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Direito Constitucional I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 1 ¨ Conceito: Poder Constituinte é o poder de criar e modificar a ordem constitucional. Canotilho diz que “o poder constituinte se revela sempre como uma questão de ‘poder’, de ‘força’ ou de ‘autoridade’ política, de criar, garantir ou eliminar uma Constituição. ® A titularidade do poder constituinte pertence ao povo. ® Já quem exerce, em nome do POVO, é o Estado (soberania popular). Art. 1º CF [...] Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Logo, a vontade constituinte, é a vontade do povo, expressa por meio de seus representantes. Classificação do poder constituinte: 1. ORIGINÁRIO: Histórico e revolucionário; 2. DERIVADO: Reformador, decorrente e revisor; 3. DIFUSO; e 4. SUPRANACIONAL. Poder Constituinte X Poder Constituído O poder constituinte cria e modifica a ordem constitucional. Já o poder constituído, é um poder que foi constituído pelo poder constituinte. Exemplo: poder do Congresso Nacional. Poder Constituinte Originário: Também denominado de inicial, genuíno ou de 1º grau, é aquele que instaura uma nova ordem jurídica. ® Rompe por completo com a ordem jurídica passada/precedente; ou ® Cria a primeira Constituição. O objetivo fundamental do poder constituinte originário, é criar um novo ESTADO, organizando-o e criando-o os poderes destinados reger os interesses de uma comunidade. Poder ser subdividido em: 1. Histórico (ou funcional): seria o verdadeiro poder constituinte originário, aquele que estrutura pela 1º vez o Estado; 2. Revolucionário: todos os posteriores ao histórico, rompendo por completo com a antiga ordem e instaurando uma nova. Poder Constituinte Direito Constitucional I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 2 Formas de expressão do Poder constituinte originário: ® Assembleia Nacional Constituinte ® Movimentos Revolucionários (outorga). Características ® Inicial; ® Autônomo; ® Ilimitado juridicamente; ® Incondicionado e soberano na tomada de decisões; ® Poder de fato e poder político; ® Permanente. importante: fundamento do poder constituinte originário: ® Positivismo O Brasil adotou a corrente positivista, onde o poder constituinte originário é totalmente ilimitado, apresentando natureza pré- jurídica. ® A ordem jurídica começa com ele, e não antes dele. Para o positivismo o poder constituinte originário seria o poder de fato. ® Independente de um fundamento prévio. ® Direito suprapositivo: nem mesmo um direito natural limitaria a atuação do poder constituinte originário. Importante: a ausência de vinculação é apenas de caráter jurídico-positivo, significando apenas que o Poder Constituinte não está ligado, em seu exercício, por normas jurídicas anteriores. ® Jusnaturalismo: Para a corrente jusnaturalista, para qual o poder constituinte originário não seria totalmente autônomo na medida em que haverá uma limitação imposta: ao menos o respeito às normas de direito natural. Ou seja, o poder constituinte originário seria o poder de direito. ® Tem um fundamento prévio- esse fundamento seria o direito natural. ® Decorre de uma base normativa anterior (direito natural). Poder Constituinte Derivado: O poder Constituinte Derivado é também conhecido como instituído, constituído, secundário ou de 2º grau. O poder Derivado é criado e instituído pelo originário. ® Deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo originário. ® Subdivide-se em: reformador, decorrente e revisor. 1. Poder constituinte derivado reformador: Ou então, competência reformadora. Tem a capacidade de MODIFICAR a CF, sem que haja uma revolução. ® Possui poder de reforma constitucional (natureza jurídica). ® Exercido pelo Congresso Nacional. ® Através de um procedimento especifico: emendas constitucionais (art.59, I e 60 da CF). Direito Constitucional I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 3 ® Tratados internacionais de direitos humanos sob rito das emendas constitucionais. (art. 5º, §3º da CF). Características É condicionado, pelas regras (condições) colocadas pelo originário. ® Limitações expressas (explícitas): 1. FORMAIS OU PROCEDIMENTAIS: formalidades a serem observadas. ® Iniciativa: art. 60, I, II e III. ® Quórum de aprovação: art. 60 §2º da CF: quórum qualificado de 3/5, em cada CASA, em dois turnos de votação para aprovação das emendas. ® Promulgação: art. 60, §3º da CF. ® PEC. Rejeitada: art. 60, §5º da CF. “princípio” da irrepetibilidade absoluta, art. 67: não aplicação! 1.1 CIRCUNSTANCIAIS - art. 60, §1º da CF: circunstâncias nas quais não haverá emenda. ® intervenção federal; ® estado de defesa; ® estado de sítio 1.2. MATERIAIS- art. 60, §4º da CF: cláusulas pétreas (matérias não emendáveis). 1.3. TEMPORAIS: é o período que se deve “esperar” para poder ser emendada. Importante: não se confunde com a revisão constitucional, isto é, o poder revisor. ® Limitações implícitas: 1. As próprias limitações expressas: analisar a teoria da dupla revisão = não aceita! 2. Impossibilidade de se alterar o TITULAR do PC originário e o PC Derivado Reformador 2. Poder Constituinte derivado decorrente: Também possui natureza jurídica, e regras estabelecidas pelo originário. Tem capacidade de ELABORAR e MODIFICAR as constituições dos Estados- Membros. Pois, os Estados-Membros possuem capacidade (autonomia) de: ® AUTO-ORGANIZAÇÃO- art. 25, caput, da CF: os Estados organizam- se e regem pelas Constituições e leis que adotarem, observando os princípios desta Constituição. Importante 1: Os Estados devem seguir as regras que forem estabelecidas pelo poder constituinte originário. Importante 2: o que quer dizer princípios da Constituição? É de certa forma os limites à manifestação do poder constituinte derivado. 1. Princípios constitucionais sensíveis: expressos na CF (art. 34, VII, “a-e”). Direito Constitucional I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 4 2. Princípios constitucionais estabelecidos (organizatórios): limites explícitos vedatórios; limites explícitos mandatórios e limites inerentes, e limites decorrentes. 3. Princípios constitucionais extensíveis: estrutura da federação brasileira. ® AUTOGOVERNO - Arts. 27,28 e 125 da CF: estabelecem regras para a estruturação dos “Poderes” Legislativo, Executivo e Judiciário. ® AUTOADMINISTRAÇÃO: Arts. 18, 25 a 28 da CF: regras de competência administrativa legislativas e não legislativas. De quem é o exercício do poder constituinte derivado decorrente? É das Assembleias Legislativas, nos termos do art. 11, caput, do ADCT. Limite do poder constituinte derivado decorrente: ® Não abrange os municípios e o Distrito Federal, pois são regidos por leis orgânicas. Distrito Federal: art. 32, caput, CF, será regido por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de 10 dias e aprovada por 2/3 da Câmara legislativa, que a promulgará. Aqui a lei orgânica ter a mesma natureza das Constituições Estaduais. Municípios: são autônomos em relação aos outros componentes; possuem capacidade de auto-organização (art. 29, caput, CF). ® Possuem autonomia “F.A.P”: financeira, administrativa e política. ® As leis orgânicas é como se forrem constituições municipais. ® O seu exercício se dará pelas Câmara Municipal, vide paragrafo único do art. 11 da ACDT. Portanto, o poder constituinte decorrente conferido aos Estados-membros e ao Distrito Federal, não se faz na órbita dos Municípios. Logo, a lei orgânica municipal enseja CONTROLE DE LEGALIDADE e não de constitucionalidade. 3. Poder Constituinte derivado revisor: É condicionado e limitadoas regras do poder originário, assim como os outros. E possui natureza jurídica. ® Trata-se de competência de revisão, e não necessariamente um “poder”. ® Art. 3º da ADCT dispõe ® A revisão seria realizada após 5 anos; ® Voto da maioria absoluta (3/5) dos membros do Congresso Nacional ® Sessão unicameral. Pode se manifestar apenas uma única vez!!! Impossível uma segunda produção de efeitos. Direito Constitucional I | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 5 Poder Constituinte Difuso O poder constituinte difuso pode ser caracterizado um poder de fato e relaciona- se com a MUTAÇÃO CCONSTITUCIONAL. ® Processo informal de mudança da Constituição; ® Mudança apenas na forma de interpretação (significado) da norma, sem alterar o texto escrito. Exemplo: mudança na forma da interpretar o que seria família para fins constitucionais. Portanto, concluímos, as formas de alteração da Constituição: 1. Formalmente: revisão constitucional (poder constituinte reformador). 2. Informalmente: mutação constitucional. ¨ Mutação Constitucional: Mutação constitucional exteriorizam o caráter dinâmico e de prospecção das normas jurídicas. É um processo informal de mudança da Constituição, por meio do qual são atribuídos novos sentidos. Esses novos sentidos podem decorres de uma mudança na realidade fática, uma nova percepção do Direito. Barroso procurou identificar os mecanismos de mutação constitucional: 1. Interpretação judicial: mudança da jurisprudência; 2. Interpretação administrativa; 3. Por via de costumes e convenções constitucionais: praticas reiteradas que propiciam mudanças no sentido de uma norma constitucional. 4. Atuação do legislador: construção constitucional, eis que visam modificar a interpretação que tenha sido dada a uma norma constitucional. Importante: A mutação e a nova interpretação não poderão afrontar os princípios estruturantes da CF, sob pena de serem inconstitucionais.
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