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* Febre e Dores Articulares Prof. Alexandre V. Schwarzbold Serviço de Infectologia A contorcionista dorme - Orbetelli * * ARTRALGIA X ARTRITE * ARTRITE Dor (artralgia) Calor Edema Eritema (rubor/vermelhidão) Perda funcional * AGUDA X CRÔNICA * * CASO 1 Criança de 3 anos com febre há 2dias, com queda importante de estado geral; Aparecimento súbito de artrite em joelho direito e lesões de piodermite. HMG: 12.000 leucócitos (0/0/0/2/16/70/10/0) Ht=28% VSG=80 * * ARTRITES AGUDAS Infeciosas – artrite séptica Reativas – Artrite asséptica após infecção extra-articular ( TGI ou genito-urinária ) por bactéria OU vírus OU protozoário artritogênicos • Doenças reumatológicas # Febre Reumática # Doença de Kawasaki # PHS • Doenças hematológicas • Mecânicas • Trauma * Causas de febre e dor articular Artrite infecciosa (séptica) Gôta e pseudogôta Artrites reativas ”Colagenoses”: LES, Doença de Still, vasculites... Reiter, artropatias enteropáticas Sarcoidose aguda Leucemias agudas Endocardite bacteriana * Artrites e agentes infecciosos Classificação Agressão direta: Artrites sépticas (bacterianas) - não gonocócicas - gonocócicas Artrites virais Artrites fúngicas Mecanismo imunológico: Artrites reativas (indiferenciadas, Síndrome de Reiter...) * * ARTRITE INFECCIOSA Não é bem conhecida; 65% dos casos ocorrem em menores de 20 anos; Predomínio 2:1 do sexo masculino; Mortalidade 10% - 50%; Pior prognóstico nos que tem doença articular prévia; * ARTRITE INFECCIOSA TIPO I - INFECCIOSA INFECÇÃO CONHECIDA + PRESENÇA DE GERME + ANTIGENO NA ARTICULAÇÃO + * ARTRITE INFECCIOSA TIPO II - PÓS-INFECCIOSA INFECÇÃO CONHECIDA + PRESENÇA DE GERME - ANTIGENO NA ARTICULAÇÃO + * ARTRITE INFECCIOSA Aguda Sub-aguda Crônica * ARTRITE INFECCIOSA FISIOPATOLOGIA DISSEMINAÇÃO Hematogênica – contiguidade – Inoculação 1 à 2 hs 24 - 48 hs PMN+ AUMENTO VASCUL. 24hs perda de proteoglicanos cartilagem e 48hs necrose condrocitária 7 DIAS DESTRUIÇÃO ARTICULAR * Artrites infecciosas – vias de disseminação Hematogênica – mais comum Inoculação direta – acidentes, punções Contigüidade – foco infeccioso adjacentes * * ARTRITE INFECCIOSA FISIOPATOLOGIA LESÃO ARTICULAR 1- Espessamento células de revestimento 2- Infiltrado de PMN 3- Formação de tecido de granulação 4- Abcesso local * ARTRITE INFECCIOSA FISIOPATOLOGIA LESÃO ARTICULAR 1- Aumento da Pressão Intra-articular 2- Diminuição da Nutrição 3- Aumento das proteases ( PMN ) 4- Tecido de granulação + proteases * Artrites infecciosas agudas Acúmulo de exsudato intra-articular provoca aumento de pressão, que determina isquemia, comprometendo a nutrição da cartilagem articular. Ocorre formação de tecido de granulação e liberação de substâncias condrolíticas, que provocam maior lesão da cartilagem articular, osso subcondral e cápsula articular. * ARTRITE INFECCIOSA FATORES PREDISPONENTES- GERAIS 1- DOENÇA HEPÁTICA GRAVE 2- ALCOOLISMO 3- DOENÇA DO TECIDO CONJUNTIVO 4- DIABETE MELITO 6- D. IMUNODEFICIÊNCIA 7- INSUFICIÊNCIA RENAL 8- NEOPLASIAS 9- USO DE DROGAS EV 10- USO DE CE E IMUNODEPRESSORES 11- DIST. HEREDITÁRIO DE QUIMIOTAXIA 12- HIPOGAMAGLOBULINEMIA 13- D. IMUNOPROLIFERATIVA * ARTRITE INFECCIOSA FATORES PREDISPONENTES - LOCAIS 1- Doença articular prévia 2- Feridas peri-articulares 3- Infiltrações intra-articulares 4- Próteses articulares e artroscopia * Artrite séptica : relação bactérias x idade do paciente * * ARTRITE INFECCIOSA AGUDAS NÃO GONOCÓCICAS E GONOCÓCICAS CRÔNICAS * Artrites bacterianas não gonocócicas- etiologia > 75 % - cocos gram positivos: estafilococos aureus (mais freqüente-60%), estreptococos (incluindo o pneumococo), Staph. epidermidis (próteses) Haemophilus influenzae – principalmente em crianças < 5 anos Pseudomonas aeruginosa – em usuários de drogas injetáveis * Artrites bacterianas não- gonocócicas Quadro clínico: Monoarticular em 90 % dos casos Articulações acometidas: joelho, coxofemoral, outras (ombro, cotovelo, punho, tornozelo, esternoclavicular, sacroilíaca...) Febre, calafrios, dor intensa. Presença de foco infeccioso extra-articular (pneumonia, abscesso...) sugere o diagnóstico, assim como a etiologia. * Artrite bacteriana não gonocócica Exames complementares Leucocitose Hemocultura pode ser positiva RX – alterações só surgem após 10-15 dias. Antes apenas edema de partes moles. Líquido sinovial infeccioso, com presença de bactérias ao gram e cultural positivo na maioria das vezes. * * Artrite bacteriana não- gonocócica Tratamento Repouso articular Punções articulares com lavagem da cavidade articular para retirar material purulento. Artrotomia nas articulações inacessíveis à punções repetidas. Antibioticoterapia * Artrite bacteriana não- gonocócica Antibioticoterapia Duração do tratamento: No mínimo duas semanas se for por pneumococo ou outro estreptococo Se for estafilococo ou gram negativo ou houver sinais de osteomielite: 4 – 6 semanas. * Artrite gonocócica É a mais comum artrite infecciosa em jovens atualmente Mais comum em mulheres, durante período menstrual / gestação Manifestações de gonococcia uretral é incomum * Artrite gonocócica – quadro clínico Mais típico é um quadro de manifestações bifásico: 1ª fase: febre, mal estar, artralgias, tenossinovite, vesículas / pústulas pequenas em pequeno número (<20) nas extremidades 2ª fase: artrite, geralmente monoarticular mas pode apresentar quadro de oligo / poliartrite * Artrite gonocócica – lesão palmar * Artrite gonocócica – lesão petequial * Artrite gonocócica - tratamento Penicilina G cristalina - 6 a 10 milhões de unidades/dia, EV; após melhora, continuar com amoxicilina + clavulanato ou cefixima ou ciprofloxacino oral; Ceftriaxona 1 g/dia / 7-10 dias - em áreas em que seja comum gonococo resistente a penicilina NÃO É NECESSÁRIO LAVAGEM ARTICULAR * Artrite Infecciosa Gonocócica Ñ Gonocócica Hospedeiro jovem sadio crianças, velhos, imunocompr. Padrão migratória poliartralgia/artrite monoartrite Tenosinovite comum raro Dermatite comum raro Cultura art. + <25% >95% Cultura sangue + raro 40-50% Evolução boa em 95% ruim em 30-50% * CASO 2 Adolescente 15 anos, apresentando artrite de tornozelo esquerdo, hiperemia ocular importante em OD. Refere lesão indolor no pênis. Relata episódio de diarréia há quase uma semana, com febre e dor muscular. * * * ARTRITE REATIVA Geralmente, meninos, entre 8-12 anos, MAS... Distribuição por sexo e idade variam de acordo com o agente causal Pós-disentérica – M = F Pós-genital – M:F = 9:1 Adolescentes e adultos > freqüência pós-infecções genitais por Chlamydia trachomatis * ARTRITE REATIVA Artrite asséptica após infecção extra-articular (TGI ou genitourinária) por bactéria OU vírus OU protozoário artritogênicos Sinovite imuno-mediada resultante da persistência intra-articular de organismos viáveis ou seus antígenos Associadas ao HLA-B27 (mas pode ocorrer nos HLA-B27 negativos) Grupo das espondiloartropatias * Infecção Primária Febre de variados graus Dor abdominal em cólica, podendo assemelhar-se à apendicite na yersiniose Diarréia de intensidade e características variáveis Disúria, urgência, descarga uretral ou vaginal – Chlamydia trachomatis, Ureaplasma urealyticum Sintomas respiratórios altos – Chlamydia pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae * ARTRITE REATIVA Início - 4 dias a 4 semanas após infecção extra-articular Duração média = 4 a 6 meses Oligoartrite aguda, periférica, assimétrica, não-migratória, predomínio em MMI Artrite de pequenas articulações de mãos e pés (dactilite) Sacroilíacas e coluna – raro Entesite isolada ou associada à artrite e à tenossinovite * Artrites infecciosas crônicas Tuberculosa Brucelose Espiroquetas Sífilis Doença de Lyme Fungos * Artrite Tuberculosa (Micobactéria) - 3ª forma extrapulmonar > Homens 1-5% dos casos HIV Monoartrite insidiosa Articulaçõesperiféricas e coluna lombar Discreto sintomas sistêmicos * Artrite Tuberculosa TUBERCULOSE ARTRITE / OSTEOMIELITE - Trauma: 25% - coluna: 50% cx fem: 15% joelho: 15% - D. pulmonar concomitante: 20% - Cicatricial: 50% - Tempo para diagnóstico : 19 meses - Liq. sinovial – bac.: 27% cultura: 60% - Biópsia : granuloma 95% caseum 55% - Bactéria 10% * Artrite Tuberculosa Rx de tórax normal ou seqüelas PPD Estreitamento do espaço articular Erosões ósseas Ausência de esclerose óssea * Artrite Tuberculosa Tipos: Espondilite (Mal de Pott) - 50% Artrite periférica – 30% Osteomielite e dactilite Tenosinovite e bursite * Espondilite tuberculosa Inicia no osso subcondral Coluna lombar baixa / lombar alta Pode formar abscessos QC: - Lombalgia / rigidez - Insidiosamente - Cifose acentuada - Alterações neurológicas - Manifestações sistêmicas * Espondilite tuberculosa VHS elevado Erosão vertebral / Estreitamento Várias vértebras afetadas Presença de calcificação Ausência reação periostal / esclerose TC / RM = ‘abscesso frio’ Cintilografia óssea * ESPONDILODISCITE * * Espondilite tuberculosa Diagn.: - Identificação do bacilo - Cultura 40% + - Biópsia óssea 70% + Dx. Dif. - Espondilite infecciosa - Neoplasia * Artrite periférica Hematogênica Idosos Monoarticular / insidioso Articulações que sustentam peso Sintomas sistêmicos Rigidez / edema / limitação articular Poliartralgia * Artrite periférica Diagnóstico: Borramento do osso subcondral Erosões ósseas / sem esclerose Estreitamento articular RMN Rx de tórax normal PPD 90% + Líquido inflamatório ( PMN, glicose baixa) BAAR 20% / Cultura 80% Biópsia sinovial 94% * * Tratamento Evitar peso Sem imobilização Esquema RIP por 6 meses Pode aumentar o tto p/ 9 meses Piridoxina (B6) Debridamento = sintomas neurológicos * Brucelose Ingestão de leite / carne de gado Brucella sp Reativa e não-reativa Dor persistente agravada pelo repouso Ausência de febre, hepato-esplenomegalia, linfoadenopatia, leucopenia ou pancitopenia Diag: Bacteriologia / Sorologia (ELISA) Artrite periférica, espondilite, sacroiliíte, osteomielite e bursite * Brucelose Artrite periférica: - Afeta quadril, joelho, cotovelo - Monoarticular = cultura +, ATB - Poliarticular = tende a ser reativo, cultura neg., independe do ATB, semelhante AR - Líquido; 300- 49.000 cels (Mono) Glicose baixa Cultura 15-70% + * Brucelose Sacro-iliíte: unilateral , formas crônicas Espondilite (raro) = idosos Rx = Erosão margem ant.-superior Estreitamento do corpo vertebral Brucelose x TBC TTO = Tetraciclinas/ Rifampicina / Estreptomicina * * Artrite Fúngica Incomum: 5-10% Distribuição geográfica / exposição ocupacional TTO requer antifúngico + debridamento Pulmões são porta de entrada Auto-limitada em hospedeiros saudáveis Monoartrite crônica indolente e/ou osteomielite em imunocomprometidos ou disseminação Diagnóstico através da identificação do fungo no líquido sinovial ou tecido * Artrite Fúngica * Artrite Parasitária Raro Áreas endêmicas ou viajantes Infecção com parasitas intestinais ou que invadam tecidos Mono / poliartrite Aguda / crônica Pobre resposta a AINE Resolução após erradicação do parasita Miosite e alterações de enzimas musculares * Artrite Parasitária * ARTRITE VIRAL Parvovirus B19. Hepatitis A virus. Hepatitis B virus. Hepatitis C virus. Rubella virus. Alphaviruses. Human immunodeficiency virus Human T-lymphotropic virus 1. * * Artrite viral História: Artrite ocorre durante período prodômico, quando inicia o rash. Padrão c/ pequenas articulações e assimétricas mas não único. Artrite não é destrutiva e não se cronifica. * Artrite viral PARVOVIRUS B19 (eritema infeccioso na infância) É responsável por 12% dos casos agudos de poliartrite em adultos que tem contacto com crianças. Professores: 50% de risco de adquirir a infecção. O pico de aparecimento é no inverno tardio e primavera. * Artrite viral PARVOVIRUS B19 Crianças 70% assintomático Poucos podem ter sintomas como resfriado comum ( cefaléia, dor de cabeça, tosse, dor de garganta, febre , artralgias, diarréia) Típico rash é notado nas bochechas Sintomas articulares 5-10% * Artrite viral PARVOVIRUS B19 Adultos (forte resfriado sem lesão de pele) Rash raro Dor articular em 60% , mais artralgias que artrite, geralmente auto-limitada, simétrica, art. periféricas, mãos, tornoz., joelhos, punhos. Edema e rigidez matinal. Artralgia pode durar até meses e anos. 50% preenche critério para AR. * Artrite viral PARVOVIRUS B19 Achados clínicos raros P. Henoch-Schonlein raro mas possível Purpura trombótica trombocitopênica Poliarterite nodosa –rara Granulomatose de Wegener possível TRANSMISSÃO Secreção respiratória, produtos sanguineos Transmissão vertical mãe-feto alta mortalidade no primeiro trimestre. Diag. Ac IgM anti-parvovirus B19 na fase aguda * Artrite viral RUBEOLA Vírus membro Rubivirus família Togaviridae Precede exantema em semanas Artrite cumulativa, simétrica, de mãos, punhos e joelhos em mulheres jovens Rigidez Matinal – pequenas art. de mãos e pés A artrite pós-vacinal pode ser recorrente ou persistente. Rara em crianças. * Artrites virais HEPATITE B - Artrite/artralgia simétrica, nas pequenas articulações. Na fase pré ictérica associada a rash maculopapular, púrpura palpável, urticária. CAXUMBA- Artrite de grandes articulações cerca de 10 dias após o início da parotidite e persiste por média de 12 dias. * “Somos o que repetitivamente fazemos. Logo, a excelência não é um feito, mas um hábito.” Aristóteles * * * OBRIGADO ! * Back-Up * * * *
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