gênero. Fiz essa escolha baseada no fato de que mulheres negras ainda enfrentam dificuldades para publicar e expor as suas obras, assim como o público geral também não encontra espaços específicos para encontrar obras com as temáticas abordadas nessa página, e as informações contidas nesse espaço podem enriquecer a bagagem cultural do professor quando debater certos assuntos com seus alunos.
2) Nome do canal/perfil: Jornal Rascunho
Plataforma: Instagram
Endereço@: @jornalrascunho
Breve descrição e justificativa da escolha: página que oferece dicas de livros e de eventos literários, sendo uma boa opção para os professores se manterem atualizados sobre novas publicações que podem ser utilizadas para incentivar os seus alunos à leitura em casa ou serem utilizados na própria aula.
3ª Questão: (valor: 3,0 pontos)
Quando levamos o teatro para a criança, somos apenas aqueles que estão abrindo o caminho, o caminho que vai do sonho à realidade. Estamos criando, através da arte e a partir do maravilhoso, a oportunidade do menino sentir que a vida pode ser bonita, feia, misteriosa, clara, escura, feita de sonhos e realidades. (Maria Clara Machado)
	Leia este trecho de “O Cavalinho Azul”, obra de Maria Clara Machado, encenado no Teatro Tablado no Rio de Janeiro pela primeira vez maio de 1960. Retome o estudo da Aula 17, e faça uma pesquisa, se quiser, para ampliar seu entendimento sobre este tipo de texto. Faça um resumo explicando com suas palavras o que caracteriza o gênero dramático. 
(...)
4.ª CENA
VELHO
Foi assim que conheci Vicente. Uns achavam que ele era um menino mentiroso porque inventava coisas; via cavalos azuis, circos enormes, campinas verdes; achava que um vagabundo como eu era Deus, imaginem vocês.
Outros achavam que ele era louquinho. Cá para mim, acho que ele nem era mentiroso, nem louco. Apenas via as coisas diferentes e acreditava mesmo no que via. Só sei que ele andou pelo mundo atrás de seu cavalo. Será que encontrou? Vamos ver por onde ele anda agora. Depois de muito caminhar chegou primeiro a um circo numa cidade pequena perto da cidade dele. (O velho puxa a pequena arquibancada.) Os donos deste circo são aqueles três músicos que vêm ali (O velho volta ao tamborete. Os músicos entram com suas cadeiras, solenemente. Um gordo e alto, o segundo alto e magro, e o terceiro, baixinho. O gordo leva um violino, o alto leva um piano, e o baixinho, um contrabaixo, que vão buscar fora de cena depois de colocarem as cadeiras no fundo da cena. Estes instrumentos são feitos de madeira compensada, bem leves para serem carregados e a música é tocada nos bastidores enquanto os músicos de cena apenas pretendem que tocam como em instrumentos de brinquedo. O gordo abre a portinhola de seu violino que só tem a utilidade de guardar dinheiro, e retira uma flauta. Os três começam a tocar a música n.º 5A, enquanto chega a meninazinha que cumprimenta os velhos e senta na arquibancada. Os velhos usam fraque e cartola, barbas postiças e pedaços de cabelos saindo das cartolas.)
VELHO
Estes velhos alugaram um palhaço para fazer graça enquanto eles tocavam e ganhavam dinheiro.
(Tambor forte para a chegada do palhaço.)
PALHAÇO
Caro público! Boa tarde, bom dia e boa noite! Este é o nosso grande circo americano! Boa tarde, bom dia e boa noite! Os melhores (Acentuando.) trapezistas do mundo vão voar por este teto! Cinco elefantes vermelhos, domesticados, educados, amestrados, vão cantar! Cantar, caro público, cantar com voz de elefantes! Um cachorro chamado Doly vai tocar violino... Tocar violino, caro público, com pata de cachorro... Um gato vai cantar... Um gato cantor, caro públicos com voz de barítono... Uma foca bailarina e uma bailarina gente vão dançar ao mesmo tempo, ao mesmo tempo, caro público, em cima de cinco cavalos... cinco cavalos, caro público... Um homem que engole fogo e cospe gelo, cospe gelo, caro público. (Ouve-se um tambor forte. Segue-se grande silêncio.)
PALHAÇO
Tudo por cinco cruzeiros!
(O palhaço passa pela arquibancada esperando quem pague, enquanto os músicos terminam a valsinha. A menina se levanta e tira de uma bolsinha cinco cruzeiros, que entrega ao palhaço; este leva o dinheiro para o gordo, que abre a portinhola de seu violino e guarda o dinheiro.)
E, para começar, o grande palhaço, o mais engraçado do mundo, vai fazer um número de corda bamba. Este palhaço sou eu e aqui está a corda bamba.
(O palhaço estica no chão uma corda, abre um guarda-chuva mirim e começa a fingir que se equilibra no clássico número. Os músicos acompanham o número. A menina bate palmas.)
PALHAÇO
Muito obrigado! Muito obrigado, caro público! E agora o grande palhaço do grande... (Neste momento entra Vicente; o palhaço faz uma pausa para olhá-lo, depois do grande circo americano vai fazer o número de contorcionismo. (Vicente, entusiasmado, começa a bater palmas. O palhaço fica nervoso com tanto entusiasmo e desanda a fazer uma série de números e evoluções, sempre com Vicente e a menina batendo palmas, até que, exausto, se senta no chão.)
VICENTE
(Aproximando-se.) Grande palhaçodo grande circo americano, quer fazer o favor de me dizer se o meu cavalo azul está aqui?
PALHAÇO
O quê? Um cavalo azul? Nunca vi. (Põe-se de pé. Os músicos também.)
VICENTE
Com um rabo enorme, branco!
PALHAÇO
Isto existe? Um cavalo azul?
VICENTE
O meu. É lindo. Dança, canta e voa.
PALHAÇO
(Correndo para os músicos.) Cavalo azul... Cavalo azul... Deve ser mentira... Deixa de bobagem, menino. Não vê que estou trabalhando? Não atrapalhe meu número contando coisas (meio em dúvida) que não existem... Sai daí. (Num canto, desconfiado.) Cavalo azul!
(Vicente sobe na arquibancada, os músicos tocam um acorde esquisito, o palhaço presta atenção e corre para Vicente.)
PALHAÇO
Se quiser assistir, tem que pagar.
VICENTE
Mas eu não tenho dinheiro.
(...)
	O gênero dramático é um tipo de produção textual escrita que apresenta uma narrativa onde o narrador é uma figura ausente e as características do ambiente onde está acontecendo a ação e as alterações de humor e atitudes dos personagens são destacadas – costumam ser feitas em itálico ou entre parênteses no texto. Por essa razão esse tipo de texto é utilizado para produzir novelas ou peças teatrais, pois tem a finalidade de ser encenado, sendo essa a característica que o torna diferente do gênero narrativo.
	Apresenta os subgêneros comédia, drama e tragédia, e são assim classificados pelo teor da narrativa. 
4ª Questão: (valor: 2,0 pontos)
	Leia o texto “Palavra boa é bicho solto”, publicado na Revista Emília[footnoteRef:2]e imagine que você tenha de redigir uma carta para essa Revista se posicionando criticamente sobre o texto, elegendo algum trecho para comentar. Escreva um texto de até 15 linhas explorando sua visão e interpretação. [2: Disponível em: Palavra boa é bicho solto | Revista Emília (revistaemilia.com.br) . Acesso em: maio, 2021] 
Palavra boa é bicho solto
POR KIARA TERRA|27 DE ABRIL DE 2021|FORMAÇÃO DE LEITORES|
Écom alegria, artigo raro nesses tempos, mas tão imprescindível quanto respirar, comer e abraçar as pessoas que digo: acesso importa.
Acesso. Por via fluvial, por via aérea, por chão de terra vermelha ou asfalto que já dizimou qualquer possibilidade de árvore. Acesso. Nem que seja pela fresta ou pela desajeitada festa que seja.
Por que ali do outro lado tem gente. E tem quem esteja na força bruta e linda das experiências iniciais. E sempre haverá. É imperativo a gente nascer, crescer e buscar viabilidade nesse mundo. E não conheço viabilidade maior e mais vinculadora do que encontrar um eixo narrativo para si. Eu explico. A percepção acachapante de se perceber parte de uma narrativa. É forte e faz querer seguir adiante.
E as possibilidades da palavra fazer esse elo são muitas. Palavra falada, cantada, narrada com corpo ou só voz, palavra brincada, comida como receita ajeitada, como quadrinha, trava língua improvisada como repente regular com ou sem métrica solta ou escolhida a dedo e virtuose. Palavra em registro histórico ou palavra dos grandes mestres dos terreiros e quintais. Palavras de tantas sonoridades ressoando em tantos corpos de uma malha rompida e refeita de tessitura complexa como são as palavras faladas no Brasil.
Até que a menina saiba cantar sua folha frase, do relato presente no emocionante trabalho de pesquisa de Estela Caputo. Há de estar mergulhada nelas as palavras e as histórias. Mas preciso alertar você que lê. Há uma selvageria misteriosa que rege a aderência das palavras ao corpo, ao intelecto ao coração de cada um de nós.
Não é toda história, palavra ou música que adere em cada corpo. Como uma bromélia não se hospeda em qualquer árvore. Por isso a vastidão de possibilidades importa. Importa também a terra fértil do tempo e dos sentidos construídos coletivamente no terreiro onde se planta palavra, se cultiva silêncios, se refaz no tempo o espaço de palavra florescer.
Diante de olhos pequenos, ávidos, imaginações abertas é uma alegria incandescente quando uma história vira um livro. Essa carta de amor que se pode morar nela. É uma força que adultos desenham, escrevem e juntos consolidam o espaço da literatura para a infância. Para a juventude também e para a vida adulta por que até depois de existir ainda seremos as histórias. É essencial que se preserve cada etapa da criação literária os debates a noção de que escrever e ilustrar para criança é algo cuja complexidade deve ser preservada como floresta vasta e absolutamente viva.
Volto agora ao começo. Acesso importa. Ao livro. Às histórias. E é nessa intersecção que nascem minhas perguntas. O livro ilustrado para a infância é nesse momento, ou a maior parte dele escrito no sudeste. Ainda que muitos pesquisadores circulem até outros territórios e teçam escutas e pesquisas preciosas, são suas as narrativas a respeito do que ouviram ou é seu o projeto gráfico as escolhas as parcerias os direitos sobre a obra.
Lembro muito pouco de conhecer o nome das fontes. História narrada por José Maria de tal cidade. Foto não lembro de nenhuma.
As histórias têm um refúgio chamado tradição oral, uma fonte energeticamente tão consistente como magma que circula no centro da terra como sangue nas veias como pertencimento líquido para onde sempre podemos voltar mas, vejo aí um perigo. A invisibilidade. Quem são as comunidades? As pessoas? As fontes? Se o samba bebeu dos terreiros, quais foram? O que protege seus direitos autorais? O que nessa lógica da propriedade privada sobre o patrimônio intelectual preserva os donos, guardiões da oralidade?
Talvez seja romântico pensar que são encantados e desprovidos dessas necessidades capitalistas. Vivem no sagrado Brasil Profundo. Que possam ganhar a superfície do reconhecimento material e sejam erguidos ao status de mestres, como vi uma vez serem os criadores Nordestinos repentistas, xilogravuristas e tantos outros em uma bonita Bienal do Ceará em um tempo não tão distante.
Percebo que há dois pesos e duas medidas: o direito à propriedade intelectual no livro publicado e a terra livre da oralidade. Quem dera todos tivessem nome e direitos. Percebo por que circulo entre esses universos há quase 24 anos como narradora e escritora. E nesse tempo que me emociono, agora já quase um quarto de século, vi muita gente corajosa cruzando estradas, rios, atravessando verdades, despindo saberes, calando diante do desconhecido com malas grandes e pequenas trabalhos consistentes outros mais frágeis (para usar as palavras do meu bonito amigo Giuliano Tierno que para falar de trabalhos ainda com muito a descobrir chamou de frágil e achei a coisa mais bonita de se dizer quando como a gente olha para um bebê prematuro e ao chamar de frágil já pressupõe que sua força não tarda a vir).
E confesso que já vi com surpresa livros primorosos se esvaziarem de sentido diante de contextos os tornavam estrangeiros demais. Já vi narradores muito atrapalhados cujas escolhas eu não faria serem absolutamente amados por experimentarem um grau de abertura ao seu público que me desconcertou. Já vi narradores virtuosos milimetricamente intimistas e os admirei, já experimentei ser chamada de Mick Jagger das crianças (por um jornalista de verdade, daqueles raros) quando contei histórias em uma virada cultural para um mar de crianças, ah que alegria me deu esse título! Já vi narradores se acharem sacerdotes e agirem no retalho a palavra dos outros narradores como crítica especializada, já vi escritores com a ilusão de que poderiam chancelar ou não os narradores sobre como e se contariam suas histórias. Já vi gente reduzir a vastidão de alcance de um livro e uma história a limitante juridiquês. Quem em sã consciência agiria para enfraquecer o mercado editorial já tão atacado? Já vi gente a pleno pulmão, braços cheios de livros variados para tentar fazer chegar algum livro como uma bromélia nova para uma árvore solitária. Já vi professores emocionados por ter acesso ao livro. Já viajei com bagagem demais e voltei com menos objetos, menos livros, menos certezas e mais daquela substância viva e irrevogável chamada escuta.
Que gente bonita se dispõe a correr quilômetros parafazer chegar palavra. Que gente bonita chama pra perto todo tipo de história em festivais, escolas, bibliotecas, praças públicas. Que gente bonita canta toda noite de festa as coisas que não podemos esquecer. Quem dera soubéssemos sempre a origem e seus nomes e seus rostos para dar crédito. Quem dera não dependessem dos pesquisadores do sudeste para serem reescritos.
Do outro lado do livro há crianças, infâncias, contextos, perguntas e experiências que carecem de palavras diversas e farta. Narradores diversos e vastos. Professores diversos com seus corpos e entendimentos únicos. Um desafio gigantesco num país de proporção continental uma tessitura de saberes maravilhosamente complexa. E sonho o dia que esses saberes feitos de palavra e gente sejam tão reconhecidos remunerados e creditados.
E hoje, só hoje gostaria de experimentar a sensação de que escritores, ilustradores, narradores, professores, editores, mestres artesãos da palavra e das músicas, comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas, caiçaras, bibliotecários, agentes de leitura, articuladores culturais pertencessem a um pacto único de amor pelas palavras e pelas infâncias e pelo direito a fabular. Palavra boa é bicho solto.
Imagem: acervo de Kiara Terra
Rio de Janeiro, 15 de maio de 2021.
Prezada Revista Emília,
Li recentemente o texto “Palavra boa é bicho solto” e gostaria de parabenizá-los ao incentivarem um maior acesso à leitura, principalmente de obras que não sejam oriundas da região Sudeste. A Pandemia nos forçou a ficar dentro de casa e não podemos achar que as lives, o videogame e a Netflix são as únicas opções de entretenimento enquanto estamos em casa, principalmente para as crianças, que se interessam cada vez menos pelos brinquedos e livros e cada vez mais pelos eletrônicos. Que oportunidade melhor teremos para ler um livro senão agora, e ainda com o adicional de conhecer sobre outras regiões e culturas, e até sobre a nossa própria cultura? 
Paulo Freire disse que a leitura precisa ser um ato de amor, e precisamos aprender a amar os livros e a nossa cultura, além de ensinar esse amor para as crianças.
REFERÊNCIAS:
Capello, Claudia. Literatura na formação do leitor. v.2/ Claudia Capello et al. - Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2007.

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