Grátis
142 pág.

Denunciar
5 de 5 estrelas









2 avaliações
Enviado por
Cassia Ramos
5 de 5 estrelas









2 avaliações
Enviado por
Cassia Ramos
Pré-visualização | Página 10 de 32
com o estabelecimento das contas anuais. Estas são constituídas pelos documentos das seguintes sínteses: � a conta de resultados; � o balanço; � o anexo. A apresentação destes documentos está normalizada. Deve seguir as regras e as recomen- dações do Plano Contabilístico Geral. Entre outras, é necessário respeitar uma certa classi- ficação das contas no balanço e na conta de resultado. Os documentos de síntese não podem ser estabelecidos senão após o fecho de todas as contas, uma vez terminados os trabalhos contabilísticos e extra-contabilísticos. Como já foi visto anteriormente, estes documentos podem ser elaborados por uma estrutura externa de gestão, pois requerem competências aprofundadas em matéria de contabilidade. Con- tudo, é importante que os responsáveis de uma mutualidade de saúde compreendam o interesse e o papel desses documentos e sejam capazes de restituir o seu conteúdo aos aderentes e a terceiros. A conta de resultados determina o resultado por diferença entre os encargos e os produtos do exercício. Esta conta permite, igual- mente, compreender como foi obtido o resultado. A conta de resultados apresenta os encargos e os produtos classifi- cados em três grandes rubricas: ✔ exploração; ✔ financeiro; ✔ excepcional. Esta classificação permite distinguir o que sobressai do funciona- mento corrente da mutualidade (exploração) do que é financeiro ou excepcional. O modelo abaixo apresenta os principais títulos da conta de resulta- dos, conforme o plano contabilístico adaptado a uma mutualidade de saúde. A conta de resultados Parte IV • A contabilidade de uma mutualidade de saúde 173 O balanço inventaria, no activo, todos os bens da mutualidade, e, no passivo, a origem dos recursos que financiaram aqueles bens. As contas do balanço são reagrupadas em quatro grandes catego- rias: ✔ no activo: o activo imobilizado e o activo circulante; ✔ no passivo: os capitais próprios e as dívidas. O resultado do exercício aparece igualmente no balanço. É o mesmo que o calculado para a conta de resultados. No balanço, o resultado corresponde à diferença entre o activo e o passivo, isto é, entre o montante dos bens e o dos recursos de que a mutualidade dispõe para os adquirir. Quando o activo é superior ao passivo, isso significa que a mutualidade conseguiu adquirir, com um certo volume de recursos, um conjunto de bens com um valor total superior. Portanto, ela enriqueceu-se e o resultado é um exce- dente. No caso contrário, a mutualidade empobrece-se e o resul- tado é um défice. O modelo de balanço abaixo apresentado é “clássico”. O activo comporta três colunas: ✔ “Bruto”. O montante bruto representa o valor inicial de um bem (valor de compra); ✔ “Amortizações e provisões”. Esta coluna totaliza as dotações às amortizações, após a compra de um bem, e as dotações às provisões sobre elementos do activo (nomeadamente sobre os créditos); ✔ “Líquido”. Esta coluna é igual à diferença entre as duas prece- dentes. O balanço 174 Guia de gestão das mutualidades de saúde em África BIT/STEP Conta de resultados (apresentação sob a forma de conta) O anexo completa o balanço e a conta de resultados, trazendo as necessárias explicações para uma melhor compreensão destes dois documentos. Suscita, assim, as seguintes informações: ✔ dados, em números, que completam e detalham certos títulos do balanço e da conta de resultados; ✔ dados, não em números, que precisam os métodos de avalia- ção, os cálculos e a origem dos dados em números. O anexo fornece informações úteis para completar a restituição do balanço e da conta de resultados aos aderentes da mutualidade e aos terceiros. Facilita igualmente os controlos interno e externo. Os diferentes elementos do anexo respeitam, nomeadamente, a: ✔ investimentos: aquisições e cedências; ✔ modalidades de cálculo das amortizações; ✔ créditos: quotizações em atraso; ✔ empréstimos: prazos de vencimento, reembolsos efectuados, etc; ✔ acontecimentos significativos do ano; ✔ observações sobre certas contas. O anexo Parte IV • A contabilidade de uma mutualidade de saúde 175 Balanço (antes da repartição) 5.3 A abertura de um novo exercício O balanço de fecho de um exercício é, igualmente, chamado balanço antes de repartição, pois apresenta o resultado do exercício antes da sua utilização ser determinada. Aquando de uma AG, e em função das recomendações do CA (ou da CE), os aderentes deverão determi- nar a afectação do resultado, com dois casos figurativos possíveis: ✔ se o resultado é um excedente será utilizado para completar as reservas e/ou para realizar obras sociais a favor dos aderentes. Pode, igualmente, ser objecto, total ou parcialmente, de um transporte pela segunda vez; ✔ se o resultado é um défice: este será transportado pela segunda vez, esperando que o exercício seguinte seja excedentário. Após estas decisões, a mutualidade produzirá um novo balanço, chamado balanço após repartição, no qual a linha “Resultado do exercício” terá desaparecido, sendo este último distribuído pelas outras contas. Este balanço após repartição corresponde ao balanço de abertura do exercício seguinte. O facto da mutualidade ter fim não lucrativo não quer dizer que não deva realizar excedentes. Pelo contrário, estes últimos são necessá- rios para assegurar a viabilidade da mutualidade e melhorar os ser- viços oferecidos aos aderentes. Mas uma mutualidade não tem mais por vocação acumular esses excedentes, o que significa: ✔ por um lado, que esses excedentes devem ser de um montante razoável pois provêm, em normal funcionamento da mutuali- dade, de uma margem sobre as quotizações. Em outros termos, quotizações elevadas permitem obter importantes excedentes, o que pode parecer positivo, mas, ao mesmo tempo, limitam o acesso à mutualidade das famílias cuja capacidade contributiva é restrita; ✔ por outro lado, que a mutualidade deve evitar entesourar. Deve consagrar os seus excedentes, nomeadamente: – ao reforço da sua segurança financeira; – à realização de acções em favor dos beneficiários. A utilização dos excedentes deve ser prevista nos Estatutos e no Regulamento Interno da mutualidade. Ela pode ser regulamentada pela lei. A repartição dos excedentes é efectuada em AG, após o relatório financeiro apresentado pelos Gestores da mutualidade e na base das suas propostas. Segundo os princípios da mutualidade, os excedentes não podem ser redistribuídos aos aderentes. Em compensação, são destinados: ✔ à constituição de reservas (estas são apresentadas mais adiante); ✔ à realização de novas acções em favor de todos os aderentes : as acções sociais. A afectação do resultado 176 Guia de gestão das mutualidades de saúde em África BIT/STEP Também apelidadas de obras sociais, as acções sociais são realiza- das pela mutualidade em favor dos beneficiários, até mesmo em favor de toda a colectividade. Visam responder a outras necessidades dife- rentes das cobertas pelo seguro saúde. Os exemplos são múltiplos: ✔ caixa de assistência: fundo disponíveis para a atribuição de empréstimos, até mesmo doações às famílias carenciadas; ✔ prendas para os recém-nascidos: produtos de primeira necessi- dade dados às mães e ao seu bébé após o parto: sabão, enxo- val, etc.; ✔ criação de novos serviços: campanhas de prevenção, educação sanitária, serviço de enfermagem, etc.; ✔ construção ou contribuição para a construção de infraestruturas comunitárias (poços, escolas, etc.); ✔ acções de solidariedade em favor dos indigentes; ✔ acções em favor dos deficientes, pessoas idosas, etc. Exemplo Uma mutualidade acaba de encerrar o seu quarto exercício anual. Ela cobre 65% do público-alvo. O seu balanço antes de repartição e a sua conta de resultados indicam, nomeadamente, que: � o montante das prestações saúde eleva-se a 1 689 000 UM; � o montante das reservas é de 753 000 UM; � o resultado do exercício eleva-se a 258 000 UM. O funcionamento da mutualidade é estável, as relações com os prestadores de cuidados são excelen- tes e a mutualidade não encontra qualquer dificuldade