Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Anestésicos locais Introdução: • Ação local • Bloqueia de forma reversível a transmissão do estímulo local onde for aplicado, sem causar alteração no nível de consciência • Ação seletiva e específica Os anestésicos locais são agentes que bloqueiam a condução nervosa quando aplicados localmente no tecido nervoso em concentração apropriada. É importante lembrar que a grande vantagem dos anestésicos locais é seu efeito reversível; após seu emprego, há recuperação completa da função nervosa sem que se evidencie dano estrutural nas células ou fibras nervosas. Causam a perda da sensibilidade dolorosa pelo bloqueio da condução nervosa do estimulo doloroso ao sistema nervoso central (SNC), porém não causam perda da consciência como ocorre com os anestésicos gerais. Sua ação é seletiva e específica. Meios mecânicos – insensibilidade local: • Garrote • Compressão sobre o feixe nervoso Meios físicos: • Éter • Gelo (crioanalgesia) – atua pela sua baixa temperatura, que corresponde a 0°C • Cloreto de etila – usado para anestesias locais. Além dessa característica, cheirava-se para causar euforia, ocasionando muitas vezes síncope cardíaca-reflexa Meios químicos: • Betabloqueadores – propranolol • Venenos protoplasmáticos – álcool, fenol e ortocresol, estes de ação irreversível • Fenotiazinas – promazina e a levopromazina • Anestésicos locais de ação específica – procaína, lidocaína, prilocaína, bupivacaína e ropivacaína Estrutura química: A maioria dos agentes empregados é constituída de três partes fundamentais: um radical lipofílico e outro hidrofílico, unidos pela cadeia intermediária. A porção lipossolúvel é um resíduo aromático derivado do ácido benzoico (cocaína, benzocaína), do ácido para-aminobenzoico (procaína, cloroprocaína) ou da xilidina (lidocaína, bupivacaína). O ácido para-aminobenzoico, por ser uma molécula pequena, pode funcionar como hapteno e determinar reações alérgicas. Quando a ligação é do tipo éster, o medicamento é rapidamente hidrolisado e, portanto, este tipo de anestésico local é rapidamente degradado e inativado no organismo. Quando a ligação é do tipo amida, sua biotransformação é lenta, tendo então ação duradoura. A hidrofobicidade aumenta tanto a potência como também a duração do efeito do anestésico local. A porção hidrofílica (grupo amina) é, em geral, derivada do álcool etílico ou do ácido acético. Moléculas ligadas à porção hidrofílica tornam o agente insolúvel, restringindo seu uso à anestesia tópica de mucosas. Mecanismo de ação: • Bloqueiam canais iônicos da membrana celular de neurônios → impedindo a neurotansmissão do potencial de ação • Recuperação completa da função • Bloqueio gradual o 1º perda sensibilidade a dor o 2º temperatura o 3º toque o 4º propriocepção o 5º perda do tônus muscular • Local de ação → membrana celular • Canais de sódio o Aberto o Fechado o Inativo • AL → inativado → fenômeno voltagem dependente • Sensibilidade o Fibras A → fibras B → fibras C3 O local de ação dos anestésicos locais é a membrana celular, onde bloqueiam o processo de excitação-condução. A passagem de sódio através da membrana, ou seja, a condutância dos canais de sódio a esse íon, depende da variação de voltagem existente através da membrana. O canal de sódio pode se apresentar em três conformações diferentes: aberta, fechada e inativada. A forma aberta permite a passagem de íons e as formas fechada e inativada não são condutoras. Os anestésicos locais aos canais de sódio depende da conformação do canal, sendo, portanto, um fenômeno voltagem-dependente. A afinidade pela configuração fechada é baixa, enquanto a conformação inativada é extremamente favorável à interação. Assim sendo, o anestésico local liga-se preferentemente à forma inativada do canal, não condutora, mantendo-o nessa forma, estabilizando assim a membrana. Na fibra não mielinizada, o impulso difunde-se de forma continua, mas na fibra mielinizada os canais de sódio estão situados quase exclusivamente nos nodos de Ranvier, favorecendo uma condução tipo saltatória do estímulo. As fibras mais finas e não mielinizadas são mais sensíveis aos anestésicos locais. Na verdade, a sensibilidade aos anestésicos locais é maior para as fibras tipo A, depois para as tipo B e depois para as tipo C3. Propriedades – pKa: • O pH equilibra as formas ionizadas e as não ionizadas Não ionizada: é a parte que confere a penetrabilidade da molécula no nervo. Ionizada: é a parte que confere a potência da droga. A “rolha”. • O pH dos tecidos difere do pH ideal da droga → os AL tendem a ficar em maior proporção na sua forma ionizada, tendo, portanto, maior dificuldade de atravessar as barreiras celulares. No entanto, é essa forma ionizada que é responsável pelo seu efeito anestésico local. Assim, a penetração do anestésico local faz-se gradativamente por meio de sua forma não ionizada e sua ação se dá por meio de sua forma ionizada • Controlar a quantidade de droga na forma ionizada em pH fisiológico (7,4) • Relacionada ao seu período de latência: o Forma ionizada age nos canais de sódio o Forma não ionizada atravessa mais rápido a membrana o Anestésicos com maior fração não ionizada tem menor período de latência o pH solução ácido → maior ionizada → organismo → tamponamento → forma não ionizada → maior penetração nos tecidos → axônio → ácido → ioniza-se O período de latência depende do pKa da substancia e do pH do meio. Assim, quanto maior o valor do pKa, menor quantidade da forma não ionizada está presente Fármacos que tem pH ácido vão ter mais formas ionizadas, com isso, o organismo vai tamponar para reduzir a passagem dessas formas → vai tirar o hidrogênio, tornando forma não ionizada, facilitando a penetração nos tecidos → depois se liga ao hidrogênio novamente para se ionizar de novo. Propriedades – lipossolubilidade: • Quanto mais lipossolúvel → mais rapidamente atravessa membrana → mais potente fica • Potência depende da quantidade de droga necessária para causar o efeito • Determina a potência Propriedades – ligação proteica na molécula: • Maior afinidade proteica → maior duração do efeito • Quando a ligação é do tipo éster, o medicamento é rapidamente hidrolisado e, portanto, este tipo de anestésico local é rapidamente degradado e inativado no organismo • Quando a ligação é do tipo amida, sua biotransformação é lenta, tendo então ação duradoura (fração livre disponibilizada mais lentamente) Farmacocinética – absorção e distribuição: • Atravessa membrana por difusão → obedecendo um gradiente de concentração • Devem ser infiltrados próximos aos nervos que devem bloquear • Parte absorvida pela circulação local • Efeito vasodilatador → mais absorvidos → adicionam vasoconstrictores → adrenalina e fenilefrina O anestésico local atravessa as membranas do nervo por difusão, obedecendo a um gradiente de concentração que depende basicamente da lipossolubilidade e da concentração do fármaco e do pH do meio. A distribuição do anestésico local se faz a partir do momento em que este ganha inadvertidamente a corrente sanguínea. Fatores relacionados à absorção: 1- Local da injeção Os níveis sanguíneos de anestésico local dependem da área em que for aplicada, pois, quanto mais ela for vascularizada, maior será a absorção sistêmica, maior será o nível sérico obtido. O que obriga ter mais cautela ao se infiltrarem certas regiões, como músculos intercostais, mucosas ou região mesentérica. 2- Presença de vasoconstrictor Sempre que não houver contraindicação, deve-se utilizar o vasoconstrictor. Contraindicação: circulação terminal e problemas cardiovasculares graves. A incidência de fenômenos de intoxicação é menor quando se utiliza a associação. Quanto mais vascularizado for o local de aplicação do AL, maior será o benefício da associação. O vasoconstrictorideal é a adrenalina, na concentração de 5 microgramas/ml. A adrenalina, além de reduzir a velocidade de absorção do AL, possui ação anestésica local, melhorando dessa forma, a qualidade do bloqueio. Doses elevadas aumenta a PA e FC. 3- Características farmacológicas do agente Os AL promovem vasodilatação, aumentam o fluxo sanguíneo na região anestesiada, com maior absorção para a corrente circulatória. Além da vasodilatação, existe a lipossolubilidade. 4- Concentração do AL Em mucosas, fazem-se necessárias concentrações maiores do AL para que haja absorção, dispensando assim infiltrações. Ao se diminuir a concentração, mantém-se a mesma massa, aumentando-se o volume, sem o risco de exceder a dose máxima permitida. Distribuição: A distribuição do anestésico local se faz a partir do momento em que este ganha inadvertidamente a corrente sanguínea. Uma vez que o anestésico local seja absorvido, dois fenômenos acontecem: ligação com proteínas plasmáticas e distribuição para os tecidos. Os anestésicos locais são inicialmente distribuídos aos órgãos de maior perfusão sanguínea, principalmente os pulmões e o cérebro. A seguir, vão para tecidos com suprimento sanguíneo intermediário, como os músculos, e, por fim, para os tecidos de menor perfusão, como o tecido adiposo (gordura). A velocidade com que desaparecem da circulação varia de um agente para outro na dependência de sua lipossolubilidade e ligação às proteínas plasmáticas. Os anestésicos locais de grande ligação proteica terão sua fração livre muito aumentada com pequenas reduções de proteinemia (hipoproteinemia), diferente daqueles de pequena ligação proteica. Biotransformação: A principal via de biotransformação dos AL, tanto com ligações amida como éster, é a hidrolise enzimática. Ésteres são rapidamente metabolizados pelas esterases plasmáticas em metabolitos inativos, e consequentemente apresentam curta meia vida. Os metabólitos dos ésteres são excretados pelos rins. As amidas são metabolizadas pelas amidases plasmáticas. Esse processo é mais lento, o que determina uma meia vida mais longa, por isso podem apresentar efeito cumulativo em caso de doses repetidas. • Barreira plasmática Os ésteres possuem mínimos efeitos sobre feto, pois são metabolizados de modo tão acelerado que não existem concentrações suficientes na circulação sistêmica para ultrapassar a barreira placentária. As amidas apresentam maior tendência à passagem transplacentária. Nesse grupo, as amidas com menor grau de ligação proteica, atravessam em maior quantidade a barreira placentária. • Sofrimento fetal O sofrimento fetal pode resultar em acidose metabólica → aumenta a passagem pela barreira. Nessa situação, o anestésico local alcança a circulação fetal e uma maior fração da droga será ionizada. A forma ionizada não é capaz de atravessar novamente a barreira placentária e retornar à circulação materna, acumulando-se na circulação fetal → intoxicação. Apresentação: • Soluções injetáveis, sprays, cremes e géis • Conservantes: com ou sem fungicidas • Vasoconstrictor: adrenalina • Bicarbonato O bicarbonato adicionado aos anestésicos locais aumenta o pH do meio e, consequentemente, haverá maior proporção da droga na forma não-ionizada, o que aumenta a velocidade de ação da anestesia (redução da latência). Porém, a adição de concentrações excessivas de bicarbonato à solução pode levar à precipitação do anestésico local, porque a forma não- ionizada do AL é menos solúvel em água. • Glicose A glicose é adicionada à bupivacaína para aumentar a baricidade da solução, tornando-a hiperbárica em relação ao líquor, o que permite maior controle da dispersão intratecal do anestésico. Toxicidade: Os anestésicos locais podem ser tóxicos de acordo com a dose aplicada e o grau de absorção sistêmica. A toxicidade clínica está relacionada aos efeitos da droga em outras membranas excitáveis no sistema nervoso central e cardiovascular. Os efeitos centrais incluem parestesia nos lábios, redução do nível de consciência e convulsões. As múltiplas alterações em canais iônicos cardíacos, podem levar à arritmias e redução da contratilidade miocárdica. Em pacientes que apresentem alterações na farmacocinética dos anestésicos locais pela presença de comorbidades como a insuficiência cardíaca ou hepática (redução do metabolismo da droga/sensibilidade), por alterações de proteínas plasmáticas ou pela interação com outras drogas, deve-se estar mais atento à possibilidade de toxicidade do AL. Cocaína: • É um éster aromático derivado do ácido benzoico. • A cocaína também é um eficaz anestésico local simpatomimético, tendo sido o primeiro do grupo a ser usado, e ainda em uso hoje em algumas cirurgias respiratórias. O mecanismo desta ação é totalmente diferente da ação psicotrópica.. Os nervos sensitivos são geralmente os primeiros a serem bloqueados. • Único a provocar vasoconstrição. • Ela apresenta efeitos secundários devido à quantidade que extravasa para o sangue, provocando estimulação simpática (hipertensão, taquicardia) e mesmo convulsões. • Tem alta toxicidade e efeito viciante. • 1,4-10% por via tópica. Benzocaína: • Um éster etílico do ácido p-aminobenzoico (PABA). • É absorvido de forma rápida através das mucosas. O começo da ação evidencia-se instantaneamente e prolonga-se por 15 a 20 minutos. Se forem absorvidas grandes quantidades através da mucosa, as ações no sistema nervoso central podem produzir estimulação ou depressão. • É habitualmente indicada para a anestesia local prévia de um exame de: endoscopia com manipulação de instrumentos ou outras explorações de esófago, laringe, intervenções dentais, cirurgia oral e dor de garganta. Procaína: • Faz parte do grupo amino éster. • É usada principalmente para reduzir a dor de uma injeção intramuscular, de queimaduras e ou de cirurgias locais, especialmente por Médicos Dentistas. • Primeiro anestésico local sintético injetável usado (1905). • Tem a vantagem de causar a vasodilatação das vias sanguíneas, o que aumenta o fluxo sanguíneo. • Mais susceptível a provocar reação alérgica. • Associada a procedimentos otológicos. Lidocaína: • Primeiro anestésico do tipo amida. • Relativamente isento de reações alérgicas. • Possui o dobro da potência da procaína. • Tem efeito antiarrítmico e é usada no controle de arritmias ventriculares. • Seu período de ação varia entre 1-2h. • Alguns anestésicos locais em baixas concentrações possuem propriedade vasodilatadora, o que aumenta sua absorção sistêmica. Por isso a indústria farmacêutica investe em preparações que minimizem esse efeito através da adição de um vasoconstritor como a adrenalina. • Não deve ser administrada por via intravenosa. • Possui grande número de vias de aplicação. Tetracaína: • É um éster derivado do ácido aminobenzoico • É de longa duração • Mais potente que procaína e lidocaína • É empregado principalmente na anestesia tópica • Sua potencia e sua toxicidade são 10 vezes maiores que a da procaína https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso_central https://pt.wikipedia.org/wiki/Es%C3%B3fago https://pt.wikipedia.org/wiki/Laringe https://pt.wikipedia.org/wiki/Cirurgia https://pt.wikipedia.org/wiki/Dor https://pt.wikipedia.org/wiki/Intramuscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Queimadura https://pt.wikipedia.org/wiki/Vasodilata%C3%A7%C3%A3o • A dose máxima permitida é de 1mg/kg • É degradada mais lentamente que a procaína; O início da ação é lento podendo haver efeitos tóxicos • Amplamente utilizado em anestesia espinal, quando há necessidade de usar um fármaco com duração prolongada • Raramente é utilizada em bloqueios nervosos periféricos porque geralmente são necessárias doses elevadas Mepivacaína: • É um anestésico local de média duração do tipo amida muito utilizado na odontologia. • Tem maior indicação nos casos em queo uso de vasoconstrictores é perigoso para o paciente ou proibido , pois pode ser usado sem vasoconstritor e sem perda importante da potência e tempo de duração da analgesia. Como a prilocaína a mesma tem o mesmo poder de ação a ação vasodilatadora é menos que a lidocaína por isso é a primeira opção quando o paciente é proibido de utilizar vasoconstritores por doenças como hipertensões não controladas, arritmias cardíacas, diabetes, hipertireoidismo entre outras • Ação vasodilatadora menor que a lidocaína • Rapidamente metabolizada • Latência 30-120 segundos • Duração 20-40 minutos Bupivacaína: • É aproximadamente de três a quatro vezes mais potente que a lidocaína • Tem uma longa duração de ação 3-4h • Bloqueio motor e sensitivo promovendo relaxamento muscular e alivio da dor • Pode ser usado em bloqueio regional e epidural • Dose máxima 2 mg/kg • Latência 2 min • Intoxicação causa: hipotensão arterial e arritmia, taquicardia, fibrilação ventricular e bloqueio atrioventricular Prilocaína: • Pertence ao grupo amidas • Potência e duração semelhante a lidocaína • Toxicidade baixa • Em doses elevadas, pode induzir a formação de metemoglobina, devido ao seu metabólito o-toluidina • A dose máxima permitida é de 9mg/kg, com vasoconstritor, e 6mg/kg, sem vasoconstritor Etidocaína: • Grupo amida de longa duração • Se une a boa parte das proteínas plasmáticas • Necessita de vasoconstrictores • Causa profundo relaxamento muscular e bloqueio motor • Toxicidade causa convulsões e parada cardíaca Ropivacaína: • É o primeiro anestésico local utilizado exclusivamente na forma levogira • Estruturalmente bastante similar à bupivacaína • Promove ação de longa duração • Tem propriedades vasoconstritoras intermediarias, não necessitando da adição de adrenalina • É menos cardiotóxica que a bupivacaína • Propriedades vantajosas para anestesia epidural • O período de latência, duração de efeito, intensidade e extensão do bloqueio é similar à bupivacaína Levobupivacaína: • Grupo amino amida • É indicada para a produção de anestesia local ou regional em cirurgia e obstetrícia, e para o controle da dor pós-operatória • Uso: Epidural, bloqueio do nervo periférico e infiltração local • Rápida ação • Menor efeito arritmogênico e efeito inotrópico zero (não interfere na contração da musculatura cardíaca) Inotropismo: é um termo das ciências da saúde para se referir à capacidade de contração da musculatura cardíaca (miocárdio). https://pt.wikipedia.org/wiki/Contra%C3%A7%C3%A3o_muscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Contra%C3%A7%C3%A3o_muscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Mioc%C3%A1rdio
Compartilhar