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[RESUMO] SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL E DISPEPSIA

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60 RESUMO DE GASTROENTEROLOGIA 
JOÃO VITOR FALEIROS - 103 
Síndrome do Intestino Irritável 
 
Aula ministrada pela professora Beatriz da Cunha. 
 
Introdução 
 
A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio gastrointestinal caracterizado por dor abdominal crônica e 
alteração do hábito intestinal na ausência de qualquer causa orgânica. 
Os critérios de Roma IV definem a SII como uma dor abdominal recorrente (mais de uma vez por semana nos últimos 
3 meses) associada a dois ou mais dos seguintes: 
I. Relacionada com a evacuação (melhorada ou piorada); 
II. Mudança na frequência de evacuações; 
III. Mudança na consistência das fezes. 
 
 
 
 
 
 
 
Epidemiologia e Fatores de Risco 
 
A síndrome do intestino irritável (SII) tem uma prevalência de 5 a 10% da população geral, sendo mais prevalente no 
sexo feminino. É mais frequente em mulheres entre 20 e 40 anos. 
A infecção intestinal aguda prévia é o fator de risco mais 
bem reconhecido para SII. 
A síndrome do intestino irritável pós-infecciosa, que 
corresponde a 10% dos casos, ocorrendo após infecções por 
vírus, bactérias e protozoários. Estes agentes infecciosos 
causam alterações de resposta imunológica e de motilidade 
intestinal que levam à síndrome. 
 
 
 
 
 
 
 
61 RESUMO DE GASTROENTEROLOGIA 
JOÃO VITOR FALEIROS - 103 
Fisiopatologia 
 
A fisiopatologia envolve vários fatores, em que se soma a predisposição genética + fatores psicológicos e infecções 
gastrointestinais, que levam a alterações no sistema nervoso entérico. Isso pode repercutir com impacto nas respostas 
motora, sensitiva e secretora do trato gastrointestinal, bem como alteração da barreira mucosa. 
Os pilares da doença são: aumento da sensibilidade visceral e um distúrbio de motilidade intestinal (diminuindo ou 
aumentando. 
A dieta tem um papel importante na SII. Esses pacientes parecem ter sensibilidade maior aos FODMAPs, como por 
exemplo frutas (maçã, pera, pêssego), lacticínios (leite de vaca, sorvete), legumes (brócolis, beterraba, feijão), massas 
(pães, bolos, biscoito). 
 
 
 
 
 
 
 
Há também um papel do microbioma gastrointestinal (ainda questionável), este que seria diferente de indivíduos 
saudáveis. 
Há, além disso, parece haver um papel dos ácidos biliares, em que esses pacientes teriam má-absorção de sais biliares, 
o que pode levar a um efeito da fermentação e da motilidade. 
 
Manifestações Clínicas 
 
As principais manifestações, consideradas cardinais, são a dor abdominal e a alteração da consistência e/ou frequência 
das evacuações. 
A dor abdominal é crônica, intermitente, geralmente localizada no abdome inferior e tem relação com a defecação. 
Quanto a alteração da consistência e/ou frequência das evacuações, pode-se classificar o paciente no polo diarreico 
ou no polo constipado. 
Como manifestações comuns, cabe citar o bloating e a distensão abdominal. 
Situações comumente associadas são: dor lombar, cefaleia, fadiga, fibromialgia, ansiedade e depressão, coexistência 
de outros transtornos funcionais gastrointestinais. 
 
Diagnóstico 
 
A primeira pergunta que deve ser feita para diagnóstico é se o paciente preenche os critérios de Roma IV. Caso ele 
preencha, faz-se uma investigação básica para excluir outras doenças que podem cursar de maneira parecida. Pede-
se o hemograma completo, PCR e sorologia para doença celíaca. 
 
 
 
62 RESUMO DE GASTROENTEROLOGIA 
JOÃO VITOR FALEIROS - 103 
Se houver diarreia, deve ser solicitada a calprotectina fecal, que é uma proteína liberada por neutrófilos que não é 
absorvida no intestino (grande preditor de inflamação intestinal). Caso o valor seja maior que 50mcg/g, há uma 
sensibilidade de 81% e uma especificidade de 87% para doença inflamatória intestinal. Já caso o valor seja menor que 
50mcg/g + PCR normal há menos de 1% de probabilidade de doença inflamatória intestinal. 
OBS.: hemorroidas e fissura anal também podem elevar a calprotectina fecal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamento 
 
Nenhum tratamento consegue mudar a história natural da doença. O tratamento da SII então é focado em aliviar os 
sintomas que mais incomodam o paciente, e essa abordagem consegue melhora dos sintomas em 25-30% dos 
pacientes. 
Uma relação médico-paciente empática é de grande importância no contexto da SII. 
A dieta pobre em FODMAPs também é importante parte do tratamento. Essa conduta melhora a dor abdominal e 
bloating e tem grande impacto na qualidade de vida. Essa adequação à dieta é feita em 3 fases: 
1ª fase: substituição de alimentos ricos em FODMAPs por alimentos pobre em FODMAPs (3-4 semanas). 
2ª fase: reintroduzir grupo por grupo e observar os sintomas. 
3ª fase: personalizar a dieta. 
Pode-se prescrever também fibras solúveis para aqueles pacientes com predomínio de constipação (mais prescrito: 
Psyllium). 
O exercício físico também auxilia no tratamento, ajudando tanto numa melhora da função intestinal quanto na parte 
psicológica. 
OBS.: O uso de probióticos ainda é muito controverso. 
 
Constipação-------------------------------------------------------------- 
 
Para o paciente no polo constipado que não respondeu com a fibra solúvel, pode-se lançar mão do polietilenoglicol 
(PEG), que é um laxativo da classe dos osmóticos (como a lactulona e o manitol). 
 
 
 
63 RESUMO DE GASTROENTEROLOGIA 
JOÃO VITOR FALEIROS - 103 
Caso persista a constipação, pode-se prescrever: 
- Linaclotida: secretagogo (aumenta secreção de líquido para o lúmen) e acelera o trânsito intestinal. 
- Lubiprostone: secretagogo 
- Tegaserod: pode ser utilizado quando não há resposta ao anteriores, tendo efeito de aumentar a motilidade 
intestinal. É um agonista 5-HT4, só sendo seguro em mulheres abaixo de 65 anos (pode ter efeitos deletérios em 
mulheres acima dessa idade e em homens). 
 
É importante lembrar que muitos dos pacientes com constipação tem uma disfunção anorretal, que ocorre em até 
40% dos pacientes com SII. Essa disfunção está associada ao mecanismo de evacuação das fezes na porção terminal 
do sistema digestório. Na defecação normal os músculos puborretal, esfíncter interno do ânus e esfíncter externo do 
ânus relaxam para expulsar o bolo fecal. Quando há uma disfunção de dissinergia desse processo, ao invés de relaxar 
essa musculatura, o paciente contrai. 
O quadro clínico envolve esforço evacuatório, sensação de evacuação incompleta e necessidade de manobras 
manuais. O exame principal para o diagnóstico é a manometria anorretal.- 
O tratamento mais importante é realizar o Biofeedback (normalmente não respondem aos laxativos), que basicamente 
é um fisioterapia para ensinar o paciente a contrair e relaxar corretamente a musculatura anorretal. 
 
Diarreia------------------------------------------------------------------- 
 
Para o paciente no polo diarreico, pode-se lançar mão de um antidiarreico, cujo principal representante é a 
Loperamida (agonista opioide) como tratamento inicial. 
Caso o paciente não responda, pode-se utilizar um quelante de sais biliares (ex.: Colestiramina). 
 
Dor Abdominal e Bloating--------------------------------------------- 
 
Lança-se mão, para o tratamento dessas manifestações, de antiespasmódicos (vários grupos como: mebeverina 
pinavério, otilônio, hioscina). 
Caso haja persistência da dor, pode-se prescrever antidepressivos com o objetivo de atuar no eixo cérebro-intestinal. 
Às vezes melhorando o quadro psicológico pode-se chegar a uma diminuição da dor. Alguns antidepressivos, 
principalmente os tricíclicos, tem efeito em modulação de dor periférica e central. 
Ainda, é possível fazer as terapias psicológicas (algum grau de evidência) e hipnoterapia. 
 
Resumo da Aula 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
64 RESUMO DE GASTROENTEROLOGIA 
JOÃO VITOR FALEIROS - 103 
Dispepsia 
 
Aula ministrada pela professora Beatriz da Cunha. 
 
Definição e Epidemiologia 
 
A definição de dispepsia é de difícil determinação, não havendo um consenso exatamenteuniversal do que é essa 
doença. No entanto, um conceito bastante comum e difundido é: 
“Um conjunto de sintomas localizados na porção superior do abdome secundários a diversas etiologias”. 
Esse conjunto de sintomas compreende: epigastralgia, desconforto epigástrico, saciedade precoce, plenitude pós-
prandial, náuseas e vômitos, pirose. 
OBS.: Alguns autores não consideram pirose como sintoma dispéptico, pois considera-se que esse sintoma é típico de 
doença do refluxo. 
A dispepsia é uma doença extremamente prevalente; 25-30% da população mundial apresenta sintomas dispépticos. 
No consultório do clínico geral, 7% dos atendimentos são secundários a esses sintomas e no consultório do 
gastroenterologista representam 50% dos atendimentos. 
Essa doença tem grande impacto na qualidade de vida dos pacientes bem como uma importante impacto econômico, 
pois esses sintomas geram altas taxas de absenteísmo no trabalho. 
 
Etiologia 
 
Na etiologia da doença, definem-se dois grupos de pacientes. 50% apresentam dispepsia funcional, ou seja, quando 
não se encontra nada orgânico, bioquímico, laboratorial ou morfológico. Os outros 50% apresentam uma dispepsia 
secundária a causas orgânicas. 
As causas orgânicas podem ser: 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS.: Leite e derivados, café, alimentos muito condimentados, frutas cítricas, álcool e alimentos ricos em gorduras 
são todos alimentos que podem desencadear queixas dispépticas (não há tanta informação na literatura). 
 
 
 
 
65 RESUMO DE GASTROENTEROLOGIA 
JOÃO VITOR FALEIROS - 103 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A dispepsia funcional se caracteriza por: (1) um ou mais dos seguintes fatores: plenitude pós-prandial, saciedade 
precoce, dor epigástrica e/ou queimação epigástrica; E (2) nenhuma evidência de doença estrutural que possa 
justificar os sintomas. 
Os critérios devem ser preenchidos nos últimos 3 meses, com início dos sintomas há pelo menos 6 meses do 
diagnóstico. 
Esse tipo de dispepsia pode ser do tipo desconforto pós-prandial ou do tipo dor epigástrica: 
 
 
 
 
 
OBS.: esses tipos podem coexistir. 
A fisiopatologia da dispepsia funcional não é muito bem estabelecida, porém levanta-se que os fatores abaixo estão 
envolvidos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
66 RESUMO DE GASTROENTEROLOGIA 
JOÃO VITOR FALEIROS - 103 
O Helicobacter pylori também desempenha um papel importante no contexto da dispepsia funcional, embora a nova 
classificação separe o tipo de dispepsia associado a essa bactéria do tipo funcional, já que a causa orgânica é 
conhecida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico 
 
Na anamnese e exame físico, deve-se perguntar e pesquisar os sinais e sintomas, questionar o uso de medicamentos, 
pesquisar ansiedade e depressão e fazer diário alimentar do paciente. 
 
 
 
 
 
 
É importante saber os sinais de alarme da dispepsia, a partir da presença do quais deve-se fazer uma pesquisa mais 
aprofundada: 
- História familiar de câncer gástrico (1º grau) - Perda de peso 
- Sangramento gastrointestinal - Disfagia 
- Anemia ferropriva sem causa definida - Vômitos persistentes 
- Massa abdominal palpável - Icterícia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
67 RESUMO DE GASTROENTEROLOGIA 
JOÃO VITOR FALEIROS - 103 
A endoscopia digestiva alta, quando feita, sempre deve ser acompanhada de biópsia para pesquisa de H. pylori. Deve-
se fazer a EDA em todos os pacientes acima de 60 anos (mais plausível para o Brasil fazer em todos com idade igual 
ou maior que 40 anos) e em todos com sinais de alarme. 
Existe a estratégia test-and-treat do H. pylori para aqueles com dispepsia e sem indicação de endoscopia (menor de 
40 anos e sem sinais de alarme), em que pode-se fazer um teste não-invasivo para pesquisa do H. pylori por teste 
respiratório ou antígeno fecal e, caso positivo, já tratar. 
 
Tratamento (Dispepsia Funcional) 
 
Primeiramente, quanto à dieta, é importante evitar alimentos gordurosos, fracionar refeições (mais frequentes e 
menores, evitar alimentos específicos que desencadeiam os sintomas devem ser evitados. 
Segundo, deve-se fazer a erradicação do H. pylori caso haja: 
 
 
 
 
 
 
OBS.: NNT = número necessário para tratar (NNT 8 = 1 em cada 8 melhora os sintomas dispépticos após tratar). 
O principal tratamento é a terapia de supressão ácida com IBP, com dosagem habitual. 
 
 
 
 
 
 
Existem também os procinéticos que também podem ser usados no tratamento da doença (as evidências são fracas). 
 
 
 
 
 
 
Os antidepressivos também podem ser utilizados. Os tricíclicos são os mais usados e mais estudados, como a 
amitriptrilina e imipramina. Estudos com a mirtazapina também apresentam bons resultados. A indicação é para os 
pacientes não respondedores ao IBPs. 
 
 
68 RESUMO DE GASTROENTEROLOGIA 
JOÃO VITOR FALEIROS - 103 
OBS.: ajudam a tratar sintomas ansiosos e depressivos que se associam a doença, bem como na sensibilidade visceral 
e outros fatores possivelmente relacionados a fisiopatologia da doença. 
Mais uma opção no tratamento é a psicoterapia (pouca evidência). 
 
 
 
 
 
 
Fluxograma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBS.: com alguma resposta ao IBP, pode-se associá-lo com o antidepressivo. 
 
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