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Beatriz Galvão – Odontologia UFRN 1 Os anestésicos locais são bases fracas, clinicamente disponíveis na forma de sais, para aumentar a solubilidade e a estabilidade. São formados por componentes hidrofílicos e lipofílicos, separados por uma ligação intermediária de éster ou amida. As propriedades anestésicas ideais são: anestesia potente, reversível, sem reações locais, sistêmicas e alérgicas, de início rápido e duração satisfatória, baixo custo, metabolismo e excreção fácil. Mecanismo de ação Atuam na membrana celular e impedem a geração e condução de impulsos nervosos de forma reversível. ➢ A forma ionizada do anestésico liga-se de modo específico aos canais de sódio, inativando-os e impedindo a despolarização celular: à medida que a ação anestésica ocorre no nervo, o limiar de excitabilidade aumenta, a velocidade de elevação do potencial de ação diminui e a condução de impulsos fica mais lenta. ➢ As fibras nervosas possuem sensibilidades diferentes aos anestésicos locais: as fibras pequenas são mais sensíveis que as grandes, e as fibras mielinizadas são mais sensíveis que as não mielinizadas do mesmo diâmetro. Em geral, as fibras de nervos autônomos, fibras C pequenas e não mielinizadas (dor) e fibras a delta pequenas e mielinizadas (transmitem dor e temperatura) são bloqueadas primeiro do que as A gama, A beta e A alfa mielinizadas e de maior diâmetro (sensibilidade postural, tátil, pressão e estímulos motores). Por esse motivo, a administração de anestésicos locais causa, primeiramente, a supressão da dor, e em seguida, perda da sensibilidade à temperatura, ao toque e à pressão, e por fim, a função motora. É por isso que ainda é possível sentir o toque quando a dor já está ausente. ➢ A duração da ação depende do pH do tecido, da morfologia dos nervos, da concentração, do pKa e da lipossolubilidade do fármaco. A porção não-ionizada atravessa a membrana celular mais facilmente e, por isso, o fármaco que apresenta um menor pKa, tem menor tempo de latência. Também está relacionada ao grau de ligação das proteínas: quanto maior, mais duradoura a ação do anestésico. Os anestésicos, normalmente, possuem ação vasodilatadora, porém, a mepivacaína possui ação vasoconstritora, e por isso é indicada ao uso em pacientes que têm alguma contraindicação ao uso de vasoconstritores. ➢ A duração da ação é proporcional ao tempo de contato com o nervo, e por isso, para prolongar a duração da anestesia, utiliza-se manobras que conservem o fármaco por mais Beatriz Galvão – Odontologia UFRN 2 tempo no local de ação. Na prática clínica, utilizam-se vasoconstritores (epinefrina) para que seja reduzida a taxa de absorção, evitando a distribuição do fármaco para outros tecidos, assim como efeitos adversos. A epinefrina dilata vasos da musculatura esquelética, podendo aumentar efeitos tóxicos sistêmicos de anestésicos depositados nos tecidos musculares. Os vasoconstritores aumentam a intensidade e a duração do efeito anestésico, reduzem hemorragias e efeitos tóxicos. Pode ocorrer parestesia e necrose isquêmica. ➢ Os vasoconstritores podem ser classificados em simpaticomiméticos e derivados da vasopressina. Os simpaticomiméticos podem causar alguns efeitos adversos como estimulação do SNC (inquietude, tremor, aumento da pressão arterial). ➢ Em pacientes gestantes, deve-se usar lidocaína + vasoconstritor. Prilocaína e mepivacaína devem ser evitados. Não se deve usar felipressina, pois pode ser abortivo (semelhante à ocitocina, que pode causar contrações e induzir ao parto). Os principais anestésicos locais utilizados na prática odontológica são: lidocaína, bupivacaína, articaína, mepivacaína e prilocaína.
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