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1 Emergências Psiquiátricas Professor: Marcus Vinícius – Aula: XI Letícia Moreira Batista Local do atendimento: Privacidade Segurança: Retirar materiais perigosos Facilitar o acesso de outros profissionais de saúde Manter a porta aberta e permanecer próximo a ela Se for possível, saber com antecedência que tipo de paciente será atendido Agitação psicomotora: Preparar material para contenção mecânica e providenciar a medicação Distância de aproximadamente dois braços estendidos Se o paciente pedir para que saia do seu caminho, faça-o imediatamente Cuidado com os pertences dos pacientes, muitos tentam protegê-los ativamente. Respeite e no caso de precisar pegá- los, explique o porquê de fazê-lo e não tenha pressa. Cuidado com pacientes que estão sem roupa ou que precisam trocá-las. Muitos não toleram a perda de seu pudor, principalmente se já passaram por abusos ou humilhação. A troca de roupas deve sempre ser feita em local privado, ou caso não seja possível cubra o paciente Medidas para aproximar do paciente: Comece se apresentando ao paciente → Diga seu nome e título Pergunte o nome do paciente e forneça orientação e reasseguramento. Ouça e diminua as preocupações do paciente sobre o seu papel → Diga que você está lá para mantê-lo seguro e certificar-se de que nenhum dano ocorrerá a ele. Conectar-se com o afeto do paciente → “O que o traz ao hospital?” ou “Como posso ajudá-lo?” Esclarecer os objetivos da avaliação / ser educado / escuta ativa Conhecer o contexto do paciente → avaliação sumária de estressores psicossociais mostra ao paciente que o médico está interessado nele! Não se identificar com os sentimentos do paciente → “você parece muito novo para ser médico”, “se eu for internado vou te processar Usar frases curtas e vocabulário simples → dificuldades em processar informações verbais Nunca fique de costas Evitar olhar fixo, de frente e direto nos olhos → ficar em um ângulo em que não pareça confrontá-lo. As mãos devem ser visíveis e não fechadas. Expressão facial deve ser calma. A postura mais fechada, com braços cruzados pode passar a ideia de falta de interesse. Não desafie ou insulte o paciente, ou faça qualquer outra coisa que possa ser percebida como humilhante. Apenas uma pessoa deve interagir verbalmente com o paciente. Várias pessoas podem confundi-lo Definir: É seguro para o paciente permanecer no local onde está? O problema é orgânico, funcional ou uma combinação dos dois? O paciente está psicótico? O paciente é um suicida ou homicida em potencial? Qual é a capacidade de autocuidados do paciente? Algumas vezes, estes pacientes apresentam níveis de agitação e agressividade que impedem uma avaliação completa. Nestes casos, a contenção mecânica ou química pode ser usada antes da avaliação, para diminuir o comportamento agitado, permitindo uma avaliação mais segura. 2 Esquizofrenia: Está entre as 10 doenças mais incapacitantes e economicamente catastróficas – OMS Prevalência (número de casos em uma população) 1% Incidência (número de casos novos anualmente) é de cerca de 1,5 por 10.000 pessoas Início é tipicamente durante a adolescência (18 – 35 anos) Raramente na infância e acima de 45 anos → Pensar em causa orgânica Taxas + altas de vários distúrbios psiquiátricos associados: Transtornos depressivos, transtornos de ansiedade, transtornos por uso de álcool e outras substâncias Diagnóstico: É um distúrbio psiquiátrico que envolve psicose crônica ou recorrente. Sintomas Positivos (Alucinações, delírios, comportamento bizarro e atos impulsivos, agitação psicomotora, ideias bizarras, produções linguísticas como neologismo) Sintomas Negativos (Embotamento afetivo, retração social, diminuição da fluência verbal, incapacidade de realizar taregas, autonegligência, lentificação psicomotora) Disfunção social ou ocupacional, por pelo menos seis meses na ausência de outro diagnóstico que melhor explicasse a apresentação Psicose: Desconexão com a realidade Alucinação: Falsa percepção sensorial, sem estímulo externo real (Visual é a mais comum na síndrome de abstinência. Quando olfativas, táteis e gustativas, geralmente tem causa orgânica) Delírio: Crença falsa, incoerente com a inteligência ou meio cultural, que não cede à argumentação lógica Estigma: ATENÇÃO, no decurso da avaliação e do atendimento clínico contínuo, o médico pode ser uma fonte importante de compaixão e educação para o paciente e a família. Juntamente com o tratamento de sintomas e efeitos colaterais dos medicamentos, o paciente pode precisar de ajuda para lidar com deficiências, perdas associadas e o estigma associado ao diagnóstico de esquizofrenia. A experiência de atitudes estigmatizantes em relação às pessoas com esquizofrenia é comum e pode ser internalizada, levando ao "auto-estigma". O estigma internalizado pode ser tão prejudicial quanto os efeitos diretos da doença. Exames: Hemograma completo, testes de função renal e hepática, glicemia,TSH, teste de gravidez para todas as mulheres em idade fértil EAS ECG Sorologias: VDRL, HIV, Hepatites B e C Nível sérico dos medicamentos em uso pelo paciente Os exames complementares estão indicados, principalmente, em pacientes com início do quadro após os 40 anos de idade Quando internar? Risco de suicídio Risco de agressão Risco de homicídio Autonegligência grave Refratariedade e patologia de difícil controle em nível ambulatorial Troca de esquema terapêutico que exija cuidados ou coloque o paciente em situação de risco (piora dos sintomas ou efeitos adversos) Ausência de suporte familiar necessário para tratamento Diagnósticos diferenciais: Quadros orgânicos com manifestação esquizofreniforme. Suspeitar se apresentação atípica ou variação do nível de consciência. Transtornos mentais: transtorno afetivo bipolar, no transtorno depressivo maior, nas psicoses breves, na intoxicação e abstinência de substâncias, no delirium, em diferentes transtornos neurológicos primários (como Alzheimer) e em variadas patologias clínicas (como lúpus eritematoso sistêmico). 3 Contenção 2 formas: contenção mecânica e a reclusão. Reclusão: isolar o paciente em um ambiente protegido, geralmente uma sala pequena com proteção nas paredes e no piso. Contenção mecânica: no leito, é uma medida consagrada pelo uso e extremamente eficaz quando bem utilizada. Como fazer a contenção: 5 pessoas, apenas uma delas conversa com o paciente, normalmente o médico assistente. As outras quatro, previamente treinadas, devem conter os membros. Às vezes, pode ser necessária a colocação de uma faixa torácica, que deve ser posicionada sempre após a imobilização dos membros. As faixas de contenção devem ser de material resistente. Informar com exatidão sobre o que está acontecendo durante o processo de contenção. Decúbito dorsal e com a cabeça levemente elevada. Posição dos braços que possibilite acesso venoso fácil. Revisar o paciente em busca de drogas e armas. Monitorar o nível de consciência e aos sinais vitais. Registrar no prontuário médico. Assim que o paciente estiver controlado, as faixas devem ser retiradas Pode ser necessária a utilização de tranquilização rápida mesmo após a contenção mecânica A maioria dos pacientes se sente aliviada após o procedimento, por ter sido impedida de agir de forma destrutiva. É um método reversível, que não altera o nível de consciência e que pode ser retirado de modo controlado e gradual. Tratamento: Esquizofrenia → Monoterapia com antipsicótico o Reduzem os sintomas positivos (70% casos respondem) o Com exceção da clozapina, revisões sistemáticas cuidadosas e metanálises não encontraram evidências convincentes de que algum dos antipsicóticos seja mais eficaz do que outrospara sintomas positivos na esquizofrenia aguda o Clozapina → risco aumentado de agranulocitose - reservada para aqueles que não respondem bem ou não toleram outros antipsicóticos. o Deve-se buscar a monoterapia (uso de somente um antipsicótico) 4 o Se o paciente nunca usou um antipsicótico antes, é prudente iniciar com doses menores, aumentando gradualmente até o alcance da dose terapêutica. Se o paciente apresentar desconforto ou efeitos colaterais iniciais proeminentes (de 2 a 3 dias), deve-se trocar o antipsicótico o A maioria das classes de medicamentos testados não mostrou efeitos clinicamente significativos nos sintomas negativos o ATENÇÃO: Todos os antipsicóticos, com exceção da clozapina, apresentam eficácia comparável quanto ao controle dos sintomas psicóticos, com diferenças de tamanho de efeito mínimas (tamanho de efeito entre 0,1 a 0,25). O diferencial terapêutico dos antipsicóticos ditos atípicos ou de nova geração ocorre nos sintomas negativos e cognitivos da esquizofrenia, ainda assim com resultados limitados. A escolha do antipsicótico mais apropriado para cada paciente ou situação deve levar em conta seus efeitos colaterais, riscos, posologia e custo o No caso de persistência de agitação e/ou inquietação, pode ser adequado associar um benzodiazepínico de longa duração, como clonazepam ou diazepam. o A clozapina é o único antipsicótico eficaz em psicoses refratárias Transtorno bipolar → associação com estabilizadores de humor Depressão → associação com antidepressivos Haloperidol < risco de causar sedação ou hipotensão V.O ou IM Não se recomenda seu uso por via IV (intensifica seus efeitos colaterais e aumenta o risco de morte súbita) Tem meia-vida de aproximadamente 24 horas e atinge seu platô com o uso contínuo no período de 3 a 5 dias. V.O seu pico de concentração plasmática ocorre 1 a 4 horas e IM em 30 minutos É relativamente seguro em idosos e gestantes Opção para abordagem de agitação leves e moderadas no delirium ou casos de pacientes com comorbidades clínicas Sedativo: Prometazina é rapidamente absorvida por via oral. O efeito sedativo inicia depois de 20 minutos; o máximo é atingido em 1 hora e se mantém por 4 a 6 horas. Bloqueia receptores histamínicos centrais. Também possui propriedades anticolinérgicas. Prática: 5 Paciente com pensamentos desorganizados = Risperidona / Haldol / olanzapina Evitar no primeiro surto = Quetiapina / clorpromazina (pode associar para dormir) Tentativa de suicídio: Segundo a OMS, o suicídio encontra-se entre as 10 principais causas de morte no mundo e entre as três primeiras quando se considera a faixa entre 15 e 34 anos de idade. Tentativa de suicídio anterior é o principal fator de risco para suicídio consumado (morte). Sexo masculino suicidam-se cerca de 2 a 4 vezes mais do que as mulheres Em contrapartida, a presença de ideação suicida parece ser maior entre as mulheres do que entre os homens Faixa etária entre 15 e 24 anos o estrato com maior aumento no número de suicídios nas últimas décadas Os idosos representam o grupo etário com a maior taxa absoluta de suicídio 1 – Enforcamento; 2 - arma de fogo; 3 – envenenamento (1 se tentativa) 3 opções de encaminhamento para o paciente com comportamento suicida: Internação hospitalar Atendimento em centros de referência, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) Atendimento ambulatorial comum Na presença de ideação suicida com: - Plano específico de alta letalidade - Alto grau de intenção suicida Tratamento Na fase aguda, benzodiazepínicos, antidepressivos sedativos e antipsicóticos de baixa potência podem ser úteis em virtude do efeito no controle da agitação e da ansiedade Terapia combinada = farmacoterapia, psicoterapia e/ou suporte social
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