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Participação Social

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ENSAIO SOBRE PARTICIPAÇÃO POPULAR 
 
Andressa Vieira Silva 
 
INTRODUÇÃO 
Este ensaio tem como objetivo fazer uma reflexão sobre a participação social, 
seu significado, conceitos que relacionados a ele e seu desenvolvimento ao longo da 
história. Além disso, são expostas experiências de participação social analisadas por 
Milani e o surgimento das ONGs no Brasil. Foram usados como base os artigos 
“Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais”, de Maria da Glória 
Gohn, e “O princípio da participação social na gestão de políticas públicas locais”, de 
Carlos Milani. 
 
EXPERIÊNCIAS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA AMÉRICA LATINA E NA 
EUROPA OCIDENTAL 
A participação social é uma das ferramentas utilizadas como resposta à crise e à 
revisão das relações entre o governo e a sociedade. De acordo com Milani (2008), além 
dessa são usadas outras estratégias como a descentralização, mecanismos de 
responsabilização, gestão por resultados, controle social, dependendo do contexto e da 
variação de burocracia existente em determinado local. 
O discurso sobre participação social tem origem nas agências internacionais de 
cooperação para o desenvolvimento, nas reformas de Estado e nas práticas de alguns 
governos locais. A partir dessas fontes, dos movimentos sociais e do conhecimento 
acadêmico e intelectual forma-se o princípio participativo. 
Milani (2008) recorda que nos anos 90, no plano local, houve a 
“institucionalização da consulta à sociedade civil organizada” na elaboração de políticas 
públicas. Entretanto, há limitações aos processos locais de participação social: a 
participação de diferentes atores é estimulada, mas nem sempre ocorre igualitariamente; 
os atores participam das tomadas de decisão contribuindo para um aumento da 
transparência, entretanto essa participação não garante a legitimidade do processo 
participativo. 
Por isso, Milani (2008) analisou as realidades da Europa Ocidental e da América 
Latina, pois passam por uma crise na democracia representativa. Para ele, as reformas 
de Estado são ocasionadas por crises econômicas e ressalta que essas reformas podem 
ser feitas dando uma abordagem diferente a participação social da que era dada nos anos 
1990 no Brasil quando ocorreu a banalização da ideia de que a participação da 
sociedade seria o suficiente para melhorar a prestação de serviços públicos no âmbito 
local. De acordo com o autor, o modelo de reforma da administração pública, que está 
em curso na América Latina e na Europa, é inspirado na democracia deliberativa, 
considera as esferas de governo de forma conjunta, trata a participação social como um 
dos componentes da ressignificação do conceito de público e o processo de decisão é 
compartilhado entre diversos atores, não é exclusivamente estatal. 
Nesse sentido, Milani (2008) mostra que a gestão pública local se torna relevante 
se construída pela descentralização efetiva de meios e recursos se não for feito dessa 
forma, a sociedade pode se sentir desmotivada por não ver suas decisões se 
concretizando e, dessa forma, reduzir sua participação e confiança. Sendo assim, o autor 
analisa os níveis que o estímulo à participação do cidadão e da sociedade civil podem 
alcançar: a participação pode ser usada como controle da qualidade dos serviços 
públicos aumentando sua qualidade e efetividade dos gastos públicos; priorizar bens 
públicos de acordo com o desejo da sociedade civil; politizar relações sociais a partir da 
construção de espaços públicos. 
Com base nessas considerações, Milani (2008) ressalta que não existe um 
modelo universal capaz de abranger todas as excepcionalidades do contexto de cada 
país ou região. Como exemplo, o autor cita as regiões sul e sudeste do Brasil que 
apresentam indicadores sociais, padrões de comportamento político diferenciados do 
resto do país. 
A partir da análise feita por Milani (2008) da participação cidadã na América 
Latina e na Europa Ocidental fica evidente que a participação é pequena se comparada à 
população local. Da mesma forma, a diferença de conhecimentos e informações resulta 
na baixa mobilização e participação nas experiências de gestão pública participativa. 
O autor destaca as semelhanças entre as experiências de Porto Alegre e de 
Córdoba (Espanha) que utilizam a votação direta dos cidadãos no processo deliberativo, 
assembleias cíclicas, criaram conselhos de monitoramento e ambos os casos foram 
instituídos por governos de esquerda. 
Essas experiências podem contribuir para a renovação das políticas públicas 
locais, entretanto existem riscos e limites dessa participação. O autor cita alguns riscos 
que podem surgir como o fato de serem oferecidos direitos e serviços diferenciados no 
mesmo território nacional e a falta de sustentabilidade dos programas locais. Por outro 
lado, as políticas locais apresentam maior legitimidade e credibilidade junto à 
população. 
Diante disso, o autor conclui que as práticas participativas evoluem de acordo 
com o contexto social, histórico e geográfico e os atores locais são fundamentais na 
renovação desses processos. O princípio participativo contribui para uma sociedade 
mais democrática, confere legitimidade ao governo e possibilita uma gestão mais 
eficiente das políticas públicas. 
 
PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE EM POLÍTICAS SOCIAIS 
Em seu artigo, Gohn (2004) promove uma reflexão sobre conceitos importantes 
relacionados à participação da sociedade em esferas públicas. De acordo com ela, o 
termo sociedade civil surgiu no período das transições democráticas e vem passando por 
alterações em seu significado, no Brasil e na América Latina, conforme a conjuntura da 
política e a situação das lutas políticas e sociais no país. Esse conceito foi considerado 
sinônimo de participação e organização do povo na luta contra o regime militar. Nesse 
período da história, os atores sociais buscavam por liberdade e justiça social e, por isso, 
ocorreu um aumento e uma diversificação dos movimentos, associações e Organizações 
não governamentais (ONGs). Com o fim do governo militar, o sentido de sociedade 
civil foi alterado, ocorreu uma fragmentação dos movimentos sociais e a cidadania foi 
ressignificada aproximando-se dos conceitos de participação civil e responsabilidade 
social. Nesse sentido, a sociedade civil se fundiu a sociedade política e, assim, surgiu o 
espaço público não estatal composto por conselhos, fóruns e outros atores do poder 
público. 
Dessa forma, foi incorporada no país a ideia de “empowerment” que, de acordo 
com Gohn (2004), dá poder à comunidade para que ela seja a protagonista da sua 
própria história. Outro conceito destacado pela autora é o de capital social que considera 
as redes e conexões estabelecidas entre os indivíduos. 
Diante do exposto, Gohn (2004) ressalta que a participação da sociedade civil 
através de formas institucionalizadas serve para lutar por serviços de mais qualidade e 
não para substituir o Estado, por isso, o terceiro setor recebe o apoio de grupos 
empresariais e tende a predominar sobre as outras formas de participação. Além disso, 
conforme a autora, as ONGs se fortaleceram com as políticas neoliberais, pois o 
desemprego e a falta de políticas sociais aumentaram e, assim, os movimentos sociais 
perderam força e se uniram a essas Organizações. Nesse contexto, as ONGs passaram a 
ser prestadoras de serviços, principalmente sociais, distanciando-se do conceito das 
ONGs dos anos 1980 quando eram caracterizadas pela militância. A autora (2004) 
identifica essa mudança das ONGs como uma privatização ou terceirização do Estado, o 
que é considerado fundamental pelas reformas neoliberais. 
 
CONCLUSÃO 
A partir do texto, depreende-se que existem muitas experiências de participação 
da sociedade nas regiões analisadas, mas ainda há muito que melhorar. No Brasil, uma 
das ferramentas utilizadas é o orçamento participativo que tem bons resultados, masbaixa participação da sociedade. Ainda é preciso criar estratégias que estimulem a 
participação popular e dê qualidade a ela. Além disso, é preciso que haja uma integração 
na atuação das esferas do governo para que a prestação de serviços públicos seja 
realizada de forma homogênea para todos e em todo o território nacional. 
Nesse sentido, as ONGs possuem um papel fundamental, pois prestam serviços 
sociais que muitas vezes não são oferecidos pelo governo ou são oferecidos com uma 
qualidade ruim. Essas Organizações conseguem parcerias com empresas privadas 
buscando abranger um maior número de pessoas e de serviços. 
Diante disso, podemos concluir que a participação social é imprescindível na 
luta por serviços de qualidade, pela utilização eficiente do dinheiro público, para 
garantir os direitos sociais do povo e tornar as relações mais politizadas, informando e 
educando politicamente e socialmente o povo, através das esferas públicas e das formas 
institucionalizadas de participação popular. 
 
REFERÊNCIAS 
GOHN, Maria da Glória. Empoderamento e participação da comunidade em políticas 
sociais. In: Saúde e Sociedade, v. 13, n. 2, p. 20-31, maio-ago. 2004 
 
MILANI, C. R. S. - O princípio da participação social na gestão de políticas públicas 
locais. In: Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, vol 42(3), p. 551-79, 
maio-jun. 2008.

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