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A Farmácia e o tempo [ep19092011]

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A Farmácia e o tempo 
 
História de um ofício 
Edson Perini 
Departamento de Farmácia Social 
Centro de Estudos do Medicamento 
UFMG 
A pré-história 
Populações nômades 
 
 
 
 
A fixação dos clãs (agricultura/pecuária) 
 
 
A história antiga 
(pré-hipocrática) 
Oriente 
 
Ocidente 
 
A história antiga 
(pré-hipocrática) 
Oriente 
 
O ser é ativo 
 
A natureza (drogas) 
reconstitui o 
equilíbrio 
 
Ocidente 
 
O ser é passivo 
 
A natureza (drogas) 
é manifestação 
dos deuses 
A ALQUIMIA 
Séc. IV a.C. 
 
Chineses, hindus, egípcios, gregos e 
romanos. 
 
Alquimia e a química. 
A ALQUIMIA 
A ALQUIMIA 
Seus objetivos 
 
 a vida eterna e a fabricação do ouro 
A transmutação 
da velhice para a mocidade 
da doença para a saúde 
da mortalidade para a imortalidade 
do metal vil para o metal eterno 
A ALQUIMIA 
A chinesa e hindu - mais antigas e voltadas 
para a medicina: a busca do elixir da 
longa vida. 
 
A grega e a egípcia não eram apenas ligada 
à medicina: Xerion – posteriormente 
chamada a „pedra filosofal‟, ou „pedra que 
não é pedra‟, com poderes de transmutação 
instantânea 
 
 
A ALQUIMIA 
A alquimia européia medieval procede de todas 
essas fontes, principalmente da árabe, 
através principalmente da Espanha 
 
A fabricação do ouro era ainda o objetivo principal 
Em seus processos descobriram a „acqua vitae‟ (o 
álcool), a „acqua fortis‟ (o ácido nítrico), vários outros 
ácidos minerais e outras classes de substâncias 
 
A contribuição grega 
pré-hipocrática 
A mitologia 
Asclépio (para os romanos Esculápio) 
Meditrina, Higéia e Panacéia (suas filhas 
– a longevidade, a prevenção e a cura) 
 
A contribuição grega 
pré-hipocrática 
O pensamento religioso ainda predomina 
 
As drogas agem pela mão dos deuses, 
são instrumento divinos 
 
Os médicos gregos buscam explicar a 
natureza e o controle das doenças 
A contribuição grega 
1ª terapêutica „racional‟ 
 
Terapia do “ferro e fogo” 
(transição entre visão religiosa e laica) 
 
A doença é divina mas também algo 
material a ser extirpado do corpo 
O fogo a destrói 
O ferro a extirpa 
A contribuição grega 
„pharmacon‟ 
A natureza observada e explicada 
 
A atividade dos fármacos começa a 
substituir o ferro e o fogo 
 
E como o ferro e o fogo, 
é algo compreensível além dos 
desígnios dos deuses 
A contribuição grega 
Inicia-se a prática de uma 
farmácia racional: 
 
a busca da compreensão dos efeitos e o 
domínio do uso de forma controlada 
 
O mágico cede espaço ao racional! 
A contribuição grega 
Hipócrates 
 
Hipócrates (468-377 a.C.) 
 
 
 
Racionalização do discurso médico 
A contribuição grega 
Hipócrates 
 
Relaciona doenças e causas 
(naturais, usos e costumes) 
 
É preciso observar para contra-atacar 
A contribuição grega 
Hipócrates 
 
 
 
 
“A oração é sem dúvida uma coisa boa; 
mas quando invoca os deuses, cada um 
também precisa fazer sua parte” 
A contribuição grega 
Hipócrates 
 
 
 
 
 
 
A terapia deve imitar a natureza – 
observar o que a natureza faz 
e intervir utilizando sua própria força 
A contribuição grega 
Hipócrates 
 
O terapeuta deve agir: 
 
 
 
 
 
 
Na crise administrando fármacos cuja 
força seria igual ou contrária à natureza 
 
Passada a crise, para ajudar o paciente 
a tomar uma direção positiva, 
 
A contribuição grega 
Políbio 
 
Políbio (205-120 a.C.) 
Genro de Hipócrates(?) 
 
 
 
A transição para uma 
teoria sobre o fármaco 
A contribuição grega 
Políbio 
 
Teoria dos humores 
O organismo é formado por 4 humores: 
O sangue 
A bili amarela 
A bili preta (a melancolia) 
A fleuma 
A contribuição grega 
 Aristóteles e o Liceu 
Aristóteles (384-322 a.C.) e o Liceu 
 
 
A lógica da digestão: 
definição e funcionamento dos fármacos 
 
“ Problemata ” 
A contribuição grega 
Aristóteles e o Liceu 
 
Problemata I:15 
 
 “Por que mudanças [na dieta] causam 
doenças? ... Os alimentos, se diferentes em 
caráter, têm efeitos adversos uns sobre os 
outros. Alguns são mal assimilados, outros de 
modo nenhum; ... variações na dieta são ruins 
para a saúde (pois a digestão é perturbada e 
impedida de manter um curso constante) ...” 
A contribuição grega 
Aristóteles e o Liceu 
 
Problemata I:47 
 
 “... Pois a natureza dos fármacos está 
em não serem digeríveis ...” 
A contribuição grega 
Aristóteles e o Liceu 
 
Problemata I:42 
 
A eficácia dos fármacos depende 
de suas propriedades intrínsecas 
e não de suas quantidades. 
 
A contribuição grega 
Aristóteles e o Liceu 
 
Problemata I:43 
 
 “ É porque cada uma dessas substâncias 
tem uma ação mais específica sobre 
este ou aquele órgão?” 
A contribuição grega 
Aristóteles e o Liceu 
 
Problemata I:42 
 ”... Tal como não são digeridas, mas 
resistem à digestão, quando evacuadas 
levam embora aquilo que age como 
obstáculo a eles.” 
 
A ação dos fármacos é movimento! 
A contribuição grega 
Aristóteles e o Liceu 
 
Problemata I:45 
 ”Por que renovar cataplasmas? Será 
porque um efeito mais poderoso é 
obtido? Os medicamentos a que nos 
acostumamos – do mesmo modo que nos 
acostumamos aos alimentos – já não são 
medicamentos, mas alimentos. O mesmo 
se aplica bem aos cataplasmas.” 
 
 
A contribuição grega 
Os conceitos fundamentais 
Fármacos e alimentos se diferenciam 
Fármacos têm alvos específicos 
Efeitos variam com dose e indivíduos 
Difusão gradual/dissolução/ 
transformação da matéria mórbida 
Habituação 
 
 
A contribuição romana 
Galeno 
Galeno (129 – 201 d.C.) 
 
Mantém a filosofia grega de 
individualização, mas guarda uma 
direcionalidade para a ineqüidade 
A contribuição romana 
Galeno 
“Emprega esses medicamentos e os que eu já 
mencionei depois de examinares o corpo...” 
 
“Se o paciente for um camponês cujo corpo é 
naturalmente rijo, ele exigirá os medicamentos 
mais poderosos; o corpo de uma mulher, cuja 
pele é macia, requer medicamento mais fraco. 
De igual modo, os homens com pele macia e alva, 
acostumados a tomar banho e a não praticar 
exercícios, requerem medicação mais suave.” 
 
A contribuição romana 
O mercado dos fármacos 
 
Séc. II d.C., auge do Império Romano 
amplia-se o comércio de fármacos 
preços caem, porém mantém-se como um 
mercado bastante caro. 
Alguns médicos chegam a cobrar verdadeiras 
fortunas por alguns tratamentos 
 
A contribuição romana 
O mercado dos fármacos 
Imperador Dioclesiano (245-313d.C.) 
 
Edictum de maximis pretii 
fixava preços máximos para produtos e 
serviços, inclusive substâncias médicas 
Talvez a primeira regulamentação sobre o 
mercado de fármacos. 
A contribuição romana 
O mercado dos fármacos 
 
Dois séculos após (inicio do Séc. V), 
o império menos rico 
 
Um preparado bem conhecido para 
enxaqueca continha menos substâncias, 
em menores quantidades. 
A contribuição romana 
De comerciante a físico-farmacêutico 
 
No comércio de especiarias e compostos 
aparecem os vendedores especializados. 
 
Comerciavam produtos exóticos, preparavam 
fármacos, extraiam venenos, adulteravam 
produtos, vendiam „similares` mais baratos de 
produtos famosos 
A contribuição romana 
De comerciante a físico-farmacêutico 
 
Esses “comerciantes” especializados 
assumiram tal importância que Plínio 
queixava-se de que os médicos de seu 
tempo haviam perdido a arte de 
preparar seus próprios medicamentos. 
A contribuição romana 
De comerciante a físico-farmacêutico 
 
Galeno chegou a escrever: 
 
“Eu era capaz de produzir preparados que 
rivalizavam com os dos especialistas.” 
A contribuição romana 
De comerciante a físico-farmacêutico 
 
A adulteração de produtos levou à 
introdução de métodos para a 
verificação da qualidade da matéria 
médica, tal como já existia para a 
manufatura de pigmentos ou da 
identificação dos metais. 
A contribuição romana 
Resumo 
O uso de fármacos na terapêutica sedesenvolveu impulsionado pela riqueza e 
expansão militar e política do império 
Novas experiências reúnem fármacos 
diferentes de diversas regiões em proporções 
até então desconhecidas 
Essas experiências implicam na expansão da 
prática de preparações compostas, que 
chegavam a dezenas de constituintes 
A contribuição romana 
Resumo 
Nasce uma `nova antropologia` 
terapêutica, baseada na distinção entre 
cidade e campo, ricos e pobres 
Nas cidades: estoques de variadas, 
exóticas e caras substâncias 
No campo: recursos mais autóctones e 
limitados 
Ricos: medicação tendendo ao mais suave 
Pobres: medicação mais forte 
A contribuição romana 
Resumo 
A „eficácia` de muitos produtos 
populares permite uma migração de 
conhecimentos com o ambiente 
„acadêmico`, bem como entre campo e 
cidade, pobres e ricos. 
Produz-se uma forte distinção entre 
medicamentos simples e complexos 
A contribuição romana 
 
Expansão comercial 
 
Diversificação de produtos 
 
Diferenciação social 
O renascimento 
Descarte 
O nascimento da clinica 
a patologia 
a fisiologia 
 
Bacteriologia 
Epidemiologia 
 
O Seculo XIX 
Adaptacao de diversas maquinas 
utilizadas em setores industriais que se 
formavam para a producao farmaceutica 
(em fins do seculo movidos a 
eletricidade): moinhos, misturadores de 
massas alimenticias, centrifugadoras 
das lavanderias, tachos de fabricacao 
de caramelos,... 
O Seculo XIX 
 
1820 - primeira USP –preparadas apenas por 
medicos e revista a cada dez anos. 
1850 - profissionais farmaceuticos na 
comissão 
1852 –American Phamaceutical Association - 
National Formulary of Unofficial 
Preparations, com fármacos e formulas 
eliminadas da USP por sua seletividade em 
termos de eficácia e seguranca. 
O Seculo XIX 
A segunda metade do seculo foi 
particularmente prodiga na sintese de 
produtos organicos uteis a farmacia 
 
Sintese da Fenolftaleina – laxante 
Derivados do Ac. Barbiturico 
O Seculo XIX 
1803: Isolamento da morfina (Serturner) 
1846: Uso anestesico do eter (Morton) 
1867: Introducao cirurgia antiseptica (Lister) 
1872: Sintese do acido salicilico (?) 
1875: Uso do salicilato de sodio como 
antipiretico e para febre reumatica (Buss) 
1877: Uso da fisostigmina no glaucoma (Laqueur) 
1882: Uso do paracetamol (von Mering) 
1899: Introducao do ac. acetilsalicilico (Dreser) 
A primeira metade do Seculo XX 
1903: Introducao do barbital (?) 
1911: `Salvarsan`, um arsenical, a 
arsfenamina, no tratamento da sifilis (Ehrlich) 
1912: Introducao do fenobarbital (?) 
1922: Descoberta e uso da insulina (Banting; Best) 
1936: Demonstracao efeito da sulfanilamida 
em infeccoes experimentais (Fourneau et al) 
1938: Demonstracao efeito anticonvulsivante 
da fenitoina – uso na epilesia (Merritt; Putnam) 
Primeira metade do Seculo XX 
A “revolução farmacológica” 
 Patentes químico-farmacêuticas / ano 
Décadas No. de patentes 
1910-1940 < 100-200 
1940 ~ 500 
1950 ~ 1500 
1960 ~ 3800 
1970 ~ 7000 
A primeira metade do Seculo XX 
Os grandes acidentes 
1938 –sulfanilamida, comercializado na forma de 
elixir tendo por solvente o dietilenoglicol. 
1959 – talidomida, esperanca para substituir os 
barbituricos (mortes frequentes por ingestao 
acidental ou intencional) era tida como de alta 
seguranca, mesmo em altas doses 
A primeira metade do Seculo XX 
Os primeiros regulamentos modernos 
1906 – 1a. lei federal dos EUA – FDA (Food 
and Drug Act) – normas para a fabricacao de 
alimentos e drogas. Os farmacos deveriam 
seguir padroes relativos a potencia, pureza e 
qualidade. 
1938 – Food, Drug and Cosmetic Act – 
necessidade de estabelecer formulacoes 
adequadas e testes farmacologicos e 
toxicologicos completos dos agentes 
terapeuticos e produto acabado. Criacao da 
FDA, para administrar o Decreto 
 
 
A segunda metade do Seculo XX 
Uma nova geracao de regulamentos 
1962 – EUA - Emendas Kefauver-Harris 
do Decreto de 1938. 
Para a pesquisa com um novo farmaco e 
preciso protocolar junto ao FDA um plano 
de investigacao pre-clinica. 
As pesquisas clinicas sao regulamentadas 
Posfácio 
O desenvolvimento da Matéria 
pharmaceutica, desde as primeiras 
tentativas de tamponamento de feridas na 
pré-história aos modernos medicamentos, 
passando pelas poções mágicas e pelas 
fórmulas empíricas da história antiga, 
refletem uma parte significativa da 
evolução cultural do homem 
Posfácio 
Xamãs 
Curandeiros 
Pagés 
Rituais mágicos 
 Poções 
Ervas 
Médicos 
Farmacêuticos 
Complexo médico-
industrial 
 
Drogas inteligentes 
 
Posfácio 
 
Nesse caminho interferem: 
 
A religião (com sua moral) 
A política (com seus jogos de poder) 
A economia (com seus „interesses‟) 
Posfácio 
Os profissionais que fizeram essa história 
também sofreram muitas transformações, 
e o farmacêutico de hoje é produto delas! 
 
Mas dentro dessas transformações, tanto a 
arte como os profissionais da arte sempre 
foram tomados como algo diferenciado! 
Posfácio 
 
A „magia‟ da cura, do alívio ou da 
prevenção sempre esteve para 
a humanidade como algo 
socialmente diferenciado! 
 
Posfácio 
E diferenciado porque lida com um 
bem não material e universal, tido 
como um dos direitos naturais e 
fundamentais do homem 
- a saúde - 
seja ela um problema biomédico 
seja ela um desígnio divino! 
Posfácio 
E tudo isso faz do medicamento 
- instrumento privilegiado - 
Um instrumento 
Econômico! 
Político! 
Social 
Cultural! 
 
Posfácio 
E portanto um instrumento 
De poder e dominação! 
 
E quem lida com isso nunca pode estar 
alienado dessa consciência ! 
Posfácio 
Pois quem procura um medicamento, 
 procura na verdade um remédio! 
 
E por isso a farmácia sempre foi, para 
as pessoas que a usam, 
algo mais que um comércio! 
Fim 
E obrigado pela paciência!

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