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ENSAIO SOBRE MODELOS ORGANIZACIONAIS E REFORMAS ADMINISTRATIVAS Andressa Vieira Silva INTRODUÇÃO Este ensaio traz alguns conceitos importantes a respeito dos modelos organizacionais da burocracia e do gerencialismo e faz uma breve abordagem em relação às reformas da administração pública no Brasil. Como base foram usados os artigos “Modelos organizacionais e reformas da administração pública”, de Leonardo Secchi, “Trajetória recente da gestão pública brasileira: um balanço crítico e a renovação da agenda de reformas’, de Fernando Luiz Abrucio, e o ensaio “Burocracia e a revolução gerencial — a persistência da dicotomia entre política e administração”, de Humberto Falcão Martins. MODELOS ORGANIZACIONAIS E REFORMAS ADMINISTRATIVAS NO BRASIL Conforme Secchi (2009), a partir dos anos 1980, as administrações públicas do mundo passaram a fazer reformas administrativas na tentativa de modernizar seu funcionamento, oferecer serviços de mais qualidade e alcançar melhores resultados como aqueles obtidos pelo setor privado. O autor aponta como indutores das reformas a crise fiscal, a competição por investimentos privados, a ascensão de valores pluralistas e neoliberais, entre outros. No Brasil, de acordo com Abrucio (2007), com a crise do regime militar e o declínio do modelo nacional-desenvolvimentista deu-se início a um processo de reforma do Estado. Entretanto, os atores do período da redemocratização se preocuparam apenas em corrigir os erros praticados pelos militares, sem dar importância aos desafios históricos que precisavam ser enfrentados. Para combater a herança deixada pelo período militar, a Constituição Federal de 1988 originou mudanças e Abrucio (2007) destaca algumas delas como o fortalecimento do controle externo, a descentralização e a reforma do serviço civil, mediante a profissionalização da burocracia e o concurso público. Todavia, muitas delas sofrem até hoje dificuldades em se expandirem. Essas dificuldades aliadas à crise fiscal do Estado contribuíram para, na década de 90, os servidores públicos serem considerados os vilões da crise, o que também ocorre nos dias atuais. Além disso, conforme Abrucio (2007), essa situação foi agravada no governo Collor quando a percepção da opinião pública foi contaminada pelas ideias de Estado mínimo e o pensamento de que os funcionários públicos eram marajás. No período militar, conforme Secchi (2009) destaca, o modelo que predominava no Brasil era o burocrático, que é atribuído a Max Weber e se disseminou pelo mundo no século XX. Esse modelo é caracterizado pela formalidade, pela impessoalidade e pelo profissionalismo. A formalidade é percebida através dos documentos dos procedimentos administrativos, da comunicação interna e externa, da padronização dos serviços, evitando a discricionariedade dos servidores, e da autoridade racional-legal cujo poder emana das normas (SECCHI, 2009). Enquanto isso, as relações na organização e as posições hierárquicas são marcadas pela impessoalidade; e o profissionalismo está interligado à valorização do mérito e do conhecimento técnico dos servidores, servindo de contraponto ao nepotismo que predominava no patrimonialismo, modelo anterior à burocracia. Para Martins (1997), a revolução gerencial foi provocada, a partir da Grã- Bretanha e dos Estados Unidos, nos anos 80, pela crise do welfare state keynesiano, pela ingovernabilidade nas áreas fiscal e de legitimidade e pela evidenciação das disfunções burocráticas. No Brasil, a reforma gerencial ocorre no governo de Fernando Henrique Cardoso com a criação do Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE) sob o comando de Bresser-Pereira (ABRUCIO, 2007). Nessa reforma buscou-se aperfeiçoar alguns ideais do modelo burocrático como a meritocracia, mas, também, combater as disfunções desse modelo. Abrucio (2007) destaca os valores em que a administração pública gerencial se baseia: a eficiência, a eficácia e a competitividade. Além disso, o modelo gerencial é caracterizado pela descentralização, pela flexibilidade, pela transparência e pela responsabilização dos agentes públicos (accountability), entre outros (MARTINS, 1997). Todas as tentativas de reforma da administração pública no Brasil tiveram sucesso em algumas ideias e fracasso em outras, conforme mostra Abrucio (2007). Nesse sentido, Secchi (2009) ressalta que os modelos organizacionais não são modelos de ruptura, eles coexistem simultaneamente na nossa administração pública, por isso para estudá-los é preciso considerar os elementos básicos de continuidade e de descontinuidade, ou seja, os elementos compartilhados pelos modelos e aqueles que se diferem entre eles. CONCLUSÃO A partir dos textos estudados pode-se perceber o quão importante é uma administração pública eficiente, transparente, justa e que entregue serviços de qualidade para a população. Não existe um modelo considerado melhor que os demais, eles precisam ser adaptados à realidade de cada administração. Atualmente, no Brasil, ainda temos muitos traços do patrimonialismo como o nepotismo e a corrupção; temos, também, a burocracia que é verificada na rigidez dos processos administrativos, na dependência das normas e na seleção de servidores mediante o concurso público. Por outro lado, o gerencialismo trouxe algumas melhorias, por exemplo, a accountability e o controle sobre os resultados. Diante disso, espera-se que nossos representantes deem mais atenção à gestão pública e que a próxima reforma administrativa não tenha como objetivo apenas retirar vantagens dos servidores como uma tentativa de solucionar uma crise fiscal ocasionada pela corrupção e descaso deles próprios. A história está se repetindo e, como ocorreu no governo Collor, o peso da crise está sendo colocado novamente sobre os ombros dos servidores públicos. REFERÊNCIAS ABRUCIO, Luiz Fernando. Trajetória recente da gestão pública brasileira: um balanço crítico e a renovação da agenda de reformas. Revista de Administração Pública. São Paulo: FGV, Edição Especial Comemorativa, 2007. MARTINS, H. F. Burocracia e a revolução gerencial — a persistência da dicotomia entre política e administração. Revista do Serviço Público, v. 48, n. 1, p. 42-78, 24 fev. 2014. SECCHI, L. Modelos organizacionais e reformas da administração pública. Revista de Administração Pública. São Paulo, v. 43, n. 2, p. 347-69, 2009.
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