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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 303 3 2 1 0 km Fig. VII.23 - Secção meridional esquemática da camada de inversão térmica na zona dos ventos alísios (Nieuwolt, 1977). Para o meio da zona equatorial de baixa pressão à superfície convergem os alísios dos dois hemisférios (Fig. VII.20). A direção e a velocidade médias dos alísios consta da Fig. VII.22. Uma característica interessante da faixa tropical é a presença de uma camada de inversão térmi- ca, chamada inversão dos alísios. É uma camada onde a temperatura do ar aumenta com a altitu- de. A altura da base da camada de inversão, sobre o oceano, varia com a latitude, passando de 2000 a 800m, entre as latitudes de 5 e 25o, respectivamente (Fig. VII.23); a espessura pode variar de poucos metros até 1km, sendo, em média, de 400m (Riehl, 1965). A inversão térmica da zona dos ventos alísios (a "inversão dos alísios") é atribuída ao movimento subsidente do ar associado aos centros anticiclônicos semipermanentes e constitui um bloqueio ao desenvolvimento de nu- vens cumuliformes, daí a elevada freqüência de cúmulos de bom tempo (de pequena espessura) na zona dos alísios. Para que ocorram cúmulos e cumulonimbos bem desenvolvidos são necessá- rias fortes condições de instabilidade, capazes de destruir essa camada de inversão. A faixa de encontro dos alísios de nordeste (procedentes do Hemisfério Norte) com os de sudeste (oriundos do Hemisfério Sul) é conhecida como Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e sua posição coincide aproximadamente com a do equador térmico. A ZCIT se caracteriza por uma acentuada instabilidade atmosférica que favorece o desen- volvimento de intensas correntes ascendentes, com formação de grandes nuvens convectivas, geradoras de precipitação abundante (Fig. VII.24). Fortes aguaceiros, acompanhados de relâm- pagos e trovões são comuns em toda a ZCIT e, como sua posição oscila muito com o tempo, a precipitação gerada vai sendo distribuída sobre uma faixa de considerável largura. O sistema nebuloso associado à ZCIT a torna facilmente identificável, nas áreas oceâni- cas, em imagens geradas por satélites. Sobre os continentes, porém, dada a intensa atividade convectiva (que se desenvolve por causa do aquecimento do solo), a presença da ZCIT é nor- malmente difícil de detectar. A posição média da ZCIT se situa em torno de 5oN, o que se justifica por haver no Hemisfério Norte uma maior área continental e, portanto, maior transferência de calor para a atmosfera.
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