Baixe o app para aproveitar ainda mais
Leia os materiais offline, sem usar a internet. Além de vários outros recursos!
Prévia do material em texto
PREPARATÓRIO PARA OAB Professor: Dr. Flávio Tartuce DISCIPLINA: DIREITO CIVIL Capítulo 4 Aula 6 DA INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES. MORA E INADIMPLEMENTO ABSOLUTO Coordenação: Dr. Flávio Tartuce 01 1. Da Mora. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br A mora é o atraso, o retardamento ou a imperfeita satisfação obrigacional. Para que exista a mora, a sua causa não pode ter sido decorrente de caso fortuito ou força maior. O conceito de mora pode ser também retirado da leitura do art. 394 do Código Civil, cujo teor é "considera- se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não o quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer". Não se pode confundir a mora com o inadimplemento absoluto da obrigação, eis que no primeira caso, ao contrário do segundo, a obrigação ainda pode ser cumprida. Pelo conceito que consta do comando legal acima transcrito, percebe-se que há duas espécies de mora: Mora do devedor, mora "solvendi" ou mora "debitoris": situações em que o devedor não cumpre, por culpa sua, a prestação referente a obrigação, de acordo com o que foi pactuado. O principal efeito da mora do devedor é a responsabilização do sujeito passivo da obrigação por todos o prejuízos causados ao credor, mesmo em decorrência de caso fortuito e de força maior, a não ser que estes sejam totalmente externos ao atraso e à obrigação. A mora do devedor pode ser assim subclassificada: a) Mora "ex re" ou mora automática: quando a obrigação for positiva - de dar ou fazer -; líquida certa quanto à existência, determinada quanto ao valor -; e com data fixada para o adimplemento. A inexecução da obrigação implica na mora do devedor de forma automática, sem a necessidade de qualquer providência do credor, como a notificação ou interpelação do devedor, aplicando-se a máxima "dies interpellat pro homine" (o dia do vencimento interpela a pessoa). b) Mora "ex persona" ou mora pendente: se não houver estipulação de termo certo para a execução da obrigação assumida. Desse modo, a caracterização do atraso dependerá de uma providência, do credor ou seu representante, por meio de interpelação, notificação ou protesto do credor. - Mora do credor, mora "accipiendi" ou mora "creditoris": situações em que o credor se recusa a aceitar o adimplemento da obrigação no tempo, lugar e forma pactuados, sem ter justo motivo para tanto. O seu principal efeito é afastar a responsabilidade do devedor, isento de dolo, pela conservação do objeto da prestação. Desse modo, havendo mora do credor, se a coisa se perder por culpa do devedor, não haverá responsabilidade do mesmo. Outro efeito da mora do credor é obrigar o credor a ressarcir o devedor pelas despesas empregadas na conservação da coisa. Também a mora sujeita o credor a receber a coisa pela sua mais alta estimação, se o seu valor oscilar entre o tempo do contrato e o do cumprimento da obrigação. Quando as moras são simultâneas mora do devedor e do credor em uma mesmo situação, uma elimina a outra, como se nenhuma das partes houvesse incorrido em mora. Ocorre, nesse sentido, uma espécie de "compensação dos atrasos". Aula 6 02 2 - DOS JUROS MORATÓRIOS Como vimos, um dos principais efeitos da mora do devedor é que esse passa a dever juros, denominados juros moratórios e conceituados pela doutrina como sendo um fruto civil ou rendimento. Na verdade, há duas espécies de juros: A) Juros Compensatórios - aqueles que decorrem de uma utilização consentida do capital alheio, no caso de inadimplemento total da obrigação. Lembramos aqui a regra do art. 591 do Código Civil atual, pelo qual "se o mútuo tiver fins econômicos, os juros presumir-se-ão devidos, mas não poderão exceder à taxa legal". B) Juros Moratórios - constituem um ressarcimento imputado ao devedor pelo retardamento consentido no cumprimento da obrigação. Regra geral, os juros moratórios são devidos desde a constituição em mora e independem da alegação e prova do prejuízo suportado. Quanto aos juros moratórios legais, se as partes não convencionarem por instrumento obrigacional, serão os mesmos devidos na taxa que "estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional" (artigo 406 do novo Código Civil). Dúvidas surgem em relação a previsão do art. 406 do Código Civil, acerca do valor máximo de taxa de juros moratórios, com a emergência da nova regra, principalmente na ausência de previsão contratual. Alguns autores se posicionam no sentido dessa taxa ser a SELIC. Entretanto, outros sustentam a inconstitucionalidade da mesma posição com a qual nos filiamos. Entendemos que a melhor interpretação a ser dada é a consubstanciada no Enunciado nº 20 da I Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justiça Federal, cuja redação segue: “A taxa de juros moratórios a que se refere o art. 406 é a do art. 161, §1º, do Código Tributário Nacional, ou seja 1% (um por cento) ao mês. A utilização da taxa SELIC como índice de apuração dos juros legais não é juridicamente segura, porque impede o prévio conhecimento dos juros; não é operacional, porque o seu uso será inviável sempre que se calcularem somente juros ou somente correção monetária; é incompatível com a regra do art. 591 do novo Código Civil, que permite apenas a capitalização anual dos juros, e pode ser incompatível com o art. 192, §3º, da Constituição Federal, se resultarem juros reais superiores a 12% (doze por cento) ao ano". 3. DA PURGAÇÃO DA MORA A expressão purgar “a mora” significa afastar ou neutralizar os seus efeitos do atraso decorrentes. Pela purgação ou emenda da mora, tanto o credor quanto o devedor que incorreu em mora corrigem, sanam a falta cometida, cumprindo com a obrigação ainda em tempo hábil ao adimplemento. Assim, a purgação da mora pelo devedor se dá pela oferta da prestação, com o acréscimo de juros, correção monetária, multa e honorários advocatícios, sem prejuízo das eventuais perdas e danos. Já a purgação da mora pelo credor ocorre quando esse se oferece para receber ou para que a outra parte cumpra com a obrigação, sujeitando-se aos efeitos da mora já ocorridos. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 03 4. INADIMPLEMENTO ABSOLUTO DA OBRIGAÇÃO Não cumprindo o sujeito passivo a prestação, responde o mesmo pelo valor correspondente ao objeto obrigacional, acrescido das perdas e danos, mais juros compensatórios, cláusula penal, atualização monetária, custas e honorários de advogado. Essa a regra contida no artigo 389 do Código Civil, que trata do inadimplemento das obrigações positivas (dar e fazer). Já no caso da obrigação de não fazer ou negativa (artigo 390 do Código Civil), o inadimplemento terá início no dia em que o ato foi executado. Ao contrário da mora, no inadimplemento a obrigação não pode ser mais cumprida, sendo maiores as suas conseqüências. Prevê o aritigo 391 do Código Civil que pelo inadimplemento do devedor respondem todos os seus bens, presente aqui o elemento espiritualda obrigação: o vínculo existente entre credor e devedor. Nesse caso, passará o devedor a responder pelas perdas e danos, que conforme artigos. 402 a 404 do novo Código Civil englobam: A) Danos emergentes ou danos positivos: valores já desembolsados por alguém. B) Lucros cessantes ou danos negativos: valores que a pessoa deixa de receber. Havendo inadimplemento obrigacional e, portanto, responsabilidade civil contratual, a parte prejudicada pode pleitear ainda os danos morais, conforme art. 5º, V e X, da Constituição Federal de 1.988. Vale lembrar que, em regra, os danos devem ser provados pelo autor da ação, conforme prevê o art. 403 do próprio Código Civil em vigor. 5. A CLÁUSULA PENAL A cláusula penal é a penalidade imposta pela inexecução parcial ou total da obrigação (infração contratual) ou pela mora no cumprimento da obrigação. É pactuada pelas partes no caso de violação do contrato, motivo pelo qual é também chamada de multa contratual (ou pena convencional), tendo NATUREZA ACESSÓRIA. São funções da cláusula penal: A) coerção - intimida o devedor a saldar a obrigação principal para não ter que pagar a acessória. B) ressarcimento - pré-fixação das perdas e danos no caso de inadimplemento da obrigação. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 04 A cláusula penal pode se classificada em: A) multa compensatória - no caso de inadimplemento (inexecução) total da obrigação. B) multa moratória - mora ou atraso no cumprimento da obrigação. O limite da cláusula penal compensatória é o valor da obrigação principal (art. 412 do nCC). Tal valor não pode ser excedido, cabendo eventual redução da multa pelo magistrado. No entanto, algumas normas limitam o valor da cláusula penal moratória: A) 10% (dez por cento) para os casos dos contratos civis, conforme prevê o art. 9º da Lei de Usura (Lei n. 22.626/1933); B) 2% (dois por cento) da dívida em contratos sob a égide do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90); C) 2% (dois por cento) da dívida devidas em condomínio edilício ou horizontal. Em total sintonia com o princípio da função social do Contrato, o artigo 413 do novo Código Civil prevê que se houver cumprimento parcial da obrigação ou sendo a multa onerosamente excessiva deverá o magistrado reduzir proporcionalmente a pena prevista no contrato. Entendemos que tal decisão poderá ser declarada "ex officio" pelo Magistrado, por envolver questão de ordem pública e porque o art. 413 do nCC utiliza a expressão "deverá". Para exigir cláusula penal, a parte não precisa provar o prejuízo (art. 416, "caput", do nCC). Regra geral, ainda que o prejuízo exceda a cláusula penal, o prejudicado não pode exigir indenização suplementar se tal regra não constar do contrato. Mas se no contrato estiver prevista a possibilidade de cumulação, funciona a multa como taxa mínima de indenização, cabendo ao credor provar o prejuízo excedente. Essa regra não constava do Código anterior e foi inserida no artigo Parágrafo Único do artigo 416 do novo Código Civil. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br
Compartilhar