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Acidentes por animais peçonhentos

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Acidentes por animais peçonhentos
1) 
Acidentes Ofídicos
Caso 1: Paciente C.F.S, 16 anos, natural e procedente de Itacoatiara, refere ter sido vítima de acidente ofídico, ocorrido há + ou – 06 horas, apresentando ferimento em mão direita, evoluindo com edema até o cotovelo e formação de lesão bolhosa em região dorsal. Nega alergia medicamentosa. Nega comorbidades. Ao exame físico paciente BEG, LOTE, acianótico, anictérico, normocorado, hidratado, MSD: edema em todo antebraço, doloroso a palpação, com lesão bolhosa em região dorsal.
OBS: refere que o acidente aconteceu enquanto capinava. 
O que fazer? 
O que vai alterar nos exames laboratoriais?
- Tempo de Coagulação, vai ficar incoagulável (pois uma das principais ações do veneno ofídico, principalmente botrópico e laquético, é a anticoagulação e hemorragia). 
- Ureia e Creatinina (pois o veneno será metabolizado no rim).
-CPK (avaliar a lesão muscular)
-Hemograma (no momento do acidente se tem uma leucocitose, mas esse hemograma tende a normalizar em até 48 horas após o acidente, se manter-se alterado avaliar uma infecção segundaria no local da picada).
- TGO, TGO, EAS (não são exames que normalmente vamos encontrar alterações).
Esse paciente foi considerado como um:
Acidente Ofídico Botrópico Grave
1.Foi Administrado soro antibotrópico (12 ampolas)
2.sintomáticos
3.hidratação (devido a rabdomiólise e também para evitar lesão renal)
4.Antibioticoterapia (pois esse paciente ficou com hiperemia na área e um quadro febril, indicando uma infecção secundária. Iniciar Clindamicina, pois tem uma cobertura boa para anaeróbios. Pode-se associar também ceftriaxona com Metronidazol para uma cobertura de todas essas bactérias Gram + e Gram – e anaeróbios. Preferência a Clindamicina por ter uma aplicação IV e oral, então não se é necessário internar o paciente por muito tempo.)
5. Debridamento local (vai depender de cada paciente do que precisa ser feito)
*** O procedimento cirúrgico mais significativo será a fasciotomia, caso esse edema aumente muito, e o paciente apresente uma síndrome compartimental). ***
Caso 2: Paciente J.A.E, 10 anos, sexo masculino, procedente do Ramal do Pau Rosa. Peso = 38Kg.
Paciente acompanhado da mãe a qual refere que o mesmo foi vítima de acidente ofídico, ocorrido há + ou – 1 hora e 30 minutos, apresentando ferimento no primeiro pododáctilo direito, evoluindo com dor, edema em pé e panturrilha e sangramento do local do ferimento. 
Nega comorbidades. Nega alergia medicamentosa.
*** quando o paciente não viu o que o picou, observar o ferimento, pois o acidente ofídico, principalmente o botrópico e laquético, causa uma área meio azulada, cianótica próximo a área da picada, que é uma lesão característica de acidente ofídico. *** 
Acidente ofídico grave, 12 ampolas + sintomáticos (devido a evolução rápida do edema) - O tratamento do acidente ofídico não tem relação com o peso, e sim com a gravidade da lesão.
Hemograma + TC + Ureia + Creatinina + CK 
Fala o enfermeiro: “Dr, pode avaliar o paciente J.A, o mesmo evolui com prurido disseminado e lesões avermelhadas em região cervical. Fizemos toda a medicação prescrita e ainda está sendo administrado o SAB. “
O efeito colateral do soro é alergia. Alguns pacientes podem apresentar. Na administração do soro já se é feito um corticoide ou antialérgico, mas se mesmo assim o paciente apresentar reação, coloca-lo em uma sala de emergência e ficar atento para qualquer possível alteração – dispneia, sensação de fechamento da garganta- Parar o soro e administrar anti-histamínico) 
O que fazer quando um paciente sofre um acidente ofídico em um lugar sem atendimento médico? 
- NUNCA fazer garrote, para evitar uma síndrome compartimental. 
- NUNCA cortar o local picado, pois o veneno tem ação anticoagulante, o paciente vai sangrar mais intensamente. 
- NUNCA colocar nada em cima do ferimento, para evitar infecção secundária. 
*** Acima de 72hr depois da picada, já não se administra mais o soro, pois o soro só vai neutralizar o veneno circulante no sangue do paciente. Só se trata a infecção secundária. Avaliar o TC para saber se o veneno ainda ta circulante, pois existem alguns casos que passam de 72 hora. *** 
Gênero Bothrops (98% dos acidentes em Manaus)
-Distribuídas por todo território nacional
- Conhecidas popularmente por: jararaca, ouricana, jararacuçu, urutu-cruzeira, jararaca-do-rabo-branco, malha-de-sapo, surucucurana, combóia, caiçara. 
-Habitam principalmente zonas rurais e periferias de grandes cidades, preferindo ambientes úmidos como matas e áreas cultivadas e locais onde haja facilidade para proliferação de roedores (paióis, celeiros, depósitos de lenha).
-Suspeitar de um acidente por esse tipo de cobra, em áreas aos arredores dos domicílios.
-Tem hábitos predominantemente noturnos ou crepusculares.
- Podem apresentar comportamento agressivo quando se sentem ameaçadas, desferindo botes sem produzir ruídos. 
Ações do veneno 
1) Ação proteolítica 
- “ação proteolíticas” - lesões locais: edema, bolhas e necrose.
-Decorrem de atividade de proteases, hialuronidases e fosfolipases, da liberação de mediadores da resposta inflamatória, ação das hemorraginas sobre o endotélio vascular e da ação pró-coagulante do veneno. 
2) Ação anticoagulante 
- Ativam fator X e protrombina 
- Ação produzem distúrbios da coagulação, caracterizados por consumo dos seus fatores, geração de produtos de degradação de fibrina e fibrinogênio, podendo ocasionar incoagulabilidade sanguínea. 
- Podem levar também a alterações da função plaquetária bem como Plaquetopenia. (não é comum ver Plaquetopenia em acidente ofídico)
3) Ação hemorrágica 
- São decorrentes da ação das hemorraginas que provocam lesões na membrana basal dos capilares, associadas à Plaquetopenia e alterações da coagulação. 
***Pacientes vítimas de acidente ofídico se espera edema, bolhas, área azulada, alteração de coagulação. ***
Quadro clínico 
1) Manifestações locais 
- Dor e Edema endurado no local da picada, de intensidade variável.
-Equimoses e sangramentos no ponto da picada são frequentes.
- Infartamento ganglionar e bolhas podem aparecer na evolução, acompanhados ou não de necrose. (geralmente área de necrose ocorre mais nas extremidades, pela quantidade menor de vasos sanguíneos).
2) Manifestações sistêmicas 
- Hemorragias à distância como gengivorragia, epistaxe, hematêmese e hematúria.
-Em gestantes, há risco de hemorragia uterinas. Podendo levar ao aborto, descolamento de placenta...
- Podem ocorrer náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial e, mais raramente, choque. (raramente choque). 
Acidentes botrópico – Classificação 
É com base nas manifestações clínicas e visando orientar a terapêutica a ser empregada. 
1) Leve 
- Forma mais comum do envenenamento. 
- Caracterizada por dor e edema local pouco intenso ou ausente. 
- Manifestações hemorrágicas discretas ou ausentes, com ou sem alteração do Tempo de Coagulação.
2) Moderado 
- Caracterizado por dor e edema evidente que ultrapassa o segmento anatômico picado. 
- Acompanha ou não alterações hemorrágicas locais ou sistêmicas, como gengivorragia, epistaxe e hematúria.
3) Grave 
- Caracterizado por edema local endurado intenso e extenso, podendo atingir todo o membro picado.
- Dor intensa e, eventualmente com presença de bolhas. 
 
- Em decorrência do edema, podem aparecer sinais de isquemia local devido à compressão dos feixes vásculo-nervosos (síndrome compartimental).
-Manifestações sistêmicas como hipotensão arterial, choque, oligúria ou hemorragias intensas. 
Complicações 
1) Síndrome compartimental 
Dor intensa, não tem circulação na extremidade...
2) Abcessos 
Bactérias isoladas: bacios Gram -, anaeróbios e, mais raramente, coco Gram +
3) Necrose 
O risco é maior nas picadas em extremidades (dedos) podendo evoluir para gangrena.
4) Insuficiência renal aguda (IRA)
Ação direta do veneno sobre os rins, isquemia renal secundária à deposição de microtrombos nos capilares, desidratação ou hipotensão arterial e choque.E rabdomiólise. 
5) Choque 
É raro e aparece somente nos casos graves. 
Pode ocorrer liberação de substâncias vasoativas, do sequestro de líquido da área do edema e de perdas por hemorragias. 
Exames complementares 
Rotina prática:
-Hemograma
-Tempo de Coagulação 
-Uréia e Creatinina 
-CK
1) TC
2) Hemograma 
- Geralmente revela leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda. 
-Hemossedimentação elevada nas primeiras horas do acidente.
-Plaquetopenia com intensidade variável. 
 3) Exame de Urina 
-Pode haver Proteinúria, hematúria e leucocitúria.
 4) Outros exames laboratoriais 
-Depende da evolução clínica do paciente.
- Eletrólitos, uréia e creatinina, visando à possibilidade de detecção da insuficiência renal aguda. 
 5) Métodos de imunodiagnósticos 
-Antígenos do veneno botrópico podem ser detectados no sangue ou outros líquidos corporais por meio do ELISA. (Na prática não se utiliza).
Gênero Crotalus (não tem no amazonas)
-Agrupa várias subespécies, pertencentes à espécie Crotalus durissus.
-Popularmente são conhecidas por cascavel, cascavel-quadro-ventas, boicininga, maracambóia, maracá.
-São encontradas em campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas e raramente na faixa litorânea. 
- Não ocorrem em florestas e no pantanal. 
- Não tem por hábito atacas, e quando excitadas, denuncia sua presença pelo ruído característico do guizo ou chocalho. 
Ações do veneno 
*** O veneno não tem ação proteolítica, então não vai causar edema no local da picada. Geralmente o paciente apresenta sintomas mais relacionada ação neurotóxica. ***
Ação neurotóxica:
-Produzida principalmente pela fração crotoxina, uma neurotoxina de ação pré-sináptica que atua nas terminações nervosas inibindo a liberação de acetilcolina. 
-Esta inibição é o principal fator responsável pelo bloqueio neuromuscular do qual decorrem as paralisias motoras apresentadas pelos pacientes. 
Ação miotóxica: 
 - Produz lesões de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise mais importante) com liberação de enzimas e mioglobina para o soro e que são posteriormente excretadas pela urina. 
Ação coagulante: 
- Decorre de atividade do tipo trombina que converte o fibrinogênio diretamente em fibrina. 
- O consumo do fibrinogênio pode levar a incoagulabilidade sanguínea.
-Geralmente não há redução do número de plaquetas.
-As manifestações hemorrágicas, quando presentes, são discretas. 
Quadro clínico: 
Manifestações locais: 
- Não há dor, ou pode ser de pequena quantidade. 
- Há parestesia local ou regional, pode ser acompanhada de edema discreto ou eritema no ponto da picada. 
Manifestações sistêmicas: 
a) Gerais 
Mal-estar, prostração, sudorese, náuseas, vômitos, sonolência ou inquietação e secura da boca. 
b) Neurológicas 
- Fácies miastênica – ptose palpebral uni ou bilateral, flacidez da musculatura da face. 
- Alteração do diâmetro pupilar e incapacidade de movimentação do globo ocular (oftalmoplegia). 
- Pode existir dificuldade de acomodação (visão turva), ou visão dupla (diplopia). 
c) Musculares 
- Ação miotóxica provoca dores generalizadas. 
- Mioglobinúria – urina com cor avermelhada ou de tonalidade mais escura, até o marrom (rabdomiólise). 
Envenenamento crotálico – classificação 
a) Leve 
- Sinais e sintomas neurotoxicos discretos, aparecimento tardio, sem mialgia ou alteração da cor da urina ou mialgia discreta. 
b) Moderado
-Sinais e sintomas neurotoxicos discretos, instalação precoce, mialgia discreta e a urina pode apresentar coloração alterada. 
c) Grave 
- Sinais e sintomas neurotoxicos são evidentes e intensos (fácies miastênica, fraqueza muscular). 
-Mialgia é intensa e generalizada, a urina é escura, podendo haver oligúria ou anúria. 
Complicações: 
a) Locais 
- Raros pacientes evoluem com parestesias locais duradouras, porém reversíveis após algumas semanas. 
b) Sistêmicas 
- IRA, com necrose tubular geralmente de instalação nas primeiras 48hrs. 
Gênero Lachesis 
- Popularmente conhecidas por: surucucu, surucucu-pico-de-jaca, surucutinga, malha-de-fogo. 
- É a maior das serpentes peçonhentas das Américas, atingindo até 3,5 m. 
- Habitam áreas florestais como Amazônia, Mata Atlântica e alguns enclaves de matas úmidas do Nordeste. 
- São classificadas como moderados e graves. 
- São serpentes de grande porte, considera-se que a quantidade de veneno por elas injetada é potencialmente muito grande. 
Ações do veneno
a) Ação proteolítica 
Mesmo do veneno botrópico. 
b) Ação coagulante
Foi obtida a caracterização parcial de uma fração do veneno com atividade tipo trombina. TC deve ser solicitado. 
c) Ação hemorrágica 
Intensa atividade hemorrágica do veneno Lachesis muta muta, relacionada a hemorragias. Paciente pode apresentar sangramento fora do local da picada. 
d) Ação neurotóxica 
Estimulação vagal (vômitos, sudorese, taquicardia...) 
Manifestações sistêmicas:
- Hipotensão arterial, tonturas, escurecimento da visão, bradicardia, cólicas abdominais e diarreia (síndrome vagal). 
Complicações: 
- Síndrome compartimental, necrose, infecção secundaria, abcesso. 
Exames complementares: 
- Tempo de coagulação (TC)
- Dependendo da evolução: hemograma, dosagens de ureia, creatinina e eletrólitos). 
Diagnóstico diferencial: 
- Os acidentes botrópico e laquético são muito semelhantes do ponto de vista clínico. 
- As manifestações da síndrome vagal poderiam auxiliar na distinção entre o acidente laquético e o botrópico. 
*** Lembrar que botrópico fica em áreas abertas e o botrópico em florestas. ***
Gênero Micrurus 
- O gênero Micrurus compreende 18 espécies, distribuídas por todo o território nacional. 
- São animais de pequeno e médio porte com tamanho em torno de 1,0m, conhecidos popularmente por coral, coral verdadeira ou boicorá. 
- Apresentam anéis vermelhos, pretos e brancos em qualquer tipo de combinação. 
- Na região amazônica e áreas limítrofes, são encontrados corais de cor marrom escura (quase negras, com manchas avermelhadas na região ventral. 
- Em todo o país, existem serpentes não peçonhentas com o mesmo padrão de coloração das corais verdadeiras, porém desprovidas de dentes inoculadores. 
- Diferem ainda na configuração dos anéis que, em alguns casos, não envolvem toda a circunferência do corpo. São denominadas falsas-corais. 
- Podem evoluir para insuficiência respiratória aguda, causa de óbito nesse tipo de envenenamento. 
Ações do veneno: Neurotoxicidade 
- Neutoxicidade de ação pós-sináptica
- Neutoxicidade de ação pré-sináptica
Quadro Clínico 
- Os sintomas podem surgir precocemente, em menos de uma hora após a picada. 
- Recomenda-se a observação clínica do acidentado por 24 horas, pois há relatos de aparecimento tardio dos sinais e sintomas. 
Manifestações locais: 
- Discreta dor local, acompanhada de parestesia com tendência a progressão proximal. 
Manifestações sistêmicas: 
- Inicialmente, o paciente pode apresentar vômitos. 
- Posteriormente, pode surgir um quadro de fraqueza muscular progressiva, com ptose palpebral, oftalmoplegia e a presença da fácies miastênica ou “neurotóxica”. 
- Dificuldade para manutenção da posição ereta, mialgia localizada ou generalizada e dificuldade para deglutir em virtude da paralisia do véu palatino. 
- A paralisia flácida da musculatura respiratória compromete a ventilação, podendo haver evolução para insuficiência respiratória aguda ou apneia. 
- Não há exames específicos para o diagnóstico.
Tratamento 
- Soro antielapídico (SAE) deve ser administrado na dose de 10 ampolas, pela via intravenosa. 
- Todos os casos de acidente por coral com manifestações clínicas devem ser considerados como potencialmente graves. 
Tratamento geral 
- Nos casos com manifestações clínicas de insuficiência respiratória, é fundamental manter o paciente adequadamente ventilado, seja por máscara e AMBU, intubação oro traqueal e AMBU ou até mesmo por ventilação mecânica. 
- Uso de anticolinesterásicos (neostigmina) em acidentes elapidicos humanos pode reverter sintomasrespiratórios. 
Prognóstico: favorável, mesmo nos casos graves, atendimento adequado quanto a soroterapia e assistência ventilatória. 
TRATAMENTO:
	
	LEVE
	MODERADO
	GRAVE
	BOTRÓPICO
	06 ampolas SAB
	08 ampolas SAB
	12 ampolas SAB
	LAQUÉTICO
	05 ampolas de SAL ou SABL
	10 ampolas de SAL ou SABL
	20 ampolas de SAL ou SABL
	ELAPÍDICO
	
	
	10 ampolas de SAE
*** Se estiver diante de um acidente botrópico, e o SAB estiver em falta, mas se tiver SABL dobrar a dose. Exemplo: se for um acidente grave ao invés de 12 ampolas de SAB, utilizar 24 ampolas de SABL. *** 
*** O soro não deixa o paciente imune, cada picada é um envenenamento e deverá ser administrado novamente o soro. *** 
*** Observar sinais de infecção segundaria, se houver esses sinais (sinais flogisticos), entrar com antibiótico. ***
MODELO DE PRESCRIÇÃO PARA O SORO HETERÓLOGO: 
1.Dieta oral zero até segunda ordem (ou até término da soroterapia, devido ao risco de alergia e reação anafilática).
2.Instalar acesso venoso com cateter em Y. (para facilitar a administração de medicamentos caso ocorra alguma intercorrência). 
3.Hidrocortisona 500mg (ou 10mg/kg) IV (corticoide)
4.Ranitidina 50mg (ou 1mg/kg) IV (protetor gástrico)
5.Prometazina ou Dexclofeniramina xarope (loratadina também) – VO (antialérgico)
*** Realizar item 3,4 e 5, 30min antes do item 6. Para evitar reação alérgica ***
6. Soro anti-ofidico IV, sem diluir, infundido durante 30min.
7.Deixar bandeja de traqueostomia e material de urgência a beira do leito.
8.Dipirona 1g (ou 15 mg/kg) IV 4/4hrs (para analgesia inicial). Qualquer medicação para dor pode ser feita, lembrando sempre de perguntar sobre possíveis alergias.
9.Sinais vitais a cada 10 minutos. 
Escorpionismo
Caso 3: Paciente M.A., 25 anos, sexo feminino, foi vítima de acidente por escorpião, ocorrido há +/- 06 horas, apresentando ferimento em coxa direita, evoluindo com dor e parestesia local. 
Nega alergia medicamentosa. Nega comorbidades. 
Ao exame físico paciente BEG, LOTE, eupneica, acianótica. 
MID: sem edema no local do ferimento. 
O que fazer? 
R: Como essa paciente só apresenta dor e parestesia e a picada já tem 06 horas é considerado um acidente leve, então tratar apenas com sintomáticos. Pois não tem nenhuma repercussão sistêmica. 
Caso 4: Paciente S.C., 04 anos, sexo masculino, foi vítima de acidente por escorpião, ocorrido há +/- 02 horas, evoluindo com dor local, vômitos e sudorese. 
Mãe nega alergia medicamentosa. 
Ao exame físico criança chorosa, taquicárdica (FC: 130 bpm), acianótica, sudoreica. 
AR: MVF, sem ruídos adventícios. 
Local do ferimento sem edema, sem hiperemia. 
O que fazer? 
R: Só tem 02 horas que sofreu o acidente e apresenta dor local, vomito, taquicardia e sudorese (que são sinais de repercussão sistêmica, logo é considerado um acidente grave). Então se faz necessário a administração do soro antiescorpiônico. 
Escorpião
- Importantes: grande frequência e da sua potencial gravidade, principalmente em crianças picadas pela Tityus serrulatus.
- Agentes de importância médica: T. serrulatus, responsável por acidentes de maior gravidade, T. bahiensis e T. stigmurus. 
- Na região sudeste, a sazonalidade é semelhante à dos acidentes ofídicos, ocorrendo a maioria dos casos nos meses quentes e chuvoso. 
- As picadas atingem predominantemente os membros superiores, 65% das quais acometendo mão e antebraço. 
- A maioria dos casos tem curso benigno, situando-se a letalidade em 0,58%. 
-Os óbitos têm sido associados, com maior frequência, a acidentes causados por T. serrulatus, ocorrendo mais comumente em crianças menores de 14 anos. 
- O T. serrulatus não tem no amazonas, por isso os acidentes aqui não são tão graves. Porém temos o T. cambridgei e o T. metuendus que em crianças pode ser um acidente grave. 
Ações do veneno 
- Estudos bioquímicos experimentais demonstram que a inoculação do veneno bruto ou de algumas frações purificadas ocasiona dor local e efeitos complexos nos canais de sódio, produzindo despolarização nas terminações nervosas pós-ganglionares, com liberação de catecolaminas e acetilcolina. Estes mediadores determinam o aparecimento de manifestações orgânicas decorrentes da predominância dos efeitos simpáticos ou parassimpáticos. 
Quadro clínico 
- Dor local e parestesia são os mais comuns de acontecer. 
- Os acidentes do Tityus serrulatus são mais graves que os produzidos por outras espécies de Tityus no Brasil. 
- A dor local, uma constante no Escorpionismo, pode ser acompanhada por parestesias. 
- Nos acidentes moderados e graves, observados principalmente em crianças, após intervalo de minutos até poucas horas (duas, três horas) podem surgir manifestações sistêmicas. As principais são: 
a. Gerais: hipotermia ou hipertermia e sudorese profusa
b. Digestivas: náuseas, vômitos, sialorréia e, mais raramente, dor abdominal e diarreia. 
c. Cardiovasculares: arritmias cardíacas, hipertensão ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva e choque. 
d. Respiratórias: taquipnéia, dispneia e edema pulmonar agudo.
e. Neurológicas: agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores. 
- Encontro de sinais e sintomas mencionados – impõe a suspeita diagnóstica de Escorpionismo, mesmo na ausência de história de picada e independente do encontro do escorpião. 
- A gravidade depende de fatores: espécie e tamanho do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, a massa corporal do acidentado e a sensibilidade do paciente ao veneno. 
- Influem na evolução o diagnóstico precoce, o tempo decorrido entre a picada e a administração do soro e a manutenção das funções vitais. 
Com base nas manifestações clínicas, os acidentes podem ser inicialmente classificados como: 
1.Leves: Apresentam apenas dor no locas da picada e, às vezes, parestesia. Nesses casos a conduta é medicação para dor, um antialérgico, corticoide e em média 30min depois o paciente da liberado. 
2.Moderados: Caracterizam-se por dor intensa no local da picada e manifestações sistêmicas do tipo sudorese discreta, náuseas, vômitos ocasionais, taquicardia, taquipnéia e hipertensão leve. 
3. Grave: Além dos sinais e sintomas já mencionados, apresentam uma ou mais manifestações como sudorese profusa, vômitos incoercíveis, salivação excessiva, alternância de agitação com prostração, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar, choque convulsões e coma. 
Os óbitos estão relacionados a complicações como edema pulmonar agudo e choque. 
**em casos moderados ou graves necessita de soro **
Exames complementares:
- ECG ( se tem sinais que indica ser um acidente grave ou moderado): taquicardia ou bradicardia sinusal, extra-sístoles ventriculares, distúrbios da repolarizaçao ventricular como inversão da onda T em várias derivações, presença de ondas U proeminentes, alterações semelhantes às observadas no IAM e bloqueio da condução atrioventricular ou interventricular do estímulo. 
- Rx de tórax: aumento da área cardíaca e sinais de edema pulmonar agudo. 
- Ecocardiografia (se tiver alguma alteração no ECG ou no Rx de tórax): formas graves, hipocinesia transitória do septo interventricular e da parede posterior do VE, as vezes associadas a regurgitação mitral. 
- A glicemia geralmente apresenta-se elevada nas formas moderadas e graves nas primeiras horas após a picada. 
- A amilasemia é elevada em metade dos casos moderados e em cerca de 80% casos graves. 
- Hemograma: A leucocitose com neutrofilia está presente nas formas graves e em cerca de 50% das moderadas. 
- Usualmente há hipopotassemia e hiponatremia.
- A creatinofosfoquinase e sua fração MB são elevadas em porcentagem significativa nos casos graves. (CK e CKMB)
- O emprego de técnicas de imunodiagnósticos (ELISA) para detecção do veneno do escorpião Tityus serrulatus tem demonstrado a presença de veneno circulante nos pacientes com formas moderadas e graves de Escorpionismo. (não se é utilizado na prática)
Tratamento 
1. Sintomático 
- Alívio da dor: infiltração de lidocaína a 2% sem vasoconstritorno local da picada ou uso de dipirona. 
- Os distúrbios hidroeletrolíticos e ácido – básicos devem ser acordo com as medidas apropriadas a cada caso. 
2. Específico
- Administração de soro antiescorpiônico (SAEEs) ou antiaracnídico (SAAr) – formas moderadas e graves.
Moderadas 02 ampolas e graves 04 ampolas. 
- Deve ser realizada o mais precocemente possível, por via intravenosa e em dose adequada. 
- O objetivo da soroterapia específica é neutralizar o veneno circulante. 
- A dor local e os vômitos melhoram rapidamente após a administração da soroterapia específica. 
- A sintomatologia cardiovascular não regride prontamente após a administração do antiveneno específico. 
Araneismo
- Aranhas de importância médica: Phoneutria, Loxosceles (aranha-marrom)e Latrodectus (viúva negra). 
- Os acidentes causados por Lycosa (aranha-de-grama), bastantes frequentes e pelas caranguejeiras, muito temidas, são destituídos de maior importância. 
- As aranhas são animais carnívoros, alimentando-se principalmente de insetos, como grilos e baratas. 
- Muitas têm hábitos domiciliares e peridomiciliares.
- Apresentam o corpo dividido em cefalotórax e abdome. 
- No cefalotórax articulam-se os quatro pares de pernas, um par de pedipalpos e um par de quelíceras.
- Nas quelíceras estão presentes os ferroes utilizados para inoculação do veneno. 
- Se ocorre mais reações locais do que sistêmicas. 
- Dor local é o que mais incomoda o paciente. 
- Os acidentes ocorrem principalmente dentro das residências e nas suas proximidades, ao se manusearem material de construção, entulhos, lenha ou caçando sapatos. 
Quadro clínico: 
- A dor imediata é o sintoma mais frequente.
- Outras manifestações são: edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada, onde podem se visualizadas as marcas de dois pontos de inoculação. 
Os acidentes são classificados em: 
a) Leves 
- Cerca de 91% dos casos, predominantemente sintomatologia local. 
- A taquicardia e agitação, eventualmente presentes, podem ser secundárias à dor. 
b) Moderados 
- 7,5% dos casos.
- Manifestações locais + sistêmicas: taquicardia, hipertensão arterial, sudorese discreta, agitação psicomotora, visão “turva” e vômitos ocasionais.
c) Graves
- 0,5% dos casos (praticamente restritos a crianças).
- Alterações das formas leves e moderadas + sudorese profusa, sialorréia, vômitos frequentes, diarreia, priaprismo, hipertonia muscular, hipotensão arterial, choque e edema pulmonar agudo. 
Exames complementares 
- Crianças: leucocitose com neutrofilia, hiperglicemia, acidose metabólica e taquicardia sinusal. (fazer ECG, hemograma. Em acidentes graves.)
- É aconselhável a monitorização das condições cardiorrespiratórias nos acidentes graves.
Tratamento
a) Sintomáticos
- Dor local: infiltração anestésica local + analgésico sistêmico (dipirona). 
- Procedimento auxiliar, útil no controle da dor, é a imersão do local em água morna ou o uso de compressas quentes.
- Medicação para dor e limpeza do local.
b) Específico 
- Soroterapia: formalmente indicada nos casos com manifestações sistêmicas em crianças e em todos os acidentes graves. 
Prognóstico 
- É bom. Lactentes e pré-escolares, bem como idosos, devem sempre ser mantidos em observação pelo menos por 06 horas. 
Ações do veneno 
- Dor local com uma área de necrose também. 
Acidentes por himenópteros
- Pertencem à ordem Hymenoptera os únicos insetos que possuem ferrões verdadeiros, existindo três famílias de importância médica: 
1.Apidae (abelhas e mamangavas)
2.Vespidae (vespa amarela, vespão e marimbondo ou caba)
3.Formicidae (formigas) 
- Não existe um soro específico, apenas tratamento com sintomáticos. (antialérgico, hidratação devido a rabdomiólise para não levar a uma lesão renal, corticoide, medicação para dor...)
Quadro clínico 
- As reações desencadeadas pela picada de abelhas são variáveis de acordo com o local e o número de ferroadas, as características e o passado alérgico do individuo atingido. 
- As manifestações clínicas podem ser: alérgicas (mesmo com uma só picada) e tóxica (múltiplas picadas, ocorre uma rabdomiólise também – pedir a CK do paciente). 
Manifestações
- Dor aguda local, vermelhidão, prurido, edema por várias horas ou dias. 
Caso 5: Paciente J.A., 16 anos, sexo masculino, foi vítima de abelhas, apresentando inúmeros ferimentos na face, região torácica e MMSS, ocorrido há + ou – 04 horas, evoluindo com edema palpebral bilateral, edema de lábios e dispneia. 
Ao exame físico paciente REG, LOTE, dispneico, acianótico. 
AR: MVF, sem ruídos adventícios. 
AC: RCR, 2T, BNF, sem sopros. 
Ictismo
- Acidentes causados por peixes. 
- São muito comuns na região amazônica, especialmente os causados por arraia. 
- Evoluem com dor intensa local, sangramentos, edema, sudorese, náuseas e vômitos. 
- O tratamento consiste na limpeza do local afetado com água ou SF 0,9% e imersão em água morna. (a ictiotoxina é termo lábil – quebrada pela temperatura).
- Na persistência da dor pode-se usar Tramadol.
- Pode ser necessário Debridamento cirúrgico da lesão, com posterior profilaxia para tétano. 
- Não tem tratamento específico, é a limpeza do local e medicamento para dor. 
- Profilaxia para tétano 
 
Eruscismo
- Acidentes causados por lagartas e taturanas com pelos urticantes. 
- Causam uma “queimadura local”. 
- Ao serem tocados, liberam substância tóxica semelhante à histamina e serotonina. 
- Ocorre dor local por vezes intensa, eritema, edema, mal-estar, náuseas, e vômitos e hiperalgesia.
- Há lagartas que podem causar acidentes hemorrágicos (Lonomia sp.) 
- O tratamento é sintomático, com analgesia e anti-histamínicos.

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