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C PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA Problema 1 – Módulo 407 Referências •Medicina de Emergência – Abordagem Prática 13ª Ed. USP, 2019. •Destaques das diretrizes de RCP e ACE de 2020 da AHA. •Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. •Determination of Brain Death/Death by Neurologic Criteria – 2020. •Determinação da morte encefálica no Brasil – 2019. •Comunicando más notícias: o protocolo SPIKES – Unifesp, 2016. Objetivos •Discutir a definição, etiologia e fisiopatologia da parada cardiorrespiratória. •Discutir o manejo da PCR de acordo com os protocolos BLS e ACLS (inicial e avançado). •Discutir as possíveis complicações durante a PCR. •Conhecer o protocolo de diagnóstico, conduta e cuidados paliativos na morte encefálica. •Discutir o protocolo SPIKES, relacionado à transmissão de notícias difíceis. CPCR Definição, epidemiologia, etiologias, fisiopatologia PCR – definição •Cessação súbita da função mecânica cardíaca, com consequente colapso hemodinâmico. •É sempre uma situação extrema de emergência médica. •Rápido reconhecimento + início imediato das manobras de RCP: maior chance de sobrevivência. PCR – epidemiologia • Todo ano: aproximadamente 6,5 a 8,5 milhões de pessoas são vítimas de PCR no mundo (metade com menos de 65 anos). • 70% PCR-ExH e 80% com ritmos chocáveis. • Atendimento básico de vida pelo leigo: menos de 40% iniciam RCP, DEA colocado em 1% dos casos domiciliares e menos de 12% em ambientes públicos. • PCR-ExH: mortalidade ainda alta. • PCR-InH: mortalidade menor. Diferença: rapidez no início das manobras. PCR - etiologias Principal etiologia: IAM. PCR – fisiopatologia 3 fases Fase elétrica Fase hemodinâmica Fase metabólica • Período inicial (primeiros 4-5min), geralmente em FV. • Necessário: desfibrilação imediata + RCP de alta qualidade. • Período de 4-10min após PCR. • Depleção dos substratos para metabolismo adequado. • Ainda críticos: desfibrilação + RCP. • Sucede 10min. • Acidose + disfunção celular. • Cuidados pós-parada. • Não ocorreu RCE: cai muito a chance de sobrevivência. Compressões torácicas • Principal responsável pela circulação sanguínea – gera no máximo 1/3 do débito cardíaco fisiológico 🡪 perfusão de órgãos nobres. • Teorias: ambas as teorias em ação. • Bomba cardíaca: gradiente arterial-venoso periférico. • Bomba torácica: aumento da pré-carga. • Ausência de via aérea avançada: 30 compressões, 2 ventilações (por 1s cada uma). • Via aérea avançada: compressões realizadas continuamente e simultaneamente às ventilações, que devem ser realizadas a cada 6 segundos. Outros dispositivos Compressão mecânica • Indicações formais: pouca disponibilidade de profissionais; RCP associada a hipotermia; RCP prolongada; RCP durante transporte; RCP na sala de angiografia; RCP durante preparo para ECPR. Dispositivos de feedback visual • Uso recomendado como forma de manter a qualidade da RCP. Desfibrilação • Vítimas em FV e TVsp – pode ser realizada com equipamento manual ou desfibrilador externo automático (DEA). • Restaura o ritmo sincronizado a partir do foco sinusal. • Teorias: clássicas, expandidas, alternativas. • DEA: fácil utilização – analisa o ritmo automaticamente e indica se o choque é necessário. • Se o paciente estiver em posição supina, o posicionamento das pás é anteroapical. • Precauções no momento do choque. Ritmos cardíacos encontrados na PCR Chocáveis • Taquicardia ventricular sem pulso: • Intervalos R-R regulares. • Frequência ventricular entre 150-250bpm. • QRS não precedido de onda P. • QRS >0,12s (grande e bizarro). • Difícil ver separação entre QRS e onda T. • Fibrilação ventricular: • Ausência de regularidade na forma do QRS (desorganização elétrica). • Ausência de onda P. • Ausência de intervalo PR. Ritmos cardíacos encontrados na PCR Não chocáveis • Atividade elétrica sem pulso (AESP): • Uma das várias formas de ECG (incluindo ritmo sinusal) sem pulso detectável. • Assistolia: • Ritmo próximo à linha de base. • Não há frequência. • Ausência de onda P (não se mede PR). • Ausência de QRS. TVsp 🡪 FV 🡪 AESP 🡪 assistolia CMANEJO DA PCR BLS & ACLS PCR EXTRA-HOSPITALAR • Conhecimentos necessários para salvar vidas após PCR 🡪 deve ser disseminado entre médicos e leigos! Basic Life Support – BLS • Sequência de atendimento: mnemônico C-A-B-D, utilizado para o atendimento, após detecção da PCR. •C: compressão. •A: abertura das vias aéreas. •B: boa ventilação. •D: desfibrilação. RCP de alta qualidade • Posição supina, superfície rígida. • Local: ½ inferior do esterno – tórax desnudo. • Velocidade: 100-120 por minuto. • Profundidade: deprimir o tórax 5-6cm (usar região hipotenar). • Retorno completo do tórax após cada compressão. • Minimizar interrupções entre as compressões. • Revezar com outro socorrista. Ventilação • 2 ventilações (por 1s cada uma) a cada 30 compressões. • Volume necessário para ventilar: 500-600mL. Checagem de pulso • Realizada em até 10 segundos tanto no atendimento inicial como também após 2 minutos ou 5 ciclos, se houver ritmo capaz de gerar pulso. Chamar ajuda • 192: SAMU. • 193: Bombeiros. • Mídias sociais. DEA • No início da ressuscitação, quando o pulso for checado e na presença de ritmo chocável, a desfibrilação deve ser realizada o mais precocemente possível. • RCE principalmente nos primeiros 2 a 5 minutos: coração altamente propício ao choque. • Com o DEA estiver disponível, o socorrista, se estiver sozinho, deve parar a RCP para conectar o aparelho à vítima. • Se houver um 2º socorrista, este manuseia o DEA e, nesse caso, a RCP só é interrompida quando o DEA emitir alertas verbais. • Posição de recuperação: sem suspeita de trauma + respiração normal e pulso: lateraliza a vítima. PCR INTRA-HOSPITALAR Advanced Cardiac Life Support: ACLS • Nível de cuidado entre o BLS e o atendimento pós-PCR. • Envolve: • RCP de alta qualidade e desfibrilação associadas à utilização de dispositivos de via aérea avançada, oxigênio, acesso venoso, drogas, dispositivos de compressão mecânica e de oxigenação por membrana extracorpórea. Vias aéreas – abertura • O simples fato de abrir a via aérea já pode ser suficiente para retorno da respiração espontânea. • Trauma associado: jaw thrust (elevação da mandíbula). • Sem história de trauma: chin linft (elevação do mento e extensão da cabeça). Possibilidades para suporte ventilatório Via aérea não avançada • Boca a boca / boca a mascara. • Boca a nariz. • Traqueostomia. • Bolsa-válvula-máscara. Via aérea avançada • Intubação orotraqueal. • Dispositivos extraglóticos (máscara laríngea; tubo laríngeo). • Uma única indicação absoluta: ventilação ineficiente com BVM. • Tentar intubar sem interromper as compressões. • Após via aérea avançada: 1 ventilação a cada 6 segundos assincronicamente com as compressões torácicas. Acesso venoso • Periférico. • Correção de possíveis causas reversíveis dependem de medicações ou volume. • Via preferida no suporte avançado de vida. • Central. • Demanda tempo para a passagem; não é possível adm rápida de grandes volumes. • Intraósseo. • Excelente alternativa. • Arterial. • Precisa de equipe qualificada. Ritmos de parada & Medicações Vasopressores Adrenalina • Simpatomimético: receptores alfa e beta. • Vasoconstrição da musculatura lisa vascular periférica 🡪 aumenta perfusão coronariana e cerebral. • Ritmos não chocáveis: adm precoce. • Ritmos chocáveis: adm após falha de desfibrilação inicial. • 1mg IV a cada 3-5min. • Possível benefício em associação com corticosteroides. Vasopressina • Não adrenérgico: age nos receptores V1 do músculo liso. • Não deve ser usado de rotina na PCR. Antiarrítmicos Só em ritmos chocáveis! Amiodarona • Age nos canais de potássio, sódio e cálcio, possuindo também propriedades de bloqueio alfa e beta. • Vasodilataçãoarterial periférica e coronariana. • Indicada em ritmo chocável após falha de desfibrilação inicial. Lidocaína • Bloqueio de canais de sódio e aumento do limiar de despolarização. • Menos eficaz que a amiodarona na sobrevivência à admissão hospitalar. Exames complementares • Durante a PCR, são limitados. • Gasometria arterial. • Bioquímica. • Eletrólitos. • US point of care: identificar causas reversíveis – uso criterioso e protocolado. Monitorização •Dióxido de carbono ao final da expiração – ETCO2: •Valores >10mmHg são almejados. •Pressão de Perfusão Coronariana: •Não é muito factível! CCOMPLICAÇÕES DA PCR Complicações Compressões torácicas • Fratura dos arcos costais. • Fratura do esterno. • Contusão pulmonar. • Pneumotórax. • Contusão miocárdica. • Derrame pericárdico. • Laceração esplênica. • Laceração hepática. Desfibrilação • Queimadura de pele. • Choque inadvertido a outrem. • Lesão miocárdica. C FINALIZAÇÃO DOS ESFORÇOS? Fim da ressuscitação? PCR-ExH (variáveis que predizem mortalidade em até 30 dias) • Não houve RCE no extra-hospitalar. • Ritmo inicial não chocável. • PCR não testemunhada. • Mais de 10 choques. PCR-InH (decisão multifatorial) • Tempo de PCR com e sem RCP. • Idade + comorbidades. • Ritmo de parada. • Provável causa. • Valores/desejo prévio do paciente/família. • Hipotermia. • Capnografia: incapacidade de se obter valores de CO2 acima de 10mmHg após 20min de RCP. C CUIDADOS PÓS-PCR Manejo complexo Algoritmo pós-PCR • Evitar hiperóxia, hipoxemia e hipotensão! CMORTE ENCEFÁLICA Diagnóstico Morte encefálica •Perda completa e permanente da função cerebral. •Coma não responsivo com perda da capacidade de consciência, reflexos do tronco cerebral e capacidade de respirar independentemente. Procedimentos obrigatórios para determinação de morte encefálica Comunicação da suspeita da ME aos familiares • Devem ser esclarecidos sobre a suspeita da morte e das etapas de sua determinação. • Atualizar as informações a cada processo de determinação. Notificação da ME • Central de Transplantes. Procedimentos obrigatórios para determinação de morte encefálica Pré-requisitos a serem obtidos no início e durante o procedimento de determinação da ME • Lesão encefálica de causa conhecida, irreversível e capaz de causar ME. • Ausência de fatores tratáveis que possam confundir o diagnóstico de ME. • Tratamento e observação em hospital por, no mínimo, 6 horas. • Temperatura corporal >35ºC, SatO2 >94% e PA conforma faixa etária. Procedimentos obrigatórios para determinação de morte encefálica Dois exames clínicos que constatem sinais compatíveis com ME • Coma profundo não perceptivo. • Ausência de reflexos do tronco encefálico. • Fotomotor. • Córneo-palpebral. • Óculo-cefálico. • Vestíbulo-ocular. • De tosse. Procedimentos obrigatórios para determinação de morte encefálica Teste de apneia • Ausência de movimentos respiratórios após interrupção da ventilação, mediante estimulação máxima do centro respiratório. Procedimentos obrigatórios para determinação de morte encefálica Exames complementares • EEG. • Arteriografia cerebral. • Doppler transcraniano. • Cintilografia cerebral. Conduta pós-determinação da ME • Notificação obrigatória. • Preenchimento de declaração de óbito. • Comunicar a morte aos familiares assim que estiver determinada (más notícias!). • Menção sobre doação de órgãos: somente após comunicação da morte. CMÁS NOTÍCIAS Protocolo SPIKES SPIKES S Setting up the interview Preparando-se para o encontro P Perception Percebendo o paciente I Invitation Convidando para o diálogo K Knowledge Transmitindo as informações E Emotions Expressando emoções S Strategy and Summary Resumindo e organizando estratégias Limitação de cuidados e cuidados paliativos na emergência • Cuidados com a saúde mental da família. • Evitar procedimentos invasivos que tragam sofrimento, sempre respeitando as vontades do paciente e seus familiares. • Identificar necessidades multidimensionais do paciente. • Dar autonomia aos pacientes para definir sua terapêutica. • Identificar valores éticos e morais e os desejos do paciente.
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