
CCJ0009-WL-PA-20-T e P Narrativa Jurídica-Novo-15859
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Jurídica Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 10 Tema Produção de narrativa jurídica valorada: versão da parte ré. Objetivos O aluno deverá ser capaz de: - Compreender que o silêncio quanto às a\ufb01rmações da parte autora na narra\u19fva da inicial torna esses fatos não controver\u19fdos; - Desenvolver técnicas de resposta às questões de fato do caso concreto; - Modalizar a narra\u19fva jurídica a favor do réu; - Dimensionar as dificuldades de exercer a defesa em certos casos concretos. Estrutura do Conteúdo 1. Narra\u19fva jurídica valorada 1.1. Diferentes versões sobre um mesmo fato jurídico 1.2. Uso de modalizadores 1.3. Produção Textual 1.4. Técnicas de resposta Aplicação Prática Teórica De acordo com o art. 300 do CPC: \u201ccompete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir\u201d (grifos inexistentes no original). Pela leitura gramatical do dispositivo legal, percebe-se que a contestação é a peça que comporta quase toda a defesa do réu. É nesse instrumento que o réu deve rebater todos os argumentos do autor, demonstrando, claramente, a impossibilidade de sucesso da demanda. Vale dizer ainda que, na contestação, o réu poderá se manifestar sobre aspectos formais e materiais. Os argumentos de origem formal se relacionam à ausência de algum \u19fpo de formalidade processual exigida pela lei, e que não fora observada pelo autor em sua peça inicial. Essas falhas, dependendo da sua natureza e gravidade, podem ocasionar \ufb01m do processo antes mesmo de o magistrado apreciar o conteúdo do direito pretendido. A imperfeição apontada pelo réu re\u19fraria do autor a possibilidade de seguir adiante, ou retardaria o procedimento até que fosse sanada a imperfeição. Essa é a chamada defesa indireta, quando se consegue procras\u19fnar o processo. Já os aspectos materiais se relacionam ao conteúdo de fato ou ao direito que o autor reivindica, o próprio mérito da causa. É a chamada defesa direta ou de mérito, na qual o réu ataca o fato gerador do direito do autor, ou as conseqüências jurídicas que o autor pretende. O princípio da concentração (ou princípio da eventualidade) determina que o réu deve, de uma só vez, em uma única peça \u2013 na contestação \u2013 alegar toda a matéria de defesa, tanto processual, quanto de mérito. Não há possibilidade, como no Processo Penal, de aguardar um momento mais propício para expor as teses de defesa. No Processo Civil é necessário que o réu apresente de forma concentrada todas as matérias de defesa que serão u\u19flizadas na própria contestação. Diante dessa breve explicação, não é prudente que o réu desconsidere o poder que tem a sua contestação para a defesa, pois esse é o momento oportuno para que ele possa bloquear a intenção autoral, sob pena de não poder mais se socorrer de determinados argumentos de defesa que não foram alegados tempestivamente. Observe que nem tratamos da revelia... (Adaptado a partir de www.jurisway.org.br) Apresentamos esse breve referencial teórico para esclarecer o mínimo necessário à compreensão da contestação, porém ressalvamos que somente nos interessam, nesta oportunidade, as questões rela\u19fvas à narra\u19fva da resposta. Não enfrentaremos as alegações de matéria processual, tampouco as de discussão teórico-doutrinária quanto ao assunto em discussão. Leia os dois textos que seguem. Ambos possuem uma peculiaridade: há su\u19fl falha na narra\u19fva dos fatos da contestação. O primeiro foi extraído de um relatório de acórdão (apelação cível nº 1.217/93) da lavra do Desembargador Sérgio Cavalieri Filho. O segundo é um caso concreto. Texto 1 VISTOS, relatos e discu\u19fdos estes autos de APELAÇÃO CÍVEL N° 1.172/96, em que é apelante CASA DE SAÚDE SANTA HELENA LTDA e apelado HAMILTON DA PAIXÃO AMARAL E SUA MULHER. ACORDAM os Desembargadores que integram a 2 ª Câmara Cível do Tribunal de Jus\u19fça do Estado do Rio de Janeiro, por maioria, em dar provimento parcial ao recurso para restringir a indenização ao dano moral e às despesas com funeral, vencido o Des. João Wehhi Dib que julgava a ação improcedente. Ação de responsabilidade civil, pelo rito sumaríssimo, em razão da morte de criança recém -nascida. Apontou-se como fato gerador da responsabilidade da ré o fato de ter sido dada alta hospitalar ao \ufb01lho dos autores, logo após o seu nascimento, quando ainda não \u19fnha condições \u130sicas para tal. A sentença (f. 30 a 35), que acolheu parcialmente o pedido, condenou a ré a pagar aos autores indenização por dano moral \u2013 100 salários mínimos \u2013 despesas com funeral e pensões vincendas, a serem apuradas em liquidação, durante nove anos, compreendidos entre os 16 e os 25 anos do filho dos autores. Recorre a vencida (f. 37 a 41) sustentando que não existe nos autos prova da culpa da apelante e que essa não pode ser presumida, mormente em se tratando de criança nascida de mãe desnutrida e fumante. Assim, prossegue, culpar a apelante pelo infeliz acontecimento importa em imputar-lhe responsabilidade pelo procedimento dos próprios pais que, sem condições, resolveram ter mais um \ufb01lho. Aduz não ter a sentença considerado a baixa situação social-\ufb01nanceira dos apelados, causa principal da mortalidade infan\u19fl, e que a introdução da sonda não foi a causa-mortis da criança. Pede a reforma da sentença. Ao responder o recurso (f. 46 e 47), pugnam os apelados pelo seu não provimento. É o relatório. Texto 2 Roberto Veloso ajuizou ação indenizatória em face da Agência de Viagens Solimar Ltda. e Hotel Fazenda Cruzeiro, pretendendo o ressarcimento pelos danos sofridos em acidente, que lhe causou tetraplegia. O autor a\ufb01rma haver contratado com a primeira ré pacote de turismo, com excursão para Serra Negra, em São Paulo, onde se hospedou nas instalações da segunda ré, por volta das 22h. Na noite do dia 24 de abril de 2007, ao dar um mergulho em uma das piscinas do hotel, o autor, com 1,85m de altura, bateu violentamente no piso da piscina, que estava vazia. Sustentou inexis\u19fr qualquer aviso, nem mesmo um obstáculo ou uma cobertura que impedisse o acesso dos hóspedes àquele local, que não oferecia a segurança que dele se devia esperar. Postula o ressarcimento, a \u1a1tulo de dano, proveniente de relação de consumo, que o deixou tetraplégico aos 21 anos de idade. Em contestação, a segunda ré aduz que o autor, após ingerir bebidas alcoólicas, resolveu, por volta das 3h, usar, sem autorização, a piscina do hotel. Para comprovar essa alegação, e eximir -se da responsabilidade civil, o advogado da pessoa jurídica apresentou diversas testemunhas \u2013 funcionários do hotel e alguns hóspedes \u2013 que garan\u19fram que a ví\u19fma, acompanhada de alguns amigos, já se banhavam no local há cerca de quarenta minutos, o que evidencia não se encontrar completamente vazia a piscina. Esclarece, ainda, que o autor u\u19flizou a piscina após o horário de seu regular funcionamento e, ao fazer uso de um escorregador para crianças, mergulhou de cabeça em local onde a profundidade era de 1,10 m. Sustenta haver culpa exclusiva da ví\u19fma. Questão 1 Iden\u19f\ufb01que e explique qual a falha na exposição dos fatos de cada um dos fragmentos que você conheceu. Questão 2 Faça pesquisa jurisprudencial no site do Tribunal de Jus\u19fça de seu estado e transcreva pelo menos uma narra\u19fva jurídica que demonstre falha de exposição de fatos na contestação ou em outra peça de resposta, como a exceção e a reconvenção. Explique onde está essa falha e qual é. Questão 3 Todas as questões de fato que prejudicam a capacidade de resistência jurídica do(a) réu(ré) à pretensão do(a) autor(a) foram devidamente enfrentadas na contestação? Em caso contrário, aponte essas falhas. Resposta fundamentada. Plano de Aula: 10 - Teoria e Prática da Narrativa Jurídica TEORIA E PRÁTICA DA NARRATIVA JURÍDICA Estácio de Sá Página 2 / 2
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