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Viver para Morrer e Morrer para Viver



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Viver para Morrer 
e 
Morrer para Viver 
 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
Jul/2017 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A474a 
 Alves, Silvio Dutra 
 Viver para morrer e morrer para viver / Silvio 
 Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2017. 
 51p.; 14,8x21cm 
 
 1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Graça. 4. 
 Regeneração 5. Santificação 
 
 I. Título. 
 CDD 230.227 
 
 
3 
 
Fiquei profundamente impressionado, pela 
forma sábia e inspirada com que o autor abordou 
o assunto, com dois sermões de A. W. Pink, que 
traduzi do original em inglês, intitulados, 
respectivamente, “Carregando a Cruz” e a “Cruz 
e o Ego”, ambos fundamentados na passagem de 
Mateus 16.24, 25. 
"Jesus disse aos Seus discípulos: se alguém quiser 
vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua 
cruz e siga-me." (Mateus 16:24) 
"Pois, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; 
mas quem perder a sua vida por amor de mim, 
achá-la-á." (Mateus 16:25). 
De tão grande importância vital são tais palavras 
do Senhor, que as achamos repetidas nos quatro 
evangelhos (Mateus 10:39, Marcos 8:35, Lucas 
9:24; 17:33, João 12:25). 
Ele fez questão de enfatizá-las porque nelas se 
encontra o maior mistério da revelação do 
evangelho quanto à evidência de se ter alcançado 
a vida eterna. Por elas nos alerta para não nos 
iludirmos quanto ao significado de pertencer de 
fato a Ele e ao Seu Reino. Há uma cruz que para 
4 
 
ser carregada e suportada é necessário antes que 
se negue o ego. Há sofrimentos, aflições, 
tribulações, provações, e o modo de suportá-los é 
indicado, para que se possa entrar no Reino e nele 
permanecer. Há uma porta estreita e um caminho 
estreito. Atalhar por um caminho largo e amplo 
significa a perdição eterna da alma. 
É colocado assim, diante de nós, a maior e melhor 
evidência de nossa conversão: negarmo-nos a nós 
mesmos; estarmos carregando de fato a cruz e 
seguindo ao Senhor Jesus, imitando-o e vendo a 
aplicação da Sua justiça ao nosso caráter, uma vez 
tendo sido justificados pela fé nele – mediante a 
imputação da Sua própria justiça a nós, de modo 
que nos tornássemos aceitáveis a Deus e seus 
amigos e filhos amados. 
Remova-se o ensino da necessidade da 
autonegação e do carregar da cruz, e abre-se com 
isto a possibilidade de conduzir muitas almas à 
ilusão de pertencerem a Cristo, por simplesmente 
terem aderido a uma denominação religiosa, ou ao 
fato de terem confessado com seus lábios que 
Jesus é o Senhor e o Salvador, enquanto nada 
sabem e praticam sobre negar o ego e carregar a 
cruz. 
5 
 
Se a conversão é somente pela graça, mediante a 
fé, todavia há a necessidade de uma renúncia total 
ao ego para que esta seja efetivada de fato, e daí, 
a instrução do Senhor sob a forma de ordenança 
de que se desejarmos segui-Lo, devemos, 
necessariamente, negar-nos a nós mesmos e 
tomarmos a nossa cruz. 
Que vida é esta que se a desejarmos salvar será 
perdida, e qual é a que se for perdida por amor a 
Cristo, será achada? 
Como isto é feito? 
O que significa negar a si mesmo? 
O que significa tomar a cruz? Qual é o significado 
da cruz para nós? 
Nas palavras de Jesus, se não nos negarmos e não 
tomarmos a cruz e se não o seguirmos, 
morreremos, mas se o fizermos, viveremos. 
Então, é de importância fundamental que nos 
inteiremos adequadamente destes significados 
para que não venhamos a errar o alvo quanto a 
alcançarmos e mantermos a vida eterna. 
6 
 
Jesus nos diz que há um modo de viver que é 
morrer, e há um modo de morrer que é vida. 
Veremos que negar o ego não consiste 
simplesmente em nos reconhecermos pecadores, 
pois há muitos que o reconhecem e no entanto, 
não estão seguindo a Cristo. Não crucificaram o 
ego com as suas paixões e concupiscências, e 
permanecem na carne, sob a maldição da Lei, e 
portanto, condenados à morte espiritual eterna, a 
par de seus melhores esforços para fazerem o que 
é bom e negarem o que é mau. 
Doravante, lançaremos mão dos sermões de A. W. 
Pink, e onde acharmos oportuno e apropriado, 
teceremos algumas considerações próprias, 
sempre com a introdução: “Nota do Tradutor”. 
 
Carregando a Cruz 
"Jesus disse aos Seus discípulos: se alguém quiser 
vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua 
cruz e siga-me". (Mateus 16:24) 
"Então disse Jesus aos Seus discípulos, se alguém 
quiser"; o verbo querer, aqui, significa "desejo", 
7 
 
assim como nesse versículo, "Se alguém deseja 
ser piedoso". Significa "determinar-se". "Se 
alguém quiser ou desejar vir após de Mim, negue-
se si mesmo e pegue a cruz (não uma cruz, mas a 
cruz) e me siga." Então, em Lucas 14:27, Cristo 
declarou: "E quem não toma a sua cruz, e vem 
após mim, não pode ser meu discípulo". Portanto, 
o carregar a cruz não é opcional. A vida cristã é 
muito mais do que subscrever um sistema de 
verdades, ou adotar um código de conduta - ou 
submeter-se a ordenanças religiosas. A vida cristã 
é principalmente uma pessoa; ter experiência de 
comunhão com o Senhor Jesus, e na proporção em 
que sua vida é vivida em comunhão com Cristo, 
na mesma medida você está vivendo a vida cristã, 
e somente nesse sentido. 
A vida cristã é uma vida que consiste em seguir 
Jesus. "Se alguém quiser vir após mim, negue-se, 
tome a sua cruz e me siga". Quanto você e eu 
podemos ganhar pela proximidade de nossa 
caminhada com Cristo! Há uma classe descrita na 
Escritura de quem se diz: "Estes são os que 
seguem o Cordeiro onde quer que Ele vá". Mas, é 
triste dizer, há outra classe, e uma grande classe, 
que parece acompanhar o Senhor de forma 
sentimental, ocasional e distantemente. Há grande 
8 
 
parte do mundo e muito de si mesmos em suas 
vidas - e tão pouco de Cristo. Três vezes feliz será, 
quem parecer com Calebe, que seguiu 
completamente o Senhor. 
Agora, amado, nosso principal negócio e desejo é 
seguir a Cristo - mas há dificuldades e obstáculos 
no caminho, e é a eles que a primeira parte do 
nosso texto se refere. Você percebe que as 
palavras "segue-me" são colocadas no final. O ego 
está no caminho, e o mundo com suas dez mil 
atrações e distrações é um obstáculo; e, portanto, 
Cristo diz: "Se alguém quiser vir após Mim - 
(primeiro), ele se negue a si mesmo, (segundo) 
pegue sua cruz, (terceiro) e me siga". E aí 
aprendemos o motivo pelo qual tão poucos 
cristãos professos estão seguindo-o de perto, de 
forma manifesta, consistente. 
O primeiro passo para um seguimento diário de 
Cristo, é a negação do EGO. Há uma grande 
diferença, irmãos e irmãs, entre negar a si mesmo 
e a chamada abnegação. A ideia popular que 
prevalece tanto no mundo como entre os cristãos 
é a desistência de coisas que gostamos. Há uma 
grande diversidade de opiniões quanto ao que 
deve ser desistido. Há alguns que o restringiriam 
9 
 
ao que é caracteristicamente mundano - como o 
teatro, a dança ou outros tipos de divertimentos. 
Mas métodos como aqueles apenas promovem o 
orgulho espiritual, pois certamente eu mereço 
algum crédito - se eu desistir mais do que meus 
amigos. 
O que Cristo fala em nosso texto (e que o espírito 
de Deus possa aplicá-lo às nossas almas) como o 
primeiro passo para segui-lo, é - a negação do 
próprio eu - não apenas algumas das coisas que 
são agradáveis para nós. Não apenas algumas das 
coisas pelas quais o ego anseia, mas a negação do 
próprio eu. O que isso significa, "Se alguém 
quiser vir após Mim, deixe ele se negar?" 
Significa, em primeiro lugar, abandonar sua 
própria justiça; mas isso significa muito mais do 
que isso. Esse é apenas o primeiro significado. 
Significa recusar-se a descansar sobre a minha 
própria sabedoria. Mas significa muito mais do 
que isso.Significa deixar de insistir em meus 
próprios direitos. Isso significa repudiar o próprio 
ego. Significa deixar de considerar nossos 
próprios confortos, nossa própria facilidade, 
nosso próprio prazer, nosso próprio 
engrandecimento, nossos próprios benefícios. 
10 
 
Significa ser feito como Ele. Significa, amado, 
dizer com o apóstolo, já não vivo eu, mas Cristo 
vive em mim. Para mim, viver é obedecer a Cristo, 
servir a Cristo, honrar a Cristo, gastar-me por ele. 
É isso que significa. E "se alguém deseja vir após 
mim", diz o nosso Mestre, "deixe-o negar a si 
mesmo", "que se autorrejeite”. Em outras 
palavras, é o que você tem em Romanos 12: 1: 
"Apresente seus corpos como um sacrifício vivo 
para Deus". 
O segundo passo para seguir a Cristo, é a tomada 
da CRUZ. "Se alguém quiser vir após mim, 
negue-se a si mesmo e pegue sua cruz". Ah, meus 
amigos, viver a vida cristã é algo mais do que um 
luxo passivo; é uma tarefa séria. É uma vida que 
deve ser disciplinada em sacrifício. A vida de 
discipulado começa com a autorrenúncia e 
continua por automortificação. Em outras 
palavras, nosso texto se refere à CRUZ, não 
apenas como um objeto de fé, mas como um 
princípio de vida, como o emblema do 
discipulado, como uma experiência na alma. E 
ouça! Assim como era verdade que o único 
caminho para o trono do Pai para Jesus de Nazaré 
era pela cruz, então o único caminho para uma 
vida de comunhão com Deus e a coroa no final 
11 
 
para o cristão é através da cruz. Os benefícios 
legais do sacrifício de Cristo são assegurados pela 
fé, quando a culpa do pecado é cancelada; mas a 
cruz só se torna eficaz sobre o poder do pecado 
residente, quando opera em nossas vidas 
diariamente. 
Quero chamar sua atenção para o contexto. Volte-
se comigo por um momento para Mateus 16, 
versículos 21,22: "Desde então começou Jesus 
Cristo a mostrar aos seus discípulos que era 
necessário que ele fosse a Jerusalém, que 
padecesse muitas coisas dos anciãos, dos 
principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse 
morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse. E Pedro, 
tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, 
dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; 
isso de modo nenhum te acontecerá." Pedro 
titubeou quando disse: "Tenha compaixão de ti”. 
Isso expressou a política do mundo. Essa é a soma 
da filosofia do mundo - autoblindagem e 
autobusca; mas o que Cristo pregou foi o 
sacrifício. O Senhor Jesus viu na sugestão de 
Pedro uma tentação de Satanás - e Ele a afastou de 
Si. Então ele se voltou para Seus discípulos e 
disse: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a 
si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me." Em outras 
12 
 
palavras, o que Cristo disse foi o seguinte: eu vou 
até Jerusalém para a cruz - se alguém deseja ser 
Meu seguidor - há uma cruz para ele. E, como 
Lucas 14 diz: "Quem não carregar a sua cruz, não 
pode ser meu discípulo". Não somente Jesus deve 
subir a Jerusalém e ser morto - mas todo aquele 
que vem atrás dele deve pegar sua cruz. O "deve" 
é tão imperativo num caso como no outro. De 
maneira Mediadora, a cruz de Cristo está sozinha 
- mas experimentalmente é compartilhada por 
todos os que entram na vida eterna. 
(Nota do tradutor: Quando Pedro pensou na morte 
de Jesus como sendo algo trágico, uma fatalidade, 
da qual Ele deveria ser livrado pela compaixão de 
Deus, ele não sabia que a vitória sobre a morte 
dependia daquela morte, e que todos os que 
alcançam a vida eterna são dependentes da morte 
e ressureição de Jesus, porque importava que 
morresse na cruz carregando sobre Si os pecados 
de todo o Seu povo. 
Outra coisa que Pedro não sabia é que ninguém, 
entre os pecadores, pode entrar na vida eterna caso 
não passe também pela morte da cruz. Em outros 
termos, Jesus poderia dizer a Pedro: “Não te 
espantes com o fato de que eu deva morrer pelos 
13 
 
pecadores, porque você Pedro, e todos os que 
creem em mim, devem também passar pela morte 
da cruz.” 
Evidentemente, se a morte de cruz significou para 
Jesus a morte literal do corpo, no rude madeiro, e 
não para que mortificasse qualquer pecado em Si 
mesmo, pois não tinha pecado, todavia, aquela 
morte significou a morte do pecado de todos os 
que nele creem, e a morte dos crentes significa a 
mortificação, por eles, pelo Espírito Santo, através 
da instrumentalidade das tribulações, de seus 
próprios pecados. 
Quando disse “seja feita não a minha mas a Tua 
vontade”, no Getsêmani, Jesus renunciou de modo 
final à Sua própria vontade para fazer a do Pai, e 
de igual modo, todos os que entram na vida eterna, 
devem renunciar à própria vontade deles, para 
fazerem a de Deus. 
Fugir da cruz para viver segundo a própria 
vontade neste mundo significa morte espiritual, e 
abraçar a cruz, para a morte do ego, significa vida 
espiritual abundante. 
14 
 
É por medo de ser criticado e perseguido pelo 
mundo que muitos se desviam da cruz, pois não 
desejam ver sua reputação sendo atacada por 
motivo de guardarem os mandamentos de Deus. 
Alguns tentam se autojustificar com o argumento 
ilusório de que seguem os costumes do mundo 
para tentarem ganhar alguns para o evangelho. Na 
verdade, o amor ao mundo ainda permanece neles. 
Não foram desmamados das coisas daqui debaixo 
e não conseguem pensar naquelas que são do Alto. 
O tesouro deles está aqui na Terra e por isso seus 
corações não podem estar no Céu, porque o que 
amam de fato não se encontra lá.) 
Agora, o que significa "a cruz"? O que Cristo quis 
dizer quando disse que "a menos que um homem 
tome sua cruz"? Meus amigos, é deplorável que, 
nessa data tardia, essa pergunta precise ser feita; e 
é ainda mais deplorável que a grande maioria do 
próprio povo de Deus tenha tais concepções não 
bíblicas do que a "cruz" representa. O cristão 
comum parece considerar a cruz neste texto, como 
qualquer provação ou problema que lhe possa ser 
imposto. Tudo o que surge que perturba a nossa 
paz, isso é desagradável para a carne, ou que irrita 
a nossa força - é encarado como uma cruz. 
15 
 
Alguém diz: "Bem, essa é a minha cruz", e outro 
diz: "Bem, esta é a minha cruz", e outra pessoa diz 
que outra coisa é a sua cruz. Meus amigos, a 
palavra nunca é usada dessa forma no Novo 
Testamento! 
A palavra "cruz" nunca é encontrada no número 
plural, nem é encontrada com o artigo indefinido 
antes dela, "uma cruz". Note também que, no 
nosso texto, a cruz está ligada a um verbo na voz 
ativa e não na passiva. Não é uma cruz que nos é 
imposta, mas uma cruz que deve ser "tomada" 
voluntariamente! A cruz representa realidades 
definidas que incorporam e expressam as 
principais características da agonia de Cristo. 
Outros entendem a "cruz" como se referindo a 
deveres desagradáveis que devem cumprir. Tais 
pessoas invariavelmente transformam a cruz em 
uma arma com a qual atacam outras pessoas. Eles 
desfazem sua abnegação e seguem insistindo que 
outros deveriam segui-los. Tais concepções da 
cruz são tão farisaicas como falsas, e tão 
maliciosas como errôneas. 
Agora, quanto o Senhor me permita, deixe-me 
indicar três coisas que a cruz representa: 
16 
 
Primeiro, a cruz é a expressão do ódio do mundo. 
O mundo odiava Cristo e, em última instância, seu 
ódio se manifestou crucificando-o. No capítulo 15 
de João, sete vezes, Cristo se refere ao ódio do 
mundo contra Si mesmo e contra o Seu povo. E na 
proporção em que você e eu estamos seguindo a 
Cristo, apenas na proporção em que nossas vidas 
estão sendo vividas como Sua vida foi vivida, 
apenas na proporção em que saímos do mundo e 
estamos em comunhão com Ele - assim o mundo 
nos odiará! 
Lemos nos Evangelhos que um homem veio e se 
apresentou a Cristo para o discipulado, e ele pediu 
que ele pudesse primeiro ir e enterrar seu pai - um 
pedido muito natural e talvez muito louvável. Mas 
a resposta do Senhor é quase impressionante. Ele 
disse a esse homem:"Siga-me - e deixe os mortos 
enterrar seus mortos". O que teria acontecido com 
aquele jovem se ele tivesse obedecido a Cristo? 
Não sei se ele fez ou não - mas se ele fizesse, o 
que aconteceria? O que seus parentes e seus 
vizinhos pensariam dele? Seriam capazes de 
apreciar o motivo, a devoção que o levou a seguir 
Cristo e negligenciar o que o mundo chamaria de 
dever filial? Ah, meus amigos, se você estiver 
seguindo Cristo - o mundo pensará que você está 
17 
 
louco - e alguns de vocês terão dificuldade em 
suportar sua sanidade. Sim, há alguns que acham 
as censuras dos vivos - um julgamento mais difícil 
do que a perda dos mortos. 
(Nota do tradutor: Curiosamente, temos 
testemunhado um caso que bem ilustra este ponto. 
Alguém que recebeu de Deus a mesma ordem de 
Deus dada a Abraão de deixar a sua parentela. 
Posteriormente, seu pai, que é ímpio, veio a ser 
acometido de Alzheimer, e passou a demandar 
maiores cuidados por parte deste seu filho cristão 
a quem foi dirigida a ordem divina de se apartar 
da sua parentela. Como agir num caso como este? 
A ordem de Deus admite uma exceção? 
Tomemos o caso do próprio Abraão, que mandou 
buscar uma esposa para seu filho Isaque dentre a 
sua parentela, mas tendo o cuidado de instruir seu 
servo a não permitir que ele retornasse para lá. Ele 
compreendeu que a ordem divina tinha em vista 
mantê-lo afastado da influência de seus familiares 
ímpios, e não propriamente de deflagrar uma 
guerra entre eles. 
Não faria qualquer sentido se Jesus nos ordenasse 
deixar nossa parentela simplesmente para 
18 
 
ficarmos desocupados ou para qualquer outro 
motivo diferente de termos simplesmente o 
cuidado de não nos deixarmos contaminar pelas 
más obras das trevas, e também para poder melhor 
servi-Lo. 
O jovem que queria permanecer ao lado de seu pai 
até que chegasse o dia da sua morte, estava 
retardando, no seu caso específico, a chamada 
ministerial do Senhor para ele, que lhe exigiria 
tempo integral no Seu serviço, como estavam 
fazendo os apóstolos. Não haveria como conciliar 
a necessidade de deslocamentos constantes com a 
permanência em um lugar fixo, ainda que fosse 
para cuidar do seu pai. Jesus bem sabia que ele 
tinha outros familiares que poderiam 
desincumbir-se da tarefa de cuidar daquele pai, 
que como tudo indica, era um ímpio que não se 
converteria, bem como aqueles que cuidariam 
dele na ausência do candidato a seguir a Jesus. Isto 
se infere das palavras do Senhor relativas a eles: 
“deixai os mortos sepultarem seus mortos.” 
Eles eram mortos espirituais e assim 
permaneceriam inapelavelmente, enquanto o 
jovem, em vez de cuidar de mortos, poderia 
19 
 
entregar-se ao lado de Jesus à tarefa de pregar o 
evangelho àqueles que alcançariam a vida eterna.) 
Outro jovem se apresentou a Cristo para o 
discipulado e pediu ao Senhor que primeiro ele 
pudesse ir para casa e despedir-se de seus amigos 
- um pedido muito natural, certamente - e o 
Senhor lhe apresentou a cruz: "Ninguém, Ao 
colocar a mão no arado, e olhando para trás, é 
adequado para o reino de Deus!" As naturezas 
afetuosas acham a chave dos laços domésticos, 
muito difícil de ser suportada; ainda mais são as 
suspeitas de amados e amigos por terem sido 
desprezados! 
Sim, a opressão do mundo torna-se muito real - se 
seguimos de perto a Cristo. Ninguém pode 
manter-se com o mundo - e segui-Lo. 
(Nota do tradutor: A cruz sempre se apresentará 
para a nossa decisão de acolhê-la ou não, quando 
temos que decidir sobre agradar a vontade do 
Senhor ou a das pessoas, especialmente daqueles 
que são nossos amigos. 
20 
 
A quem agradaremos, se isto importar que uma 
das partes ficará desagradada com a nossa 
decisão? 
Agradaremos aos homens ou a Deus? 
Os apóstolos tomaram a decisão correta quando 
foram confrontados pelo Sinédrio para que não 
mais pregassem a Jesus ao povo de Israel. A 
resposta deles é bem conhecida: “Antes importa 
obedecer a Deus do que aos homens.” 
De igual modo, teremos que contrariar tanto a 
amigos quanto a inimigos em muitas coisas, se 
estivermos de fato decididos a seguir a Jesus. Esta 
cruz de suportar a crítica, o desagrado de outros, 
deverá ser tomada voluntariamente, se desejarmos 
continuar seguindo o Senhor. 
Para nos ensinar até que ponto o tomar 
voluntariamente a cruz impõe o desagradar a 
outros para que se possa agradar a Deus, nosso 
Senhor, afirmou que até mesmo nossos laços mais 
próximos e afetuosos devem ser contrariados 
quando isto se revelar necessário para que 
possamos escolher e fazer a vontade de Deus. 
Nós vemos isto no texto de Lucas 14.26,27: 
21 
 
“26 Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e 
mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda 
também à própria vida, não pode ser meu 
discípulo. 
27 Quem não leva a sua cruz e não me segue, não 
pode ser meu discípulo.” 
Observe que Ele associa o tomar a cruz ao ato de 
aborrecer a pai e mãe, mulher, filhos, irmãos e 
irmãs, e conclui com o aborrecimento da nossa 
própria vida neste mundo. 
A cruz impõe esta necessidade de contrariar, 
muitas vezes nossos próprios sentimentos e 
vontade, para podermos escolher e fazer a vontade 
de Deus. 
Como isto exige uma renúncia absoluta a todos os 
nossos próprios afetos, desejos, sentimentos, 
escolhas pessoais etc, devemos estar bastante 
conscientizados dessa demanda da vida cristã, 
para que possamos seguir a Cristo agradando a 
Deus. Foi com este propósito em vista que nosso 
Senhor ilustrou imediatamente a seguir, o seu 
ensino sobre o carregar cruz, com estas palavras: 
22 
 
“28 Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, 
não se senta primeiro a calcular as despesas, para 
ver se tem com que a acabar? 
29 Para não acontecer que, depois de haver posto 
os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que 
a virem comecem a zombar dele, 
30 dizendo: Este homem começou a edificar e não 
pode acabar. 
31 Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra 
contra outro rei, não se senta primeiro a consultar 
se com dez mil pode sair ao encontro do que vem 
contra ele com vinte mil? 
32 No caso contrário, enquanto o outro ainda está 
longe, manda embaixadores, e pede condições de 
paz. 
33 Assim, pois, todo aquele dentre vós que não 
renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu 
discípulo.” Lucas 14.28-33). 
Percebe-se claramente que era Seu desejo que 
estivéssemos devidamente esclarecidos quanto ao 
significado de ser um verdadeiro crente, um 
genuíno discípulo, enfim, de tudo o que seria 
23 
 
exigido de nós para concluirmos a carreira que nos 
está proposta de nos tornarmos à imagem e 
semelhança do Filho de Deus. 
Se ficarmos divididos entre agradarmos a outros 
ou até a nós mesmos em vez de agradarmos a 
Deus, é certo que não concluiremos a carreira 
cristã conforme convém. 
Até aqui as palavras do tradutor.) 
Outro jovem veio e se apresentou a Cristo e caiu 
a seus pés e adorou-o, e disse: "Mestre, que coisa 
boa devo fazer?" E o Senhor lhe apresentou a cruz. 
"Vende tudo o que tens e dá aos pobres, e vem e 
segue-me. E o jovem se afastou triste". Cristo 
ainda está dizendo a você: "Quem não carregar a 
sua cruz e vir após Mim - não pode ser meu 
discípulo". A cruz representa a censura e o ódio 
do mundo. Mas como a cruz era voluntária para 
Cristo, assim é para o seu discípulo. Pode ser 
evitada ou aceita. Ela pode ser ignorada ou 
abraçada! 
Mas em segundo lugar, a cruz representa uma vida 
que é voluntariamente entregue à vontade de 
Deus. Do ponto de vista do mundo, a morte era 
24 
 
um sacrifício voluntário. Volte por um momento 
para o capítulo 10 de João, começando nos versos 
17,18: "Por isto o Pai me ama, porque dou a minha 
vida para a retomar. Ninguém ma tira de mim, 
mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade 
para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este 
mandamento recebi de meu Pai." Por que ele 
estabeleceua sua vida? Olhe para a frase final do 
versículo 18: "Este mandamento eu recebi de Meu 
Pai". A cruz foi a última exigência de Deus na 
obediência de Seu Filho. É por isso que lemos em 
Filipenses 2 que, "o qual, subsistindo em forma de 
Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a 
que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, 
tomando a forma de servo, tornando-se 
semelhante aos homens; e, achado na forma de 
homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se 
obediente até a morte, e morte de cruz." (esse era 
o clímax, que era o fim do caminho da obediência: 
a morte da cruz!). 
Cristo nos deixou um exemplo para que sigamos 
os Seus passos. A obediência de Cristo deve ser a 
obediência voluntária do cristão, não obrigatória; 
contínua, fiel, sem reserva, até a morte. A cruz 
então representa obediência, consagração, 
rendição, uma vida colocada à disposição de 
25 
 
Deus. "Se alguém quer vir após Mim, que ele 
tome a sua cruz e me siga" e "Quem não carregar 
a sua cruz e vir após Mim - não pode ser meu 
discípulo". Em outras palavras, queridos amigos, 
a cruz representa o princípio do discipulado, 
sendo nossa vida operada pelo mesmo princípio 
que o de Cristo. Ele veio aqui - e Ele não agradou 
a si mesmo; e eu também não devo. Ele não 
atribuiu a Si qualquer reputação: também eu. Ele 
fez o bem: eu também não deveria ser servido, 
mas servir. Ele se tornou obediente até a morte, e 
morte da cruz. É o que a cruz representa: 
Primeiro, a reprovação do mundo - porque o 
antagonizamos, aumentamos a sua ira ao nos 
separarmos dele e caminhamos em um plano 
diferente - porque somos movidos por princípios 
diferentes, daqueles pelos quais ele caminha. 
Em segundo lugar, uma vida sacrificada a Deus - 
estabelecida em devoção a Ele. 
Em terceiro lugar, a cruz representa sacrifícios e 
sofrimentos vicários. Volte-se para a primeira 
Epístola de João, terceiro capítulo, versículo 16: 
"Percebemos o amor de Deus, porque Ele deu a 
vida por nós, e devemos dar as nossas vidas". Essa 
26 
 
é a lógica do Calvário. Somos chamados à 
comunhão com Cristo, nossas vidas devem ser 
vividas pelos mesmos princípios que Ele viveu - 
obediência a Deus, sacrifício para os outros. Ele 
morreu para vivermos e, meus amigos, temos que 
morrer para vivermos. 
Veja o versículo 25 de Mateus 16: "Pois quem 
quiser salvar a sua vida, a perderá". Isso significa 
todo cristão, pois Cristo falava ali aos discípulos. 
Todo cristão que tenha vivido uma vida 
egocêntrica, considerando seus próprios 
confortos, sua própria paz de espírito, seu próprio 
bem-estar, suas próprias vantagens e benefícios - 
que a "vida" se perderá para sempre - tudo será 
desperdiçado pela eternidade; madeira, feno e 
palha - que irão subir na fumaça! Mas "quem 
perder a sua vida por amor de Mim", isto é, quem 
não tiver vivido sua vida considerando seu próprio 
bem-estar, seus próprios interesses, seu próprio 
lucro, seu próprio avanço, mas que sacrificou a 
vida, gastou-a em serviço dos outros por causa de 
Cristo - ele encontrará a vida! Porque a vida foi 
construída de materiais imperecíveis que 
sobreviverão ao teste do fogo no dia seguinte. Ele 
deve encontrar a "vida". Cristo morreu para 
vivermos; e nós temos que morrer - se quisermos 
27 
 
viver! "Quem perder a vida por amor de mim, vai 
encontrá-la". 
(Nota do tradutor: Tudo o que fizermos baseados 
em nossa própria vontade, aparte da vontade de 
Deus, não adentrará pela eternidade, e se perderá 
para sempre. Mas tudo o que for feito segundo a 
vontade de Deus e para a sua exclusiva glória, 
ainda que demande a morte da nossa própria 
vontade, jamais deixará de ter a sua recompensa 
eterna, e será carregado conosco pela eternidade 
afora. 
O tempo que é gasto em atividades sem Deus, ou 
a sua aprovação, é tempo desperdiçado, perdido. 
Mas todo o tempo que é gasto com o Senhor, 
ainda que pareça um desperdício para o mundo, é 
um tempo ganho, que jamais será perdido. 
Quanto mais mortificamos o nosso ego mais 
encontramos a vida ressurreta de Jesus Cristo. E 
quanto mais se vive para o ego, por mais intenso 
que seja este viver, ele é na verdade morte, pois 
não traz consigo o crivo, o selo da vida eterna de 
Deus. 
28 
 
Quem muito ama a vida natural que tem neste 
mundo é porque está cego para a vida espiritual 
que existe somente em Deus. 
Quem semeia para a carne colherá corrupção e 
morte, mas o que semeia para o espírito colhera a 
vida abundante e eterna que Jesus veio nos dar. 
Se o grão de trigo não morrer, ele ficará só e 
passará. Mas se morrer dará muito fruto, pois 
renascerá pelo poder de Deus em uma nova forma 
de vida.) 
Mais uma vez, no capítulo 20 de João, Cristo disse 
aos Seus discípulos: "Como o Pai me enviou, eu 
também vos envio". Cristo foi enviado aqui para 
fazer o que? Para glorificar o Pai; para expressar 
o amor de Deus; para manifestar a graça de Deus; 
para chorar sobre Jerusalém; ter compaixão do 
ignorante e daqueles que estão fora do caminho; 
para trabalhar tão assiduamente que não tinha 
folga nem para comer; para viver uma vida de tal 
autossacrifício que até mesmo os seus parentes 
disseram: "Ele está fora de si!" E, "como o Pai me 
enviou, assim também", diz Cristo, "eu vos 
envio". Em outras palavras, eu o envio de volta 
para o mundo - do qual eu o salvei. Eu o envio de 
29 
 
volta para o mundo - para viver com a cruz 
estampada sobre você. Ó irmãos e irmãs, quão 
pouco "sangue" existe em nossas vidas! Quão 
pouco há o carregar da morte de Jesus em nossos 
corpos! (2 Coríntios 4:10). 
Começamos a "carregar a cruz"? Existe alguma 
maravilha de que o seguimos a uma distância tão 
grande? Existe alguma maravilha de que 
possamos ter pouca vitória sobre o poder do 
pecado interior? Existe uma razão para isso. De 
forma Mediadora, a Cruz de Cristo está sozinha - 
mas, experimentalmente, a cruz deve ser 
compartilhada por todos os Seus discípulos. 
Legalmente, a cruz do Calvário anulou e afastou 
nossa culpa, a culpa de nossos pecados; mas, meus 
amigos, estou perfeitamente convencido de que a 
única maneira de obter a libertação do poder do 
pecado em nossas vidas e obter domínio sobre o 
velho homem dentro de nós - é quando a cruz se 
torna parte da experiência de nossas almas! Foi na 
cruz, que o pecado foi tratado legal e 
judicialmente. É somente quando a cruz é 
"tomada pelo discípulo" que se torna uma 
experiência, matando o poder e a corrupção do 
pecado dentro de nós. E Cristo diz: "Quem não 
carregar a sua cruz, não pode ser meu discípulo". 
30 
 
O quanto precisa cada cristão ficar sozinho com o 
Mestre e consagrar-se a Seu serviço! 
 
A Cruz e o Ego 
“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém 
quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a 
sua cruz, e siga-me." (Mateus 16:24) 
Antes de desenvolver o tema deste versículo, 
deixe-nos comentar seus termos. 
"Se alguém quer vir": o dever exigido é para todos 
os que se juntaram aos seguidores de Cristo e se 
inscreverem sob Sua bandeira. 
"Se alguém quiser": o grego é muito enfático, 
significando não só o consentimento da vontade - 
mas o propósito completo do coração, uma 
resolução determinada. 
"Vir após mim": como um servo sujeito ao seu 
Mestre, um erudito a seu Professor, um soldado a 
seu Capitão. 
31 
 
"Negar" no grego significa "negar 
completamente". Negar a si mesmo - a sua 
natureza pecaminosa e corrupta. 
"E tomar": não tomar ou carregar passivamente - 
mas assumir voluntariamente, adotar ativamente. 
"Sua cruz": o que é desprezado pelo mundo, 
odiado pela carne, mas é a marca distintiva de um 
verdadeiro cristão. 
"E siga-me": viver como Cristo viveu - para a 
glória de Deus. 
O contexto imediato é mais solene e 
impressionante. O Senhor Jesus acaba de anunciar 
aos Seus apóstolos, pela primeira vez, a sua morte 
de humilhação que estava próxima (v. 21). Pedro 
estava titubeandoe disse: "Nunca, Senhor! Isso 
nunca acontecerá contigo!" (v. 22). Isso expressou 
a política da mente carnal. O caminho do mundo 
é autobuscando e autoblindado. "Poupe-se" é a 
soma de sua filosofia. Mas a doutrina de Cristo 
não é "salvar a si mesmo", mas sacrificar-se. 
Cristo discerniu no conselho de Pedro, uma 
tentação de Satanás (v. 23), e imediatamente o 
afastou. Então, voltando-se para Pedro, disse: Não 
32 
 
somente o Cristo "deve" ir a Jerusalém e morrer - 
mas todo mundo que seja um seguidor dele - deve 
tomar sua cruz (v. 24). O "deve" é tão imperativo 
no primeiro caso como no outro. 
Mediatoriamente, a cruz de Cristo está sozinha - 
mas, experimentalmente, é compartilhada por 
todos os que entram na vida. 
O que é um "cristão"? 
Quem é membro de alguma igreja terrena? Não! 
Quem acredita em um credo ortodoxo? Não! 
Quem adota um certo modo de conduta? Não! O 
que, então, é um cristão? Ele é aquele que 
renunciou a si mesmo e recebeu a Cristo Jesus 
como Senhor (Col 2: 6). É aquele que leva o jugo 
de Cristo sobre si e aprende dAquele que é "manso 
e humilde de coração" (Mateus 11:29). Ele é 
alguém que foi "chamado para a comunhão do 
Filho de Deus, Jesus Cristo nosso Senhor" (1 Cor 
1: 9). Ou seja, irmandade em Sua obediência e 
sofrimento agora, e Sua recompensa e glória no 
futuro infinito! Não existe tal coisa como 
pertencer a Cristo - e viver para agradar a si 
mesmo. Não se engane com esse ponto: "Quem 
não toma a sua cruz, e não vem após Mim, não 
pode ser meu discípulo" (Lucas 14:27) disse 
33 
 
Cristo. E, novamente, ele declarou: "Mas quem 
quiser [em vez de negar a si mesmo] me negar 
diante dos homens [não" aos "homens: é a 
conduta, a caminhada que está aqui em vista], eu 
também o negarei diante do Pai que está no Céu." 
(Mateus 10:33). 
A vida cristã começa com um ato de 
autorrenúncia, e é continuada por 
automortificação (Romanos 8:13). A primeira 
pergunta de Saulo de Tarso, quando Cristo o 
apreendeu, foi: "Senhor, o que queres que eu 
faça." A vida cristã é comparada a uma "corrida", 
e o piloto é chamado a "deixar de lado todo peso, 
e o pecado que tão facilmente o atormenta" (Heb 
12: 2), porque "pecado" está no amor de si mesmo, 
O desejo e a determinação de ter nosso "caminho 
próprio" (Isaías 53: 6). O único grande objetivo, 
fim, tarefa, estabelecido diante do cristão é seguir 
a Cristo - seguir o exemplo que Ele nos deixou (1 
Pedro 2:21), e Ele "não se agradou" (Romanos 15: 
3). E há dificuldades e obstáculos no caminho, 
cujo chefe é o EGO. Portanto, isso deve ser 
"negado". Este é o primeiro passo para "seguir" a 
Cristo. 
34 
 
O que significa para um homem "negar a si 
mesmo"? 
Primeiro, significa o repúdio completo de seu 
próprio BEM-ESTAR. Significa deixar de 
descansar sobre qualquer obra própria para 
recomendar-se a Deus. Significa uma aceitação 
irrestrita do veredicto de Deus de que "todas as 
nossas justiças [nossas melhores performances] 
são trapos imundos" (Isaías 64: 6). Foi neste ponto 
que Israel falhou: "Por serem ignorantes da justiça 
de Deus, e para estabelecer a própria justiça, não 
se submeteram à justiça de Deus" (Romanos 10: 
3). Mas contraste com a declaração de Paulo: "E 
ser achado nEle, sem ter a minha própria justiça" 
(Filipenses 3: 9). 
Alguém "negar a si mesmo" significa renunciar 
completamente à sua própria SABEDORIA. 
Ninguém pode entrar no reino dos céus se não se 
tornar com "criancinhas" (Mateus 18: 3). "Ai dos 
que são sábios aos seus próprios olhos, e 
prudentes à sua vista" (Isaías 5:21). "Professando-
se serem sábios, tornaram-se tolos" (Romanos 
1:21). Quando o Espírito Santo aplica o 
Evangelho com poder a uma alma, é para 
"Destruir os conselhos, e toda a altivez que se 
35 
 
levanta contra o conhecimento de Deus, e levando 
cativo todo o entendimento à obediência de 
Cristo" (2 Cor 10: 5). Um bom lema para cada 
cristão adotar é: "Não se incline para o seu próprio 
entendimento" (Provérbios 3: 5). 
(Nota do tradutor: O temor de Deus consiste em 
aborrecer o mal. E entenda-se como mal, não 
apenas o mal moral, mas tudo o que se levanta 
contra a vontade de Deus. De modo que se alguém 
procurar nos conduzir para longe de tudo aquilo 
que nos é ordenado pelo Senhor em Sua Palavra, 
devemos estar dispostos a carregar esta cruz de 
perder até mesmo a amizade de alguém, por 
motivo de escolhermos agradar ao Senhor e não à 
pessoa em referência ou a nós mesmos. Esta 
talvez seja a cruz mais comum na vida dos servos 
de Deus que procuram viver piedosamente em 
Cristo. Não é de se admirar que o santo ande 
muitas vezes solitariamente, inclusive entre 
aqueles que se professam cristãos, pois tem da 
parte do Senhor o mandamento de se afastar de 
todo aquele que não ande segundo a sã doutrina. 
Isto não significa odiar, ou ter um sentimento 
corrosivo em relação aos contradizentes, mas em 
não ter comunhão com eles, para que se 
arrependam.) 
36 
 
Alguém "negar a si mesmo" significa renunciar 
completamente à sua própria FORÇA. É estar 
"sem confiança na carne" (Filipenses 3: 3). É o 
coração se curvando à declaração de Cristo: "Sem 
Mim, nada podeis fazer." (João 15: 5). Foi nesse 
ponto que Pedro falhou: (Mateus 26:33). "O 
orgulho precede a destruição, e um espírito altivo 
a queda" (Provérbios 16:18). Quão necessário é, 
então, que observemos 1 Coríntios 10:12: 
"Aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe não 
caia." O segredo da força espiritual - consiste em 
perceber a nossa fraqueza pessoal! (Veja Isaías 
40:29; 2 Cor 12: 9). Então, "nos fortaleçamos na 
graça que está em Cristo Jesus" (2 Tim 2: 1). 
Alguém “negar a si mesmo" significa renunciar 
completamente à sua própria VONTADE. O 
idioma do salvo não é: "Nós não teremos esse 
Homem para reinar sobre nós!" (Lucas 19:14). A 
atitude do cristão é: "Para mim, viver é Cristo" 
(Filipenses 1:21) - para honrar e servir. Renunciar 
às nossas próprias vontades, significa prestar 
atenção à exortação de Fil 2: 5: "Que haja em vós 
o mesmo sentimento que havia em Cristo Jesus", 
que é definido nos versículos que imediatamente 
se seguem como abnegação. É o reconhecimento 
prático de que "você não é seu, porque você é 
37 
 
comprado com um preço" (1 Cor 6: 19,20). É 
dizer com Cristo: "No entanto, não o que eu quero, 
mas o que tu queres." (Marcos 14:36). 
Alguém "negar a si mesmo" significa renunciar 
completamente a seus próprios desejos carnais. 
"O HOMEM é um pacote de ídolos" (Thomas 
Manton), e esses ídolos devem ser repudiados. Os 
não cristãos são "amantes de si mesmos" (2 Tim 
3, 1); Mas aquele que foi regenerado pelo Espírito, 
diz com Jó: "Eis que sou vil!" (40: 4): "Eu me 
abomino!" (47: 6). Dos não cristãos está escrito, 
"Pois todos buscam o que é seu, e não o que é de 
Cristo Jesus." (Filipenses 2:21); mas dos santos de 
Deus é registrado, "eles não amaram suas próprias 
vidas até a morte" (Apo 12:11). A graça de Deus 
é "ensinar-nos que, negando a impiedade e as 
concupiscências mundanas, devemos viver com 
sobriedade, justiça e piedade neste mundo 
presente" (Tito 2:12). 
Essa negação do eu que Cristo exige de todos os 
Seus seguidores é UNIVERSAL. Não há reserva, 
nenhuma exceção feita: "Não faça provisão para a 
carne, para as concupiscências" (Romanos 13:14). 
É constante, não ocasional: "Se alguém vir após 
Mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz 
38 
 
diariamente e siga-me" (Lucas 9:23). É ser 
espontâneo, não forçado; com prazer, não 
relutantemente: "E o que quer que fizerem, façam 
com coração, quanto ao Senhor" (Col 3:23). Quão 
maligno é rebaixar o padrão que Deus coloca 
diante de nós! Como condena as vidas mundanas 
superficiais e carnais de tantos que professam 
(mas em vão) que são "cristãos"! 
"E pegue sua cruz". Isso se refere à cruz não como 
um objeto de fé, mas como uma experiência na 
alma. Os benefícios legais do Calvário são 
recebidosatravés da fé, quando a culpa do pecado 
é cancelada - mas as virtudes experimentais da 
Cruz de Cristo só são apreciadas quando nós, de 
maneira prática, somos "conformes à sua morte" 
(Filipenses 3:10) . É somente quando aplicamos a 
cruz em nossas vidas diárias, e regulamos nossa 
conduta por seus princípios, que ela se torna 
eficaz sobre o poder do pecado residente. Não 
pode haver ressurreição onde não há morte; e não 
pode haver uma caminhada prática "em novidade 
da vida" e "trazendo sempre no corpo o morrer de 
Jesus, para que também a vida de Jesus se 
manifeste em nossos corpos." (2 Cor 4.10). A 
"cruz" é o distintivo, a evidência, do discipulado 
cristão. É a sua "cruz" e não o seu credo, que 
39 
 
distingue um verdadeiro seguidor de Cristo dos 
mundanos religiosos. 
Agora, no Novo Testamento, a "cruz" representa 
realidades definidas. 
Primeiro, expressa o ódio do mundo. O Filho de 
Deus veio aqui para não julgar, mas para salvar; 
Não para punir, mas para resgatar. Ele veio aqui 
"cheio de graça e verdade". Ele estava sempre à 
disposição dos outros: ministrando aos 
necessitados, alimentando os famintos, curando 
os doentes, libertando o possuído pelos demônios, 
ressuscitando os mortos. Ele estava cheio de 
compaixão: gentil como um cordeiro; 
inteiramente sem pecado. Ele trouxe com ele boas 
novas de grande alegria. Procurou o pária e 
pregou aos pobres, mas desprezou os ricos; ele 
perdoou os pecadores. E como ele foi recebido? 
Eles o "desprezaram e rejeitaram" (Isaías 53: 3). 
Ele declarou: "Eles me odiaram sem causa" (João 
15:25). Eles tinham sede de Seu sangue. Nenhuma 
morte comum os apaziguaria. Eles exigiram que 
Ele fosse crucificado. A Cruz, então, foi a 
manifestação do ódio do mundo pelo Cristo de 
Deus. 
40 
 
O mundo não se transformou - mais do que o 
etíope mudou sua pele, ou o leopardo suas 
manchas. O mundo e Cristo ainda estão em um 
antagonismo aberto. Por isso, está escrito: "Quem 
quer que seja amigo do mundo é inimigo de Deus" 
(Tiago 4: 4). É impossível andar com Cristo e 
comungar com Ele - até que se separem do 
mundo. Andar com Cristo necessariamente 
envolve compartilhar de sua humilhação: 
"Sairmos, portanto, para ele fora do arraial, 
levando o seu opróbrio" (Heb 13:13). Isto foi o 
que Moisés fez: (veja Heb 11: 24-26). Quanto 
mais eu estiver caminhando com Cristo, mais eu 
serei mal interpretado (1 João 3: 2), ridicularizado 
(Jó 12: 4) e detestado pelo mundo (João 15:19). 
Não se engane aqui - é absolutamente impossível 
manter-se com o mundo e ter comunhão com o 
Santo Cristo. Assim, "pegar" minha "cruz" 
significa que eu deliberadamente julgo a 
inimizade do mundo, por meio da minha recusa 
em ser "conformado" a ele (Romanos 12: 2). Mas 
no que as fronteiras do mundo são importantes - 
se eu estou gostando dos sorrisos do Salvador! 
Tomar minha "cruz" significa uma vida 
voluntariamente entregue a Deus. Como o ato de 
homens perversos, a morte de Cristo foi um 
assassinato; mas, como o próprio ato de Cristo, foi 
um sacrifício voluntário, oferecendo-se a Deus. 
Foi também um ato de obediência a Deus. Em 
41 
 
João 10:18, ele disse: "Ninguém ma tira de mim, 
mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade 
para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este 
mandamento recebi de meu Pai.". E por que ele o 
afirmou? Suas últimas palavras nos dizem: "Este 
mandamento recebi de Meu Pai". A cruz foi a 
demonstração suprema da obediência de Cristo. 
Aqui, ele foi o nosso Exemplo. Mais uma vez, 
citamos Filipenses 2: 5: "Tende em vós aquele 
sentimento que houve também em Cristo Jesus ". 
No que se segue, vemos o Amado do Pai, tomando 
a forma de servo e tornando-se "obediente até a 
morte, a morte da cruz". Agora, a obediência de 
Cristo deve ser a obediência voluntária do cristão, 
alegre, sem reservas, contínua. Se essa obediência 
envolve vergonha e sofrimento, repreensão e 
perda - não devemos hesitar - mas colocar nossa 
face "como um pederneira" (Isaías 50: 7). A cruz 
é mais que o objeto da fé do cristão, é o emblema 
do discipulado, o princípio pelo qual sua vida 
deve ser regulada. A "cruz" representa a entrega e 
a dedicação a Deus: "Rogo-vos pois, irmãos, pela 
compaixão de Deus, que apresenteis os vossos 
corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável 
a Deus, que é o vosso culto racional." (Romanos 
12 : 1). 
A "cruz" significa serviço vicário e sofrimento. 
Cristo estabeleceu a Sua vida pelos outros, e os 
Seus seguidores são chamados a estarem 
42 
 
dispostos a fazer o mesmo: "Devemos dar as 
nossas vidas pelos irmãos" (1 João 3:16). Essa é a 
inevitável lógica do Calvário. Somos chamados a 
seguir o exemplo de Cristo, à comunhão de seus 
sofrimentos, a ser parceiros no Seu serviço. Como 
Cristo se fez "sem reputação" (Filipenses 2: 7), 
também nós. Como Ele "não veio para ser 
servido", mas para servir "(Mateus 20:28) - 
também devemos. Como Ele "não se agradou" 
(Romanos 15: 3), também nós. Como Ele sempre 
pensou nos outros, devemos também: "Lembrar-
nos dos presos, como se estivéssemos presos com 
eles, e dos maltratados, como sendo-o nós 
mesmos também no corpo." (Heb 13: 3). 
"Pois, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; 
mas quem perder a sua vida por amor de mim, 
achá-la-á." (Mateus 16:25). As palavras quase 
idênticas a estas são encontradas novamente em 
Mateus 10:39, Marcos 8:35, Lucas 9:24; 17:33, 
João 12:25. Certamente, tal repetição argumenta a 
profunda importância de nossa observação e 
atenção a esta frase de Cristo. Ele morreu para 
vivermos (João 12:24), também devemos nós 
(João 12:25). Como Paulo, devemos poder dizer: 
"em nada tenho a minha vida como preciosa para 
mim, contando que complete a minha carreira e o 
ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar 
testemunho do evangelho da graça de Deus." 
(Atos 20:24). A "vida" que é vivida para a 
43 
 
gratificação do EGO neste mundo, é "perdida" 
pela eternidade; A vida que é sacrificada aos 
interesses próprios e cedeu a Cristo, será 
"encontrada" novamente e preservada pela 
eternidade. 
Um jovem formado na universidade, com 
perspectivas brilhantes, respondeu ao chamado de 
Cristo a uma vida de serviço para ele na Índia, 
entre a casta mais baixa dos nativos. Seus amigos 
exclamaram: "Que tragédia! Uma vida jogada 
fora!" Sim, "perdeu" tanto quanto este mundo - 
mas "encontrou" novamente no mundo por vir! 
(Nota do tradutor: A Palavra de Deus nos ensina 
claramente que não fomos chamados apenas para 
afirmar verbalmente nossa fé em Cristo, mas 
sobretudo para demonstrar a realidade dessa fé 
nos sofrimentos que padecemos com paciência 
por causa do Seu nome (Filipenses 1.29). 
Nós lemos em 2 Timóteo 2.11,12: 
“11 Fiel é esta palavra: Se, pois, já morremos com 
ele, também com ele viveremos; (observe que se 
afirma que a vida com Cristo decorre da nossa 
morte com ele, ou seja da nossa identificação com 
a sua morte na cruz, carregando em nosso corpo 
o morrer de Jesus) 
44 
 
12 se perseveramos, com ele também reinaremos; 
se o negarmos, também ele nos negará.” (observe 
que o reinar com Cristo demanda perseverar em 
fazer a Sua vontade pelo fiel carregar diário da 
cruz) 
Importa que em tudo sejamos identificados ao 
nosso Salvador e Senhor, tanto no que se refere à 
Sua glória, quanto aos Seus sofrimentos; de modo 
que aqui embaixo, um grande indicativo da nossa 
real eleição por Deus como seus filhos amados, 
consiste principalmente na paciência com que 
suportamos perseguições e sofrimentos por causa 
do nosso bom testemunho em seguir as pegadas 
de Jesus Cristo.) 
“5 Porque, como as aflições de Cristo 
transbordam para conosco, assim também por 
meio de Cristo transborda a nossa consolação. 
6 Mas, se somos atribulados, é para vossa 
consolação e salvação; ou, se somos consolados, 
para vossa consolação é a qual se opera 
suportando com paciência as mesmasaflições que 
nós também padecemos; 
7 e a nossa esperança acerca de vós é firme, 
sabendo que, como sois participantes das aflições, 
assim o sereis também da consolação.” ( 2 
Coríntios 1.5-7) 
45 
 
“19 Porque isto é agradável, que alguém, por 
causa da consciência para com Deus, suporte 
tristezas, padecendo injustamente. 
20 Pois, que glória é essa, se, quando cometeis 
pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com 
paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois 
afligidos, o sofreis com paciência, isso é 
agradável a Deus. 
21 Porque para isso fostes chamados, porquanto 
também Cristo padeceu por vós, deixando-vos 
exemplo, para que sigais as suas pisadas.” (I Pedro 
2.19-21) 
“14 Mas também, se padecerdes por amor da 
justiça, bem-aventurados sereis; e não temais as 
suas ameaças, nem vos turbeis; 
15 antes santificai em vossos corações a Cristo 
como Senhor; e estai sempre preparados para 
responder com mansidão e temor a todo aquele 
que vos pedir a razão da esperança que há em vós; 
16 tendo uma boa consciência, para que, naquilo 
em que falam mal de vós, fiquem confundidos os 
que vituperam o vosso bom procedimento em 
Cristo. 
46 
 
17 Porque melhor é sofrerdes fazendo o bem, se a 
vontade de Deus assim o quer, do que fazendo o 
mal.” (I Pedro 3.14-17) 
“12 Amados, não estranheis a ardente provação 
que vem sobre vós para vos experimentar, como 
se coisa estranha vos acontecesse; 
13 mas regozijai-vos por serdes participantes das 
aflições de Cristo; para que também na revelação 
da sua glória vos regozijeis e exulteis. 
14 Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-
aventurados sois, porque sobre vós repousa o 
Espírito da glória, o Espírito de Deus. 
15 Que nenhum de vós, entretanto, padeça como 
homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem 
se entremete em negócios alheios; 
16 mas, se padece como cristão, não se 
envergonhe, antes glorifique a Deus neste nome.” 
(I Pedro 4.12-16) 
“8 Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o 
Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e 
procurando a quem possa tragar; 
9 ao qual resisti firmes na fé, sabendo que os 
mesmos sofrimentos estão-se cumprindo entre os 
vossos irmãos no mundo. 
47 
 
10 E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos 
chamou à sua eterna glória, depois de haverdes 
sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de 
aperfeiçoar, confirmar e fortalecer.” (I Pedro 5.8-
10) 
“7 Mas o que para mim era lucro passei a 
considerá-lo como perda por amor de Cristo; 
8 sim, na verdade, tenho também como perda 
todas as coisas pela excelência do conhecimento 
de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a 
perda de todas estas coisas, e as considero como 
refugo, para que possa ganhar a Cristo, 
9 e seja achado nele, não tendo como minha 
justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em 
Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; 
10 para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição 
e a e a participação dos seus sofrimentos, 
conformando-me a ele na sua morte,” (Filipenses 
3.7-10) 
“8 Portanto não te envergonhes do testemunho de 
nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro 
seu; antes participa comigo dos sofrimentos do 
evangelho segundo o poder de Deus,” (II Timóteo 
1.8) 
48 
 
“10 Irmãos, tomai como exemplo de sofrimento e 
paciência os profetas que falaram em nome do 
Senhor. 
11 Eis que chamamos bem-aventurados os que 
suportaram aflições. Ouvistes da paciência de Jó, 
e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o 
Senhor é cheio de misericórdia e compaixão.” 
(Tiago 5.10,11) 
“8 Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Isto diz 
o primeiro e o último, que foi morto e reviveu: 
9 Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas 
tu és rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, 
e não o são, porém são sinagoga de Satanás. 
10 Não temas o que hás de padecer. Eis que o 
Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, 
para que sejais provados; e tereis uma tribulação 
de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa 
da vida.” (Apocalipse 2.8-10) 
“12 Todos os que querem ostentar boa aparência 
na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, 
somente para não serem perseguidos por causa da 
cruz de Cristo. 
49 
 
13 Porque nem ainda esses mesmos que se 
circuncidam guardam a lei, mas querem que vos 
circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. 
14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser 
na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o 
mundo está crucificado para mim e eu para o 
mundo.” (Gálatas 6.12-14) 
“1 Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre 
deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um 
edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos 
céus. 
2 Pois neste tabernáculo nós gememos, desejando 
muito ser revestidos da nossa habitação que é do 
céu, 
3 se é que, estando vestidos, não formos achados 
nus. 
4 Porque, na verdade, nós, os que estamos neste 
tabernáculo, gememos oprimidos, porque não 
queremos ser despidos, mas sim revestidos, para 
que o mortal seja absorvido pela vida. 
5 Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi 
Deus, o qual nos deu como penhor o Espírito. 
50 
 
6 Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo 
que, enquanto estamos presentes no corpo, 
estamos ausentes do Senhor 
7 (porque andamos por fé, e não por vista); 
8 temos bom ânimo, mas desejamos antes estar 
ausentes deste corpo, para estarmos presentes com 
o Senhor. 
9 Pelo que também nos esforçamos para ser-lhe 
agradáveis, quer presentes, quer ausentes. 
10 Porque é necessário que todos nós sejamos 
manifestos diante do tribunal de Cristo, para que 
cada um receba o que fez por meio do corpo, 
segundo o que praticou, o bem ou o mal. 
11 Portanto, conhecendo o temor do Senhor, 
procuramos persuadir os homens; mas, a Deus já 
somos manifestos, e espero que também nas 
vossas consciências sejamos manifestos. 
12 Não nos recomendamos outra vez a vós, mas 
damo-vos ocasião de vos gloriardes por nossa 
causa, a fim de que tenhais resposta para os que se 
gloriam na aparência, e não no coração. 
13 Porque, se enlouquecemos, é para Deus; se 
conservamos o juízo, é para vós. 
51 
 
14 Pois o amor de Cristo nos constrange, porque 
julgamos assim: se um morreu por todos, logo 
todos morreram; 
15 e ele morreu por todos, para que os que vivem 
não vivam mais para si, mas para aquele que por 
eles morreu e ressuscitou.” (2 Coríntios 5.1-15)