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Universidade Estácio de Sá Professora Antonia de La Cruz Apostila elaborada por Antonia de La Cruz – Curso de Direito AULA 2 Personalidade: formação e desenvolvimento. Desenvolvimento psicossocial PERSONALIDADE => origina-se do latim “persona”. DESENVOLVIMENTO => Visão positivista – organizada com início, apogeu e declínio. OBJETIVO => Ser adulto – indivíduo pronto, o produto acabado, o modelo de ser humano em seu apogeu. DUAS CONCEPÇÕES: A infância e adolescência significam incompletude. Velhice significa decadência. CONSEQUÊNCIAS: - Lugar social da criança é de dependente, tutelado (pais, escolas, professores, FEBEM). - A velhice é descartada como inútil. O SABER CIENTIFICO => - Tenta se aproximar da natureza infantil. - Determina os cuidados adequados à criança. - As condições de subjetivação visam à padronização. - A atribuição de valor é conforme a normalidade. TEORIA PSICOSSOCIAL DO DESENVOLVIMENTO ERIK ERIKSON A personalidade humana é determinada não apenas de experiências infantis, mas também pelas da vida adulta até a velhice e senescência. O desenvolvimento do ego é mais do que um resultado de desejos intrapsíquicos ou energias psíquicas internas. Também é uma questão de regulagem mútua entre a criança em crescimento e a cultura e as tradições da sociedade. PRINCIPAIS CONCEITOS: Princípio Epigenético – Sustenta que o desenvolvimento ocorra em estágios seqüenciais e claramente definidos. – Caso não ocorra a resolução eficaz de um determinado estágio todos os estágios subseqüentes refletirão este fracasso, na forma de um desajuste físico, cognitivo, social ou emocional. Crises Internas – A crise interna pode ser considerada como ponto de virada, período em que o indivíduo se encontra em um estado de maior vulnerabilidade. Idealmente, se uma crise é dominada com sucesso, a pessoa ganha força e é capaz de avançar para o próximo estágio. Estágios do Desenvolvimento: Confiança Básica X Desconfiança Básica: (do nascimento até cerca de 1 ano) Fase oral-sensorial => a mãe atende aos sentidos do bebê – visão, paladar, olfato, tato e audição. A desconfiança ocorre se a mãe não for atenta e carinhosa e não conseguir suprir as necessidades e expectativas da criança. Uma mãe afetiva, carinhosa ou a mãe substituta que ofereça cuidados consistentes e de alta qualidade, oferece a base para o desenvolvimento da confiança. Patologias desta fase: as personalidades dependentes de substâncias têm fortes necessidades de dependência oral e usam as substâncias químicas para satisfazerem-se a si mesmos, em vista de sua crença de que os seres humanos não são confiáveis. Autonomia X Vergonha e Dúvida: (de 1 a 3 anos, aproximadamente) Fase anal-muscular => a criança desenvolve sua musculatura. A autonomia envolve um senso de domínio da criança sobre si mesma e sobre seus impulsos. Se os pais permitem que a criança funcione com alguma autonomia e apóiam, sem superproteger, o bebê adquire autoconfiança e sente que consegue controlar a si mesmo e ao mundo ao seu redor. Se a criança é punida por ser autônoma ou é excessivamente controlada, sente-se irada e envergonhada. O controle excessivo produz um sentimento de dúvida e vergonha. Patologias desta fase: personalidade compulsiva, que se apresenta com avareza, meticulosidade e egoísmo. Demasiada vergonha faz com que a criança sinta-se má ou suja e pode preparar o caminho para um comportamento delinqüente, do tipo: ‘se é isto que dizem de mim, é assim que me comportarei’. Iniciativa x Culpa (de três a cinco anos) Zona erógena dominante: genital masculino que enseja fantasias fálicas. Conflitos acerca da iniciativa podem impedir que a crianças em desenvolvimento experimentem todo o seu potencial e podem interferir em seu senso de ambição. No final deste estágio há a formação do superego e sua conseqüente consciência moral. A criança aprende que existem limites para seu repertório de comportamentos. A punição excessiva, porém, pode restringir a imaginação e a iniciativa da criança. Se a crise da iniciativa é resolvida com sucesso, desenvolve-se um senso de responsabilidade, confiabilidade e autodisciplina. Patologias desta fase: Transtorno de ansiedade generalizada e fobias. Indústria (ou diligência) X Inferioridade (de seis aos onze anos) Não há zona erógena predominante, visto que as pulsões biológicas encontram-se adormecidas e prevalece à interação com seus pares. Nesta fase a criança está ocupada construindo, criando e conquistando. A indústria, ou capacidade de trabalhar e adquirir habilidades adultas, é o ponto principal deste estágio. A criança aprende que é capaz de fazer coisas e, principalmente, que é capaz de dominar e realizar uma tarefa. A criança produtiva aprende a ter prazer no trabalho e o orgulho de fazer alguma coisa bem feita. Um ambiente que deprecie ou desencoraje a criança pode diminuir a auto-estima. Patologias desta fase: no adulto o senso de inferioridade pode acarretar severas inibições profissionais e uma estrutura de caráter marcada por sentimentos inadequados. Em alguns indivíduos, os sentimentos podem resultar em um ímpeto compensatório por ganhar dinheiro, poder e prestígio e o trabalho torna-se o foco principal da vida, às custas da intimidade. Identidade X Difusão de papéis (de onze aos 21 anos) A identidade saudável é construída a partir da passagem bem sucedida pelos estágios anteriores. A identificação com pais saudáveis ou substitutos destes facilita o processo. O adolescente encontra-se em uma moratória psicossocial, estágio entre a moralidade aprendida pela criança e a ética desenvolvida pelo adulto. Durante a moratória, vários papéis são testados. O adolescente pode fazer vários ‘falsos começos’ antes de se decidir a uma ocupação. Os valores morais podem mudar, mas um sistema ético é por fim consolidado em uma moldura organizacional coerente. Crise de Identidade: uma crise de identidade ocorre ao final da adolescência. Erikson a chama de crise normativa, pois trata-se de um evento normal. O fracasso em administrar este estágio deixa o adolescente sem uma identidade sólida; ocorre uma difusão de identidade e de papéis, caracterizada por não possuir um senso de self e por uma confusão acerca do próprio lugar no mundo. A confusão de papéis pode manifestar-se em anormalidades comportamentais tais como fugas de casa, criminalidade e psicose manifesta. Problemas na identidade de gênero e papel sexual podem manifestar-se neste momento. O adolescente pode defender-se da difusão de papéis unindo-se a cultos ou turmas ou pela identificação com heróis populares. Patologias desta fase: transtornos de conduta, de comportamento disruptivo, de identidade de gênero e transtornos psicóticos. Intimidade X Isolamento (ou auto-absorção) (dos 21 aos 40 anos) Tarefas que dizem respeito a amar e trabalhar. Um indivíduo que alcance os anos da vida adulta em um estado de confusão continuada de papéis será incapaz de se envolver em relacionamentos intensos e duradouros. Erickson citou a idéia de Freud de que uma pessoa normal deve ser capaz de amar e trabalhar. Patologias desta fase: A identidade de gênero determina a escolha objetal, hetero ou homossexual. O indivíduo pode ter transtorno de personalidade esquizóide e permanecer isolado com medo, incapacidade de assumir riscos ou incapacidade de amar. Generatividade X Estagnação (40 aos 65 anos) Generatividade inclui criar filhos, orientar nova geração, criatividade e altruísmo. Assim a estagnação não é evitada por ter filhos. Algumas pessoas podem casar e até mesmo ter filhos, mas tudo isso dentro de um casulo de autopreocupação, isolamento e ausência de intimidade - características da estagnação. Patologias desta fase: depressão . Integridade X Desespero (mais de 65 anos) O estágio marca o conflito entre a integridade (o senso de satisfação que se tem ao refletir que a vida foi produtiva e válida) e o desespero - senso de que a vida teve pouco valor ou significado. Desespero é a perda de esperança que produzmisantropia (aversão à sociedade, aos homens, antropofobia). Patologias desta fase: transtorno de ansiedade freqüentemente desenvolve-se nos idosos. Pessoas revisam suas vidas com um senso de pânico. O declínio das funções físicas pode contribuir para doenças psicossomáticas, hipocondria e transtornos depressivos severos. Jovens em conflito COM A LEI PONTUANDO A HISTÓRIA DO ATENDIMENTO 1923 => Criação do Juízo de Menores. 1920 => Transformação da “criança em menor” . Argumentos => Predisposição ao crime - cuidados especiais e atencão redobrada aos chamados "sinais de alarme" que a criança pudesse apresentar. Influenciou as denominadas condições de tratamento do menor infrator - considerados portadoress de acentuados defeitos morais. Do Predomínio de atribuição de uma causalidade moral inicia-se o entendimento de que circunstâncias sociais, económicas e emocionais também conduziriam os jovens à delinquência. 1927 => Promulgado o primeiro Código de Menores Brasileiro. 1930 =>Laboratório Biologia Infantil. Função: auxiliar o Juízo na avaliação dos determinantes da delinquência. Diagnósticos: dicotomia entre normalidade e anormalidade. Irma Rizzini (1993): Constatou que as conclusões medicas descritas nos processos se identificavam a uma "pré-sentença". Exemplo: “os que possuem um Q.I. abaixo de 40, o seu grau de educabilidade é insignificante e mais conveniente seria interna-los definitivamente num asilo ou colônia de psicopatas" . 1941 => foi criado o Serviço de Atendimento ao Menor (SAM). Características: de reformatório, modelo correcional repressivo. Meados do século XX => Ajuda clínica terapêutica para se afastarem da prática de delitos - tratamento individualizado das patologias infantojuvenis. 1979 => Novo Código de Menores com a compreensão acima expressa. Baseado => na doutrina da situação irregular. Alvo do sistema de justiça => - os menores de idade que estivessem em situação irregular; - os menores vitimas; - vitimizadores. Conclusões baseadas em "pseudocientificidade de um diagnóstico" eram frequentes, como o exemplo exposto a seguir: “Ótimo comportamento, participando das atividades praxiterápicas e educacionais, satisfatoriamente; relacionando-se bem com funcionários e companheiros, portanto, reabilitado e em condições de merecer melhor oportunidade”. JUSTIFICANDO NOVOS RUMOS Movimento contra a institucionalização. Prejuízos sofridos pela segregação. Criticas à previsão de compotamentos. Indefinição do critério de melhor interesse da criança. 1989 => Convenção Internacional dos Direitos da Criança – nomeia em sentido universalizante os interesses da criança. Baseada nesta visão encontra-se a Doutrina da Proteção Integral. Não parte do pressuposto de que a delinquência juvenil está obrigatoriamente ligada à presença de patologias. Walgrave => critica à visão homogénea estabelecida na referência aos chamados delinquentes juvenis, rotulados por muitos de "inadaptados sociais" Três tipos de delinquência: Delinquência sintoma => os problemas individuais e/ou familiares se fazem presente. Delinquência da precariedade => estes tambem se manifestam, mas ocasionados. principalmente. pelas dificuldades sociais e econômicas que esses jovens enfrentam. Delinquência passageira => própria da fase de desenvolvimento que atravessam. � PAGE \* MERGEFORMAT �4�
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