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Considerações gerais sobre os anti-helmínticos

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@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
 
 
1 
As doenças ocasionadas pelos 
helmintos representam um grande 
problema socioeconômico. 
Muitos desses parasitos têm 
fundamental importância em saúde 
pública, uma vez que apresentam alto 
potencial zoonótico. 
Na Medicina Veterinária, os prejuízos 
diretos e indiretos causados pelas 
helmintoses são traduzidos em perdas 
altíssimas para a pecuária. 
Os animais de companhia e silvestres 
também são suscetíveis a um grande 
número de espécies de helmintos. 
Nos dias atuais, o controle de 
helmintos ainda é fundamentado, 
quase totalmente, na utilização de 
anti-helmínticos, o termo utilizado para 
definir os medicamentos empregados 
para tratamento de animais infectados 
por helmintos. 
A finalidade do tratamento é limitar a 
eliminação de ovos e larvas nas fezes 
e, consequentemente, reduzir o 
número de estágios infectantes no 
meio onde vivem os hospedeiros. 
Os anti-helmínticos usados no passado 
apresentavam reduzido espectro de 
ação e estreita margem de 
segurança. 
Na década de 1960, foram 
descobertos os benzimidazóis, com o 
lançamento do tiabendazol. 
Esses medicamentos, com amplo 
espectro de atividade, maior eficácia e 
menor toxicidade, revolucionaram o 
conceito de anti-helmíntico. 
Entretanto, a emergência de 
nematódeos resistentes ocorreu 
alguns anos após o lançamento dos 
benzimidazóis, em virtude do uso 
excessivo desses medicamentos. 
Como consequência da resistência, 
ainda na década de 1960, foram 
sintetizadas novas moléculas da 
mesma classe e de outros anti-
helmínticos de amplo espectro de 
ação: os imidazotiazóis., as pirimidinas 
e as salicilanilidas. 
No início da década de 1980, foram 
descobertas as lactonas macrocíclicas 
(avermectinas e milbemicinas), com 
ação sobre endo e ectoparasitos 
(endectocidas). 
Em 2008, surgiu uma nova classe de 
anti-helmínticos: os derivados de 
aminoacetonitrila (AAD), com a 
síntese do monepantel. 
Recentemente, esse princípio ativo 
passou a ser comercializado no 
mercado veterinário do Brasil (Zolvix). 
 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
 
 
2 
Classificação e caracterização 
Os principais helmintos de interesse 
veterinário podem ser agrupados em 
dois filos, de acordo com sua etiologia: 
o filo Nemathelminthes, que 
compreende os nematódeos, e o filo 
Platyhelminthes, formado pelos 
cestódios e trematódeos. 
Os nematódeos apresentam corpo 
cilíndrico, alongado, não segmentado 
e constituem a classe de maior 
destaque entre os helmintos, por sua 
patogenicidade e ampla distribuição 
geográfica (p. ex., Ascaris spp., 
Haemonchus spp., Ancylostoma spp.). 
 
Os cestódios apresentam corpo 
achatado e segmentado, semelhante a 
uma fita (Dipylidium caninum, Moniezia 
spp., Anoplocephala spp.). 
 
 
 
Geralmente, esses agentes não 
causam graves lesões nos animais, 
mas alguns apresentam alto potencial 
zoonótico, uma vez que os animais 
domésticos participam na cadeia 
epidemiológica de zoonoses, como o 
complexo teníase/cisticercose, em 
que suínos são hospedeiros 
intermediários de Taenia solium, e na 
hidatidose, em cujo ciclo figura o cão 
como hospedeiro definitivo de 
Echinococcus granulosus. 
Já os trematódeos têm corpo 
achatado não segmentado, 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
 
 
3 
geralmente com aspecto de folha, 
como Fasciola hepatica, um dos 
parasitos de maior interesse para a 
Medicina Veterinária, em virtude dos 
prejuízos causados à bovinocultura, e 
Platynosomum spp., que acomete os 
gatos. 
 
Ação no hospedeiro 
Os prejuízos decorrentes das 
helmintoses nos animais se traduzem, 
principalmente, por perda de peso, 
crescimento tardio e predisposição a 
outras doenças. 
As ações obstrutivas (Ascaris spp., 
Dirofilaria immitis), compressiva 
(hidátide), traumática (Bunostomum 
spp.), espoliadora (Fasciola hepatica) e 
enzimática (Strongyloides spp.) dos 
parasitos sobre o hospedeiro 
resultam, sobretudo, em menor 
absorção e digestão de nutrientes, 
interferência no fluxo dos alimentos, 
lesões teciduais, perda de sangue e 
de proteínas e bloqueio da passagem 
do ar, alterando, deste modo, as 
funções orgânicas do hospedeiro. 
Outro aspecto das infecções 
parasitárias refere-se à resposta aos 
nematódeos gastrintestinais, 
geralmente do tipo Th2. 
Essas infecções geralmente estão 
associadas à eosinofilia tecidual, que 
contribui para a patogênese das 
nematodioses, com liberação de 
mediadores inflamatórios. 
O controle de helmintos foi sempre 
fundamentado na aplicação de 
medicamentos anti-helmínticos em 
esquemas curativo, tático, estratégico 
e seletivo. 
Este último utilizando o método 
Famacha, que objetiva identificar 
clinicamente animais resistentes, 
resilientes e sensíveis às infecções 
parasitárias, otimizando o uso do anti-
helmíntico e retardando o 
aparecimento da resistência. 
O desenvolvimento deste método 
ocorreu em virtude da resistência de 
Haemonchus contortus de ovinos aos 
anti-helmínticos, e consiste em 
identificar os animais por meio da 
coloração da conjuntiva ocular, que 
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4 
poderiam apresentar haemonchose 
clínica, e trata-los individualmente. 
 
As colorações da conjuntiva foram 
preestabelecidas, com auxílio de 
computação gráfica, representando 
cinco graus (1 a 5), após o estudo de 
associação entre a coloração da 
conjuntiva, o valor do volume globular 
e a ocorrência do parasito em ovinos. 
Os medicamentos classificados como 
anti-helmínticos são usados no 
controle dos endoparasitos 
(nematódeos, cestódios e 
trematódeos), localizados nos órgãos 
e tecidos dos animais, principalmente 
no sistema digestório. 
Alguns anti-helmínticos têm, também, 
atividade sobre ectoparasitos, sendo 
conhecidos como endectocidas. 
Propriedades dos anti-
helmínticos 
O mercado oferece um considerável 
número de medicamentos eficazes e 
seletivos no tratamento das 
helmintoses. 
Um medicamento anti-helmíntico ideal 
caracteriza-se por apresentar 
composição química estável; ação em 
estágios adultos e imaturos em 
desenvolvimento ou inibidos; ação em 
diversas espécies de helmintos; 
eficácia contra cepas resistentes a 
outros anti-helmínticos; não interferir 
no estabelecimento da imunidade; fácil 
administração; uso em dose única ou 
esquemas de curta duração; boa 
tolerabilidade pelo hospedeiro; alta 
margem de segurança (pelo menos 
seis vezes mais do que dose 
terapêutica); boa palatabilidade; 
compatibilidade com outros 
compostos; ausência de resíduos no 
leite e nos tecidos que possam 
requerer um longo período de 
carência e favorável relação 
custo/benefício. 
A dose ótima de um anti-helmíntico, 
determinada pelo fabricante, é aquela 
necessária à eliminação de alta 
proporção (mais de 95%) de 
parasitos adultos, com adequada 
segurança. 
Classificação dos anti-
helmínticos 
Os anti-helmínticos são classificados 
por sua constituição química em: 
 Compostos inorgânicos 
à base de sais de metais, que foram 
muito utilizados como medicamentos 
anticestódios (p. ex., arseniato de 
chumbo). 
 
 
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5 
 Compostos orgânicos naturais 
foram principalmente usados no 
tratamento das helmintoses de aves 
(p. ex., arecolina) 
 Compostos orgânicos sintéticos 
atualmente os mais utilizados, sendo 
formado por vários grupos químicos 
(substitutos fenólicos, salicilanilidas, 
pirimidinas, benzimidazóis, 
imidazotiazóis, avermectinas, 
milbemicinas e derivados da 
aminoacetonitrila). 
Formulação e administração 
Com a evolução dos medicamentos 
anti-helmínticos surgiram, 
paralelamente, diferentes formulações 
e modosde aplicação. 
Os anti-helmínticos são administrados 
nos animais pelas vias oral, parenteral 
ou cutânea (pour-on e spot-on). 
A baixa solubilidade na água de alguns 
compostos anti-helmínticos tem sido 
uma das limitações no 
desenvolvimento de formulações mais 
estáveis e não irritantes para 
administração parenteral. 
Os anti-helmínticos considerados 
insolúveis são, geralmente, formulados 
como suspensão e usados pela via 
oral, enquanto os solúveis são 
apresentados na forma de solução e 
utilizados pelas vias cutânea, 
parenteral ou oral. 
As preparações injetáveis de anti-
helmínticos são administradas pelas 
vias subcutânea ou intramuscular, 
dispersando-se facilmente a partir do 
sítio de aplicação, sendo um método 
prático para rebanhos numerosos. 
Na aplicação cutânea, o medicamento 
é aplicado na linha do dorso (pour-on) 
ou na região cervical (spot-on) dos 
animais. 
A pele dos animais é rica em folículos 
pilosos, o que, provavelmente, facilita 
a maior absorção dos medicamentos. 
Para boa e rápida penetração através 
da pele é necessário que o 
medicamento seja lipossolúvel e 
hidrossolúvel, pois a solubilidade nas 
gorduras favorece a penetração nos 
folículos e no estrato córneo, e a 
solubilidade nos fluidos orgânicos 
propicia maior absorção a partir do 
sítio de aplicação. 
Os elementos climáticos, como 
temperatura e precipitação, parecem 
influenciar a eficácia dos produtos 
com esta formulação. 
Nas épocas frias e chuvosas ocorre 
menor absorção cutânea do anti-
helmíntico. 
Em ovinos, a absorção do 
medicamento é dificultada pela 
presença de lanolina na lã. 
Absorção e distribuição 
Os parasitos entram em contato com 
o anti-helmíntico pela fração não 
absorvida da dose, que permanece no 
sistema gastrintestinal, e pela fração 
absorvida, que, através da corrente 
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6 
sanguínea, alcança o intestino e 
outros órgãos. 
Os anti-helmínticos são absorvidos no 
estômago e no intestino (preparações 
orais), pelos tecidos subcutâneo e 
muscular (preparações injetáveis) e 
pela pele (pour-on/ spot-on), 
penetrando na circulação sistêmica, 
sendo transportados para diferentes 
tecidos e órgãos, particularmente para 
o fígado, no qual são 
biotransformados e, posteriormente, 
excretados nas fezes e urina. 
A biotransformação do anti-helmíntico 
é importante na determinação da sua 
eficácia, pois resulta na produção dos 
metabólitos farmacologicamente 
ativos, podendo ocorrer no rúmen 
(fembenbazol e albendazol), no qual 
são reduzidos de sulfito para sulfóxido 
(metabólito ativo) e no fígado, local 
onde acontecem as maiorias das 
reações de oxidação e hidroxilação 
dos antiparasitários. 
Frequentemente, os medicamentos 
retornam por difusão passiva para o 
sistema gastrintestinal na forma de 
metabólitos ativos. 
Compostos solúveis ou 
biotransformados em produtos 
solúveis que não se associam 
fortemente às proteínas plasmáticas 
podem ser eliminados pela urina. 
A associação de medicamentos 
(salicilanilidas e substitutos fenólicos) 
com proteínas plasmáticas pode ser 
importante no transporte e na 
diminuição da velocidade de 
eliminação pelo organismo, fazendo 
com que a meia-vida do medicamento 
seja longa. 
Geralmente, esta associação é 
desfeita no fígado, e, após a 
biotransformação, o medicamento é 
eliminado pela bile e fezes. 
Fatores relacionados com o 
parasito 
Espécies e estágios do parasito 
O hospedeiro geralmente abriga 
várias espécies de helmintos e nem 
todos os parasitos têm a mesma 
sensibilidade aos diversos grupos 
químicos de anti-helmínticos. 
Os estágios imaturos são, de um 
modo geral, menos sensíveis à ação 
dos medicamentos, quando 
comparados ao estágio adulto. 
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7 
Dessa forma, quando os adultos são 
eliminados, estes podem ser 
rapidamente substituídos pelo 
desenvolvimento dos estágios 
imaturos. 
Carga parasitária 
O elevado número de parasitos no 
sistema gastrintestinal diminui 
significativamente a biodisponibilidade 
de alguns medicamentos. 
O nematódeo Trichostrongylus 
colubriformes, por exemplo, tem 
capacidade de reduzir a 
biodisponibilidade dos metabólitos do 
febantel, enquanto nas infeções pelo 
trematódeo F. hepatica, o processo 
de sulfonação do albendazol é 
alterado pela redução da enzima 
mono-oxigenase no fígado. 
 
Resistência de parasitos aos anti-
helmínticos 
O tratamento das helmintoses é 
frequentemente prejudicado pelo 
desenvolvimento da resistência dos 
helmintos aos medicamentos. 
O uso em grande escala, a dosificação 
inadequada e a rotação continuada de 
substâncias químicas têm propiciado 
uma pressão de seleção sobre as 
populações de parasitos, de forma 
que apenas os indivíduos que 
apresentam alguma alteração 
genética que leve à resistência aos 
compostos anti-helmínticos 
sobrevivem à sua exposição. 
Com isto, doses previamente eficazes 
tornam-se ineficazes e os helmintos 
que resistem transmitem esta 
característica a sua progênie, 
assegurando o desenvolvimento 
progressivo de populações resistentes. 
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8 
Contudo, vale ressaltar que existem 
populações de helmintos que 
possuem habilidade natural para 
sobreviver ao primeiro contato com o 
anti-helmíntico, o que é conhecido 
como “tolerância”. 
A resistência tem sido observada em 
populações de helmintos que 
parasitam as mais diversas espécies 
animais, como cães, equinos e 
ruminantes. 
Porém, a frequência é maior em 
ovinos e caprinos. 
A resistência pode ser caracterizada 
como resistência paralela, quando 
observada entre os princípios ativos 
do mesmo grupo químico, com modo 
de ação similar; ou resistência múltipla 
ou cruzada, quando ocorre entre os 
grupos químicos que envolvem 
diferentes mecanismos de ação. 
A evolução da resistência pode ser 
retardada pelo desenvolvimento de 
programas estratégicos que permitam 
o uso seletivo de anti-helmínticos e o 
rodízio lento de medicamentos com 
diferentes mecanismos de ação. 
Fatores relacionados com o 
medicamento 
Tamanho e solubilidade 
A eficácia e a toxicidade dos anti-
helmínticos estão na dependência do 
tamanho e da solubilidade da partícula 
do medicamento, por determinarem a 
taxa de absorção no sistema 
gastrintestinal. 
Nos anti-helmínticos pouco solúveis, 
como alguns benzimidazóis 
(fembendazol e albendazol), o 
tamanho da partícula do princípio ativo 
é fundamental para sua dissolução no 
fluido gastrintestinal. 
Quanto menor a partícula, melhor a 
taxa de dissolução. 
Estes medicamentos permanecem na 
forma de precipitados sólidos no 
lúmen gastrintestinal por um período 
maior do que os compostos solúveis 
(tiabendazol) e se dissolvem 
lentamente, de modo que as 
concentrações são mantidas por 
longos períodos no plasma e no 
intestino, fazendo com que os 
medicamentos sejam mais efetivos 
contra vários estágios de 
desenvolvimento do parasito, incluindo 
os estágios inibidos. 
Os compostos solúveis, por sua 
reduzida absorção gastrintestinal, 
asseguram a eficácia do medicamento 
sobre os parasitos que vivem no 
lúmen do sistema digestório. 
Estes medicamentos são, 
consequentemente, menos tóxicos 
para o hospedeiro. 
Biotransformação 
Geralmente é aceito que a 
biotransformação reduz a potência do 
medicamento. 
Isto é menos importante para o 
closantel e as lactonas macrocíclicas, 
que são excretados sem sofrer 
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9 
alteração, mas é relevante para os 
benzimidazóis, que são absorvidos no 
sistema gastrintestinal, particularmente 
no rúmen, e sua forma reduzida, o 
sulfóxido, que apresenta ótima 
atividade sobreos helmintos. 
Dose 
Um dos principais problemas 
relacionados aos anti-helmínticos 
é o uso de doses superiores ou 
inferiores às recomendadas pelos 
fabricantes. 
Quando se aumenta a dose do 
medicamento, a margem de 
segurança diminui. 
Doses repetidas, muitas vezes, são 
mais efetivas do que uma dose única 
maior, devido à natureza da ação 
antiparasitária de alguns 
medicamentos. 
Os benzimidazóis, por exemplo, 
dependem de maior tempo de 
contato com o parasito para exercer 
sua ação. 
As subdosagens, por sua vez, 
selecionam mais rapidamente os 
parasitos resistentes dentro da 
população. 
Via de administração 
A biotransformação e a excreção dos 
anti-helmínticos podem ser 
influenciadas pela via de administração 
utilizada. 
A disponibilidade da ivermectina, após 
administração intrarruminal, foi de 29 
a 40%, quando comparada com 100% 
na administração intra-abomasal. 
A melhor eficácia dos benzimidazóis 
depende da sua passagem pelo 
rúmen; assim, a administração 
intrarruminal resulta em maiores níveis 
de concentração plasmática. 
Formulação 
A farmacocinética e a eficácia de um 
produto estão estreitamente 
relacionadas com a sua formulação. 
Os veículos, os estabilizadores e o 
tamanho da partícula do princípio ativo 
estão associados à qualidade da 
formulação de um produto. 
Fatores relacionados com o 
hospedeiro 
Espécie animal e raças 
Um outro aspecto da eficácia dos 
medicamentos anti-helmínticos é sua 
utilização nas várias espécies animais 
e raças. 
Muitos medicamentos têm seu uso 
limitado em determinadas espécies 
animais, sendo este limite relacionado 
com a eficácia sobre as espécies de 
parasitos, a farmacocinética e a 
tolerabilidade pelo hospedeiro. 
As doses dos benzimidazóis indicadas 
para ovinos parecem não ter a 
mesma eficácia no controle de 
parasitos em caprinos, isto 
provavelmente devido a menor 
biodisponibilidade dos compostos, após 
administração oral, nos caprinos, 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
 
 
10 
resultante de absorção gastrintestinal 
menos eficiente. 
A composição e fisiologia da pele 
podem aumentar a dissolução do 
medicamento e, assim, facilitar a 
absorção percutânea de compostos 
aplicados topicamente nos animais. 
A disponibilidade sistêmica da 
eprinomectina, após tratamento pour-
on, foi menor em caprinos do que 
nos bovinos, como consequência de 
diferenças na absorção e deposição 
deste medicamento na pele 
Condições fisiológicas 
A condição corporal do animal pode 
ter influência na distribuição tissular e 
na meia-vida de eliminação de 
medicamentos anti-helmínticos, 
principalmente aqueles com grande 
afinidade por tecido adiposo, como as 
lactonas macrocíclicas. 
A presença de parasitos no sistema 
gastrintestinal pode modificar o pH do 
fluido digestivo, a permeabilidade da 
mucosa e a motilidade intestinal, 
alterando a farmacocinética dos 
compostos anti-helmínticos. 
Doenças hepáticas podem também 
interferir na biodisponibilidade destes 
compostos. 
Tipo e qualidade dos alimentos 
Variações na dieta podem alterar a 
biodisponibilidade do medicamento, 
por interferência no trânsito 
gastrintestinal e no pH. 
O comportamento farmacocinético 
dos compostos pode ser influenciado 
pelo fluxo da digestão, que interfere 
na deposição do medicamento no 
sistema gastrintestinal. 
O rúmen atua como um reservatório 
dos benzimidazóis, a partir do qual 
concentrações plasmáticas podem ser 
mantidas por longos períodos. 
A grande dimensão do rúmen e a 
mistura do anti-helmíntico com o 
conteúdo ruminal resultam em 
diminuição da sua taxa de absorção e 
aumento do tempo de permanência 
no órgão. 
Por outro lado, o tempo de 
permanência do medicamento no 
rúmen depende do fluxo da digestão, 
estando este relacionado com a 
qualidade e a quantidade do alimento. 
A ingestão de forragem fresca com 
alto conteúdo de água aumenta a 
taxa de trânsito gástrico e reduz o 
período de absorção e reciclagem do 
medicamento. 
A parte do medicamento que não foi 
associada à digestão contribui para o 
aumento precoce de seus metabólitos 
no plasma, e a absorção progressiva 
da parte associada mantém estes 
níveis plasmáticos 
Mudanças nos pH ruminal, abomasal e 
intestinal influenciam a eficácia do 
medicamento por interferência da 
solubilidade do princípio ativo. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
 
 
11 
Os benzimidazóis, como, por exemplo, 
o fembendazol, é mais absorvido em 
meio alcalino. 
Reflexo da goteira esofágica 
Outro aspecto da administração oral 
de anti-helmínticos é o efeito do 
fechamento da goteira esofágica 
(goteira reticular) sobre a distribuição 
do medicamento. 
Este efeito tem sido observado com 
o uso de benzimidazóis e ivermectina, 
em caprinos. 
Com o fechamento da goteira 
reticular, a dose administrada deixa de 
passar pelo rúmen e segue 
diretamente para o abomaso, 
resultando em rápido aumento da 
concentração plasmática e redução 
do tempo de permanência do 
medicamento nos compartimentos 
gástricos, consequentemente menor 
biodisponibilidade plasmática dos 
metabólitos ativos, interferindo 
negativamente na sua eficácia 
As bases farmacológicas empregadas 
no tratamento dos helmintos 
interferem, principalmente, na 
produção de energia, na coordenação 
neuromuscular e na dinâmica 
microtubular, causando a destruição 
dos parasitos por inanição, quando 
são esgotadas suas reservas 
energéticas, ou a sua morte e 
expulsão decorrente de paralisia 
Os helmintos obtêm sua energia 
principalmente por meio da 
fermentação anaeróbica dos 
carboidratos. 
A glicose é o maior substrato para 
produção desta energia e a 
diminuição de sua absorção para o 
interior do parasito resulta na redução 
dos níveis de ATP e glicogênio e, 
consequentemente, na morte do 
helminto. 
A sobrevivência dos parasitos pode 
ser também comprometida quando o 
medicamento produz alterações das 
funções celulares básicas, como o 
bloqueio na polimerização da tubulina, 
proteína estrutural, interferindo na 
dinâmica microtubular, levando a 
perda de homeostase celular e 
consequente morte do parasito. 
A interferência na coordenação 
neuromuscular ocorre quando o anti-
helmíntico inibe a ação de 
neurotransmissores excitatório 
(acetilcolina) ou inibitório (ácido gama-
aminobutírico – GABA, glutamato), 
atuam como agonista de alta afinidade 
sobre a subunidade alfa de canais 
iônicos seletivos ao cloro, estimulando 
os receptores pré-sinápticos da 
latrofilina ou agindo sobre receptores 
nicotínicos (nAChR) encontrados 
apenas em nematódeos, o que resulta 
em paralisia espástica ou flácida do 
parasito. 
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12 
As associações de medicamentos têm 
por finalidade aumentar (sinergismo) 
ou complementar sua atividade contra 
os helmintos, ampliando o espectro de 
ação. 
Associações de antinematódeos e 
fasciolicidas, como, por exemplo, 
ivermectina associada ao clorsulon, 
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13 
têm sido utilizadas, mostrando maiores 
vantagens do que preparações de 
uso restrito para nematódeos ou 
trematódeos. 
Associações de compostos efetivos 
contra ascarídeos, ancilostomídeos e 
cestódios estão disponíveis para 
pequenos animais, como o 
praziquantel associado ao pirantel ou 
febantel. 
Outras associações entre 
nematodicidas e cestodicidas (lactonas 
macrocíclicas e praziquantel, pamoato 
de pirantel e praziquantel) estão 
disponíveis para utilização em equinos, 
em virtude da cólica verminótica 
ocasionada pelo cestódio 
Anoplocephala perfoliata. 
As associações só têm real valor 
quando a indicação dos medicamentos 
coincide com a dosificação estratégica 
parao controle dos parasitos. 
O uso intensivo e incorreto dos anti-
helmínticos, com o consequente 
desenvolvimento de resistência pelos 
parasitos, tem limitado o sucesso de 
programas de controle 
fundamentados na utilização desses 
medicamentos. 
Ademais, o tempo entre a descoberta 
de novas moléculas e o lançamento 
de um novo antiparasitário pode levar 
anos e consumir milhões de dólares, o 
que justifica que os produtos 
atualmente no mercado sejam 
utilizados de maneira racional. 
O moderno manejo parasitário 
envolve um controle integrado e mais 
sustentável, e é fundamentado na 
combinação de três princípios básicos: 
manejo dos sistemas de pastagens; 
estimulação da resposta do 
hospedeiro; e modulação da biologia 
do parasito. 
A atividade anti-helmíntica de diversas 
plantas tem sido atribuída aos 
metabólitos secundários, como 
taninos, flavonoides, alcaloides, 
saponinas, componentes sulfurados e 
óleos essenciais. 
Esses compostos são produzidos em 
pequenas quantidades e não 
essenciais ao desenvolvimento da 
planta, mas sua produção está 
relacionada com a defesa da mesma 
contra agentes externos 
(microrganismos, insetos e 
predadores), proteção da radiação 
ultravioleta e atração de polinizadores. 
Plantas com moderada atividade anti-
helmíntica, mesmo com eficácia 
inferior aos produtos sintéticos, 
podem fazer parte de um programa 
integrado de controle parasitário em 
sistemas de produção de ruminantes. 
O uso de produtos obtidos de plantas 
em associação aos medicamentos 
sintéticos poderá contribuir para 
aumentar a vida útil de anti-
helmínticos disponíveis no mercado. 
 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
 
 
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SPINOSA, H. S., et al. (2017). Farmacologia aplicada à Medicina Veterinária. 6ª edição. 
Rio de Janeiro: Guanabara. Koogan Capítulo 42 – Considerações Gerais sobre os 
Anti-helmínticos.

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