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Cistos ovarianos Cistos ovarianos funcionais Os cistos ovarianos funcionais são comuns, têm origem em folículos ovarianos e são produzidos por disfunção hormonal durante a ovulação. São subclassificados como cistos foliculares ou cistos de corpo lúteo com base tanto na patogenia quanto nas características histológicas. Formam massa em função do acúmulo de líquidos intrafoliculares e quase nunca por proliferação celular como os cânceres. A disfunção hormonal antes da ovulação resulta em expansão do folículo por líquido seroso e forma assim um cisto folicular. Já após a ovulação, a hemorragia em excesso pode preencher o corpo lúteo, criando o cisto de corpo lúteo. Importante ressaltar que embora esses cistos gerem sintomas e tenham tratamentos semelhantes, eles são distintos no que se refere aos hormônios produzidos e pelos aspectos histológicos. - Fatores de risco O tabagismo pode ter relação com o desenvolvimento desses cistos pois ele poderá afetar na secreção de gonadotrofina. Os contraceptivos hormonais orais de dose alta podem suprimir a atividade ovariana e proteger contra o desenvolvimento de cistos, por outro lado, foi relatado aumento na incidência de cistos foliculares relacionado com contraceptivos apenas com progestogênio, isso porque eles não suprimem completamente a função ovariana. Como resultado, folículos podem se desenvolver em resposta à secreção de gonadotrofina, ainda que o processo ovulatório normal com frequência seja interrompido dando origem a cistos foliculares. Por fim, o outro fator de risco é o medicamento tamoxifeno usado no tratamento do câncer de mama. - Diagnóstico O ultrassom é a melhor ferramenta para avaliação. Os cistos foliculares costumam aparecer como lesões totalmente redondas anecóicas com paredes finas e regulares. Já os cistos de corpo lúteo são chamados de “grandes imitadores” por conta de suas variadas características ultrassonográficas. Em geral, logo após a hemorragia no interior da sua cavidade, o cisto aparece ecogênico, imitando uma massa sólida. Com a evolução do coágulo, desenvolve-se um padrão reticular rendilhado. - Como cistos causam dor pélvica? Esses cistos funcionais, tanto foliculares como do corpo lúteo são mais propensos a ruptura que as neoplasias benignas (que falarei em seguida) ou malignas. A dor associada à ruptura do folículo ovariano no momento da ovulação é denominada mittelschmerz, que é a dor normal que a maioria das mulheres sentem nesse momento do ciclo. A pequena quantidade de sangue que extravasa para a cavidade peritoneal e a alta concentração de prostaglandinas no líquido folicular poderiam contribuir para essa dor pélvica no meio do ciclo. Em geral a dor varia de leve a moderada e é autolimitada. Já a dor do desenvolvimento de um cisto do corpo lúteo hemorrágico, é provocada pela rápida extensão da cápsula ovariana ou no caso de ruptura, pelo sangue na cavidade peritoneal. A ruptura desse cisto pode causar um pequeno sangramento intraperitoneal ou hemorragia, com perda de sangue considerável e hemoperitônio. Há indicação de exploração cirúrgica se a ruptura do cisto causar hemoperitônio (corpo lúteo) ou peritonite química (endometrioma ou cisto dermoide) consideráveis, que poderiam comprometer a fertilidade no futuro, ou abdome agudo (abscesso), que pode ser fatal. Os sintomas de ruptura de um cisto do corpo lúteo são semelhantes aos da ruptura de uma gravidez ectópica. A paciente está na fase lútea ou tem atraso da menstruação em razão da atividade persistente do corpo lúteo. Em geral, a dor tem início súbito e está associada à dor pélvica crescente e, depois, à dor abdominal generalizada e à tontura ou síncope, com hemoperitônio considerável. A ruptura de um endometrioma ou de um teratoma cístico benigno (cisto dermoide) causa sintomas semelhantes; entretanto, não há tontura nem sinais de hipovolemia, uma vez que a perda de sangue é mínima. A hipotensão ortostática decorrente da hipovolemia somente ocorre quando há perda de sangue, como no hemoperitônio e a febre é rara. O sinal mais importante é a dor intensa à palpação do abdome, frequentemente associada à dor à descompressão súbita no quadrante inferior localizada ou generalizada, provocada por irritação peritoneal. Nesses casos, ao realizar o exame pélvico, muitas vezes há uma massa palpável, principalmente quando é uma ruptura incompleta do cisto com extravasamento. - Diagnóstico da ruptura O diagnóstico e o tipo de cisto roto são identificados por exames de sangue e US transvaginal. É preciso solicitar teste de gravidez, hemograma completo e, em caso de hipotensão ortostática, tipagem sanguínea e pesquisa de anticorpos irregulares. Cistos ovarianos neoplásicos benignos São lesões benignas associadas a cistos ovarianos funcionais e formam a maioria das massas ovarianas. Dentre as neoplasias ovarianas benignas, os cistoadenomas serosos e mucinosos e os teratomas císticos maduros (nosso foco) são os mais comuns. - Teratomas ovarianos Catarina Nykiel - MedManas Pertence à família das neoplasias ovarianas das células germinativas. Eles surgem de uma única célula germinativa e por isso podem conter qualquer uma das três camadas germinativas (eita, vamo lembrar? ectoderma, mesoderma ou endoderma). Essas camadas geralmente formam tecidos que são estranhos ao ovário e que tem uma estrutura desorganizada. Assim, costumam ter dentes, gordura, ossos e cabelo. Por isso o nome “tera” que vem de monstro. Podem ser: → Teratoma imaturo: é considerado uma neoplasia maligna. Os tecidos imaturos de uma, duas ou três camadas das células germinativas coexistem com elementos maduros. → Teratoma maduro: contém formas maduras das três camadas das células germinativas. POdem ser ainda divididos em: 1- Teratomas císticos maduros, 2- Teratoma sólido maduro (massa sólida) e 3- Teratoma fetiforme ou homúnculos (em forma de boneca). → Teratoma monodermal: tumor benigno que possui apenas um tipo de tecido altamente especializado. - Teratoma cístico maduro Representa aproximadamente 10 a 25% de todas as neoplasias ovarianas e 60% de todas as neoplasias ovarianas benignas. Costumam crescer de forma lenta e a maioria mede entre 5 a 10 cm. Em geral, o cisto é revestido por epitélio escamoso queratinizado e contém glândulas sebáceas e sudoríparas em abundância. Sua origem costuma ser a partir do material genético contido em um oócito primário. Consequentemente, a maioria possui cariótipo 46, XX. Quase 15% dos teratomas císticos maduros sofrem torção e alguns poucos sofrem ruptura. Quando ocorre ruptura há peritonite aguda. Catarina Nykiel - MedManas
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