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PREPARATÓRIO PARA OAB Professor: Dr. Marcel Leonardi DISCIPLINA: DIREITO CIVIL Capítulo 3 Aula 4 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Coordenação: Dr. Flávio Tartuce 01 Prescrição e Decadência "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br O artigo 189 do Código Civil trata da prescrição. Para resguardar seus direitos, o titular deve praticar atos conservatórios como o protesto, retenção, arresto, seqüestro; caução fidejussória ou real, interpelações judiciais para constituir o devedor em mora, e assim por diante. E, quando ele sofrer ameaça ou violação, o direito subjetivo é protegido por ação judicial. Nasce, então, para o titular a pretensão, que se extinguirá nos prazos prescricionais previstos nos arts. 205 e 206. Prescrição é, assim, a extinção de uma ação ajuizável, em virtude da inércia de seu titular durante um certo lapso de tempo, na ausência de causas preclusivas de seu curso. Tanto as pessoas físicas como as jurídicas sujeitam-se aos efeitos da prescrição de modo ativo ou passivo, ou seja, podem invocá-las em seu proveito ou sofrer suas conseqüências quando alegada pela outra parte. E não é só a pretensão que prescreve. A exceção também sofre prescrição, como dispõe o artigo 190 do Código Civil. É possível renunciar à prescrição, como menciona o artigo 191 do Código Civil, pelo qual Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. Somente depois de consumada a prescrição, desde que não haja prejuízo de terceiro, é que poderá haver renúncia expressa ou tácita por parte do interessado. Não se permite a renúncia prévia ou antecipada à prescrição, a fim de não destruir sua eficácia prática. Quando ocorre a renúncia expressa, o prescribente, ou seja, a pessoa a quem a prescrição aproveitaria, abre mão dela de modo explícito, declarando que não a quer utilizar. Na renúncia tácita, o que se tem é a prática de atos incompatíveis com a prescrição, como, por exemplo, alguém que paga uma dívida prescrita. Os prazos de prescrição são previstos, em regra, na lei, e nesses casos não podem ser modificados, como dispõe o artigo 192 do Código Civil. Mesmo que as partes queiram, os prazos de prescrição que são fixados por lei não podem ser alterados por acordo. Pelo artigo 193 do Código Civil, a prescrição pode ser levantada em qualquer grau de jurisdição. Ou seja, a prescrição poderá ser argüida na primeira instância, que está sob a direção de um juiz singular, e na segunda instância, que se encontra em mãos de um colegiado de juízes superiores. Pode ser invocada em qualquer fase processual, ou seja, na contestação, na audiência de instrução e julgamento, memoriais, apelação, embargos infringentes e assim por diante. A prescrição é, assim, uma exceção ao princípio de que toda a matéria de defesa precisa ser alegada na contestação, pois ela pode ser levantada em qualquer instância, mesmo depois da contestação e até, pela primeira vez, no recurso da apelação ou recurso especial ou extraordinário aos tribunais superiores. O artigo menciona que a prescrição somente poderá ser invocada por quem ela aproveite. Ou seja, seja pessoa física ou jurídica, somente pode alegar em juízo a prescrição a parte que se beneficie com a sua decretação. Aula 4 02 Pelo artigo 194 do Código Civil, O juiz não pode declarar a prescrição de ofício, salvo se favorecer o absolutamente incapaz. Assim sendo, este artigo do Código estabelece a proibição de decretação de ofício da prescrição de ação alusiva a direito patrimonial. O juiz não poderá conhecer da prescrição da ação relativa a direitos patrimoniais, reais ou pessoais, se não for invocada pelos interessados, não podendo, portanto, decretá-la de ofício, por ser a prescrição um meio de defesa. A única exceção ocorre quando o juiz reconhece de ofício a prescrição para beneficiar um absolutamente incapaz. O artigo 195 prevê a possibilidade ser movida uma ação regressiva quando a prescrição, ou a falta de sua alegação, prejudicar os interesses de relativamente incapazes ou da pessoa jurídica. Ou seja, é possível mover ação regressiva contra os representantes legais dos relativamente incapazes ou das empresas quando estes, por dolo ou culpa, derem causa à prescrição, ou deixarem de alegá-la para se defender em juízo. A idéia é a de que seja preservado o patrimônio dos incapazes ou da empresa. De acordo com o artigo 196, a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu herdeiro a titulo universal ou singular. Há uma exceção, porque não corre prescrição contra o absolutamente incapaz. Como regra geral, a prescrição iniciada contra o falecido continuará a correr contra seus sucessores. O artigo 197 prevê quais são as causas impeditivas da prescrição, que são as circunstâncias que impedem que a prescrição inicie seu curso, em razão do estado de uma pessoa individual ou familiar, atendendo razões de confiança, amizade e motivos de ordem moral. Assim, é por isso que existem casos em que a prescrição não se inicia, e que o Código exemplifica. Não corre, portanto, a prescrição: entre cônjuges, durante o período do casamento; entre ascendentes e descendentes, durante o período de existência do poder familiar; entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. De acordo com o artigo 198, a incapacidade absoluta impede a prescrição. Assim, não corre prescrição contra os absolutamente incapazes. O artigo 199 estabelece que a condição suspensiva pendente e o termo não vencido impedem a prescrição. Ou seja, são causas impeditivas da prescrição a condição suspensiva e o não-vencimento do prazo. Assim, não corre a prescrição, pendendo condição suspensiva, o que significa que, enquanto não realizada tal condição, o titular não adquire direito. Logo, ele não tem ação para proteger esse direito que não foi adquirido e, assim, enquanto não nascer a ação, por conseqüência lógica, ela não pode prescrever. Da mesma forma, também não haverá prescrição se o prazo não estiver vencido, pois o titular da relação jurídica submetida a termo não vencido não pode, ainda, acionar ninguém para efetivar seu direito. Por fim, se ainda estiver pendente ação de evicção, pela qual vai se decidir o destino da coisa evicta, suspende-se a prescrição em andamento até que a ação tenha sido definitivamente decidida. O artigo 200 prevê que, em primeiro lugar, é preciso que seja apurada a existência de eventual questão prejudicial. Ou seja, é preciso verificar um fato cuja apreciação é condição indispensável àquele julgamento, por isso deve ser discutida numa ação independente. Por tal razão, a apuração de questão prejudicial a ser verificada no juízo criminal, se a ação dela se originar, é causa impeditiva do curso da prescrição, que só começará a correr após a sentença definitiva. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 03 Em outras palavras, se alguém sofre um grave acidente de trânsito e a apuração de quem deu causa ao acidente está sendo feita no juízo criminal, não começará a correr a prescriçãopara a propositura de ação de reparação de danos no juízo cível até que isto tenha sido decidido no processo criminal. O artigo 201 estabelece quais são os efeitos da suspensão da prescrição na solidariedade ativa. Se a obrigação foi indivisível e solidários forem os credores, uma vez suspensa a prescrição em favor de um dos credores, tal suspensão aproveitará aos demais. Por outro lado, se a obrigação for divisível, a prescrição não se suspenderá para todos os coobrigados, ante o fato de ser um benefício personalíssimo. Se vários forem os co-interessados, ocorrendo em relação a um deles uma causa suspensiva de prescrição, esta aproveitará apenas a ele, não alcançando os outros, para os quais correrá a prescrição normalmente. O artigo 202 estabelece quais são as causas interruptivas da prescrição. Elas são as que inutilizam a prescrição iniciada, de modo que o seu prazo recomeça a correr da data do ato que a interrompeu ou do último ato do processo que a interromper. Esta é a diferença entre causa interruptiva da prescrição e causa suspensiva da prescrição: a causa interruptiva faz com que a prescrição iniciada seja desconsiderada, começando a contar o prazo desde o início; a causa suspensiva da prescrição é a que, temporariamente, paralisa o curso da prescrição, de modo que, uma vez superado o fato suspensivo, a prescrição continua a correr, computado o tempo decorrido antes dele. Interrompem a prescrição, atos do titular reclamando seu direito, tais como: citação pessoal feita ao devedor, ordenada por juiz; protesto judicial e cambial, que tem apenas por efeitos constituir o devedor em mora; apresentação do título de crédito em juízo de inventário, ou em concurso de credores, o mesmo sucedendo com o processo de falência e de liquidação extrajudicial de bancos, bem como das companhias de seguro, a favor ou contra a massa falida; atos judiciais que constituam em mora o devedor, incluindo as interpelações, notificações judiciais e atos praticados na execução da parte líquida do julgado, com relação à parte ilíquida; e atos inequívocos, ainda que extrajudiciais, que importem reconhecimento do direito do devedor, como: pagamento parcial por parte do devedor e pedido do devedor ao credor, solicitando mais prazo. O artigo 203 prevê que Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. Estabelece, assim, que tem legitimidade para promover a interrupção da prescrição qualquer interessado, tais como o titular do direito em via de prescrição; seu representante legal, salvo o dos incapazes do art. 3º do Código Civil; o terceiro com legítimo interesse econômico ou moral, como o seu credor, o credor do credor ou o fiador do credor. O artigo 204 estabelece quais são os efeitos da interrupção da prescrição. Em princípio, a interrupção da prescrição aproveita tão-somente a quem promove, prejudicando aquele contra quem se processa. Contudo, a interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros, como, semelhantemente, operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudicará aos demais coobrigados. Por outro lado, se se tratar de obrigação solidária passiva ou ativa, a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolverá os demais, e a interrupção aberta por um dos credores solidários aproveitará aos outros. Além disso, a interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidários não lesará os outros herdeiros ou devedores, a não ser que se trate de obrigação ou de direito indivisível. Isto é assim porque a solidariedade ativa ou passiva não passa aos herdeiros; logo, apenas serão atingidos os demais co-herdeiros pela interrupção se houver indivisibilidade da obrigação. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 04 E, finalmente, a interrupção produzida pelo credor contra o principal devedor atinge o fiador, independentemente de notificação especial, pelo simples fato de ser fiança uma obrigação acessória. Ou seja, desaparecendo a responsabilidade do afiançado, não mais terá responsabilidade o fiador; igualmente, se o credor interrompe a prescrição contra o devedor, ela será também interrompida relativamente ao fiador. A regra geral relativa ao prazo prescricional está prevista no artigo 205 do Código Civil, pelo qual a prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Prazo prescricional é o espaço de tempo que decorre entre seu termo inicial e final. A prescrição ordinária ou comum é de dez anos. No artigo 206, o Código estabelece os prazos prescricionais especiais. Esses prazos especiais existem porque a presunção de que é conveniente reduzir o prazo geral para possibilitar o exercício de certos direitos ou pretensões, de forma a evitar que acontecimentos do passado remoto possam ser questionados. Os mais importantes são os seguintes, entre outros: Um ano: a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; Dois anos: a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que as vencerem. Essa prescrição só alcança as prestações alimentares, nunca o direito a alimentos. Assim, se alguém está devendo alimentos há mais de cinco anos, o credor somente poderá cobrar as prestações relativas aos últimos dois anos, além de, evidentemente, ter direito de exigir as prestações futuras. Três anos: a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos; a pretensão de reparação civil; pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial; Quatro anos: a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas. Cinco anos: a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato. O artigo 207 trata da decadência. As diferenças fundamentais entre prescrição e decadência são as seguintes: a decadência é a extinção do direito pela falta de exercício dentro do prazo prefixado, atingindo indiretamente a ação, enquanto a prescrição extingue a ação, fazendo desaparecer, por via oblíqua, o direito por ela tutelado que não tinha tempo fixado para ser exercido. O prazo decadencial pode ser estabelecido pela lei ou pela vontade unilateral ou bilateral, e o prescricional é fixado por lei para exercício da ação que protege um direito. Além disso, a decadência corre contra todos, não admitindo sua suspensão ou interrupção em favor daqueles contra os quais não corre a prescrição, com exceção do caso do artigo 198, Inciso I; já a prescrição pode ser suspensa, interrompida ou impedida pelas causas legais. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 05 Temos que considerar também que a decadência decorrente de prazo legal pode ser consideradae julgada de ofício pelo juiz, independentemente de argüição pelo interessado, ao passo que a prescrição das ações patrimoniais não pode ser decretada de ofício pelo juiz. Por fim, a decadência oriunda de prazo prefixado por lei não poderá ser renunciada pelas partes nem antes, nem depois de consumada; já a prescrição, após sua consumação, poderá ser renunciada. Com relação à decadência, existe também, nos termos do artigo 208, a possibilidade de que as pessoas jurídicas e os relativamente incapazes movam ação regressiva contra representantes legais que derem causa à decadência ou não a alegarem no momento oportuno, para obter a reparação dos danos sofridos. A incapacidade absoluta é uma causa impeditiva da decadência. Pelo artigo 209 do Código Civil, a decadência resultante de prazo legal não pode ser renunciada pelas partes, nem antes, nem depois de consumada, sob pena de nulidade. Pelo artigo 210 do Código Civil, o juiz deve, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. Esta regra é exatamente inversa àquela relativa à prescrição. Ou seja, a decadência decorrente de prazo legal deve ser considerada e julgada pelo magistrado, de ofício, independentemente de argüição do interessado. Já a prescrição não pode ser decretada pelo juiz sem que a parte interessada alegue, a não ser quando se trate de proteger o interesse de absolutamente incapaz. Além disso, o artigo impõe um dever ao juiz. Ele não tem o poder, ou seja, a faculdade, a opção, de decretar ou não a decadência. Uma vez que ele constate a existência de decadência estabelecida por lei, é seu dever decretá-la, queiram ou não as partes. Já o artigo 211 do Código Civil prevê que quando o prazo decadencial é prefixado pelas partes, aquela parte a quem o prazo decadencial, aproveitar poderá alegar a existência da decadência em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não poderá, de ofício, reconhecer a decadência. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br