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Processo legislativo orçamentário Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as normas constitucionais acerca do processo legislativo orçamentário. Descrever o procedimento de aprovação de uma norma orçamentária. Apresentar as formas de controle existentes durante o processo le- gislativo orçamentário. Introdução O processo legislativo orçamentário segue regras próprias que o distin- guem do processo legislativo ordinário. Trata-se, portanto, de um pro- cesso legislativo especial, que conta com uma série de regras específicas estabelecidas pela Constituição Federal. Neste capítulo, estudaremos as principais características do processo legislativo orçamentário, assim como os procedimentos para a aprovação das suas normas e as peculiaridades que lhe compõem. Normas constitucionais do processo legislativo orçamentário A princípio, o processo de elaboração das leis orçamentárias segue a regra geral do processo legislativo, devendo apenas ser observada a peculiaridade defi nida no art. 166 da Constituição Federal: Art. 166 Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orça- mentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. § 1º — Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados: C14_Continuicao_e_Tributacao.indd 1 18/04/2018 10:12:27 I — examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República; II — examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regio- nais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58 (BRASIL, 1988, documento on-line). A comissão apontada nesse artigo é permanente e se ocupa da aprovação e do acompanhamento da execução orçamentária, sendo integrada por senadores e deputados. Ela foi estabelecida com o objetivo de apreciar e emitir pareceres sobre os projetos de lei relativos à legislação orçamentária, como o Plano Plu- rianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a Lei Orçamentária Anual (LOA) e os créditos adicionais da União. Ademais, também é tarefa da comissão analisar e acompanhar as contas prestadas anualmente pelo chefe do Executivo, bem como os planos e programas previstos na Constituição Federal, além de realizar a fiscalização orçamentária. Como já comentamos, o próprio Texto Constitucional apresenta as nor- mas relativas ao processo legislativo como regra geral para o processo das leis orçamentárias, aplicando-as ao que não contraria o disposto na seção sobre orçamentos, no art. 166, § 7º. Na nossa Carta Magna, constam também normas sobre a competência para o encaminhamento dos projetos das leis orçamentárias: Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da República: XXIII — enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição (BRASIL, 1988, documento on-line). No que se refere ao Poder Judiciário, a Constituição Federal lhe concedeu autonomia financeira na elaboração das suas propostas orçamentárias, estando todas as normas referentes a esse processo dispostas no art. 99 do mencionado diploma legal: Art. 99 Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira. § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limi- tes estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. § 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessa- dos, compete: I — no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais; Processo legislativo orçamentário2 C14_Continuicao_e_Tributacao.indd 2 18/04/2018 10:12:27 II — no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presi- dentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais. § 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo (incluído pela Emenda Consti- tucional nº. 45, de 30 de dezembro de 2004) (BRASIL, 1988, documento on-line). A Constituição Federal determina também as regras relativas às emendas ao projeto de lei do orçamento anual, sendo elas: Art 166. § 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: I — sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias; II — indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: a) dotações para pessoal e seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Dis- trito Federal; ou III — sejam relacionadas: a) com a correção de erros ou omissões; ou b) com os dispositivos do texto do projeto de lei (BRASIL, 1988, documento on-line). Dessa forma, observamos que as leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA) podem ser modificadas por emendas desde que se obedeça ao prazo para a apresentação. Em relação à LOA, só podem ser aprovadas emendas: compatíveis com o PPA e com a LDO; que indiquem recursos de anulação de despesas com exceções; relacionadas a erros, omissões ou ao texto da lei, conforme os artigos analisados anteriormente. Já em relação à LDO, podem ser aprovadas apenas emendas compatíveis com o PPA. O chefe do Poder Executivo pode enviar emendas aos projetos orçamentá- rios enquanto não iniciar a votação na comissão técnica, aplicando-as às leis orçamentárias no que não lhes contrariar e considerando as normas relativas ao processo legislativo. 3Processo legislativo orçamentário C14_Continuicao_e_Tributacao.indd 3 18/04/2018 10:12:27 Aprovação da norma orçamentária O processo legislativo das leis orçamentárias segue o fl uxo inicial que apre- sentaremos a seguir. Esse fl uxo assume a forma de projeto de lei federal, ao que se adequam certas adaptações nos âmbitos estaduais e municipais, especialmente em relação às normas e resoluções particulares de cada esfera: 1. Órgãos públicos e ministérios fazem as propostas. 2. Ministérios elaboram as propostas e o chefe do Executivo as aprova. 3. Por iniciativa do chefe do Poder Executivo, o projeto é enviado ao Poder Legislativo. Eis que se inicia o processo legislativo orçamentário. 4. A comissão mista recebe os projetos orçamentários. 5. A comissão mista recebe os projetos orçamentários e efetua o devido controle orçamentário. 6. Recebem-se as emendas. 7. A comissão mista elabora a redação final. 8. Encaminha-se ao Plenário do Congresso Nacional. 9. Vota-se. Após o encaminhamento por parte do Poder Executivo, o Legislativo recebe o projeto de lei e o encaminha à comissão mista permanente composta por deputados e senadores, conforme referido no art. 166, § 1º. Isso só ocorre em matéria orçamentária, sendo um traço peculiar da espécie. No âmbito estadual e municipal, respectivamente nas assembleias legislativas e nas câmaras dos vereadores, há comissões permanentes orçamentárias, que, no entanto, não são mistas. Assim, na estrutura legislativa dos estados e municípios, existe uma comissão permanente com atribuições idênticas às da comissão mista permanente. Contudo, não se trata de comissão mista, visto que os poderes legislativos estaduais e municipais são unicamerais. Quando os projetos das leis orçamentárias chegam ao Congresso advindosdo Poder Executivo, eles são submetidos à análise da comissão mista perma- nente. Nesse momento, os parlamentares podem propor alterações nos textos dos projetos orçamentários por meio das chamadas emendas parlamentares. O presidente da comissão mista permanente faz a designação do relator, que submete à comissão um parecer para orientar a elaboração dos relatórios gerais e setoriais. Em seguida, o relatório-geral é discutido e votado pelo plenário da comissão e depois submetido ao Plenário do Congresso Nacional. Nesse ponto, vale ressaltarmos o definido no art. 166, § 2º, da Carta Magna: “Art. 166. § 2º As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre Processo legislativo orçamentário4 C14_Continuicao_e_Tributacao.indd 4 18/04/2018 10:12:27 elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional” (BRASIL, 1988, documento on-line). Ao se aprovar a redação final do projeto, ele é encaminhado ao chefe do Poder Executivo para sanção no prazo de 15 dias, a contar da data do recebi- mento do projeto. O Presidente da República pode, ainda, vetá-lo parcial ou totalmente mediante comunicação ao Poder Legislativo. A abstenção do Chefe do Executivo é muito importante na sanção do projeto de lei. Caso ele negue a sanção ao projeto, está exercendo o seu poder de veto, que pode ser total ou parcial, mas necessita estar expresso, irretratável, e deve se basear em fundamentos políticos ou jurídicos de natureza constitucional. Por fim, destaquemos que o procedimento analisado se aplica à tramitação dos projetos de lei pertinentes ao PPA, à LDO, à LOA e também aos projetos de créditos adicionais, salvo os créditos extraordinários. Com relação aos prazos para o para encaminhamento do PPA, da LDO e da LOA, encontramos disposições sobre o assunto no art. 35, § 2°, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), nos seguintes termos: Art. 35 O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até dez anos, distribuindo-se os recursos entre as regiões macroeconômicas em razão proporcional à população, a partir da situação verificada no biênio 1986-87. § 2º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas: I — o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa; II — o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa; III — o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa (BRASIL, 1988, documento on-line). Como já explicamos, o processo legislativo orçamentário segue as suas próprias regras, fato que o diferencia do processo legislativo comum. Portanto, 5Processo legislativo orçamentário C14_Continuicao_e_Tributacao.indd 5 18/04/2018 10:12:27 trata-se de um processo legislativo especial com regras específicas estabele- cidas pela Constituição Federal, como a apreciação conjunta pelas duas casas do Congresso por meio da comissão mista permanente, a possibilidade de emendas parlamentares e os limites temporais impostos na norma. Formas de controle do processo legislativo orçamentário De acordo com os nossos estudos, o processo legislativo das leis orçamentárias se submete a um capítulo especial de normas, sem prejuízo da incidência subsidiária das normas gerais, conforme determina o art. 166, § 7º, da Consti- tuição Federal. Por se tratar de um procedimento especial, ele é composto por diversas circunstâncias peculiares, como a existência de uma comissão mista permanente para aprovar e acompanhar a execução orçamentária. Outro aspecto muito relevante do processo das leis orçamentárias se refere às emendas parlamentares, indispensáveis na construção de um projeto de lei benéfico e confiável. A Constituição Federal explicita limitações às emendas com vistas a garantir que elas sejam versadas em conformidade com os seus objetivos no lugar de utilizadas como veículo para a inclusão de medidas que não se relacionem com o orçamento, aproveitando da tramitação especial dos projetos de leis orçamentárias perante o Congresso Nacional. Por isso, está definido no Texto Constitucional que: Art. 165 Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: § 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de cré- dito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei (BRASIL, 1988, documento on-line). Ademais, a Constituição impõe outras limitações expressas ao poder de emenda parlamentar. As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem devem observar o seguinte: compatibilidade com o PPA e com a LDO; indicação dos recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, resguardadas as relacionadas a dotações para pessoal e os seus encargos, serviço da dívida e transferências tributárias consti- tucionais para estados, municípios e Distrito Federal, ou, no caso de não Processo legislativo orçamentário6 C14_Continuicao_e_Tributacao.indd 6 18/04/2018 10:12:27 indicação de recursos específicos para anulação, que sejam relacionadas com a correção de erros, omissões ou dispositivos do texto do projeto de lei. Tais limitações podem ser consideradas uma forma normatizada de controle no processo legislativo. Ainda com destaque para o controle do processo legislativo, não convém deixarmos de citar a possibilidade de fiscalização dos processos por parte do Poder Judiciário. Ele é acionado em situações específicas que fogem às normas impostas ou para socorrer grupos minoritários que se encontram com direitos à participação prejudicados. Nesse sentido, o controle judicial desempenha a função de resguardo da legalidade. 1. No que se refere às normas constitucionais acerca do processo legislativo das leis orçamentárias, assinale a alternativa correta. a) Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum. b) São vedadas totalmente emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem. c) Não se aplica de forma nenhuma aos projetos de leis orçamentárias as demais normas relativas ao processo legislativo. d) As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas se compatíveis com a LOA. e) O Presidente da República não poderá propor modificação nos projetos, mesmo enquanto não iniciada a votação. 2. São etapas do processo legislativo orçamentário, exceto: a) a votação. b) o recebimento dos projetos orçamentários pela comissão mista. c) a realização de propostas para o projeto de lei orçamentária por parte dos ministérios e órgão públicos. d) a emissão de pareceres pela comissão mista e controle orçamentário. e) o recebimento de emendas. 3. A comissão mista permanente é: 7Processo legislativo orçamentário C14_Continuicao_e_Tributacao.indd 7 18/04/2018 10:12:28 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 17 abr. 2018. Leituras recomendadas GIACOMONI, J. Orçamento público. 16. ed.São Paulo: Atlas, 2012. PAPARIELLO JÚNIOR, V.; DA GRAÇA, L. O. B. Processo legislativo orçamentário federal: em exercícios comentados. Rio de Janeiro: Método, 2011. a) um órgão administrativo pelo qual o projeto de lei passa antes de chegar ao legislativo. b) um órgão judicial que é responsável por analisar previamente as normas contidas na LDO. c) integrada por senadores e deputados, e foi estabelecida com a atribuição de apreciar e emitir pareceres. d) composta exclusivamente por senadores, tendo em vista a especialidade do processo legislativo orçamentário. e) um órgão composto por deputados e senadores com o único objetivo de elaborar emendas aos projetos de lei orçamentárias. 4. Segundo o art. 166, § 1º, da Constituição Federal, caberá à comissão permanente, exceto: a) exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentárias. b) emitir parecer sobre os projetos orçamentários. c) realizar parecer sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República. d) analisar as contas apresentadas anualmente pelo chefe do Poder Executivo. e) vetar totalmente os projetos de leis orçamentárias. 5. Não cabem emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem quando: a) forem compatíveis com o plano plurianual e com a LDO. b) forem incompatíveis com o PPA. c) indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre dotações para pessoal e os seus encargos, serviço da dívida, transferências tributárias constitucionais para estados, municípios e Distrito Federal. d) forem relacionadas com a correção de erros ou omissões. e) forem relacionadas com os dispositivos do texto do projeto de lei. Processo legislativo orçamentário8 C14_Continuicao_e_Tributacao.indd 8 18/04/2018 10:12:29 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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