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A Essência e os Atributos de Deus - Cópia

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A Essência e os 
Atributos de Deus 
 
 
Título original: The Essence of God 
 
 
 
Extraído de: The Christians Reasonable Service 
 
 
 
Por Wilhelmus à Brakel (1635-1711) 
 
Traduzido, Adaptado e 
Editado por Silvio Dutra 
 
 
 
 
Mai/2017 
 
 
 
 
 
 
http://www.amazon.com/gp/product/B00A6EQVTE?ie=UTF8&camp=1789&creativeASIN=B00A6EQVTE&linkCode=xm2&tag=thethreshold-20
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 B794 
 à Brakel, Wilhelmus – 1635 - 1711 
 A essência e os atributos de Deus / Wilhelmus à 
 Brakel / Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – 
 Rio de Janeiro, 2017. 
 126p; 14,8x21cm 
 Título original: The Essence of God 
 
 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, 
 Silvio Dutra I. Título 
 CDD 230 
 
3 
 
 Sumário 
 
Os Nomes de Deus................................ 4 
O Nome JEOVÁ........................................ 5 
O Nome ELOHIM..................................... 12 
A Essência de Deus............................... 14 
Os Atributos Incomunicáveis de 
Deus...................................................... 
 
 16 
A Perfeição de Deus................................... 19 
A Eternidade de Deus................................ 20 
A Infinitude e a Onipresença de Deus........... 24 
A Simplicidade de Deus.............................. 31 
A Imutabilidade de Deus............................ 38 
Os Atributos Comunicáveis de Deus.... 43 
O Conhecimento de Deus........................... 43 
A vontade de Deus................................ 65 
Nossa Conduta e a Vontade de Deus.... 76 
A Santidade de Deus............................. 85 
A Bondade de Deus............................... 87 
A Bondade de Deus............................... 90 
A Graça de Deus.................................... 92 
A Misericórdia de Deus......................... 94 
A Longanimidade de Deus.................... 96 
A Justiça de Deus.................................. 100 
O Poder de Deus.................................... 107 
O dever do cristão de refletir sobre os 
atributos de Deus.................................. 
 
113 
Instruções para refletir sobre os 
atributos de Deus.................................. 
 
122 
 
4 
 
Ao considerar a doutrina de Deus, discutiremos 
Seus Nomes, Sua essência, Seus atributos e Sua 
Pessoa divina. Além disso, também consideraremos 
as obras de Deus: Suas obras intrínsecas e 
extrínsecas, bem como Suas obras no reino da 
natureza e no reino da graça. 
 
Os Nomes de Deus 
Para falar de Deus aos outros, é necessário ter uma 
palavra para indicar de quem estamos falando. 
Embora seja claro que tal descrição não é necessária 
para distinguir Deus de outros deuses, pois há apenas 
um Deus. Como era suficiente para o primeiro 
humano ter apenas um nome, "homem", pois não 
havia outro no princípio. Como ele, o Salvador não 
tinha necessidade de outro nome senão "Jesus", isto 
é, Salvador, não havendo senão um tal Salvador, 
também Deus não precisa de outro nome senão 
"Deus". 
 
 
 
5 
 
O Nome JEOVÁ 
Embora um nome não possa possivelmente 
expressar o Ser infinito, tem agradado ao Senhor dar-
se um nome pelo qual Ele deseja ser chamado - um 
nome que indicaria Sua essência, a maneira de Sua 
existência e a pluralidade de Pessoas divinas. O nome 
que é indicativo de Sua essência é Jeová, sendo 
abreviado como Jah. O nome que é indicativo da 
trindade das Pessoas é Elohim. Muitas vezes há uma 
combinação destas duas palavras resultando em 
Jeová. As consoantes desta palavra em hebraico 
(YWHW) constituem o nome Jeová, enquanto as 
vogais produzem o nome Elohim. Muito 
frequentemente estes dois nomes são colocados lado 
a lado da seguinte maneira: Jeová Elohim, para 
revelar que Deus é um em essência e três em Suas 
Pessoas. 
Os judeus não pronunciam o nome de Jeová. Essa 
prática de não usar o nome de Jeová inicialmente foi 
talvez uma expressão de reverência, mas depois se 
tornou supersticiosa por natureza. Em seu lugar eles 
usam o nome Adonai, um nome pelo qual o Senhor é 
frequentemente chamado em Sua Palavra. Seu 
significado é "Senhor". Quando esta palavra é usada 
em referência aos homens, ela é escrita com a letra 
hebraica patah, que é a vogal curta "a". Quando é 
usada em referência ao Senhor, entretanto, a letra 
6 
 
kamets é usada, que é a vogal longa "a". Como 
resultado, todas as vogais do nome Jeová estão 
presentes. Para conseguir isso, a vogal "e" é 
transformada em chatef-patah, que é a vogal "a" mais 
curta, conhecida como aleph da letra gutural. Nossos 
tradutores, para expressar o nome Jeová, usam o 
nome Senhor, que é semelhante à palavra grega 
kurios, sendo esta última uma tradução de Adonai e 
não de Jeová. Em Apo 1: 4 e 16: 5, o apóstolo João 
traduz o nome Jeová da seguinte maneira: "Aquele 
que é, e que era, e que há de vir". Esta palavra se 
refere principalmente ao ser ou à essência, com 
conotação de passado, presente e futuro. Deste 
modo, esse nome se refere a um ser eterno, e, 
portanto, a tradução do nome Jeová na Bíblia 
francesa é "Eternel", isto é, o Eterno. 
O nome Jeová não pode ser encontrado no Novo 
Testamento, o que certamente teria sido o caso se 
tivesse sido um pré-requisito para preservar o nome 
de Jeová em todas as línguas. Manter que esse nome 
não pode ser pronunciado em grego confirma nossa 
visão, em vez de torná-la ineficaz. Mesmo que a 
transliteração de palavras hebraicas entrasse em 
conflito com a elegância comum da língua grega, no 
entanto não é impossível. Como eles podem 
pronunciar os nomes de Jesus, Hosana, Levi, Abraão 
e Aleluia, eles são obviamente capazes de pronunciar 
o nome de Jeová. Não estou sugerindo que o nome de 
Jeová não possa ser usado, mas que não se pode fazer 
7 
 
de seu uso um pré-requisito, como se seu uso fosse 
indicativo de um nível mais elevado de 
espiritualidade e de sabedoria superior. É carnal usar 
este Nome para chamar a atenção para o próprio eu, 
e assim exibir os sentimentos teológicos de cada um. 
Jeová não é um nome comum, como "anjo" ou 
"homem" - nomes que podem ser atribuídos a muitos 
em virtude de serem de status igual. Pelo contrário, é 
um nome próprio que pertence exclusivamente a 
Deus e, portanto, a ninguém mais, como é o caso do 
nome de toda criatura, cada uma com seu próprio 
nome. 
Pergunta: A Escritura atribui o nome de Jeová a uma 
criatura, ou esse nome é exclusivamente de Deus? 
Resposta: Os socinianos, para evitarem admitir que 
o Senhor Jesus é verdadeiramente Deus, sustentam 
que os outros também são chamados por este nome. 
Nós negamos isso, porém; afirmamos que esse nome 
pertence exclusivamente a Deus. Portanto, ninguém 
além de Deus pode ser chamado com este nome. Isto 
se torna evidente a partir do seguinte: Em primeiro 
lugar, é evidente quando se examina a composição da 
palavra. Linguistas sustentam que este nome tem 
todas as características de um nome próprio. 
Portanto, nunca tem nada em comum com nomes 
comuns. Visto que Deus é chamado por este nome, é, 
portanto, necessariamente o nome próprio de Deus. 
8 
 
Em segundo lugar, este nome também não pode ser 
aplicável a ninguém, exceto ao Senhor Deus, porque 
ele tem referência a um Ser eterno que é 
perpetuamente imutável e é a origem de todos os 
seres. 
Em terceiro lugar, o Senhor se apropria desse nome 
como pertencente exclusivamente a Ele. "Eu sou 
Jeová; que é o meu nome; e a minha glória não darei 
a outro "(Is 42: 8); "Jeová é homem de guerra, Jeová 
o seu nome" (Êxodo 15: 3); "... e eles me dirão: Qual 
é o Seu nome? Que lhes direi? E disseDeus a Moisés: 
EU SOU O QUE EU SOU ... EU SOU enviou-me a 
vós" (Êxodo 3: 13-14). 
Estas palavras expressam o significado de Jeová, 
visto que Jeová é um derivado da expressão verbal 
"Eu sou". "Mas por Meu nome JEOVÁ não era eu 
conhecido deles" (Êxodo 6: 3). Isto não significa que 
o Senhor não era conhecido pelo nome de Jeová 
antes deste tempo, pois até Eva já o havia chamado 
com este nome: "Alcancei de Jeová um varão" 
(Gênesis 4: 1). 
No entanto, o Senhor não os fez experimentar o 
significado deste nome - que Ele permanece o mesmo 
e é imutável em relação a Suas promessas. Eles agora 
observariam isto como Ele os levaria do Egito e os 
traria para Canaã. 
9 
 
Objeção 1. Anjos criados também são chamados por 
esse nome. " E ela chamou, o nome de Jeová, que com 
ela falava " (Gênesis 16:13). Aquele que falou com 
Agar era um anjo, porque ele é anteriormente 
referido como tal. 
Resposta: (1) É crível que Agar estava ciente do fato 
de que um profeta ou um anjo lhe haviam sido 
enviados por Deus, e assim considerou estas palavras 
como tendo sido ditas pelo próprio Deus. Por razões 
semelhantes, os pastores de Belém também 
declararam: "Vejamos agora esta coisa que já 
aconteceu, a qual o Senhor nos deu a conhecer" 
(Lucas 2:15). Assim Agar não era de opinião que o 
nome do anjo era "Tu Deus me vê" (El-Rói), mas o 
atribuiu ao Senhor que por meio deste servo falou 
com ela. 
(2) No entanto, foi sem dúvida o próprio Filho de 
Deus que, antes de sua encarnação, apareceu 
frequentemente em forma humana e que, em 
referência a Seu ofício mediador, é chamado de "Anjo 
do Senhor" e o "Anjo da aliança". Ele declara em 
Gênesis 16:10: "Multiplicarei muito a tua 
descendência". Isto obviamente não pode ser 
realizado por um anjo criado, mas somente por Deus. 
Assim Agar se referiu a Jeová que lhe falou como "Tu 
me vês", se ela percebeu que este era o próprio Jeová 
ou se ela o identificou como tal por meio do 
mensageiro que falou com ela. 
10 
 
Objeção 2. Em Gênesis 18, está registrado que um 
anjo veio a Abraão, que no entanto se refere a Jeová 
em várias ocasiões. 
Resposta: Foi o Anjo incriado, o Filho de Deus 
mesmo. 
(1) Ele é expressamente distinguido dos outros dois 
anjos que não são chamados pelo nome de Jeová. 
Isso é verdade somente para Ele. 
(2) O Anjo, sendo Jeová, sabia do riso de Sara em sua 
tenda (versículo 13). Ele profetizou o nascimento de 
Isaque, que de uma perspectiva natural era 
impossível (versículo 10). Ele sabia que Abraão 
mandaria que seus filhos e sua família guardassem o 
caminho do Senhor (versículo 19). Todos esses 
incidentes podem ser atribuídos somente a Deus. 
(3) Abraão reconheceu que Ele era o Juiz de toda a 
terra (versículo 25) enquanto adorava e suplicava 
diante dEle com extrema humildade (versículo 27). 
Objeção 3. Moisés chamou o altar que edificou, de 
Jeová. "E Moisés edificou um altar, e chamou o nome 
de Jeová." (Êxodo 17:15). 
Resposta: Tal opinião é expressamente contrária ao 
texto. Não se afirma que ele chamou o altar de Jeová, 
pois de outra forma ele teria terminado sua 
11 
 
declaração naquele momento. Em vez disso, ele 
declara: "Jeová é a minha bandeira". 
Impossível como é que ele chamou o altar de 
"bandeira", tão impossível é que ele chamou de 
Jeová. Era um símbolo verbal que ele atribuiu ao 
altar - semelhante à maneira como os provérbios são 
colocados sobre portas e portões. Por isso ele queria 
indicar que o Senhor, o Deus da aliança, era sua 
ajuda, de que o altar, um tipo do Senhor Jesus, era 
uma evidência tangível. 
Objeção 4. A igreja é chamada pelo nome de Jeová. 
"... e o nome da cidade (isto é, Jerusalém) daquele dia 
será" Jeová Shamma, "Jeová está lá" (Ezequiel 
48:35). 
Resposta: É uma expressão que é usada em 
referência à igreja e em vista disto é afirmado sobre 
ela, "Jeová está lá." Deus habita nela com Sua 
proteção e bênção. 
 
 
 
 
 
12 
 
O Nome ELOHIM 
O nome que se refere ao modo de existência de Deus 
ou à sua personalidade divina é Elohim, que equivale 
à palavra grega Theos, e a palavra portuguesa Deus. 
É raramente encontrado em sua forma singular 
Eloah, e nunca em um sentido dual. Encontra-se 
geralmente na sua forma plural, isto é, referindo-se a 
dois ou mais. 
Esta palavra é geralmente usada em conjunto com 
um verbo singular, como é verdade em Gênesis 1: 1, 
"No princípio Elohim criou," este ser é em referência 
a um Deus existente em três pessoas (1 João 5: 7). Um 
verbo, um adjetivo ou um substantivo, no entanto, 
são frequentemente colocados em aposição à palavra 
Elohim quando usada em sua forma plural, à qual é 
adicionado um affixum pluralis numeri. Isso se torna 
evidente nas seguintes passagens: E Elohim, isto é, 
Deus disse: "Façamos o homem" (Gên 1:26); 
“Quando Elohim me fez vagar." (Gên 20:13); elohim 
(Kedoshim), "é um Deus santo" (Josué 24:19); 
“Lembra-te também do teu Criador" (Ec 12: 1); "teu 
Criador é teu marido." (Isaías 54: 5); "Eu sou o 
Senhor" (Eloheka), "teu Deus" (Êx 20: 2). 
Elohim não é um nome comum ao qual os outros têm 
reivindicação igual, mas é um nome próprio 
exclusivamente pertencente a Deus. Não há senão o 
13 
 
Senhor que, como Elohim, existe em três Pessoas. 
Em um sentido metafórico, no entanto, também é 
usado em referência a outros. Os ídolos são 
chamados pelo nome elohim devido à veneração e 
serviço que os adoradores de ídolos lhes 
proporcionam. Os anjos são chamados por este 
nome, pois refletem a glória e o poder de Deus. Os 
governantes são chamados por esse nome devido ao 
território que lhes foi atribuído, sobre o qual eles 
governam e refletem a suprema majestade de Deus. 
Muitos outros nomes, descritivos e expressivos das 
perfeições de Deus, são atribuídos a Ele nas 
Escrituras, como o Todo-Poderoso, o Altíssimo, o 
Santo, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
A Essência de Deus 
Dos nomes de Deus, passamos agora à essência de 
Deus - Sua existência como Deus. Mas, o que direi a 
respeito disto? Jacó uma vez perguntou ao Senhor 
Seu nome, isto é, para dar expressão à Sua essência, 
pois na história primitiva era costumeiro atribuir 
nomes para expressar a essência de uma matéria. Ele 
recebeu a seguinte resposta, entretanto: "Por que é 
que tu pedes Meu nome?" (Gênesis 32:29). Deus não 
queria que ele penetrasse mais profundamente nos 
mistérios de Deus. Ao responder a Manoá, o Senhor 
disse: "Por que pedes assim o meu nome, visto que é 
secreto?" (Jz 13:18). Em Isaías 9: 6 lemos: "Seu nome 
é maravilhoso". Vocês, que fingem ter algum 
conhecimento de Deus, me digam: "Qual é o Seu 
nome e qual é o nome de Seu Filho se puderem 
dizer?" (Prov 30: 4). Tudo o que posso dizer é que a 
essência de Deus é Sua eterna existência. Quando 
Moisés perguntou o que devia dizer aos filhos de 
Israel, se lhe perguntassem quem o havia enviado, o 
Senhor respondeu: (Ehjeh Ascher Ehjeh): EU SOU O 
QUE EU SOU . E acrescentou: "Assim dirás aos filhos 
de Israel: הוהי) יהוה), EU SOU me enviou a vós" (Êxodo 
3:14). Jó disse a respeito do Senhor no capítulo 12:16, 
"Com Ele há força e sabedoria" - (Toeschia) ou 
essência. Este é um derivado de (jashah), que por sua 
vez é derivado de (jeesch), e é expressivo de firmeza 
e continuidade. 
15 
 
No Novo Testamento isso é expresso por meio das 
palavras (theiotés) e (theotés), ambas traduzidas 
como "divindade" em Rm 1:20 e Col 2: 9. Além disso, 
há (phusis), que é traduzido como "natureza" em 
Gálatas 4: 8, e (morphé) que é traduzido como 
"forma" em Filipenses 2: 6. 
Quem quiser saber mais sobre a essência de Deus 
deve juntar-se a mim na adoração enquanto 
fechamos os olhos diante desta luz inacessível. É 
revelado em certa medida à alma; contudo, só 
podemos perceber as extremidades das orlas de Seu 
Ser ao refletir sobre os atributos divinos. Neste 
ponto, vamos divagar da maneira costumeira em que 
tratamos o nosso assunto. Nãolidaremos 
minuciosamente com as objeções, para que não se dê 
a alguém a oportunidade de manter pensamentos 
sobre Deus que são impróprios, e assim imitar a este 
respeito tanto o Sociniano como os pagãos e seus 
seguidores. Contudo, trataremos e responderemos às 
objeções de maneira muito discreta, apresentando a 
verdade de maneira expositiva e afirmativa. 
 
 
 
 
16 
 
Os Atributos Incomunicáveis de Deus 
Nosso dom da linguagem pertence ao reino do físico. 
Nossas palavras e expressões são derivadas de 
objetos terrestres. É, portanto, uma realidade 
maravilhosa, bem como uma manifestação da 
bondade divina que o homem, ao usar sons que são 
expressivos daquilo que é tangível, seja capaz de dar 
uma explicação sobre assuntos divinos e espirituais 
por meio do veículo da linguagem. Nossa mente, 
sendo finita e com capacidade limitada, deve 
funcionar no reino dos conceitos e das ideias antes 
que a compreensão possa ocorrer. É bondade de 
Deus que Ele se ajuste à nossa capacidade limitada 
de compreender. Uma vez que um conceito 
harmonioso de Deus - que inclui tudo o que poderia 
ser dito e pensado sobre Ele - está além da nossa 
compreensão, agrada a Deus dar a se conhecer ao 
homem por meio de vários conceitos e ideias. Esses 
conceitos descrevem e designam a partir de uma 
perspectiva humana os atributos essenciais de Deus. 
Esta designação pertence aos vários objetos para os 
quais Deus engaja-Se e as ações que Ele realiza. No 
entanto, entendemos que esses atributos são um 
ponto de vista de Deus, de tal modo que eles não 
podem se divorciar do Ser divino, nem essencial e 
propriamente uns dos outros, como existem em 
Deus. No entanto, relacionamos esses atributos 
como entidades distintas por si mesmos. A justiça e a 
17 
 
misericórdia são uma só coisa em Deus, mas 
diferenciamo-las em relação aos objetos para os 
quais se manifestam, e os efeitos dessas 
manifestações. Nosso Deus é inimitável e 
incompreensível em Sua perfeição e, portanto, é 
simples e indivisível. Em Deus não pode haver 
diferenciação entre várias coisas, pois tudo o que 
seria essencialmente distinto de Deus o tornaria 
imperfeito. Nossa compreensão limitada deve lidar 
com cada assunto individualmente, e assim 
atribuímos nomes distintos a cada atributo. Tudo o 
que somos capazes de compreender a respeito de 
Deus é de acordo com a verdade e é consistente com 
o Seu Ser, mas o nosso entendimento finito não pode 
penetrar na sua perfeição e infinidade. 
Os atributos ou perfeições de Deus são geralmente 
distinguidos como sendo comunicáveis e 
incomunicáveis. Todos os atributos de Deus, sendo 
Seu Ser simples e essencial, são igualmente 
incomunicáveis no que diz respeito à sua natureza. 
Esta distinção é feita apenas para fins de 
comparação. Deus criou o homem à Sua imagem e 
semelhança e renova o caído e elege pecadores de 
acordo com essa imagem, tornando-os novos 
participantes da natureza divina. Isso não implica 
que tal pecador se torna divino e é participante do 
próprio ser e atributos de Deus. De uma perspectiva 
divina, Deus é incomunicável e o homem finito, e de 
sua perspectiva, não pode compreender o Ser de 
18 
 
Deus, sendo a Divindade infinita, simples e, 
portanto, indivisível. Portanto, se o homem, em certa 
medida, fosse participante do próprio Ser divino ou 
de um dos atributos divinos, seria, por conseguinte, 
um participante de toda a Divindade, e assim o 
homem seria Deus. 
No entanto, quando falamos da imagem e 
semelhança de Deus no homem, estamos apenas nos 
referindo a uma reflexão de alguns dos atributos de 
Deus, que são infinitos, indivisíveis e incomunicáveis 
no próprio Deus. Há alguma medida de congruência 
entre esses atributos e a imagem de Deus no homem; 
contudo, não como se houvesse igualdade completa, 
mas apenas por meio de uma semelhança fraca. 
No entanto, alguns atributos são tais que nem 
mesmo a menor reflexão deles pode ser observada 
em uma criatura moral. Isto sendo verdade, eles são 
denominados atributos incomunicáveis. Alguns dos 
atributos de Deus dos quais há uma reflexão e uma 
leve semelhança no homem são, portanto, 
denominados atributos comunicáveis. Os atributos 
incomunicáveis incluem os seguintes: perfeição ou 
suficiência total, eternidade, infinitude ou 
onipresença, simplicidade e imutabilidade. Os 
atributos comunicáveis são os atributos que se 
relacionam com o intelecto, a vontade e o poder. 
Vamos discutir cada um destes individualmente a 
19 
 
fim de demonstrar de que maneira é o nosso Deus, a 
quem servimos. 
 
A Perfeição de Deus 
A perfeição da criatura consiste na posse de uma 
medida de bondade que Deus deu e prescreveu a 
todas as Suas criaturas. Todas as criaturas, qualquer 
que seja o grau de sua perfeição, devem depender de 
uma fonte externa para seu ser e seu bem-estar. A 
perfeição de Deus, entretanto, exclui tal 
possibilidade, pois Ele não precisa de nada. Ninguém 
pode acrescentar ou subtrair nada do Seu ser, nem 
pode alguém aumentar ou diminuir Sua felicidade. 
Sua perfeição consiste em Sua autossuficiência, Sua 
autoexistência, e que Ele é o começo - o primeiro 
(Apo 1: 8). Sua total suficiência está dentro de Si, o 
(El Shaddai), Todo-suficiente (Gênesis 17: 1). "Não é 
servido por mãos humanas, como se Ele precisasse 
de alguma coisa" (Atos 17:25); "Tem o Todo-
Poderoso prazer em que tu sejas justo, ou lucro em 
que tu faças perfeitos os teus caminhos?" (Jó 22: 3). 
Assim, não há um fundamento comum entre a 
perfeição de Deus e das criaturas - exceto no nome. 
No entanto, o que está no homem é contrário à 
perfeição de Deus, e assim a perfeição de Deus é um 
atributo incomunicável. A salvação do homem 
20 
 
consiste em conhecer, honrar e servir a Deus. Tal é o 
nosso Deus, que não só é suficiente em si mesmo, 
mas que, com toda a sua suficiência, pode preencher 
e saturar a alma com uma medida tão transbordante 
que só precisa de Deus como sua porção. A alma 
assim favorecida está cheia de tal luz, amor e 
felicidade, que não deseja nada além disso. "Quem 
tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há outro 
que eu deseje além de Ti." (Salmo 73:25). 
 
A Eternidade de Deus 
Nós seres humanos insignificantes somos de ontem, 
temos um começo, e existimos dentro do contexto do 
tempo que progride de forma sequencial. Não 
podemos sequer começar a compreender a 
eternidade. Por meio da negação, buscamos 
compreender a eternidade comparando-a com o 
tempo, afirmando que ela é sem começo, 
continuação e fim. Se ultrapassarmos isso 
procurando compreender o "como" e o "porquê", nós 
o estragaremos para nós mesmos e estaremos na 
escuridão. Se quisermos considerar a eternidade de 
Deus dentro do contexto de nossa concepção do 
tempo, então desonraremos a Deus e entreteremos 
noções erradas sobre Ele. Tudo o que se relaciona e 
se assemelha ao tempo, e tudo aquilo que 
denominamos como eterno num sentido figurado, 
21 
 
deve ser totalmente excluído do nosso conceito de 
Deus. Chamamos algo eterno que, 
(1) continua até que tenha cumprido a sua finalidade. 
Neste contexto, a circuncisão é referida como uma 
aliança eterna. "... e a minha aliança estará na vossa 
carne por uma aliança eterna" (Gênesis 17:13). Isso 
significa que duraria até a vinda do Senhor Jesus que 
é a personificação de todas as cerimônias, em quem 
todas as sombras tiveram sua realização e, 
consequentemente, não têm mais uma função. 
Também pode ser interpretado como significando 
que esta aliança, sendo confirmada pela circuncisão, 
é uma aliança eterna. 
(2) A palavra eternidade também pode ser expressiva 
da duração de uma condição que está em vigor 
enquanto o homem vive. 
"... ele será teu servo para sempre" (Deuteronômio 
15:17). 
(3) A palavra eternidade também pode se referir a 
algo que tem estabilidade e que dura. Neste contexto, 
as colinas são referidas como sendoeternas (Deut 
33:15, ver Gênesis 49:26). 
Na versão King James essas colinas eternas são 
chamadas de "colinas duradouras" ou "colinas 
eternas", que implica eternidade. 
22 
 
(4) A palavra eternidade é usada em referência àquilo 
que nunca terminará, como a felicidade no futuro. 
"Eu lhes dou vida eterna" (João 10:28). 
Usamos a palavra eternidade em referência a todas 
essas coisas. Entretanto, não há semelhança com a 
eternidade absoluta de Deus. Não podemos nos 
referir a ela de modo diferente do que defini-la como 
a existência de Deus que é sem começo, continuação 
e fim, todos os quais são simultaneamente 
verdadeiros. Isto é expresso na palavra (Jeová), que 
define um ser para quem o passado, o presente e o 
futuro são uma realidade simultânea e concorrente - 
Ele é Aquele que é, que foi e que será. O Ser de Deus 
é de eternidade a eternidade. Não é fortuito como o 
tempo está em relação à criatura. Não pode haver 
cronologia dentro do Ser de Deus, visto que Seu Ser 
é simples e imutável. Tal também não pode ser 
verdade em referência à eternidade de Deus; a 
eternidade é o próprio Ser de Deus. 
As Sagradas Escrituras se referem a Deus como o 
Deus eterno. "Abraão plantou uma tamargueira em 
Beer-Seba, e invocou ali o nome do Senhor, o Deus 
eterno." (Gênesis 21:33); "O Deus eterno é o teu 
refúgio" (Dt 33:27). Afirma-se a respeito de Deus que 
Ele é o princípio e o fim (Apo 1: 8). Mesmo que estes 
sejam distinguidos em Deus, eles são uma realidade 
simultânea. 
23 
 
Não há tempo intermediário nem nada que 
remotamente se assemelhe à progressão do tempo. 
"... de eternidade a eternidade, Tu és Deus" (Salmo 
90: 4); "Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do 
alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há 
mudança nem sombra de variação." (Tiago 1:17); 
"Eles perecerão ... mas tu és o mesmo" (Sl 102: 26-
27); "Porque mil anos à tua vista são como ontem, 
quando já passou" (Salmo 90: 4). Assim, concluímos 
que Deus e o tempo não têm nada em comum. 
Mesmo quando anos e dias, ou passado e tempo 
presente são atribuídos a Deus, e Ele é chamado de 
Ancião de Dias e outras expressões semelhantes, tal 
é feito meramente do ponto de vista do homem. A 
razão para isso é que nós, seres humanos 
insignificantes e incapazes de pensar e falar sobre a 
eternidade de maneira apropriada, podemos falar 
por comparação - o que na realidade é uma 
comparação muito desigual - tanto quanto é 
necessário para nós sabermos sobre eternidade. 
No entanto, ao fazê-lo, devemos divorciar-nos 
completamente do conceito de tempo. 
Deus existe como imutável enquanto o tempo está 
em progressão. Deus foi ontem, é hoje, e será 
amanhã. 
24 
 
No entanto, Deus não mede o tempo como a criatura 
mede o tempo, assim como Ele transcende o tempo e 
é externo ao conceito de tempo. Se Ele fez algo no 
passado, o fará amanhã ou estará ativo no momento 
presente, isto não sugere que uma mudança de 
tempo ocorre em Deus. Tal mudança aparente se 
refere apenas aos objetos de Sua atividade e aos 
propósitos que Ele realizou. 
Portanto, não se eleve além do alcance de sua 
compreensão, e não limite Deus por suas concepções 
humanas. Reconheça e creia que Deus é Aquele que 
habita na eternidade incompreensível; e adore o que 
não podes compreender; e como Abraão invoque o 
nome do Deus eterno. 
 
A Infinitude e a Onipresença de Deus 
Um ser, seja ele de natureza espiritual ou corporal, é 
considerado finito se sua existência tem parâmetros 
bem definidos. 
Tal é verdade para toda a estrutura do céu e da terra, 
bem como de cada criatura individual. O mundo é 
finito e, embora não haja outro corpo celeste pelo 
qual se definam os parâmetros da Terra, impedindo-
a de se expandir além de seus limites atuais, esses 
parâmetros são determinados por sua própria massa. 
25 
 
A medição da Terra, do seu centro à sua 
circunferência, está bem definida, e além dessa 
circunferência nada mais é do que o espaço que tem 
seus próprios parâmetros. O Ser de Deus, entretanto, 
é inerentemente sem quaisquer parâmetros, nem é 
imposto a Ele externamente e assim Deus em Seu Ser 
é infinito no sentido absoluto da palavra. 
Ocasionalmente, quando se refere a algo de que os 
limites não são conhecidos, nos referimos ao infinito 
num sentido hipotético, como quando falamos do 
número total de grãos de areia, grama ou estrelas. 
Definimos também como infinito aquele ao qual algo 
pode sempre ser adicionado, que por exemplo é 
verdadeiro de um número. Independentemente de 
quanto tempo se conta, a soma final será uniforme ou 
desigual, uma realidade que muda assim que um 
número é adicionado - mesmo se você contasse 
durante toda a sua vida. Quando definimos Deus 
como sendo infinito, no entanto, o fazemos no 
sentido literal da palavra, transmitindo assim que o 
Seu Ser é verdadeiramente sem quaisquer 
parâmetros ou limitações. Seu poder é infinito, Seu 
conhecimento é infinito, e Seu Ser é infinito; e é esta 
última verdade que estamos discutindo aqui. 
A eternidade sendo um conceito incompreensível 
para nós como criaturas do tempo, como criaturas 
locais e finitas, somos igualmente incapazes de 
compreender a infinitude de Deus. Nós nos 
26 
 
relacionamos com o infinito pensando em uma vasta 
extensão. Porém, o infinito de Deus exclui os 
conceitos de quantidade, dimensão e localidade. A 
fim de ter qualquer compreensão da infinidade do ser 
de Deus, devemos, por exemplo, fazer uma 
comparação hipotética com uma vasta extensão, ao 
mesmo tempo negando que sejam características de 
Deus. 
A infinidade do Ser de Deus é consequência lógica de, 
(1) a perfeição do Ser de Deus. Tudo o que é limitado 
e finito é imperfeito, uma vez que a expansão dos 
parâmetros implica a aproximação de um grau mais 
elevado de perfeição. Consequentemente, algo sem 
limites é melhor e excede em perfeição aquele que 
tem limites. 
(2) É evidente que Deus é infinito em poder - algo que 
não pode ser atribuído a um ser finito. 
(3) O próprio Deus testificando isto pelo Seu 
Espírito: "Grande é o Senhor, e mui digno de ser 
louvado; e a sua grandeza é insondável."(Sl 145: 3); 
"O céu e o céu dos céus não podem te conter" (I Reis 
8:27). 
Um dos amigos de Jó expressou-se a respeito da 
infinidade de Deus, tanto quanto ao Seu 
conhecimento e Seu Ser. 
27 
 
"Poderás descobrir as coisas profundas de Deus, ou 
descobrir perfeitamente o Todo-Poderoso? Como as 
alturas do céu é a sua sabedoria; que poderás tu 
fazer? Mais profunda é ela do que o Seol; que poderás 
tu saber? Mais comprida é a sua medida do que a 
terra, e mais larga do que o mar."( Jó 11: 7-9). 
Infinito e onipresença são idênticos em Deus. 
Quando falamos de Sua onipresença, no entanto, 
estamos apenas nos referindo ao Deus infinito em 
relação à Sua presença em qualquer lugar. Não 
estamos definindo seus parâmetros como faríamos 
com entidades corporais que têm limites espaciais 
bem definidos. Ele também não é limitado como 
outros seres espirituais são, e que podem estar 
apenas em um lugar ao mesmo tempo. Em vez disso, 
a referência é ao fato de que com Seu Ser Ele permeia 
tudo, embora não em um sentido local, corporal e 
dimensional. 
Deus, em virtude da união hipostática em Cristo, está 
no céu com Sua glória, assim como em Sua igreja com 
Sua graça. Ele habita em cada crente com Seu 
Espírito vivificante, e está no inferno com a Sua justa 
ira. Ele está presente em toda parte do universo 
criado, não apenas em virtude de Seu poder e 
conhecimento - também em Seu Ser, não sendo 
parcial ou dimensional, mas porque Seu Ser é 
infinito, simples e indivisível. Isto é tão 
incompreensível para a criatura quanto a eternidade 
28 
 
de Deus. Devemos, portanto, fechar os olhos de nossa 
compreensão quanto à maneira de Sua existência e 
acreditar que Deus é tal como Ele Se revelou na 
natureza e na Escritura. 
A própria natureza instruicada homem a este 
respeito, e especialmente aqueles que se aplicam com 
alguma diligência para se familiarizarem com Deus e 
a religião. Tais pessoas tornar-se-ão conscientes da 
onipresença de Deus de modo que todos, não 
somente reconhecerão que Deus é onipotente e 
onisciente mas também que está próximo dele em 
sua presença essencial. Mesmo os homens 
inteligentes no reino secular expressaram-se 
vigorosamente em referência a esta realidade. 
Deus declara muito claramente em Sua Palavra: "O 
céu é o meu trono, e a terra é o escabelo de meus pés" 
(Isaías 66: 1). Quando tal afirmação é feita em 
referência a um rei, é indicativo de sua presença 
imediata e corporal. Consequentemente, isso 
também é verdade quando Deus se refere a Si mesmo 
em termos humanos para que possamos entender e 
reconhecer a presença da própria essência de Deus, 
tanto no céu como na terra. "Sou um Deus próximo, 
diz o Senhor, e não um Deus de longe? ... Eu não 
encho o céu e a terra?" (Jeremias 23: 23-24). "... 
ainda que Ele não esteja longe de cada um de nós: 
porque nele vivemos, e nos movemos, e temos nosso 
ser" (Atos 17: 27-28). Acrescente a estes os textos que 
29 
 
indicam que Deus não só enche o céu e a terra, mas 
transcende infinitamente ambos (1 Reis 8:27). 
Quando se afirma que Deus está no céu, isso não 
exclui Sua onipresença sobre a terra. Em nenhum 
lugar Deus pode ser confinado ou excluído. Deus 
manifesta Sua presença gloriosa de maneira muito 
mais evidente no céu - sendo Seu trono - do que na 
terra, que é Seu escabelo. Usando este modo de falar, 
a glória sublime e exaltada pela qual Deus transcende 
todas as criaturas nos é conhecida. Isto é reconhecido 
pelo homem quando ele tem seu coração e olho para 
o Alto, reconhecendo assim que Deus também é 
invisível e estranho a tudo o que há na terra. 
Quando se afirma que Deus não estava presente no 
vento forte, no terremoto e no fogo, mas sim em uma 
cicio suave (1 Reis 19: 11-12), a referência não é à Sua 
presença essencial, mas à maneira em que Ele se 
dirigiu a Elias e se revelou a Ele. Quando se afirma 
que Deus não está com alguém ou que Ele não subirá 
no meio de Israel (Êxodo 33: 7), a referência é à 
manifestação de Seu favor, em vez de à Sua presença 
essencial. Não é inconveniente que Deus esteja 
presente em vários lugares vis e ofensivos, pois Sua 
presença não é caracterizada por envolvimento 
corporal, mas Ele está presente como a causa 
energizante, preservadora e governante, assim como 
Ele está nos ímpios e nos demônios como um Juiz 
vingador. O sol ilumina tudo sem ser contaminado 
30 
 
no mínimo. Um objeto não pode contaminar um 
espírito, muito menos o Deus infinito. Tudo o que 
Deus julga adequado para ser criado e ser governado, 
Ele também considera adequado para Sua presença 
essencial. Deus se revela no mundo por meio de Suas 
obras, não como um Deus que está longe, mas como 
um Deus invisível. 
Crente, já que o Senhor está sempre presente com 
você, circundando o seu andar, o seu deitar e todos 
os seus caminhos (Sl 139: 3-5), tenha cuidado para 
se abster de fazer qualquer coisa que seja 
inconveniente na Sua presença. Coloque o Senhor 
sempre diante de você. Reconheça-O em todos os 
teus caminhos. Tema-o. 
Humilhe-se diante dEle. Caminhe com toda 
reverência e humildade diante de Seu semblante, 
pois o pecado na presença de Deus agrava 
grandemente o pecado cometido. A presença de 
pessoas serve de contenção contra a comissão de 
muitos pecados, e se a presença de Deus não cumpre 
o mesmo, revela-se como tendo mais respeito pelas 
pessoas do que pelo Deus majestoso e santo. Que 
desprezo e provocação de Deus isso é! Portanto, 
deixe sua reverência pela presença de Deus impedir 
que você peque contra Ele e deixe que o motive a 
viver uma vida agradável ao Senhor. 
31 
 
Por outro lado, crente, permita que a realidade da 
presença de Deus seja o seu contínuo apoio e 
conforto em todas as vicissitudes da vida. O Senhor 
está próximo; ele é um muro de fogo em torno de ti, 
e ninguém será capaz de te tocar contrariamente à 
Sua vontade. Se algo acontecer com você, procure 
refúgio nele e incentive-se com a Sua presença. Como 
isso reviveu a alma de Davi! "Sim, embora eu ande 
pelo vale da sombra da morte, não temerei mal 
algum, porque Tu estás comigo" (Sl 23: 4). O Senhor 
tem prazer em consolar os Seus filhos desta maneira. 
"Quando passares pelas águas, eu serei contigo; 
quando pelos rios, eles não te submergirão; quando 
passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama 
arderá em ti." (Isaías 43: 2). 
 
A Simplicidade de Deus 
Como não podemos compreender a eternidade de 
Deus porque somos criaturas do tempo, nem a 
infinitude e onipresença não-dimensional de Deus 
porque somos finitos e de natureza local, assim 
também nós, sendo criaturas compostas, não somos 
capazes de compreender a simplicidade de Deus. 
Entretanto, como devemos reconhecer que toda 
composição implica imperfeição, dependência e 
divisibilidade, não podemos pensar que Deus seja 
composto mesmo no sentido mais remoto da palavra. 
32 
 
Assim, reconhecemos Deus em todos os aspectos 
como sendo perfeito e de essência singular. 
Os filósofos reconhecem vários tipos de composição, 
todos os quais negamos ser aplicáveis a Deus. Entre 
eles estão: 
Primeiro, uma composição lógica (ex genere et 
differentia), ou seja, em relação ao gênero, à natureza 
e à distinção. Por exemplo, tanto o homem quanto a 
besta são animais, pois ambos têm uma natureza 
animal em comum e, portanto, pertencem ao reino 
animal. No entanto, há também algo pelo qual eles 
são distinguidos uns dos outros. O homem possui 
razão além de sua natureza animal, enquanto uma 
besta é sem razão e inteligência. No entanto, Deus 
não tem nada em comum com nenhuma criatura, e 
em virtude de Seu Ser, transcende todas as Suas 
criaturas, permanecendo distinto delas. Sempre que 
Deus é referido como um Espírito, a palavra 
"espírito" não implica que Deus e anjos têm uma 
natureza comum de que tanto Deus como os anjos 
seriam partes iguais. A semelhança é apenas uma 
nomenclatura. Deus é chamado de Espírito para que 
o percebamos como sendo invisível. 
Em segundo lugar, uma composição física ou natural, 
é constituída por substância e forma, tendo partes 
individuais. 
33 
 
(1) Substância e forma. Tudo o que foi criado com 
uma forma tangível tem, além da matéria da qual 
consiste, algo que identifica tal objeto criado como 
ouro, uma árvore, um animal ou um ser humano. 
Longe de nós, de entreter tais noções sobre Deus que 
é sem corpo e infinitamente afastado de toda noção 
possível de quaisquer características físicas, não 
importa como ele seja imaginado pelo homem. A fim 
de distingui-Lo como tal, Ele é referido como um 
Espírito. Tal composição como substância e forma 
simplesmente não existe em relação a Deus. 
 (2) Um sujeito e seus incidentes. Um anjo, por 
exemplo, tem a natureza de um anjo, e além disso 
tem uma mente, inteligência, vontade, santidade e 
poder. Essas qualidades não são o próprio anjo, mas 
são complementares a seu ser. Seu ser é o sujeito 
dessas qualidades, tornando-o completo. Longe de 
nós pensar em Deus dessa maneira. Deus é perfeito 
em Seu Ser e Sua perfeição não pode ser melhorada 
de qualquer maneira. 
Tudo o que pode ser discernido em Deus é o próprio 
Deus. Sua bondade, sabedoria e onipotência é o 
próprio Deus, sábio e onipotente. 
(3) Partes individuais. Nos objetos as partes 
constituem um todo. Tal não é claramente o caso de 
Deus porque Deus é um Espírito que não tem nada 
em comum com um corpo. Se tal fosse o caso, haveria 
34 
 
algo menos que a perfeição em Deus, como o todo 
composto seria mais perfeito do que cada parte 
individual. 
Em terceiro lugar, uma composição metafísica ou 
sobrenatural. Três aspectos devem ser considerados. 
(1) Ex essentia et existentia, istoé, há uma distinção 
essencial entre a essência e a existência real de algo. 
É possível compreender um sem o outro. É possível 
descrever uma rosa e compreender o que é, mesmo 
durante o inverno, quando não há rosas. Assim, 
distinguimos entre a natureza essencial de uma rosa 
e sua existência real. O Ser de Deus, no entanto, é Sua 
existência real, e Sua existência real é Seu Ser, uma 
verdade que é transmitida pelo Seu nome Jeová. Não 
se pode distinguir um do outro e não se pode 
compreender um sem o outro, pois são um. 
(2) Ex potentia et actu, ou seja, há uma distinção 
entre o potencial e o ato real. Ao discutir o potencial, 
distinguimos entre potencial ativo e passivo. 
Potencial ativo refere-se à capacidade de realizar 
algo, mesmo que não esteja realizando-o no 
momento. Na criatura tal potencial se distingue da 
ação, e a excelência de uma criatura em ação 
substitui a de alguém que tem o potencial para tal 
atividade. Tal, porém, não é o caso de Deus; nele o 
potencial para a atividade e o ato em si são um. Deus 
é uma força singular, ativa. Distinção e mudança 
35 
 
neste reino só pode ser percebida na criatura que foi 
criada, e é mantida e governada. Tal, porém, não é 
verdade para Deus, que é o Criador, o Mantenedor e 
o Governador. O potencial latente - ou expressá-lo 
em linguagem mais inteligível - a possibilidade de 
existir, deve ser encontrado apenas em criaturas, 
sendo tal verdadeiro de três maneiras. Em primeiro 
lugar, refere-se a algo que ainda não existe, mas que, 
em virtude do esforço, poderia ser levado à 
existência. Refere-se também a algo que já existe, 
mas que pelo esforço pode ser mudado. Em terceiro 
lugar, refere-se a algo que pode ser aniquilado. É 
óbvio que tudo isso não se aplica a Deus. 
(3) Ex essentia et subsistentia, ou seja, há uma 
distinção entre a natureza ou ser e a existência ou 
personalidade. A subsistência ou o modo de 
existência é complementar à existência de um ser em 
si, pelo qual possui algo que o torna singularmente 
distinto de outro ser, possuindo uma existência única 
própria. Assim, concluímos a maneira de existir para 
pressupor um ser. Suppositium, ou a própria 
existência, refere-se àquilo que não pode ser 
comunicado a outra pessoa, nem pode existir em 
outra pessoa, em parte ou forma. Algo tendo uma 
existência tão distinta e sendo dotado de razão que 
nos referimos como uma pessoa. Uma pessoa é uma 
entidade indivisível e independente dotada de uma 
natureza racional. Uma pessoa é um ser humano 
como João, Pedro ou Paulo; ou um anjo como Gabriel 
36 
 
ou Miguel; ou uma Pessoa divina, como o Pai, o Filho 
ou o Espírito Santo. 
Em cada pessoa criada existe uma composição de 
essência, existência real e modo de existência. Um 
não é o mesmo que o outro, mas se distingue do 
outro. Considere, por exemplo, a natureza humana 
de Cristo, na qual podemos discernir a essência e a 
existência real, mas não uma personalidade humana. 
Como tal, tem sua existência dentro da Pessoa do 
Filho de Deus, pois de outra forma Cristo seria 
composto por duas pessoas: uma pessoa humana e 
outra divina. Ele é, no entanto, uma Pessoa divina. 
Em Deus não há composição de ser e de pessoa, pois 
toda forma de composição implica imperfeição. Cada 
Pessoa divina não deve ser distinguida nem do Ser 
divino, nem das outras pessoas como 
distinguiríamos entre várias matérias, nem como 
entre uma matéria e a maneira como ela funciona, 
sendo distinta da matéria em si. Nós insignificantes 
seres humanos, entretanto, tentamos compreender 
isto relacionando ou definindo uma maneira de 
existência. Isso não indica que há composição em Seu 
Ser, mas apenas nos permite distinguir entre vários 
assuntos relacionados ao Ser de Deus. O que quer 
que não possamos compreender, cremos e 
adoramos, como agrada a Deus revelar-se de tal 
maneira. Os crentes, sendo iluminados pelo Espírito 
de Deus, sabem tanto quanto a este atributo como é 
necessário para fazê-los adorar e glorificar a Deus, 
37 
 
bem como experimentar alegria, confiança e 
santificação. 
A Escritura faz referência a essa singularidade 
quando se refere a Deus de maneira abstrata, como 
quando fala da divindade, ou quando se refere a Deus 
como luz, "Deus é luz" (1 João 1: 5); verdade, "Deus 
da verdade" (Dt 32: 4); e amor, "Deus é amor" (1 João 
4: 8). Nada disso pode ser declarado a respeito de 
uma criatura. 
Quando o homem é referido como tendo sua origem 
em Deus, pertencendo à geração de Deus, sendo filho 
de Deus, ou participante da natureza divina, e 
quando Deus é dito ser o Pai dos espíritos, isso não 
implica que o homem é da mesma essência que Deus, 
pois isso significaria que o Ser de Deus é 
comunicável. Nesses casos, a referência é à criação e 
regeneração através da qual o homem recebe alguma 
semelhança com alguns dos atributos de Deus. Este 
ato criativo não produz uma mudança em Deus, mas 
na criatura. 
Da mesma forma, os decretos, quando vistos 
internamente em Deus, são o próprio Deus 
decretando. Também a relação que Deus estabelece 
quanto às Suas criaturas não implica uma mudança 
ou composição dentro de Deus, pois esta relação é 
meramente externa e nada acrescenta à essência do 
Ser de Deus. Sempre que membros humanos, mãos, 
38 
 
olhos e boca são atribuídas a Deus, tal terminologia 
humana ocorre para que os seres humanos 
insignificantes possam compreender as operações de 
Deus comparando-as com a maneira como usamos 
esses membros, etc. Sempre que a raiva, o amor e 
paixões semelhantes são atribuídas a Deus, devemos 
ter as consequências e os resultados em vista, como 
ocorrem quando temos paixões semelhantes. 
 
A Imutabilidade de Deus 
A mutabilidade tem referência a uma entidade 
criada, a incidentes ou circunstâncias, ou à vontade. 
Cada criatura de uma forma ou de outra está sujeita 
a mudanças e tem dentro de si o potencial de 
mudança ou de ser mudado. O Senhor nosso Deus, 
no entanto, é absoluto, e em todos os aspectos, é 
imutável tanto na Sua essência como na Sua vontade. 
Sim, mesmo a possibilidade de mudança é 
totalmente estranha a Deus. Isto é evidente a partir 
do seguinte: 
Primeiro, é transmitido pelo nome de Deus, Jeová, 
que significa "Ser eterno". Por meio deste nome, 
Deus mostra-se imutável. "... mas pelo Meu nome 
JEOVÁ não lhes fui conhecido" (Êxodo 6: 3), isto é, 
eu lhes fiz uma promessa sobre Canaã, que, no 
entanto, não cumpri a seu tempo e não tenho lhes 
39 
 
mostrado de verdade que eu sou imutável, mas agora 
mostrarei que eu sou Jeová, o Deus imutável, 
cumprindo minha promessa à sua semente. 
Em segundo lugar, adicione a estes, textos 
semelhantes: “Desde a antiguidade fundaste a terra; 
e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas 
tu permanecerás; todos eles, como um vestido, 
envelhecerão; como roupa os mudarás, e ficarão 
mudados. Mas tu és o mesmo, e os teus anos não 
acabarão." (Sl 102: 25-27); "Porque eu sou o Senhor, 
não mudo" (Mal 3: 6); "O Pai das luzes, com quem 
não há mudança, nem sombra de variação" (Tiago 
1:17); "Deus, querendo mais abundantemente 
mostrar aos herdeiros da promessa a imutabilidade 
do Seu conselho, confirmou-o com um juramento" 
(Heb 6:17); "E também a Força de Israel não mentirá 
nem se arrependerá; porque não é homem, para que 
se arrependa" (1 Sm 15:29); "Pois o Senhor dos 
exércitos o determinou, e quem o invalidará? A sua 
mão estendida está, e quem a fará voltar atrás?" (Is 
14:27). 
(Nota do tradutor: apesar de sermos imperfeitos e 
limitados para ter um entendimento pleno da 
essência de Deus e da perfeição de todos os Seus 
atributos, todavia, ele não nos deixou a incumbência 
de tatearmos e imaginarmos quem ele seja, pois 
revelou tudo o que é necessário para a nossa 
40 
 
compreensão e adoração da Sua Pessoa, nas 
Escrituras Sagradas.) 
Em terceiro lugar, as razões a seguir também tornam 
evidente a imutabilidadede Deus. Toda mudança 
ocorre porque o princípio da mudança é inerente a 
nós, ou porque nossa natureza é tal que outra pessoa 
é capaz de provocar uma mudança em nós. 
Deus, no entanto, é eterno, transcendente e a causa 
original de todas as coisas. Toda mudança é ou o 
resultado de uma falta de sabedoria, cuja percepção 
necessita de uma resposta ao erro que se cometeu em 
consequência disso; ou é precipitada por uma falta de 
presciência, pela qual não se pôde antecipar o que 
seria encontrado e, portanto, é confrontado com o 
inesperado. Deus, no entanto, é a suprema 
Sabedoria, o único Deus sábio, que tem 
conhecimento prévio de todas as coisas. "Conhecidas 
a Deus são todas as Suas obras desde o princípio do 
mundo" (Atos 15:18). Ele está ciente de tudo o que o 
homem fará ou se absterá de fazer pelo exercício do 
seu livre-arbítrio, pois o homem em todos os seus 
movimentos depende de Deus. Ele conhece os nossos 
pensamentos de longe, o nosso deitar e se levantar, 
bem como a nossa fala e silêncio. Mudança também 
pode ocorrer quando não temos a capacidade de 
realizar nossa intenção, sendo incapazes de superar 
um determinado obstáculo. Deus, no entanto, é o 
Todo-Poderoso, maravilhoso em conselho e 
41 
 
excelente em obras; consequentemente, nem mesmo 
a menor mudança pode ocorrer com Deus. 
Além disso, deve-se considerar que se Deus mudasse, 
Ele melhoraria a si mesmo ou ganharia em 
sabedoria. 
Nenhuma possibilidade pode ser entretida a respeito 
de Deus como Ele sempre é e permanece como 
pessoa infinitamente perfeita. 
É de acordo com a vontade de Deus que certas coisas 
mudem. Isso, porém, não provoca uma mudança na 
Sua vontade. Quando o arrependimento é atribuído 
a Deus, isso não sugere uma mudança no próprio 
Deus, mas sim uma mudança de atividade (em 
comparação com um momento anterior) em relação 
aos objetos dessa atividade, sendo esta mudança de 
acordo com Seu decreto imutável. Sempre que Deus 
emite uma promessa ou uma ameaça que Ele não 
realiza, isto indica meramente que havia uma 
contingência, expressamente declarada ou implícita, 
que determinaria se as circunstâncias ocorreriam ou 
não. Esse fato já era conhecido de Deus em virtude 
de Sua onisciência e Seu conselho. O fato de que Deus 
é Criador, Conselheiro, Governador e Reconciliador, 
e é um Pai, não indica que qualquer mudança ocorre 
nele, mas sim nas criaturas. Isso transmite a relação 
que Deus assim estabelece com Suas criaturas. Esta 
42 
 
relação, no entanto, não sugere uma mudança nas 
partes envolvidas nesta relação. 
Desde que Deus é imutável, como você deve temer, 
pecador não convertido! Pois todas as ameaças e 
julgamentos, tanto temporais como eternos, com os 
quais vocês foram ameaçados, certamente e 
inevitavelmente virão sobre vocês se não se 
arrependerem. 
Crentes, sejam confortados pela imutabilidade do 
Senhor, pois todas as promessas de que sois os 
herdeiros certamente serão cumpridas. Nenhuma 
delas cairá sobre a terra nem será desmantelada, 
embora as circunstâncias pareçam estranhas e tão 
contrárias a elas, e, na sua opinião, o cumprimento 
das promessas é adiado muito mais do que deveria 
ser o caso. Deus leva Seus filhos nestes caminhos 
para fazê-los confiar somente em Sua Palavra. Ele 
torna a promessa obscura e faz com que o oposto 
transpire para demonstrar posteriormente a 
imutabilidade de Seu conselho muito mais 
claramente. "Tu sais ao encontro daquele que, com 
alegria, pratica a justiça, daqueles que se lembram de 
ti nos teus caminhos. Eis que te iraste, porque 
pecamos; há muito tempo temos estado em pecados; 
acaso seremos salvos?" (Isaías 64: 5). 
Isto para os atributos incomunicáveis. 
43 
 
Os Atributos Comunicáveis de Deus 
Os atributos comunicáveis de Deus não são menos 
infinitos e são simples. 
Eles não são denominados "atributos comunicáveis" 
porque Deus comunica esses atributos eles mesmos, 
ou porque há qualquer equivalência entre o Criador 
e a criatura. Pelo contrário, Ele comunicou uma 
ligeira semelhança desses atributos com Suas 
criaturas racionais. Esses atributos comunicáveis 
podem ser organizados em três categorias: intelecto 
ou conhecimento, vontade e poder. 
 
O Conhecimento de Deus 
Embora as criaturas racionais possuam uma medida 
de conhecimento, há, no entanto, uma diferença 
infinita entre o conhecimento de Deus e o 
conhecimento de Suas criaturas, tanto em referência 
ao modo quanto aos objetos de seu conhecimento. 
Primeiro, consideremos o modo de conhecimento de 
Deus. O homem adquire conhecimento por meio da 
deliberação e da dedução racional, deduzindo e 
tirando conclusões vendo um fato em referência a 
outro. O conhecimento inicial sobre um objeto é 
adquirido por meio de espécies sensíveis, ou seja, 
observações sensíveis, que são feitas a respeito de 
44 
 
objetos físicos através da agência dos cinco sentidos, 
e por meio de espécies inteligíveis, isto é: 
Observações intelectuais que são feitas através da 
agência do intelecto de uma pessoa a respeito de 
assuntos sobre os quais o homem raciocina. O 
conhecimento de Deus, ao contrário, nem tem sua 
origem na criatura nem flui da criatura para Deus; 
em vez disso, flui do próprio Deus para a criatura. 
Deus não se familiariza com as coisas depois do fato 
em virtude de sua existência e função; 
anteriormente, Ele conhece as coisas com 
antecedência para que elas existam e funcionem de 
acordo com Seu decreto. Deus não decreta Sua obra 
considerando causa e efeito. Ele não adquire Seu 
conhecimento sobre Sua criatura através do processo 
de pesquisa e dedução racional; em vez disso, Ele os 
conhece desde que Ele determinou que deveriam 
existir e operar. Seu conhecimento de tudo é 
completo e instantâneo em consequência de quem 
Ele é. Ele vê tudo simultaneamente, e cada matéria 
em particular; isto pertence até mesmo ao menor 
detalhe de sua existência. “Não se vendem cinco 
passarinhos por dois asses? E nenhum deles está 
esquecido diante de Deus. Mas até os cabelos da 
vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois 
mais valeis vós do que muitos passarinhos.” (Lucas 
12.6,7). Além disso, não podemos especular sobre o 
modo de conhecimento de Deus. Devemos confessar, 
45 
 
"tal conhecimento é maravilhoso demais para mim" 
(Sl 139: 6). 
Em segundo lugar: O objeto do conhecimento de 
Deus. Também aqui há uma diferença infinita entre 
o conhecimento dos homens e o conhecimento de 
Deus. O homem conhece apenas algumas coisas, e 
aquilo que conhece só é conhecido superficialmente, 
pois não tem capacidade para descobrir a substância 
mais profunda e essencial de uma matéria. "Porque 
somos de ontem, e nada sabemos" (Jó 8: 9); "Eis que 
essas coisas são apenas as orlas dos seus caminhos; e 
quão pequeno é o sussurro que dele ouvimos! Mas o 
trovão do seu poder, quem o poderá entender?" (Jó 
26:14); “Porque os meus pensamentos não são os 
vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os 
meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o 
céu é mais alto do que a terra, assim são os meus 
caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os 
meus pensamentos mais altos do que os vossos 
pensamentos.” (Isa 55.8,9). 
(1) Pelo contrário, Deus Se conhece a si mesmo, e isso 
perfeitamente. "Pois, qual dos homens entende as 
coisas do homem, senão o espírito do homem que 
nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém 
as compreendeu, senão o Espírito de Deus." (1 Cor 2. 
11). 
46 
 
(2) Deus está ciente de Sua onipotência, sabendo que 
Ele pode realizar plenamente tudo o que Ele gostaria 
de fazer. Tudo o que ele gostaria de fazer pode 
realmente acontecer e ser realizado por Ele. A isto 
nos referimos como a possibilidade de todas as 
coisas. O Senhor Jesus se refere a isto quando Ele 
declara: "Digo-vos que Deus é capaz de suscitar 
destas pedras filhos a Abraão" (Mt 3: 9). Isto é 
geralmente referido comoscientam simplicis 
intelligentiae, ou seja, o conhecimento na sua forma 
mais simples ou essencial. 
(3) Deus também conhece todas as coisas que 
existem ou existirão, isto é, antes de sua existência. 
Isso não é apenas verdade em um sentido geral, mas 
se relaciona a cada matéria ou ação individual como 
se cada um fosse singular em sua existência. Este 
conhecimento é geralmente referido como scientia 
visionis, ou seja, conhecimento visionário, uma vez 
que se relaciona com a percepção de coisas que 
devem ser ou que atualmente existem. 
Deus claramente testifica em Sua Palavra que Ele não 
tem apenas um conhecimento geral sobre assuntos, 
mas um conhecimento específico de cada questão 
individual. Tal não é apenas confirmado por textos 
que se referem ao conhecimento de Deus em um 
sentido geral, tais como: "Conhecidas a Deus são 
todas as Suas obras desde o princípio do mundo" 
(Atos 15:18); "E não há criatura alguma encoberta 
47 
 
diante dele; antes todas as coisas estão nuas e 
patentes aos olhos daquele a quem havemos de 
prestar contas." (Hb 4:13); "Deus ... sabe todas as 
coisas" (1 João 3:20) - também por textos que se 
referem ao conhecimento de Deus a respeito de cada 
assunto individualmente, tais como: "Nem há 
criatura que não seja manifesta diante dele" (Hb 
4:13); "Mas os cabelos da vossa cabeça estão todos 
contados" (Mt 10:30); - Ele conta o número das 
estrelas; ele as chama por seus nomes."(Sl 147: 4). 
(1) O Senhor observa e conhece todas as coisas, 
grandes e pequenas. Ele conhece o coração dos reis 
(Provérbios 21: 1) e observa cada pardal (Mt 10:29). 
(2) Ele conhece todas as coisas boas e más: "Tu 
puseste diante de ti as nossas iniquidades, os nossos 
pecados secretos à luz do teu semblante" (Salmo 90: 
8). 
(3) O Senhor conhece todas as coisas secretas: "Tu, 
tu mesmo, conheces os corações de todos os filhos 
dos homens" (1 Reis 8:39); "O Senhor conhece os 
pensamentos do homem" (Salmo 94:11); "Porque Ele 
sabia o que havia no homem" (João 2:25). 
(4) O Senhor tem um conhecimento infalível de todas 
as coisas futuras que acontecerão devido ao exercício 
do livre-arbítrio do homem e, portanto, sabe todas as 
coisas que ocorrerão em relação ao homem. Deus 
48 
 
sabe tudo, pois todas as Suas obras são conhecidas 
dEle desde a eternidade e estão nuas e abertas 
perante Ele. Isto se torna evidente a partir do 
seguinte: 
Primeiro, a palavra "tudo" compreende tudo. Inclui 
todos os eventos futuros, incluindo aqueles que 
ocorrem como resultado do exercício do livre-
arbítrio do homem. Se Deus não estivesse ciente 
desses eventos, Ele seria ignorante em relação a 
muitas coisas. O contrário é verdade, porém, porque 
Ele sabe tudo. 
Em segundo lugar, o que é mais frequente na 
ocorrência e mais dependente do exercício do livre-
arbítrio do homem do que sentar e se levantar, assim 
como a função do pensamento e da fala? O Senhor 
sabe tudo isso de longe, porém, antes mesmo de 
pensar ou falar. "... porque eu sabia que tu tratarias 
muito traiçoeiramente" (Isaías 48: 8, veja também 
Salmos 139: 1-2); "Antes que eu te formasse no 
ventre, eu te conheci" (Jer 1: 5); "Pois eu sei o que 
vem à tua mente, cada um deles" (Ezequiel 11: 5). 
Em terceiro lugar, isso é verdade para todas as 
profecias, mesmo aquelas que se referem a tais 
eventos que só poderiam acontecer como resultado 
do exercício do livre-arbítrio do homem. Exemplos 
disso são muito numerosos para mencionar aqui; a 
revelação divina inteira exemplifica isso. O próprio 
49 
 
Senhor Jesus diz: "Agora eu vos digo antes que 
venha, para que, quando acontecer, creiais que eu 
sou." (João 13:19). 
Em quarto lugar, nada existe ou se distingue da 
operação de Deus. Deus sustenta tudo por Seu Poder 
onipotente e onipresente. Nada pode mover-se sem a 
cooperação divina e assim tudo transparece de 
acordo com Seu decreto, seja pela iniciação ou 
permissão do Senhor, dirigindo as coisas de tal 
maneira que elas realizem Seu propósito. Assim, 
torna-se evidente que o Senhor tem conhecimento 
prévio de todas as coisas. Você compreenderá isto 
com mais clareza e ficará menos confuso se tiver em 
mente que Deus é onisciente e decretou tudo o que 
transparece. Seu conhecimento não é derivado de 
matérias existentes e causas secundárias como é 
verdadeiro para o homem. Tenha em mente que a 
partir da perspectiva de Deus, que é a primeira causa 
de todas as coisas, tudo é uma certeza absoluta, 
embora pareça ser incerto quando vista da 
perspectiva de causas secundárias. Da perspectiva de 
Deus não há contingências; tal é somente verdadeiro 
da perspectiva do homem. Assim, ao definir a 
liberdade da vontade, não devemos pensar que ela 
funciona independentemente de Deus, num plano 
igual com a Sua vontade ou como uma entidade 
neutra; ao invés disso, a liberdade é uma função da 
necessidade. Assim, a liberdade da vontade não 
contradiz a presciência de Deus. O homem, sem 
50 
 
coerção e por escolha arbitrária, executa o que Deus 
certamente decretou, e do qual Ele estava ciente de 
que isso ocorreria. 
Deus fala à maneira dos homens quando é registrado 
que Ele prova o homem para saber o que está nele, e 
também quando Ele declara: "... agora sei que temes 
a Deus" (Gn 22:12). Ele já tinha conhecimento disso 
desde a eternidade. 
Ele também fala à maneira dos homens quando é 
registrado que Ele espera se o homem realizará um 
dever particular. Ele faz isso para exortar e advertir o 
homem que ele deve estar ciente de que Deus percebe 
suas ações; e sabe o que acontecerá. 
Jesuítas, arminianos e outros que insistem 
fanaticamente que o homem tem livre arbítrio 
inventaram um scientiam mediam, isto é, um 
conhecimento mediano que se situaria entre o 
conhecimento absoluto, natural e essencial de Deus, 
pelo qual Deus está ciente do pleno potencial de 
todas as coisas. Seu conhecimento volitivo e 
visionário seria então este conhecimento por meio do 
qual Ele tem um conhecimento particular e 
detalhado de todas as coisas, tendo decretado, no que 
diz respeito às circunstâncias e ocorrência. Tal 
vontade, estando em posição intermediária em 
relação a ambos [conhecimento essencial e 
visionário], seria um meio pelo qual Deus sabe uma 
51 
 
coisa por meio da outra, ou seja, aquilo que ocorre 
por meio de causas e circunstâncias. 
Eles definem este conhecimento mediano como 
sendo o conhecimento de Deus pelo qual Ele está 
ciente de eventos futuros que ainda não são 
considerados como certos, uma vez que nenhuma 
determinação ainda foi feita pressupondo de que 
maneira esses eventos serão moldados pelo exercício 
do livre arbítrio do homem. Deixe-me ilustrar por 
meio de hipóteses. Deus, imaginando que o homem 
seria criado na perfeição e seria confrontado com 
uma tentação particular de Satanás, poderia prever 
que o homem no exercício de Sua livre vontade 
abusaria de Seus dons. Deus imaginou ainda, depois 
que o homem havia caído, que o evangelho seria 
proclamado a ele, urgentemente motivando-o de 
várias maneiras a acreditar, ocorrendo em um 
momento em que o homem seria mais flexível, atenta 
e devidamente preparado. Assim, Ele seria capaz de 
prever e saber quem faria e quem não se 
arrependeria, creria e perseveraria até o fim da vida. 
Tal raciocínio também poderia ser aplicado a outras 
situações em que anjos ou homens parecem exercer 
seu livre arbítrio de uma maneira ou de outra. A 
tolice de tal hipótese será evidente a partir do 
seguinte: 
Primeiro, se Deus tivesse tal conhecimento mediato 
(por meio de imaginação e suposição e não por 
52 
 
conhecimento absoluto), todo o conhecimento de 
Deus relativo às ações dos homens estaria repleto de 
incerteza e mera suposição. Mesmo que todas as 
circunstâncias imagináveis necessárias para induzir 
o homem a uma determinada ação fossem postas em 
jogo, o homem, na sua opinião, ainda seria livre parafazer o que quisesse. Eles argumentam que o homem 
não seria limitado por uma causa necessária, e assim 
seria incerto o que ele faria. Consequentemente, o 
conhecimento de Deus relativo a tais ações seria de 
natureza contingente. Longe de nós entreter tal 
noção sobre um Deus onisciente! 
Em segundo lugar, tal conhecimento mediano 
implica que Deus não tem controle sobre as ações 
voluntárias do homem. Tal suposição é um absurdo 
em referência ao Criador e à criatura. No que diz 
respeito ao futuro, tais ações voluntárias não teriam 
qualquer relação causal com Deus, pois não haveria 
qualquer decreto a seu respeito, nem poderiam ter 
sido um elemento contingente de qualquer decreto. 
Então tais ações procederiam inteiramente do 
homem no exercício do seu livre arbítrio. De fato, em 
tais casos, Deus seria dependente da criatura, 
incapaz de decretar qualquer coisa concernente ao 
homem além da intervenção do livre arbítrio do 
homem. Consequentemente, todos os decretos só 
poderiam ser executados sob a condição de agradar o 
homem a cooperar, sendo ele senhor sobre o seu livre 
arbítrio e, portanto, incapaz de ser restringido por 
53 
 
ninguém, senão por si mesmo. Sua visão [os jesuítas 
e arminianos] implica que tudo o que Deus decretou 
é incerto porque o homem pelo exercício do seu livre 
arbítrio é capaz de mudá-lo. 
Para ser Senhor sobre a ação volitiva do homem, não 
basta que Deus tenha controle sobre as 
circunstâncias que podem influenciar a atividade da 
vontade do homem, causando ou não que certas 
coisas aconteçam, ou para estar em uma 
determinada condição. Estas circunstâncias não 
devem depender do exercício do livre arbítrio do 
homem, pois então estaria no poder do homem ditar 
as circunstâncias verbal ou fisicamente 
relativamente a outros indivíduos. Além de tal 
consideração, deve-se reconhecer que tal poder e 
controle envolveriam apenas as circunstâncias e 
situações que induziriam o homem a exercer seu livre 
arbítrio, mas não se estenderiam à própria vontade. 
Permaneceria livre e, portanto, independente de 
Deus, manteria o controle sobre si mesmo em vez de 
estar sujeito ao Seu controle. Mesmo se eles 
permitem que tanto a vontade como a sua liberdade 
tenham sua origem em Deus, eles ainda afirmam que 
o homem permanece seu próprio mestre relativo ao 
exercício do seu livre arbítrio. Assim, ele não é 
dependente de Deus, nem pode ser controlado por 
Ele. Tais são os absurdos que resultam de imaginar 
que Deus tem um conhecimento mediano das coisas. 
Tendo concluído isso, também deve ser postulado 
54 
 
que, de acordo com essa visão, tal conhecimento 
divino é meramente relacionado com circunstâncias 
que ocorrem ao homem; isso teria então um efeito 
sobre sua vontade. Isso, por sua vez, resultaria em 
um determinado evento, em resposta a que Deus 
estabeleceria posteriormente Seu decreto. Tal 
raciocínio altera a própria natureza de Deus e do 
homem, como consequentemente, remove a criatura 
do reino do controle de Deus. Uma vez que tudo isso 
é absurdo, concluímos que a existência de tal 
conhecimento intermediário é um absurdo. 
Objeção 1: Em 1 Sam 23: 11-12, lemos que o Senhor, 
em resposta à pergunta de Davi, respondeu que "Saul 
descerá", e eles (os homens de Queila) te entregarão. 
Isto não estava de acordo com o decreto de Deus, 
embora Ele estivesse ciente disso por meio de Sua 
intervenção mediata relativa ao exercício do livre 
arbítrio do homem. 
Resposta: Esta não era uma previsão a respeito de 
um evento futuro, mas sim uma revelação sobre uma 
realidade atual que, de uma perspectiva humana, 
poderia ter resultado em um evento que ainda não 
ocorreu. Como Deus não havia decretado esse 
acontecimento, porém, Ele sabia que não ocorreria. 
Davi pergunta sobre o que está escondido dele, para 
que ele possa decidir se deve ficar ou fugir. Deus 
revelou-lhe que Saul desceria a Queila e que os 
corações dos homens de Queila não estavam 
55 
 
inclinados para ele; portanto, eles determinariam 
entregar Davi a Saul quando ele descesse. Saul já se 
preparara e os corações dos homens de Queila já 
estavam contra ele. Deus revelou isto a Davi, e ao ver 
isso a partir de uma perspectiva humana, ele poderia 
concluir que estava em seu melhor interesse fugir. 
Uma vez que Deus decretou o resultado final do 
evento, Ele também decretou os meios que levariam 
a esse resultado. Assim, se alguém vê este texto 
relativo ao resultado dos eventos, segue-se que o 
conhecimento de Deus sobre o resultado final dos 
eventos é resultado da onisciência essencial. É o 
resultado do conhecimento singular e abrangente de 
Deus, pelo qual Ele conhece todas as possibilidades, 
ao invés de um conhecimento imaginário, mediano, 
pelo qual Ele decreta em resposta à atividade do 
homem. 
Objeção 2: "... e se isso tivesse sido muito pouco, eu 
te daria, além disso, tais e tais coisas" (2 Sm 12: 8); 
"Oh, me escutasse o meu povo! Quem dera Israel 
andasse nos meus caminhos! Em breve eu abateria os 
seus inimigos, e voltaria a minha mão contra os seus 
adversários." (Sal 81, 13-14). Deus tinha previsto 
como Davi e Israel se conduziriam, e assim 
concluíram o que lhes ocorreria ou não, mesmo que 
Ele não tivesse decretado que fosse assim. 
Consequentemente, não há algo como conhecimento 
mediano. 
56 
 
Resposta: Tem agradado a Deus fazer promessas 
condicionais relativas à prática da piedade. Quem 
vive de piedade os receberá e quem não os receber 
não os receberá. Deus faz a promessa para incitar o 
homem à ação e o homem aceita e reconhece que é 
seu dever. A obediência a tais exortações, no entanto, 
depende do dom da graça divina que Deus dá ou não 
de acordo com Seu decreto. Davi e Israel não 
cumpriram as condições necessárias, e assim o 
cumprimento da promessa lhes foi negado. Deus 
decretou que Davi não receberia além do que lhe fora 
dado e que Ele não livraria Israel de seus inimigos. 
Em virtude desse decreto Deus sabia que eles não 
receberiam bênçãos além das que já eram deles. Isto 
foi de acordo com o Seu decreto e não em resposta ao 
seu comportamento. Deus está ciente do resultado de 
todas as promessas condicionais em virtude de Seu 
decreto, e não em virtude do exercício do livre 
arbítrio pelo homem. 
Objeção 3: "Ao que o homem de Deus se indignou 
muito contra ele, e disse: Cinco ou seis vezes a 
deverias ter ferido; então feririas os sírios até os 
consumir; porém agora só três vezes ferirás os 
sírios." (2 Reis 13:19). A frequência com que os sírios 
seriam feridos dependeria da frequência com que a 
terra foi ferida. Do primeiro acontecimento, Deus 
concluiu o outro, que evidentemente não havia 
decretado. 
57 
 
Resposta: Aqui não há sequer a menor referência 
para mediar o conhecimento. Qual era a relação entre 
o golpe da terra e o golpe dos sírios? Deus tinha 
revelado a Eliseu que Joás, o rei de Israel, iria 
derrotar os sírios tão frequentemente como ele iria 
ferir a terra com flechas. Ele feriu a terra três vezes 
de acordo com o governo divino, pois Deus havia 
decretado que Joás iria derrotar os sírios três vezes. 
O profeta, desejando a destruição total dos sírios que 
eram inimigos do povo de Deus, ficou furioso porque 
Joás não tinha ferido a terra cinco ou seis vezes. Isso 
não sugere que o resultado final dependesse da 
frequência com que a Terra seria atingida. O profeta, 
não sendo consciente do conselho de Deus, tinha 
apenas uma revelação geral de que os sírios seriam 
derrotados e de que a frequência dessas derrotas 
seria revelada pelo Senhor por meio do golpe de Joás 
contra a terra. Era assim seu desejo que Joás tivesse 
ferido a terra mais frequentemente de modo que o 
número de derrotas sírias excedesse três. 
“Se as obras poderosas, que foram feitas em você, 
tivessem sido feitas em Tiro e Sidom, elas teriam se 
arrependido há muito tempo ... " (Mt 11:21). 
Resposta: Amaneira de falar aqui é hiperbólica, o 
que, ao invés de ser conclusivo, meramente sublinha 
algo por exagero, como é verdade no seguinte texto: 
"Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras 
imediatamente clamarão." (Lucas 19:40). É como se 
58 
 
Cristo tivesse dito: "Eles (os habitantes de Tiro e de 
Sidom) não são tão endurecidos quanto vocês". Isso 
simplesmente transmite que Deus em Sua 
onisciência reconheceu a possibilidade de sua 
conversão. 
Desde que a onisciência de Deus se estende ao 
passado, presente e futuro, e todas as coisas estão 
nuas e abertas aos olhos daquele com quem temos de 
prestar contas, como os ímpios devem tremer! 
Porque, 
(1) Deus percebe e conhece seu coração e sua 
estrutura espiritual. Ele sabe o que está oculto nele, 
bem como o que pode emanar dele. Ele conhece seus 
pensamentos, imaginações vãs e contemplação sobre 
pecados habituais e espontâneos. Ele está ciente dos 
motivos de todas as suas ações - se é seu objetivo 
terminar em si mesmo, para conseguir o seu próprio 
caminho, ou para prejudicar o seu próximo. Ele está 
ciente do ódio e do desprezo que promove para o seu 
próximo, suas emoções iracundas, bem como sua 
inveja em relação à prosperidade do seu vizinho. Em 
suma, Deus verdadeiramente percebe tudo o que 
transpira em seu coração, mesmo que você não possa 
discerni-lo nem ser consciente disso. 
(2) Deus está ciente de suas inclinações imorais, 
olhos adúlteros, palavras licenciosas, promiscuidade 
secreta, fornicação, conduta imoral, bem como todas 
59 
 
as pessoas com quem você se envolveu em tal 
atividade. 
(3) Deus está ciente de seu comportamento desigual, 
práticas comerciais enganosas, truques em que você 
procura fazer com que os pertences de seu vizinho 
sejam seus, as práticas de faturamento desonesto, a 
ociosidade, bem como todos os outros atos de roubo. 
(4) Deus está ciente de suas fofocas, calúnias de seu 
próximo, difamação de seu caráter, e do deleite que 
você tem em ouvir e falar sobre essas coisas. 
(5) Ele está ciente de seu orgulho, comportamento 
ostentatório, passeando na frente do espelho, e como 
autossatisfeito você fica. 
(6) O Senhor está ciente de suas danças e deleites, 
seus jogos de azar e cartas. 
(7) Ele está ciente de sua hipocrisia tanto dentro 
como fora do reino da religião. 
Esteja ciente que, 
 (1) Deus registra tudo o que foi mencionado muito 
mais precisamente do que se alguém estivesse 
continuamente em sua presença registrando com 
caneta e tinta todos os seus pensamentos, palavras e 
ações, juntamente com a localização, dia, mês e hora 
em que ocorreram. Como há um livro de lembrança 
60 
 
diante do semblante de Deus em favor de Seus eleitos 
(Mal 3:16), há também um livro diante do rosto do 
Senhor no qual a culpa dos ímpios é registrada. Como 
você deve estar consciente disso! 
(2) Esteja ciente de que os livros serão abertos uma 
vez e você será julgado de acordo com tudo o que está 
registrado neles (Apo 20:12). Certifique-se de que o 
Senhor colocará todas as coisas em ordem diante de 
seus olhos (Sl 50:21). 
(3) Considere como uma certeza absoluta que Deus, 
o Justo Juiz do céu e da terra que de modo algum 
libertará o culpado e cujo julgamento é segundo a 
verdade, o punirá por todos os seus pecados (Sl 7: 12-
13; salmos 50:21). Não somente Ele pronunciará a 
maldição sobre você com a qual Ele ameaça os 
transgressores da lei e lhe dirá no último dia: 
"Afastai-vos de mim, malditos" (Mateus 25:41), mas 
Ele também o designará eternamente ao Lago de fogo 
que arde com enxofre se você não se apressar em 
arrepender-se. Você não se preocupa se Deus o vê, 
contanto que as pessoas não o vejam, mas quão 
terrível será para você quando o Senhor Jesus 
aparecer como Juiz e o convocar diante de Seu 
tribunal, examinando e reexaminando você com Seus 
Olhos que serão como chamas de fogo! Quão terrível 
será esse dia! "Mas quem poderá permanecer no dia 
da Sua vinda? E quem se levantará quando Ele 
aparecer?" (Mal 3: 2); "Pois eis que aquele dia vem 
61 
 
ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os 
que cometem impiedade, serão como restolho; e o 
dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos 
exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem 
ramo." (Mal 4: 1). 
Portanto, arrependa-se antes que seja tarde demais. 
Que você agora tema o olho de Deus, para que 
naquele dia você não fique aterrorizado diante de 
Seus olhos flamejantes. 
Vocês, entretanto, que tomam seu refúgio no Senhor 
Jesus, escolhem-no como seu Fiador, recebem-no 
pela fé, encontram toda a sua esperança e conforto 
nEle, e temem e servem ao Senhor - como a 
onisciência de Deus deve ser um conforto para vocês! 
Pois, 
(1) Ele está ciente de sua sinceridade em relação a Ele 
e seu desejo de agradá-Lo. "Porque os olhos do 
Senhor correm de um lado para outro por toda a 
terra, para mostrar-se forte em favor daqueles cujo 
coração é perfeito para com Ele" (2 Cr 16: 9); "Os que 
são retos no seu caminho são o seu deleite" (Pv 
11:20); "O Senhor conhece os dias dos retos" (Sl 
37:18). 
(2) O Senhor conhece seus exercícios religiosos em 
segredo, orações, súplicas, lutas de fé, suspiros, 
choro, busca por Ele, leitura, meditação, santas 
62 
 
intenções, temor de Deus e caminhada piedosa. Ele 
viu o eunuco lendo (Atos 8: 28-29), e Paulo orando 
(Atos 9:11). "Os olhos do Senhor estão sobre os 
justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor" 
(Sl 34:15); "O Senhor está perto de todos os que O 
invocam" (Sl 145: 18). 
(3) O Senhor conhece a sua luta secreta; a sua luta 
contra a incredulidade; a sua tristeza por causa dos 
seus pecados, falta de luz e distância de Deus; e todas 
as suas ansiedades espirituais. "Senhor, todo o meu 
desejo está diante de Ti; e o meu gemido não está 
escondido de Ti." (Sl 38: 9); "Porque assim diz o Alto 
e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é 
santo: Num alto e santo lugar habito, e também com 
o contrito e humilde de espírito, para vivificar o 
espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos 
contritos." (Isa 57:15); "O Senhor está perto dos que 
têm o coração quebrantado; e salva os que são 
contritos de espírito." (Sl 34:18). 
(4) O Senhor percebe suas necessidades corporais, 
adversidades, pobreza e tribulações. Ele viu a 
necessidade da viúva de Sarepta, e providenciou para 
ela (1 Reis 17), bem como de outra viúva (2 Reis 4). 
Ele viu Agar em sua miséria (Gn 16:13) e a tribulação 
de Israel no Egito. "E disse o Senhor: Certamente vi 
a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi o seu 
clamor por causa dos seus exatores; porque eu 
conheço as suas tristezas "(Êx 3: 7); "Tu contaste as 
63 
 
minhas aflições; põe as minhas lágrimas no teu odre; 
não estão elas no teu livro?" (Salmo 56: 8). 
(5) O Senhor conhece a sua inocência quando as 
pessoas com mentiras falam mal de você e o 
caluniam. Que seja para sua consolação que "se o 
nosso coração não nos condena, temos confiança em 
Deus" (1 João 3:21); "Pois a nossa alegria é esta, o 
testemunho da nossa consciência" (2 Cor 1.12). Oh, 
que forte consolação os crentes podem derivar da 
onisciência de Deus, pois Ele não se limita a tomar 
nota da sua miséria num sentido externo, mas Ele os 
contempla com compaixão e está pronto para ajudá-
los no tempo de Sua boa vontade! 
Se o Senhor é onisciente e toma tanto cuidado de 
cada assunto e ação, então isso deve nos estimular a 
nos engajar da seguinte maneira: 
Primeiro, como Esdras, tenha vergonha, 
considerando que o Senhor tem percebido todos os 
seus estados espirituais pecaminosos e tem 
observado todas as suas ações pecaminosas. "Ó meu 
Deus, estou envergonhado e coro para levantar o meu 
rosto para Ti" (Esdras 9: 6). Seja como o publicano 
que parou de longe, golpeando seu peito, e "não 
elevaria os seus olhos para o céu" (Lucas 18:13). 
Em segundo lugar, cuidado com toda a arrogância

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