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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 306 de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). A "frente polar" não é propriamente uma zona contínua de pressões baixas à superfície, mas uma faixa muito propícia ao desenvolvimento de vórtices ciclônicos, particularmente em áre- as oceânicas. De fato, o ar frio proveniente da região circumpolar encontra-se ali com o ar quente oriundo dos subtrópicos, favorecendo à formação de núcleos ciclônicos isolados e migratórios, conhecidos como ciclones extratropicais, aos quais estão associados intensos movimentos verti- cais ascendentes, nebulosidade elevada e abundante precipitação. A origem, desenvolvimento e dissipação de um ciclone extratropical dura em geral poucos dias. Em algumas ocasiões vários deles, em diferentes estágios de desenvolvimento, são percebidos em distintos pontos da "frente polar", formando uma verdadeira cadeia de vórtices. Os ciclones extratropicais voltarão a ser abordados oportunamente (Capítulo IX). O modelo de circulação, aqui confrontado com os principais aspectos da realidade, embora simples, é capaz de refletir algumas características importantes da circulação meridional, especi- almente o vento esperado à superfície, pelo menos nas áreas oceânicas. Na realidade, a circulação das células de Hadley é muito mais intensa no hemisfério em que transcorre o inverno. As células de Ferrel são comparativamente muito menos ativas que as de Hadley e a circulação meridional nas latitudes médias está longe de ser entendida em sua ple- nitude. A circulação das células polares ainda é objeto de controvérsias, especialmente a do He- misfério Norte. 11.2 - Circulação zonal. Na Região Tropical, além da circulação meridional decorrente da atividade das células de Hadley, existe uma circulação zonal em larga escala, devida às Células de Walker, assim chama- das em homenagem a Gilbert. Walker que, em 1932, referiu-se à existência desse tipo de circula- ção (Philander, 1990). A circulação de Walker é atribuída basicamente ao aquecimento diferencial que se verifica entre continentes e oceanos, tendo sido melhor compreendida no Hemisfério Sul. A configuração do campo da pressão atmosférica à superfície terrestre, em grandes áreas, normalmente está intimamente relacionada com a temperatura da própria superfície, particular- mente sobre os oceanos. Quando a temperatura da água é elevada, o ar, aquecendo-se em con- tacto com ela, tende a formar um centro de baixa pressão à superfície, o que favorece a à gênese de movimentos verticais ascendentes em larga escala. A atmosfera estimula o oceano de várias maneiras: (1o) interferindo diretamente em sua dinâmica ao lhe transferir energia cinética através do vento; (2o) afetando no fluxo de radiação à superfície do mar, quer na faixa visível quer na faixa infravermelha do espectro eletromagnético, devido às variações na nebulosidade e, eventualmente, na concentração de aerossóis; e, final- mente (3o), alterando a taxa de evaporação, que depende dos demais fatores. As correntes oceâ- nicas geradas ou modificadas pela ação do vento interferem nos fluxos horizontais e verticais de massa e calor no seio da água, também contribuindo para alterar a configuração do campo térmi- co à superfície do mar. Flutuações do vento na camada atmosférica justaposta à superfície do oceano podem desencadear distúrbios oscilatórios no interior da massa líquida. Esses distúrbios são capazes de se propagar vertical e horizontalmente, têm ativa participação na distribuição de energia no interior do oceano e sua duração representa o tempo necessário à acomodação da