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9 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 Princípios de Ordem Geral e Técnica Aula ministrada pela professora Patrícia Lyra. Introdução Os princípios de ordem princípios de ordem geral são comuns a toda especialidade cirúrgica, enquanto os princípios de ordem técnica já são específicos da especialidade, esta que se organiza e emprega técnicas próprias e aparelhamento especial. Os princípios básicos da cirurgia, comuns a qualquer procedimento cirúrgico são: - Assepsia - Hemostasia - Obliteração de espaços mortos - Preservação de suprimento sanguíneo - Delicadeza com os tecidos - Ausência de tensão dos tecidos Muitos cuidados estão envolvidos em uma cirurgia, sendo eles inerentes ao paciente ou ao cirurgião. Cuidados inerentes ao paciente são: idade (melhor resposta ao trauma/crianças mais prováveis de desenvolver queloide), tipo de pele, dimensão e formas da incisão final, raça, região operada, resposta ao material de síntese empregado, doenças associadas. Já os cuidados inerentes ao cirurgião são: boa assepsia, anestesia, desbridamento minucioso dos tecidos desvitalizados, hemostasia rigorosa, técnica cirúrgica atraumática, observação das linhas de pregas cutâneas, aproveitamento das regiões de camuflagens naturais, cuidados no pós-operatório. Antissepsia x Assepsia No preparo da cirurgia, é imprescindível fazer a assepsia e antissepsia. A antissepsia é o uso de antimicrobianos no tecido vivo; enquanto a assepsia é o emprego desses agentes em objetos inanimados (desinfecção). Os principais produtos utilizados são os produtos à base de clorexidine e os produtos à base de PVPI (iodo), este último com mais restrições atualmente pois tem histórico de causar mais reação alérgica. Esses produtos podem estar associados à solução alcoólica ou apenas em forma aquosa, podendo também estar em forma degermante para fazer a limpeza inicial. Usa-se o degermante na ferida, limpando do centro para a periferia, tentando realizar de forma bem ampla (mais garantia de limpeza adequada) seguido do uso de clorexidine alcóolico ou aquoso. OBS.: tricotomia -> sempre que possível, realizar imediatamente antes do início da cirurgia, e não com antecedência (paciente pode evoluir com foliculite e se infectar). Com relação a banho, o paciente deve tomar só até a véspera e não no dia da cirurgia, pois isso pode levar a uma descamação aumentada. Qualquer uso de sabonete não substitui a antissepsia no ambiente cirúrgico. 10 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 Anestesia A anestesia pode se dar de forma local, com infiltração de anestésico no tecido em questão, de forma geral, com uso de medicações inalatórias/endovenosas/ambas, ou por bloqueio anestésico, peridural ou raquidural. A anestesia local, a qual daremos mais ênfase por conta da especialidade aqui debatida, é o bloqueio reversível da condução nervosa, determinando perda das sensações sem alteração do nível de consciência. Previnem ou aliviam a dor por interrupção da condução do estímulo nervoso. Essa anestesia, no âmbito da cirurgia plástica, se dá principalmente na pele, a nível da derme. Ocorre o bloqueio da dor, mas a sensação tátil é parcialmente mantida. O anestésico local funciona a nível celular bloqueando os canais de sódio, estando sua ação associada a relação dose/volume implicada na região. Pode-se concomitar agentes associados como um vasoconstritor, este que ainda permite um aumento na quantidade do anestésico utilizado por impedir que a dose se esvaia para a circulação sistêmica. Um ponto de atenção é o risco de toxicidade. O local de aplicação é muito próximo ao local de incisão. Farmacologicamente, esses anestésicos são bases fracas lipossolúveis, cuja apresentação comercial é em forma de sal solúvel (cloridato) resultante da reação entre base fraca (amina) e ácido forte (clorídrico). O mecanismo de ação se baseia em interromper a condução do estímulo nervoso ao bloquear a condutância dos canais de sódio e, consequentemente, impedir a deflagração do potencial de ação. O anestésico local ideal tem: ação em área delimitada, ação reversível, baixa agressão tecidual, início rápido e tempo de duração suficiente, grau reduzido de toxicidade, potente o suficiente para anestesiar, boa penetração tecidual, baixa possibilidade de desencadear reações alérgicas. O anestésico ideal não existe, mas a escolha do que se será empregado no paciente deve levar em conta esses fatores para que seja utilizado o que entregue o melhor resultado dada as circunstâncias. Os MAIS USADOS são: lidocaína (mais usada), bupivacaína, prilocaína (início de ação muito rápido, mas atinge circulação sistêmica mais rapidamente também), ropivacaína, levobupivacaína. OBS.: A lidocaína pode se apresentar na forma de geleia, solução ou infiltração. A lidocaína pode se apresentar nas concentrações de 1 ou 2%, podendo ou não estar associada a um vasoconstritor (permite uso de maior quantidade de anestésico). Há também a possibilidade de diluir o anestésico, para cobrir toda uma área cirúrgica extensa. O vasoconstritor mais usado é a adrenalina. Ela diminui os efeitos tóxicos por diminuir a absorção vascular, prolonga a duração do anestésico e reduz o sangramento. No entanto, por ser adrenalina, pode levar a taquicardia, hipertensão arterial e arritmia cardíaca. É importante ter cuidado (contraindicação relativa) desse uso em extremidades como dedo, pênis, ponta do nariz e orelha. A lidocaína sem vasoconstritor tem dose limite de 5mg/kg, enquanto com a adrenalina essa dose pode ser de até 7mg/kg. Em uma pessoa de 60kg, então, pode-se usar uma dosagem de 300mg sem vasoconstritor e de 420mg com o vasoconstritor. É possível ainda utilizar como agente associado o bicarbonato, que acelera a difusão e o início do bloqueio neural (diminui o desconforto causado pela diferença de pH), levando a um aumento na concentração plasmática do anestésico local e prolongando a duração. Reduz a dor. A toxicidade pelo anestésico pode causar reações sistêmicas, locais e tissulares. A causa mais comum é a injeção intravascular inadvertida, causando toxicidade mesmo com todos os cuidados de dosagem tomados antes. Outra cauda é, logicamente, a dose inadequada do anestésico local. 11 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 Os primeiros sintomas que aparecem nessa toxicidade são zumbidos, dormência da língua, delírio, alterações visuais, abalos musculares, inconsciência e até convulsões. É necessário ficar atento aos primeiros sintomas para que se possa reverter o quadro, antes que o paciente evolua para coma, parada respiratória e depressão SCV. É importante ofertar diversos suportes para esse paciente no tratamento. É muito importante hidratar o paciente, bem como garantir suporte de oxigênio e garantir o retorno venoso. Caso não haja esse suporte no local do ocorrido, deve-se providenciar uma transferência desse paciente para uma unidade capacitada. Debridamento Cirúrgico É necessário para esse cuidado, que se retire não só corpos estranhos (limpeza), como também os tecido inviáveis, ou seja, os tecidos desvitalizados (necróticos). Isso deve ser feito com delicadeza, de modo a não ferir os tecidos sãos. É muito importante fazer a limpeza básica, com soro fisiológico inicialmente, e após esse momento e sabendo que o paciente não sente mais dor (anestesiado) fazer a limpeza com clorexidine e aí começar o debridamento dos tecidos. Hemostasia O cirurgião deve ter o cuidado de promover uma boa hemostasia, ou seja, um bom estanque ao sangramento. Esse processo pode começar com o vasoconstritor associado ao anestésico, mas pode também, quando necessário, estar relacionado a uma compressão que estanque o sangramento, para visualizar melhor o vaso e decidir fazer um cautério (bisturi elétrico) ou optar por realizar uma ligadura (comfio). A ligadura normalmente é feito em vasos calibrosos para garantir que não haja sangramento posterior. Quanto melhor a hemostasia, menor a chance de o paciente evoluir com um hematoma no local. Linhas de Força O cirurgião também deve se atentar às linhas de força da pele. A pele apresenta certo grau de elasticidade devido a fibras elásticas da derme, variando a depender do local. Langers (em 1861) já demonstrava que há menor extensibilidade na direção das linhas de tensão da pele. Por isso, sempre que possível, tenta-se colocar a incisão paralelamente às linhas de tensão. A qualidade da cicatriz está diretamente relacionada ao quão paralelas estão essas duas linhas. 12 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 Reparação e Enxertos A reparação ideal na pele também segue, principalmente na cirurgia plástica, qual o tecido em questão para substituição. Essa reparação ideal é aquela que substitui um tecido ausente por outro de mesma natureza, isto é, isomorfo (ex.: pele x pele etc.). Esse é o princípio de solicitação funcional, em que deve-se buscar um tecido para transferência que seja o mais próximo possível do tecido original da região. É importante que se substitua a região em dois ou mais planos por outros equivalentes, de modo que se garanta a restauração em diversos níveis, como pele, mucosa, muscular. Deve-se ter em mente também que, sempre que se coloca um corpo estranho no organismo do paciente, este vai reagir tentando expulsá-lo. Para isso, deve evitar-se colocar substâncias aloplásticas sempre que possível. Os enxertos devem ser, sempre que possível, autógenos e transplantados para região com tecido da mesma natureza (ortotópico), para que o tecido evolua de maneira mais estética e mais funcional. É muito importante lembrar que essa reparação deve ser evitada frente a processo infeccioso em atividade, como sífilis, abcesso, leishmaniose, ITU, hanseníase. É claro que, em situações mais específicas, em que o prejuízo para o paciente possa ser maior ao não realizar o procedimento, avalia-se o custo-benefício para fazer a decisão. Algumas exceções são algumas doenças fúngicas como a cromomicose. É relevante ressaltar que sempre que se submete o paciente a uma cirurgia, deve-se preocupar em realizar o procedimento com sequela física ou psíquica mínimas. Por isso, sempre é necessário pensar a respeito do real benefício que se está trazendo para o paciente com a cirurgia pois, caso ele seja menor que a situação a qual o paciente será submetido, pode-se optar por não fazer a cirurgia. É sempre importante, nesse contexto, também esperar o período de cura ou irreversibilidade da doença, pois pode se tratar de algo transitório. OBS.: Lembrar que a reparação ideal também procura, além de reparo de forma e função, agregar um componente estético para o paciente (transferir tecido semelhante para melhor aspecto estético). Sempre que possível, a reparação deve ser imediata à remoção de um tumor ou trauma, bem como a reconstrução da área sempre que for possível, como por exemplo em remoção de tumores de mama. Exames É de suma importância, para garantir para o paciente uma reconstrução adequada, bem como a própria reparação, que se municie do proceder minucioso de exame físico, subsidiado por exames complementares (laboratoriais, US, biópsia), para que se tenha a noção correta, por exemplo, se todo o tumor foi ressacado. Ordem Técnica Após todos os cuidados descritos nas seções acima, deve-se atentar para a técnica. Para isso, deve-se garantir que a cicatriz seja esteticamente aceitável, que haja preservação das funções fisiológicas (diminuir chance de bridas/contraturas), que a técnica seja o mais atraumática possível, que se está utilizando o tipo correto de sutura, fio, grampo, fitas adesivas, cola tecidual e que se está fazendo uso correto de dreno. Sempre que, durante o ato cirúrgico, haja lesão agudas de vasos, nervos e tendões, deve-se reparar de imediato. Isso tudo por meio de técnica atraumática com o instrumental correto. 13 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 I. ESCOLHA DE FIOS E AGULHAS A escolha de fios e agulhas depende intrinsicamente do local onde será feita a síntese, ou seja, depende muito da elasticidade e espessura da região em questão. OBS.: quanto menor o número do fio, mais espesso é o fio. No dorso, por exemplo, usa-se fios espessos, enquanto na pálpebra usa-se fios finos. Fios mais finos são mais caros. Na face, sempre usa-se fios 5,0 e 6,0. Já para couro cabeludo, pode-se utilizar fios de 2,0/3,0 ou 4,0 (este último na transição para face). Em dorso, usa-se fios 3,0 e 4,0 geralmente. Eventualmente no tronco é possível usar fio 5,0, por exemplo em região próxima à mama. O fio 6,0 raramente se usa, sendo utilizado às vezes quando a síntese não ficou tão coaptada, por exemplo. Os fios podem ser também absorvíveis ou inabsorvíveis. Os absorvíveis, em plástica, geralmente são usados em suturas de mucosas, região de períneo ou em casos em que a sutura feita não ficou bem coaptada, fazendo-se mais uma para garantir adesão. Normalmente na pele usa-se os inabsorvíveis. Cada fio tem sua característica, podem ser mono (apresentam menor coeficiente de atrito, portanto, deslizam mais facilmente no tecido, causam menor grau de lesão tecidual quando puxados), ou multifilamentar (possuem maior facilidade de manuseio e capacidade de reter um nó, tem maior força contra a tensão e leva a reação inflamatória maior). OBS.: a chance de o nó desfazer é maior no fio monofilamentado. As agulhas podem ser triangulares (com corte nas 3 pontas), cilíndrica (mais romba, sem corte em torno dela, traumatiza menos). Estas são usadas em áreas mais delicadas, e apresentam menor capacidade de corte/penetração na pele. II. ESCOLHA DA SUTURA Depois de escolhido o fio, deve-se escolher qual a sutura que deve ser feita, lembrando que o objetivo é garantir que as bordas das feridas fiquem acoladas uma a outra, diminuir o espaço morto e sem deixar tensão na borda da ferida. 14 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 Muitos são os tipos de pontos e suturas que podem ser feitos. A imagem a seguir mostra algum deles, que variam seu uso de acordo com a ferida e o local onde é feita a incisão. 15 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 III. DRENO Sempre que se deixa um descolamento grande de um tecido com outro, principalmente na área receptora, esse local pode ser um a região de acúmulo de líquido, propiciando um seroma. Uma outra possibilidade é quando não se faz a hemostasia adequada e se acumula sangue, levando a um hematoma. Nessas situações é que se utiliza um dreno, cuja função é evitar, avaliar, quantificar e retirar coleções líquidas, como exsudatos, hematomas, lipólises. Quando a drenagem for menor que 50ml em 24h, pode-se retirar o dreno. No entanto, em situações, por exemplo, em que houve um componente externo como radioterapia ou uma mudança de metabolismo (muita inflamação/pacientes pós-bariátrica), pode optar-se por retirar só a partir de 30ml. IV. RETIRADA DE PONTOS Para a retirada de pontos, depende principalmente da localização da sutura. Áreas de pele mais espessa, onde há mais tensão, a avaliação da retirada varia de 7 a 21 dias. Já em áreas de baixa tensão (pele fina), principalmente se associado a colas de fibrina, se retira de 2 a 5 dias (isso está reservado no geral para área de pálpebras ou pontos que foram dados entre pontos que realmente estão segurando a tensão da pele. Em áreas de dobras, por exemplo, é comum postergar o tempo, sempre avaliando. É importante levar em consideração também o tipo de sutura, a presença ou não de infecção e o perfil do paciente(trabalhador braçal pode ter deiscência ao voltar ao trabalho). OBS.: a sutura intradérmica geralmente se posterga a retirada, só retirando a partir de 12 a 15 dias. V. CURATIVOS As funções do curativo de ferida cirúrgica são absorver secreções, garantir proteção e, às vezes, ainda promover uma compressão, para diminuir a possibilidade de espaço morto. OBS.: É importante lembrar que muitos são os curativos também para feridas não cirúrgicas (feridas abertas). O curativo ideal é aquele que tem facilidade de aplicação, adaptabilidade (permita o movimento do paciente sem muitas restrições), facilidade de remoção, conforto para uso, baixo custo e que não exige trocas frequentes. A escolha do curativo deve se basear de acordo com a característica da ferida. Se a ferida for seca, deve-se utilizar um curativo úmido, enquanto se ela for úmida, deve se utilizar um curativo que favoreça algum grau de secagem dessa ferida (é importante que a ferida esteja hidratada, tendo certo grau de umidade). Na ferida exsudativa, portanto, é preciso enxugar, evitando umidade exagerada e infecção. Se for seca, aplica-se um curativo úmido que propicie a proliferação celular. 16 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 OBS.: Na fase inflamatória da cicatrização, é importante usar um curativo absortivo, que consiga absorver a grande quantidade de líquido que extravasará nessa fase, mas que também deixe certo grau de umidade para garantir a continuação da cicatrização de forma adequada. Para as feridas purulentas, exsudativas, com odor fétido utiliza-se curativos bem direcionados. Usa-se, por exemplo, placas com carvão ativado, prata ou pode-se usar um curativo de pressão negativa, em que se acopla uma esponja, aplica-se uma pressão negativa e assim podendo aspirar todo o conteúdo gerado a partir da exsudação. Para a ferida já granulada, simplesmente usa-se uma solução que mantenha a umidade do local, podendo associar uma placa com tecido não-aderente ou com hidrocoloide. Dos curativos mais utilizados, cabe citar: Os AGE podem ser usados para umidificação (hidratar a pele) em pacientes acamados, para evitar a formação de uma escara, garantindo que não se piore formando uma úlcera de pressão nesses pacientes. Normalmente se faz esse curativo 2 vezes por dia tanto para epitelização quanto para prevenção (1 a 2 vezes). 17 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 Contraindicado se houver secreção na ferida. Pode ser associado a prata, que exerce ação bactericida, reduzindo a população bacteriana na região da ferida. 18 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 É usada de maneira mais rudimentar, apesar de ter efeito. É necessário de ter cuidado com a possibilidade de hipersensibilidade e também com a troca que deve ser de no máximo 12 horas. 19 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 Polímeros com grande capacidade de absorção que podem ser associados, inclusive garantindo controle bacteriano, principalmente ao se associar com prata (pode associar ou não). Não se opta se a exsudação está muita intensa (usa-se alginato primeiramente). Pode estar associada a antimicrobiano, mas recomenda- se mais que não se associe devido a seleção bacteriana. Não aderem e, por isso, não causa dor quando são retirados. Muito usados em áreas doadoras para enxertos. Associado a isso, pode-se usar uma compressa que absorve a quantidade de exsudato que passa por esse tecido. Usada principalmente em ambiente hospitalar, em casos de feridas com grandes necroses e em que o paciente não tem condições cirúrgicas de fazer o debridamento adequado. Faz o debridamento químico. Varia a concentração a depender da quantidade de necrose que há na ferida. 20 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 Usado muito para úlceras venosas, trata-se de uma faixa que cobra toda a região. Deve-se ter cuidado com a troca, bem como com a limpeza da região em questão. As indicações são precisas e podem causar dano ao paciente se não for muito bem feito. - Outra situação que pode se lançar mão para estimular a cicatrização é a oxigenoterapia hiperbárica, que visa aumentar o aporte de oxigênio na ferida, favorecendo a angiogênese e epitelização. - Assim como já citado anteriormente, existe o curativo com pressão negativa (VAC). Esse é reservado para alguma situações, principalmente em feridas muito exsudativas com retardo de formação de tecido de granulação. Esse curativo estimula a formação do tecido de granulação, reduz a resposta inflamatória local, aumenta o fluxo sanguíneo, reduz edema e controla exsudato, depura carga bacteriana e ainda reduz as dimensões da ferida (em até 40%). Possui variações que também reduzem espaço morto. Não é recomendado em feridas com muito pus, nem em situações de necrose ou suspeita de tumor. - Existe ainda a possibilidade de realizar sutura elástica na ferida, para tratar a ferida, unindo as bordas. - Outra possibilidade é usar o filme aderente, que cobre o curativo usado, podendo absorver ou não. EXEMPLO DE TRATAMENTO DE FERIDA COMPLEXA: - Paciente com isquemia de abdome pós-cirurgia, evoluindo com necrose. - Debridou-se toda a região, depois fazendo sutura elástica associada a placa de alginato com placa. - Com a demora para formar tecido de granulação, usou-se VAC com instilação de soro (facilitar liberação de tecido necrótico). - Fechamento da ferida com sutura. 21 RESUMO DE CIRURGIA PLÁSTICA JOÃO VITOR FALEIROS - 103 - Existe ainda a ozonioterapia, ainda de certa forma experimental, mas há indícios de aumenta de resposta do sistema imunológico a doenças infecciosas como feridas infectadas. Ajuda a melhorar a oxigenação dos tecidos e melhora a permeabilidade vascular. Manejo de Feridas------------------------------------------------------ I. AVALIAÇÃO DA FERIDA A fim de decidir a conduta diante de uma ferida, operatória ou não, deve primeiro se basear em diversos aspectos que norteiam a avaliação de uma ferida. II. TIPOS DE CICATRIZ No caso de feridas operatórias, sempre que possível se opta por um fechamento primário. No entanto, se chega uma ferida suja, com tecido desvitalizado, precisa-se que a ferida seja limpa bem como que surja tecido de granulação, optando-se por fechamento primário retardado. Há, ainda, casos em que a dimensão da ferida é pequena e que, quando começa a formar tecido de granulação e contrair, pode-se optar por uma cicatrização por segunda intenção. Em uma ferida em que não se pode fazer o fechamento primário (primeira intenção) pode se usar produtos para propiciar a formação de tecido de granulação para encaminhar a resolução da ferida. Pode-se usar soro (caso use não pode aplicar produtos com sabão), água morna (lembrando de não deixar restos de sabão na ferida), antibióticos (controverso na plástica – risco de sensibilização do paciente e resistência de microrganismos), mel/açúcar (antigamente e até hoje em dia no interior – usa-se para ferida purulenta, porém leva a muita exsudação, prurido e incômodo), havendo ainda a possibilidade de azeite e unguentos (últimos 3 de maneira rudimentar). III. RESUMO
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