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O PACOTE ANTICRIME REVOGOU O PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ?
Humanas / Sociais
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O PACOTE ANTICRIME REVOGOU O PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ? Em termos simples, o princípio da identidade física do juiz determina que o juiz que vai sentenciar deve ser o mesmo dos atos da instrução. O princípio da identidade física do juiz está previsto expressamente na lei e está no artigo 399, § 2º do CPP. Veja o que diz o parágrafo segundo do citado artigo: Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. Esse parágrafo não constava do texto original, foi inserido pela lei 11.719/2008, lei esta que alterou profundamente o código de processo penal assim como fez o famoso pacote Anticrime. Interessante que o princípio da identidade física do juiz também estava previsto no artigo 132, caput, do Código de Processo Civil de 1973, recentemente revogado. Veja o que dispunha aquele artigo: Art. 132 . O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor. (Redação dada pela Lei nº 8.637, de 31.3.1993). Como se vê, o artigo 132 do revogado CPC ainda traz exceções ao princípio : “salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor''. A edição original do CPC de 2015 não trouxe o princípio da identidade física do juiz, talvez por descuido do legislador. Com a edição do Pacote Anticrime que alterou o código de processo penal e trouxe a figura do juiz de garantias, ainda é possível falar nesse princípio da identidade física do juiz? Sim, ainda é possível, porque o pacote anticrime trouxe a possibilidade de um juiz “cuidar” do inquérito e outro juiz, da instrução. Evidentemente o que sentenciar não será o “do inquérito'', logo, não houve revogação expressa desse princípio. Pelo contrário, a inclusão do instituto do juiz das garantias veio na verdade reforçar o princípio da identidade física do juiz.