de Kaposi declinou consideravelmente, o mesmo não ocorreu com os linfomas não-Hodgkin e outras neoplasias “não definidoras de aids”. Todavia, a relação entre o amplo emprego da TARV e o risco de desenvolver neoplasias ainda é pouco conhecido. Outra particularidade relativa à infecção pelo HIV e neoplasias está associada à interação entre os anti- retrovirais e os quimioterápicos, determinando um incremento de risco de toxicidade (4). Por exemplo, o uso de AZT concomitante à quimioterapia acarreta maior risco de toxicidade hematológica. Quando necessário tratar ambas condições, reco- menda-se, sempre que possível, iniciar o tratamento anti-retroviral, buscando melhorar o estado imuno- lógico antes do início do tratamento quimioterápico. Além da definição do melhor momento para iniciar o tratamento, é necessário considerar as possíveis interações medicamentosas entre os anti-retrovirais e as drogas anti-neoplásicas na definição de ambos os esquemas, já que alguns anti-neoplásicos (como a ciclofosfamida, vincristina, vimblastina e o paclitaxel) podem apresentar interações com a maioria dos IP e com os ITRNN disponíveis. Sarcoma.de.Kaposi.(SK) O arcoma de Kaposi é uma neoplasia de baixo grau que atinge tecidos de origem vascular, associado ao vírus HHV8 (Human Herpesvirus 8) (5). O SK foi uma das condições associadas aos primeiros casos de aids relatados na década de 80. Embora sua incidência tenha declinado significativamente com o uso da tera- pia anti-retroviral, a razão de incidência do SK, entre portadores do HIV, permanece mais de três mil vezes maior do que na população em geral (6). As lesões características de sarcoma de Kaposi (SK) são pápulas eritematovioláceas que evoluem para placas arroxeadas com halo amarelo acastanhado ao redor. O SK é considerado condição definidora de aids, independentemente da contagem de linfócitos T-CD4+ (7). Seu aparecimento é mais freqüente em pessoas infectadas pelo HIV do sexo masculino, princi- palmente em homens que fazem sexo com outros homens (HSH). Por outro lado, a imunodeficiência determinada pela infecção pelo HIV é associada ao desenvolvimento do SK (8). O comprometimento cutâneo é o mais freqüente; inicialmente as lesões são indolores, podendo evoluir Guia de Tratamento114 para formação de placas, de dimensões variáveis, tor- nando-se algumas vezes dolorosas e incômodas. Pode ocorrer acometimento de outros órgãos, tais como pulmões, trato gastrintestinal e cavidade oral, entre outros. A biópsia das lesões deve ser realizada sempre que a localização o permitir. Na suspeita de comprometimento pulmonar ou digestivo, exames de imagem e endoscópicos devem ser realizados para definir a localização do tumor. O tratamento de escolha do SK associado à infecção pelo HIV é a TARV, que se associa a uma resposta em 60 a 80% dos casos, mesmo em quadros avançados (9). Além da TARV, o manejo inclui quimioterapia intralesional, radioterapia, aplicação de laser, criote- rapia, aplicação tópica de ácido 9-cis-retinóico, além da quimioterapia sistêmica (QT) com doxorrubicina, bleomicina e vincristina, entre outros possíveis. A QT associa-se a resposta variável entre 25 e 88%, mas com considerável mielotoxicidade, o que dificulta sua utilização por períodos prolongados. O paclitaxel é utilizado como segunda linha em pacientes que apresentaram falha com o tratamento de primeira linha. (4,10). Referências bibliográficas 1. Monforte AD, Abrams D, Pradier C etm al. HIV-induced immunodeficiency and risk of fatal AIDS defining and non- defining malignancies: results from the D:A:D study. In 14th Conference on Retrovirus and Opportunistic Infections. Los Angeles, CA, 25-28 February 2007. Abstract 84. 2. Baker J, Peng G, Rapkin J et al. HIV-related immunes- supression after ART predicts risk of nonopportunistic diseases: results from the FIRST study. In 14th Conference on Retrovirus and Opportunistic Infections. Los Angeles, CA, 25-28 February 2007. Abstract 37. 3. Bonnet F, Lewden C, May T, et al. Malignancy-related causes of death on human immunodeficiency virus-infected patients in the era of highly active antiretroviral therapy. Cancer 2004;101:317-324. 4. American Cancer Society. Cancer Facts and Figures 2007. Atlanta, Ga: American Cancer Society; 2007. 5. Macroft A, Youle M, Gazzard B, Marcinet J, Halai R, Phillips AN. Anti herpes virus treatment and risk of Sarcomas Kaposis in HIV infection. AIDS 1996, 10, 1101-1105. 6. Engels EA, Pfeiffer RM, Goedert JJ, et al. Trends in cancer risk among people with AIDS in the United States 1980- 2002. AIDS 2006;20:1645-1654. 7. Mocroft A, Kirk O, Clumeck N. The changing pattern of Kaposi sarcoma in patients with HIV, 1994-2004. Cancer. 2004;100:2644-2654. 8. International Collaboration of Epidemiological Studies of Cervical Cancer. Cervical cancer and reproductive factors: Collaborative reanalysis of individual data on 16,563 wo- men with cervical carcinoma and 33,542 women without cervical carcinoma from 25 epidemiological studies. In J Cancer. 2006;119:1108-1124.#). 9. Tavio M, Nasti G, Spina M, et al. Highly active anti-retro- viral therapy in HIV related Kaposi’s sarcoma. Ann Oncol 1998;9:923. 10. Levine AM. The treatment of AIDS-related cancers. Lancet Oncol 2003;4:576-581. Linfoma.não-Hodgkin.(LNH) O risco de uma pessoa infectada pelo HIV apresen- tar linfoma não-Hodgkin é 50 a 600 vezes maior do que na população geral. Na ausência de TARV, até 5% dos indivíduos com infecção pelo HIV o desenvolvem (1-3). Quanto à diferenciação, aproximadamente 70 a 90% dos LNH são de grau intermediário ou alto e predominantemente da variante imunoblástica (células grandes, difusas) ou “tipo Burkitt”(4). Mais comumente envolve medula óssea, trato gastrintestinal, fígado e sistema nervoso central; aproximadamente 75% dos casos têm apresentação extranodal. Todo o trato gastrintestinal pode ser acometido, da cavidade oral à região anorretal, o que ocorre em 45% dos casos. As manifestações clínicas são diversas e dependem da localização das lesões; os sinais e sintomas mais freqüentes são sangramento, disfagia, dor abdominal, dor retal e queixas digestivas crônicas e inespecíficas. Nesse caso, exames de imagem como tomografia com- putadorizada indicam o sítio da lesão, orientando a realização de biópsia. Febre, sudorese e emagrecimento estão presentes em até 65% dos casos (5). O tratamento quimioterápico mais comumente utilizado é o esquema CHOP (ciclofosfamida, do- xorrubicina, adriamicina, vincristina e predinisona), em baixas doses. O uso de TARV tem melhorado a tolerância à quimioterapia e favorece a chance maior de remissão completa e sobrevida mais prolongada em relação ao uso de CHOP sem anti-retrovirais (6). Recomendações para Terapia Anti-retroviral em Adultos Infectados pelo HIV 115 Referências bibliográficas 1. Becal V, Petergman L, AIDS associated non Hodgkin Lym- phoma. Lancet 1991, 337 803-809. 2. Hessol NA, Seaberg EC, Preston-Martin S, et al. Cancer Risk Among Participants in the Women’s Interagency HIV Study. JAIDS 2004;36:978-985. 3. Cote TR, Biggar RJ, Rosenberg OS, et al. Non- Hodgkin’s lymphoma among people with AIDS: incidence, presentation and public health burden. AIDS/Cancer Study Group. Int J Cancer. 1997;73:645-50. 4. Engels EA, Rosenberg PS, Frisch M, et al. Cancers associ- ated with Kaposi’s sarcoma (KS) in AIDS : a link between KS herpesvirus and immunoblastic lymphoma. Br J Cancer 2001;85:1298. 5. Gascoyne RD, Thieblemont C, Freedman AS. Indolent non- Hodgkin lymphoma. Hematology 2005:299-320. American Society of Hematology. 6. Antinori A, Cingolani A, Alba L, et al. Better response to chemotherapy and prolonged survival in AIDS-related lym- phomas responding to highly active antiretroviral therapy. AIDS 2001;15:1483-91. Linfoma.Primário.Cerebral.(LPC) O linfoma primário do sistema nervoso central (LPC) é definido como um Linfoma não-Hodgkin