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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 298 Considere-se, para exemplificar, uma carta isobárica (p2) referente a uma área do Hemisfé- rio Sul, contendo a configuração dos campos geopotencial e térmico em um dado instante, ou seja: isoípsas (Φ0, Φ0+1, Φ0+2...) e isotermas (T0, T0+1, T0+2...). Nessa situação (Fig. VII.17), es- tima-se facilmente o campo do vento na superfície isobárica localizada mais acima (p1), pela soma vetorial indicada. Imagine-se, agora, que em um instante posterior, as isotermas tenham passado a ser T0, T0+2,, T0+4..., revelando uma intensificação do gradiente de temperatura naquela super- fície isobárica (p2), motivada por advecção de ar quente. Usando o mesmo procedimento (soma vetorial), pode-se obter o vento geostrófico na superfície p1, correspondente à nova situação (Fig. VII.17). Comparando-se os ângulos compreendidos entre o vento geostrófico r V g1 e r V g2, nas duas situações, verifica-se que a direção do último sofreu uma rotação anti-horária (seria horária no Hemisfério Norte). Segundo o exposto, a partir de uma sondagem de ventos, é possível determinar o tipo de adveção (se houver), analisando apenas a hodógrafa, ou seja: a projeção da trajetória da radios- sonda ou do balão-piloto sobre o plano do horizonte local (Fig. VII.18). A advecção de ar frio faz com que a temperatura da camada passe a diminuir mais rapi- damente com a altitude, gerando instabilidade. O oposto acontece quando há advecção de ar quente. Isso dá uma idéia da aplicação de sondagens locais à estimativa da evolução do estado do tempo (foi uma técnica usada durante a segunda guerra mundial, sempre que deixava de haver comunicação radiofônica com os centros de previsão do tempo). To To + 1 To + 2 Vg1 Vg2 Vt To To + 2 To + 4 Vg1 Vg2 Vt f o f of o +1 f o +1 Fig. VII.17 - Efeito da advecção de ar quente sobre a variação do vento com a altitude, em dois instantes consecutivos, no Hemisfério Sul. A direção do vento esti- mado r V g2, sofreu uma rotação no sentido anti-horário, em relação a r V g1. Torna-se claro que: - havendo adveção de ar quente {frio}, o ângulo entre as direções do vento quando exami- nadas de um nível inferior para outro superior, gira no sentido anti-horário {horário}, no Hemisfério Sul (dá-se o inverso no Hemisfério Norte); - como o vento geostrófico é uma aproximação do vento real, a variação da direção do vento com a altitude possibilita estabelecer se está havendo advecção de ar frio ou de ar quente para a camada em estudo.