Arlindo Ugulino Netto – CARDIOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 1 MED RESUMOS NETTO, Arlindo Ugulino. CARDIOLOGIA ELETROCARDIOGRAMA (Professor Jorge Fonseca e Mario Toscano) O eletrocardiograma (ECG) um exame mdico na rea de cardiologia onde feito o registro da variao dos potenciais eltricos gerados pela atividade eltrica do corao, garantida pelo automatismo cardaco. Representa, em outras palavras, um valioso registro do funcionamento da atividade eltrica cardaca. O aparelho que registra o eletrocardiograma o eletrocardiógrafo. A informao registrada no ECG representa os impulsos do corao (isto , o potencial elétrico das clulas cardacas). Estes potenciais so gerados a partir da despolarizao e repolarizao das clulas cardacas. Normalmente, a atividade eltrica cardaca se inicia no nodo sinusal (clulas auto-rtmicas) que induz a despolarizao dos trios e dos ventrculos. Esse registro mostra a variao do potencial eltrico no tempo, que gera uma imagem linear, em ondas. Onda P: representa a despolarizao atrial. A fibrilação atrial representam um defeito na contrao do trio que pode ser registrada por essa onda. Inervalo PR: retardo do impulso nervoso no n do atrioventricular QRS: despolarizao dos ventrculos. Onda T: repolarizao dos ventrculos. Estas ondas seguem um padro rtmico, tendo denominao particular. Qualquer alterao no ciclo cardaco ser convertida em uma anomalia nas ondas no eletrocardi grafo. Para que isto fosse visto, foi necessrio criar as chamadas linhas de derivações, baseadas na padronizao das posies de eletrodos na pele do paciente a ser avaliado. HISTRICO E EVOLUO DO ELETROCARDIOGRAMA Augustus Waller (1887): obteu os primeiros registros da atividade eltrica do corao usando eletrosc pio capilar com eletrodos precordiais. Willeim Einthoven (1903): fez uso de galvanmetro e criao do eletrocardiograma moderno (com derivaes bipolares). Porm, sua inrcia e o tempo necessrio na correo matemtica das curvas exigiam aperfeioamentos. Por isso, Einthoven dedicou-se ao estudo do galvanmetro de bobina de Ader e calculou que as caractersticas do aparelho melhorariam o seu desempenho para o objetivo visado. O galvanmetro de corda, criado por ele possua uma superioridade tcnica incontestvel sobre o aparelho elaborado por Ader. Einthoven passou a usar as trs derivaes hoje ainda empregadas como padro. Apesar de seu aparelho ter o inconveniente do peso e tamanho, prosseguiu seus estudos. Einthoven estudou a influncia dos movimentos respirat rios e das mudanas de posio do corpo sobre o ECG. Esses trabalhos levaram-no concepo do chamado esquema do tringulo equiltero: obteve derivaes bipolares dos membros (I, II e III) usando eletrodos perifricos, em que o corao estaria no centro desse triangulo. Seu ltimo aperfeioamento do aparelho foi a criao do galvanmetro de corda de vcuo, com o qual levou ao mximo a sensibilidade do instrumento. Em 23 de outubro de 1924 foi-lhe concedido o Prmio Nobel de Fisiologia e Medicina daquele ano, por sua descoberta do mecanismo do ECG. Foi dada por ele a nomenclatura das ondas P, QRS e T. Wilson (1934): desenvolveu a central terminal de potencial zero e as derivaes unipolares (derivaoes V). American Heart Association – Cardiac Society of Great Britain and Ireland (1938): realizou a padronizao das derivaes precordiais V1-6. Kossan e Johnson (1935): descobriu as derivaes VR, VL e VF. Golberger (1942): desenvolveu as derivaes aVR, aVL e aVF. Arlindo Ugulino Netto – CARDIOLOGIA – MEDICINA P6 – 2010.1 2 NOES AN TOMO-FISIOLGICAS DO CORAO POTENCIAL ELÉTRICO CELULAR CARDÍACO No músculo cardíaco, o potencial de ação é provocado pela abertura de dois tipos de canais: (1) os mesmos canais rápidos de sódio, como no músculo estriado esquelético, e (2) outra população, inteiramente diferente, de canais lentos de cálcio (canais cálcio-sódio). Essa segunda população, tem uma abertura mais lenta e, o que é mais importante, permanecem abertos por vários décimos de segundo. Durante esse tempo, grande quantidade de íons cálcio e sódio flui, por esses canais, para o interior da fibra muscular cardíaca, o que mantém o período prolongado de despolarização, causando o potencial de Platô do potencial de ação. Em resumo, na despolarização, ocorre a abertura de canais rápidos de sódio, associado à abertura dos canais lentos de cálcio. O influxo de cálcio inicia após o fechamento dos canais de sódio e perdura por 0,2 a 0,3 segundos. Este influxo de cálcio inibe a abertura dos canais de potássio retardando a repolarização por 0,2 a 0,3 segundos, que é o tempo de duração do Platô. Após este tempo, os canais lentos de cálcio se fecham e a repolarização procede normalmente, através do efluxo de íons potássio. A membrana não se repolariza imediatamente após a despolarização, permanecendo a despolarização em um platô por alguns milissegundos, antes que se inicie a repolarização (Músculo atrial platô de 0.2 s; Músculo ventricular platô 0.3 s). O potencial de platô regula a contração cardíaca fazendo com que os átrios se contraiam antes que os ventrículos. O platô, em resumo, é responsável por: Aumentar a duração do tempo da contração muscular de 3 a 15 vezes mais do que no músculo esquelético. Permitir que os átrios se contraiam antes da contração dos ventrículos. Manter uma assincronia entre a sístole atrial e a sístole ventricular Fases do potencial de ação. Fase 0: Fase inicial de rápida despolarização. Representa a abertura dos canais rápidos de Na+ com grande influxo para o interior da célula. É representada por uma linha vertical ascendente. Fase 1: É uma pequena e rápida repolarização. Representa o fechamento dos canais rápidos de Na+ e abertura do canais lentos de K+ com um efluxo de K+ para o exterior da célula. É representada por uma pequena linha vertical descendente. Fase 2: Representa a abertura dos canais lentos de Ca+ com grande influxo de Ca+ para o interior da célula. Representada por uma linha horizontal representando a duração da contração muscular (Platô). Ocorre durante a fase do platô um efluxo lento de K+ para o exterior da célula. Mesmo com a reserva de cálcio existente no retículo sarcoplasmático, a concentração muscular cardíaca necessita de uma demanda de cálcio extracelular a mais, que é transportada pelos túbulos T. Fase 3: Início da Fase de repolarização. Representa a abertura dos canais lentos de K+ com grande efluxo de K+ para o exterior da célula. Restabelece a diferença de potencial elétrico. Fase 4: Fase final da repolarização. Retorno ao potencial negativo de repouso, onde as concentrações iônicas são restabelecidas. FISIOLOGIA DO MÚSCULO CARDÍACO O coração é formado por três tipos principais de musculo cardíaco: músculo atrial, músculo ventricular e fibras musculares especializadas excitatrias e condutoras. O musculo do tipo atrial e ventricular contraem-se de forma muito semelhante à do musculo esquelético, exceto que a velocidade de contração é bem maior. A fibra muscular cardíaca corresponde à célula do músculo cardíaco, que esta dividido nas seguintes camadas (de fora para dentro): epimísio, perimísio e endomísio. Ela é uma fibra estriada devido à organização dos miofilamentos (actina e miosina), sendo separadas uma das outras por discos intercalados (GAP Juncion), que se originam de invaginações da membrana da fibra. As fibras musculares organizam- se como treliças, em que as fibras se dividem e se recombinam. A membrana celular une-se uma as outras formando junções abertas, que permitem a passagem de íons de uma célula para a outra com facilidade. O músculo cardíaco é formado por muitas células individuais conectadas em série, formando um