facto, os resultados não são bons, no respeitante às adesões. Os objectivos fixados no início do exercício estão longe de ser atingidos, pois a mutualidade conta apenas 150 aderentes e 675 bene- ficiários. A dimensão média das famílias mutualistas, que apenas se eleva a 4,5% pessoas, deixa pensar que os aderentes não quotizaram para o conjunto das pessoas a seu cargo. A taxa de utilização média das consultas observada em todo o ano é nitidamente superior à esperada e confirma uma provável selecção adversa (os chefes de família escolheram quotizar para as pessoas que apresentam um mais elevado risco de saúde). A fim de completar a análise dos resultados deste primeiro exercício, os responsáveis da mutualidade organizaram reuniões com as famílias mutualistas e pessoas não mutualistas. Os principais resultados destas reuniões são os seguintes: � o conjunto das famílias considera que as quotizações são demasiado elevadas. Os que quotizaram situam-se no grupo das famílias mais ricas da aldeia. Muitas famílias teriam desejado aderir, mas não conseguiram a totalidade do dinheiro necessário para pagar as quotizações no início do exercício; 248 Guia de gestão das mutualidades de saúde em África BIT/STEP Parte VII • O controlo, o acompanhamento e a avaliação 249 Ficha de síntese Primeiro exercício Escolha do cenário quando da AG constituinte: Rácios financeiros: Liquidez imediata 948% Quotizações/Encargos totais 154% Capitais próprios 848% Sinistralidade 54% Cobertura dos encargos 71% Despesas de funcionamento brutas 16% (8,5 mês) 250 Guia de gestão das mutualidades de saúde em África BIT/STEP � uma grande maioria das famílias encontradas deseja que a mutualidade cubra, também, despesas no hospital regional, assim como, os partos no dispensário; � muitas famílias ainda não compreenderam bem o funcionamento do seguro. Outras desconfiam e esperam para ver se a mutualidade funciona bem, antes de, eventualmente, aderirem. No final desta primeira avaliação interna, a CE e o CA preparam três novos cenários para o segundo exercício: 2.1 Continuar o impulso do primeiro exercício, conservando as mesmas prestações e as mesmas quotizações. A vantagem deste cenário é que a mutualidade está financeiramente sólida. O inconveniente é que a quotização é economicamente pouco acessível e a mutualidade é pouco atraente. 2.2 Conservar o mesmo montante de quotização, o mesmo nível de comparticipação das consultas e acrescentar uma comparticipação a 50% nas situações de internamento a 70% das despesas de parto. A vantagem deste cenário é responder às expectativas da maioria das famílias da aldeia. O inconveniente é que o montante da quotização fica fora do alcance das famílias mais pobres. 2.3 Conservar as prestações do primeiro exercício (comparticipação das consultas), mas diminuir o montante da quotização que passaria de 700 para 500 UM. A vantagem deste último cenário é que poderia melhorar a acessibilidade económica da mutualidade e torná-la mais atraente. O inconveniente é que não leva em conta o alargamento das prestações ao internamento e aos partos pedidos pelas famílias. Segundo exercício Os três cenários são apresentados em AG no início do ano 2 . Após longos debates, o segundo cenário (2.2) é, finalmente, escolhido, contudo, com uma importante modificação : será deixada às famílias a escolha de pagar a sua quotização, anualmente ou mensalmente, a fim de melhorar a acessibilidade financeira e económica da mutualidade. Os objectivos em matéria de adesão continuam os mesmos do ano 1 : 500 aderentes e 3000 beneficiários. Uma grande campanha de sensibilização, de animação e de informação será lançada na aldeia, logo após a AG, a fim de explicar o interesse da mutualidade e o seu funcionamento. A ficha de síntese de acompanhamento-avaliação do ano 2 mostra que o resultado anual continua excedentário, mas a taxa de reserva (racio de cobertura dos encargos) diminuiu por causa do aumento das actividades da mutualidade. Ela apenas corresponde ao equivalente de cerca de quatro meses de funcionamento. O racio de liquidez imediata caiu fortemente: a mutualidade vai encontrar dificuldades para pagar a sua dívida (facturas do mês de Dezembro do ano 2) no início do ano 3. De facto, constata-se, com os dados do acompanhamento orçamental, que a mutualidade teria podido conhecer uma situação de crise financeira no decurso do exercício. Esta situação resulta de dois factores : � um aumento das despesas, devido a uma escalada do custo das consultas ao longo do ano. O "painel de bordo" permitiu aos responsáveis da mutualidade detectar essa derrapagem e intervir junto do enfermeiro, mas o custo médio observado no ano (455 UM) verifica-se nitidamente mais elevado que o previsto (350 UM); � uma taxa de cobrança das quotizações muito baixa (65%). A quase totalidade das famílias escolheu quotizar mensalmente, mas muitos acumularam atrasos de pagamento. O racio de sinistralidade progrediu nitidamente. As adesões aumentaram; contudo, a mutualidade está ainda longe do seu objectivo de 3000 beneficiários. Assim mesmo, a taxa de fidelização (isto é, a percentagem de aderentes do ano 1 que renovaram a sua adesão no ano 2) eleva-se a 60%, o que é pouco elevado. Em contrapartida, a dimensão média das famílias mutualistas aumentou ligeiramente (4,8 pessoas por família). Parte VII • O controlo, o acompanhamento e a avaliação 251 Ficha de síntese Segundo exercício Rácios financeiros: Liquidez imediata 8% Quotizações/Encargos totais 111% Solvabilidade 413% Sinistralidade 83% Cobertura dos encargos 34% Despesas de funcionamento brutas 7% (4,1 mês) 252 Guia de gestão das mutualidades de saúde em África BIT/STEP Os responsáveis da mutualidade concluem desta avaliação interna que o alargamento das prestações e o facto de tornar as quotizações mensais permitiram aumentar as adesões, mas que o montante das quotizações continua a limitar a acessibilidade económica da mutualidade, apesar da possibilidade de pagar mensalmente. Para mais, a mutualidade deve resolver um problema importante de atraso no pagamento das quotizações. Três novos cenários são preparados para serem apresentados na AG no início do terceiro ano. 3.1 A mutualidade conserva as mesmas prestações e o mesmo montante de quotização, mas prevê uma exclusão dos aderentes que acumulem mais do que um mês de atraso. A vantagem deste cenário é que deveria permitir melhorar a taxa de cobrança das quotizações. Ele corre, con- tudo, o risco de levar a numerosas exclusões no decurso do ano e de diminuir o número de ader- entes. 3.2 A mutualidade conserva o mesmo nível de prestações, mas diminui as quotizações, que pas- sariam de 700 para 600 UM/ano/pessoa. Este novo montante corresponde a um cálculo da quotização na base dos dados recolhidos durante os dois primeiros anos do funcionamento da mutualidade. Assenta, contudo, numa margem beneficiária reduzida que necessitaria de vários anos para constituir um nível de reservas suficiente. A vantagem desta escolha é que a quotização baixou. Contudo, tendo a mutualidade saído financeiramente fragilizada do segundo exercício, qual- quer eventual derrapagem no terceiro ano poderia agravar esta fragilidade. Sendo pouco elevada a taxa de reserva, a mutualidade deve evitar correr demasiados riscos. 3.3 A mutualidade modifica os seus níveis de comparticipação das despesas de cuidados da seguinte forma: consultas 30%, internamentos 80% e partos 90%. O montante de quotização diminuiu e passa de 700 para 552 UM/ano/pessoa. A vantagem deste cenário é que ele baixa sensivelmente o montante da quotização, colocando a atenção nos grandes riscos. A diminuição do nível de comparticipação das despesas de consulta dá segurança à mutuali- dade, pois verifica-se serem estas prestações as mais difíceis de dominar. O inconveniente reside na diminuição do nível de comparticipação das despesas de consulta que constituía a origem da implementação da mutualidade. Um tal cenário é uma reorientação das prestações da mutualidade que poderia