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Análise musica - introdução a Filosofia

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Música: Anel De Giges – Fabio Brazza
O que você faria se ninguém pudesse te ver?
Se você tivesse o poder de desaparecer?
Pra fazer o que quisesse fazer
Será se ainda assim seria quem tanto parece ser
Pensa bem antes de responder
Se ninguém pudesse te ver
O que será que iria acontecer?
Afinal, você faz o bem por que é bom ou
Por que a moral diz que é o certo a se fazer?
E se eu te dissesse que existe um anel que você coloca e desaparece
E se você pudesse tornar o seu sonho possível
E quando quisesse, bastava ficar invisível
Se pudesse roubar sem deixar vestígios
Faria para o próprio regozijo ou
Faria o bem só pra ganhar prestígio? Hein?
Essa pergunta me aflige
O que você faria se tivesse o Anel de Giges?
O que você faria se tivesse o Anel de Giges?
Ajudaria algum parente ou quem precisa realmente?
Soltaria um impostor? Condenaria um inocente?
Ou agiria naturalmente? Como sempre agiu
E fingiria na verdade que esse anel nunca existiu
Viraria um justiceiro? Mataria delinquentes?
E doaria seus órgãos a pacientes doentes
Usaria ele somente pra fazer coisa boa
Ou daria de presente para outra pessoa?
Tiraria de quem tem pra ajudar quem não tem
Ficar assim a vida inteira ou martirizaria alguém?
Ou será que Maquiavel tava certo ao dizer:
"Quer destruir um homem, então lhe dê poder"
Será que se não houvessem leis
Em repressão, ainda assim a justiça iria prevalecer?
Acho que não
Se eu tiver errado me corrige
O que você faria se tivesse o Anel de Giges?
O que você faria?
E você acha que o Anel de Giges é só uma lenda
Para pra prestar atenção
O anel da modernidade é o celular na mão
Com o véu da vaidade, você é fiel à verdade ou não?
O que você mostra, o que você esconde, então, me responde, irmão
Seus defeitos, onde estão?
Quem é você na sua timeline?
Quem é você quando não está online?
O homem é o dono do que cala, escravo do que fala, já dizia Freud
Cuidado pra que esse anel não te endoide
O Narciso que via no largo do espelho
Hoje se vê na tela do seu aparelho
IPhone, Android
A mitologia faz analogia com a natureza humana
E a moral ainda serve como uma espécie de prótese
O dilema é o mesmo de Aristóteles a Sócrates
Isso é mais que ver posts, o negócio é aparecer
Pra parecer que você é quem parece ser
Mas quem é você quando ninguém tá do lado? Com celular desligado?
O que você faz com esse poder que lhe foi dado?
Sorria, você não está sendo filmado (não)
O nome da música em si retrata o dilema de um objeto mítico e magico já relatado por Platão no segundo livro de “A República”. Sendo seu grande dilema a justiça independentemente da punição e da vigilância. Como representado pelo próprio trecho da obra:
Suponha agora que sejam dois tais anéis mágicos, e o justo põe um deles e o injusto o outro; nenhum homem pode ser imaginado como sendo de tal natureza ferrenha que ele permaneceria sustentado na justiça. Nenhum homem poderia manter suas mãos longe do que não fosse seu quando ele pudesse, com segurança, tomar o que quisesse do mercado, ou entrar em casas e deitar-se com qualquer um a seu bel-prazer, ou matar ou libertar da prisão os que ele quis, e em todos os aspectos ser como um deus dentre homens.
Então as ações do justo seriam como as ações do injusto; eles chegariam finalmente ao mesmo ponto. E isto nós podemos verdadeiramente afirmar ser uma grande prova de que um homem é justo, não por sua vontade ou porque ele acha que a justiça é algum bem para ele individualmente, mas por necessidade, pois onde quer que qualquer um pense que se pode ser injusto com segurança, lá ele é injusto.
Para todos os homens que creem em seus corações que a injustiça é deveras mais proveitosa ao indivíduo que a justiça, aquele que argumenta como eu fui supondo, dirá que eles estão certos. Se tu puderes imaginar alguém obtendo este poder de se tornar invisível, e nunca fazer nada errado ou tocar o que era de outrem, ele seria considerado pelos observadores como o mais miserável idiota, ainda que eles o elogiassem um para o outro, e mantivessem as aparências uns com os outros pelo medo de que eles também possam sofrer injustiça.
Com isso, traz-se o dilema e o pensamento até o presente, retomando afinal a questão da natureza humana como apresenta na música de Fabio Brazza “você faz o bem por que é bom ou Por que a moral diz que é o certo a se fazer?”. Segundo Thomas Hobbes, o homem apresenta-se como o lobo de seu igual, ou seja este é essencialmente mal, cabendo ao Estado e ao conjunto o papel de vigiar e coibir os indivíduos ao bom comportamento. Em contraponto tem-se o “Bom Selvagem” de Jean-Jacques Rousseau que traz por base a natureza boa do indivíduo, sendo a sociedade o corruptor por base da desigualdade exemplificado por:
“O primeiro homem que, havendo cercado um pedaço de terra, disse "isso é meu", e encontrou pessoas tolas o suficiente para acreditarem nas suas palavras, este homem foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassínios, de quantos horrores e misérias não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando os marcos, ou tapando os buracos, tivesse gritado aos seus semelhantes: Livrem-se de escutar esse impostor; pois estarão perdidos se esquecerem que os frutos são de todos, e a terra de ninguém!” (Rousseau, 1762)
Porém, segundo Nicolau Maquiavel “o homem é mau por natureza, a menos que ele precise ser bom” pensamento que se traduz na vida paralela que temos no privado em relação ao público, a dicotomia existente entre a aparência e o ser que muito se atrela ao próprio mito da caverna e a separação do palatável da essência e encontra paralelo com a atualidade como apresenta a música no comportamento apresentado nas redes sociais, fortemente atrelado a aparência de perfeição (mundo das ideias) em oposição a uma realidade cada vez mais triste e frustrante como apresenta o salto de 17% na venda de antidepressivos no ano de 2020 em comparação com o ano anterior como apresentado pelo Conselho Nacional de Farmácias.

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