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Título Teoria e Prática da Narrativa Jurídica Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 11 Tema Função argumentativa da narração: a questão do ponto de vista (1). Objetivos O aluno deverá ser capaz de: - Compreender a relação entre fato narrado e produção dos argumentos; - Aprimorar a função argumentaƟva de suas narrações; - Diferenciar o texto Narrativo do argumentativo. Estrutura do Conteúdo 1. Função argumentaƟva da narração 2. Narração a serviço da argumentação 3. Fato e valoração Aplicação Prática Teórica Como veremos, a narrativa comporta uma função argumentativa, pois é da narrativa que se extraem os fatos e as provas que servem de base para que se possa inferir uma determinada valoração e, em seguida, justificá-la, mediante um tipo de argumento. Reconhecemos a importância dessa narrativa, por exemplo, quando nos inteiramos de que o Código de Processo Civil, em seu art. 535, II estabelece que é possível embargar uma decisão de mérito quando a fundamentação omitir um ponto sobre o qual o Juiz ou o Tribunal devesse ter se pronunciado. Isso representa dizer que tudo o que se registra no relatório cumpre uma função argumentativa, que se concretiza na fundamentação. Assim, a seleção daquilo que se narra deve ser criteriosa a fim de fornecer base sólida aos argumentos que visam à defesa de uma determinada tese. Os esquemas abaixo revelam essa conexão que se opera na construção de um argumento: Esquema: FATO A médica indicou o uso do analgésico xyz. VALORAÇÃO Agiu, portanto, com imperícia, JUSTIFICATIVA porque sabia que a paciente era alérgica ao medicamento Ao desenvolver o parágrafo argumentativo, poderíamos redigi-lo assim: Importa destacar que a médica Maria das Dores Silva, que atendeu a paciente e indicou-lhe o analgésico xyz, agiu de forma imperita. Isso porque, segundo a mãe da paciente, essa lhe informou que sua filha tinha alergia àquele medicamento e, mesmo assim, foi -lhe ministrada uma dose suficiente para causar-lhe o choque anafilático. Questão Leia o texto, selecione pelo menos cinco fatos importantes da narrativa e produza um esquema à semelhança da que apresentamos anteriormente. Orientações: não é necessário redigir o parágrafo argumentativo ainda. Não se preocupe com qual tipo de argumento estamos produzindo. Nosso interesse nesta aula é compreender a relação que existe entre o fato narrado e sua função argumentativa, pois, como vimos, a narração está a serviço da argumentação. Texto MANDATO NÃO É EMPREGO Luiz Garcia 15.20.2011 - O Globo - p. 07 A partir de amanhã, o Supremo Tribunal Federal começa a julgar a primeira de cinco ações contra pensões vitalícias pagas a ex -governadores. De carona, vai a julgamento também uma ação da Ordem dos Advogados contra o pagamento de décimo quarto salário a deputados estaduais do Pará. Eles embolsam esse dinheiro sempre que a Assembleia Legislativa suspende o recesso para se reunir extraordinariamente. Não é a primeira vez que o STF trata do assunto: em 2007, o tribunal cassou a pensão vitalícia concedida a Zeca do PT, ex-governador do Mato Grosso do Sul, e não deve ser a última. Outro dia, três outros políticos que confundem mandato com emprego pediram e conseguiram receber o benefício: Ana Júlia Carepa (PT), do Pará; Leonel Pavan (PSDB), de Santa Catarina; e Roberto Requião (PMDB), do Paraná. Na Paraíba - que já ostenta o desonroso título de estado que mais gasta com pessoal acima do que é permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal - ganham a pensão ex - governadores e suas viúvas. Rombo nas finanças estaduais, no momento: R$2,8 milhões por ano. Um dinheirão para um estado nordestino sem dinheiro para jogar fora. Não é a primeira vez que tenho a melancólica pachorra - que o Houaiss define como "paciência embotada", e a gente fica sem saber se é virtude ou defeito - de tratar do assunto. Portanto, se vocês acham que já leram o que se segue, não se espantem; foi aqui mesmo. Torço para perder, um dia, esse motivo para teimosa indignação. Mas é preciso voltar a ele de vez em quando, na esperança de que, um dia desses, a classe política brasileira tome as providências necessárias para tirar essa questão das páginas dos jornais e da pauta dos tribunais. Com certeza é difícil, devido aos interesses a serem contrariados, mas não deixa de ser simples na formulação. Basta que seja aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente uma lei deixando claro o que sempre foi óbvio: mandatos políticos não são empregos públicos. Ocupá-los, o que ninguém faz contra a vontade - nem mesmo em estado de dócil constrangimento - proporciona privilégios indispensáveis, como carro oficial e diversos outros, mas praticamente todos (ex-presidentes da República têm direito a algumas compreensíveis exceções) desaparecem quando o mandato termina. Ou deveriam desaparecer. A expressão "governador aposentado" é, ou deveria ser, uma contradição em termos. O que é um jeito meio pedante de designar algo absurdo, inconcebível. Plano de Aula: Teoria e Prática da Narrativa Jurídica TEORIA E PRÁTICA DA NARRATIVA JURÍDICA Estácio de Sá Página 1 / 2 Título Teoria e Prática da Narrativa Jurídica Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 11 Tema Função argumentativa da narração: a questão do ponto de vista (1). Objetivos O aluno deverá ser capaz de: - Compreender a relação entre fato narrado e produção dos argumentos; - Aprimorar a função argumentaƟva de suas narrações; - Diferenciar o texto Narrativo do argumentativo. Estrutura do Conteúdo 1. Função argumentaƟva da narração 2. Narração a serviço da argumentação 3. Fato e valoração Aplicação Prática Teórica Como veremos, a narrativa comporta uma função argumentativa, pois é da narrativa que se extraem os fatos e as provas que servem de base para que se possa inferir uma determinada valoração e, em seguida, justificá-la, mediante um tipo de argumento. Reconhecemos a importância dessa narrativa, por exemplo, quando nos inteiramos de que o Código de Processo Civil, em seu art. 535, II estabelece que é possível embargar uma decisão de mérito quando a fundamentação omitir um ponto sobre o qual o Juiz ou o Tribunal devesse ter se pronunciado. Isso representa dizer que tudo o que se registra no relatório cumpre uma função argumentativa, que se concretiza na fundamentação. Assim, a seleção daquilo que se narra deve ser criteriosa a fim de fornecer base sólida aos argumentos que visam à defesa de uma determinada tese. Os esquemas abaixo revelam essa conexão que se opera na construção de um argumento: Esquema: FATO A médica indicou o uso do analgésico xyz. VALORAÇÃO Agiu, portanto, com imperícia, JUSTIFICATIVA porque sabia que a paciente era alérgica ao medicamento Ao desenvolver o parágrafo argumentativo, poderíamos redigi-lo assim: Importa destacar que a médica Maria das Dores Silva, que atendeu a paciente e indicou-lhe o analgésico xyz, agiu de forma imperita. Isso porque, segundo a mãe da paciente, essa lhe informou que sua filha tinha alergia àquele medicamento e, mesmo assim, foi -lhe ministrada uma dose suficiente para causar-lhe o choque anafilático. Questão Leia o texto, selecione pelo menos cinco fatos importantes da narrativa e produza um esquema à semelhança da que apresentamos anteriormente. Orientações: não é necessário redigir o parágrafo argumentativo ainda. Não se preocupe com qual tipo de argumento estamos produzindo. Nosso interesse nesta aula é compreender a relação que existe entre o fato narrado e sua função argumentativa, pois, como vimos, a narração está a serviço da argumentação. Texto MANDATO NÃO É EMPREGO Luiz Garcia 15.20.2011 - O Globo - p. 07 A partir de amanhã, o Supremo Tribunal Federal começa a julgar a primeira de cinco ações contra pensões vitalícias pagas a ex -governadores. De carona, vai a julgamento também uma ação da Ordem dos Advogadoscontra o pagamento de décimo quarto salário a deputados estaduais do Pará. Eles embolsam esse dinheiro sempre que a Assembleia Legislativa suspende o recesso para se reunir extraordinariamente. Não é a primeira vez que o STF trata do assunto: em 2007, o tribunal cassou a pensão vitalícia concedida a Zeca do PT, ex-governador do Mato Grosso do Sul, e não deve ser a última. Outro dia, três outros políticos que confundem mandato com emprego pediram e conseguiram receber o benefício: Ana Júlia Carepa (PT), do Pará; Leonel Pavan (PSDB), de Santa Catarina; e Roberto Requião (PMDB), do Paraná. Na Paraíba - que já ostenta o desonroso título de estado que mais gasta com pessoal acima do que é permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal - ganham a pensão ex - governadores e suas viúvas. Rombo nas finanças estaduais, no momento: R$2,8 milhões por ano. Um dinheirão para um estado nordestino sem dinheiro para jogar fora. Não é a primeira vez que tenho a melancólica pachorra - que o Houaiss define como "paciência embotada", e a gente fica sem saber se é virtude ou defeito - de tratar do assunto. Portanto, se vocês acham que já leram o que se segue, não se espantem; foi aqui mesmo. Torço para perder, um dia, esse motivo para teimosa indignação. Mas é preciso voltar a ele de vez em quando, na esperança de que, um dia desses, a classe política brasileira tome as providências necessárias para tirar essa questão das páginas dos jornais e da pauta dos tribunais. Com certeza é difícil, devido aos interesses a serem contrariados, mas não deixa de ser simples na formulação. Basta que seja aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente uma lei deixando claro o que sempre foi óbvio: mandatos políticos não são empregos públicos. Ocupá-los, o que ninguém faz contra a vontade - nem mesmo em estado de dócil constrangimento - proporciona privilégios indispensáveis, como carro oficial e diversos outros, mas praticamente todos (ex-presidentes da República têm direito a algumas compreensíveis exceções) desaparecem quando o mandato termina. Ou deveriam desaparecer. A expressão "governador aposentado" é, ou deveria ser, uma contradição em termos. O que é um jeito meio pedante de designar algo absurdo, inconcebível. Plano de Aula: Teoria e Prática da Narrativa Jurídica TEORIA E PRÁTICA DA NARRATIVA JURÍDICA Estácio de Sá Página 2 / 2
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