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SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA Profa. Taciana Silveira Passos – 20 de Março de 2021 ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS) 1 3 Componentes da Rede de Atenção Psicossocial • Unidade Básica de Saúde (UBS) • Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) • Consultório na Rua • Centros de Convivência e Cultura Atenção Básica em Saúde • Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), nas suas diferentes modalidades • Unidades Ambulatoriais Especializadas Atenção Psicossocial Estratégica • SAMU 192 • UPA24h/salas de estabilização/portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro • UBS Atenção de Urgência e Emergência • Unidade de Acolhimento • Serviço de Atenção em Regime Residencial – Comunidades Terapêuticas (CT´s) Atenção Residencial de Caráter Transitório • Unidade de Referência Especializada em Hospital Geral • Hospital Psiquiátrico Especializado • Hospital dia. Atenção Hospitalar • Serviços Residenciais Terapêuticos • Programa de Volta para Casa Estratégias de Desinstitucionalização • Iniciativas de geração de trabalho e renda, empreendimento solidário e cooperativa social • Fortalecimento do Protagonismo de Usuários e Familiares Estratégias de Reabilitação Psicossocial 4 Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) Os Nasfs são constituídos por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, que devem atuar de maneira integrada e apoiando os profissionais das equipes de Saúde da Família, das equipes de Atenção Básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais etc.) e Academia da Saúde, compartilhando as práticas e saberes em saúde nos territórios sob a responsabilidade destas equipes, atuando diretamente no apoio matricial às equipes da(s) unidade(s) na(s) qual(is) o Nasf está vinculado. Quais profissionais atuam? Médico acupunturista, assistente social, profissional de educação física, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico ginecologista e obstetra, nutricionista, psicólogo, médico pediatra e geriatra, terapeuta ocupacional e outros. 5 O Ministério da Saúde publicou uma nota técnica (28/01/2020) que acaba com a obrigatoriedade de as equipes multidisciplinares estarem vinculadas ao modelo do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Na prática, significa que os gestores municipais ficam livres para compor essas equipes da forma como quiserem, e não mais seguindo os parâmetros dessa iniciativa criada para ampliar o trabalho conjunto e integrado de profissionais de diferentes áreas do conhecimento na Saúde da Família. A mudança foi publicada na Nota Técnica nº 3 do Departamento de Saúde da Família, vinculado à Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde. O texto diz ainda que, a partir de 2020, o Ministério não realizará mais o credenciamento de NASF-AB. 6 Discussão de casos Atendimento conjunto ou não Interconsulta Construção conjunta de projetos terapêuticos Educação permanente Intervenções no território e na saúde de grupos populacionais e da coletividade Ações intersetoriais Ações de prevenção e promoção da Saúde Discussão do processo de trabalho das equipes etc. São exemplos de ações de apoio desenvolvidas pelos profissionais dos NASF: 7 Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) CAPS São serviços de saúde de caráter aberto e comunitário que compõe a Rede de Atenção Psicossocial Constituído por equipe multiprofissional que atua sob a ótica interdisciplinar Atividades são realizadas prioritariamente em espaços coletivos, de forma articulada com os outros pontos de atenção da rede de saúde e das demais redes. 8 Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) 9 CAPS I Atende pessoas de todas as faixas etárias Prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes Relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população ↑ de quinze mil habitantes Modalidades de CAPS 10 CAPS II Atende prioritariamente pessoas com intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes Relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população ↑ de quinze mil habitantes Modalidades de CAPS 11 CAPS III Atende prioritariamente pessoas com intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes Relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida Proporciona serviços de atenção contínua, com funcionamento 24h, incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno a outros serviços de saúde mental, inclusive CAPS AD Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população ↑ de cento e cinquenta mil habitantes Modalidades de CAPS 12 CAPS AD - Atende pessoas de todas as faixas etárias, que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas - Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população ↑ de setenta mil habitantes. Modalidades de CAPS 13 CAPS AD III Atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas. Serviços de atenção contínua, com funcionamento 24 horas, incluindo feriados e finais de semana, ofertando retaguarda clínica e acolhimento noturno. Indicado para Municípios ou regiões de saúde com população ↑ de cento e cinquenta mil habitantes Modalidades de CAPS 14 CAPS i Atende crianças e adolescentes Prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes Relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida Indicado para municípios ou regiões de saúde com população ↑ de setenta mil habitantes Modalidades de CAPS 15 CAPS AD IV Atende adultos ou crianças e adolescentes, com quadros graves e intenso sofrimento decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Serviços de atenção contínua, com funcionamento 24horas, incluindo feriados e finais de semana; e ofertar assistência a urgências e emergências, contando com leitos de observação. Indicado para Municípios ou regiões com população ↑ quinhentos mil habitantes e capitais de Estado. Modalidades de CAPS 16 Atenção da Rede de Atenção Psicossocial na atenção de urgência e emergência Os pontos de atenção de urgência e emergência são responsáveis, em seu âmbito de atuação: • Pelo acolhimento, classificação de risco e cuidado nas situações de urgência e emergência das pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. O estigma do paciente QBU! 17 Equipe multiprofissional de atenção especializada em saúde mental (EMAE) Objetivo Prestar atenção multiprofissional em saúde mental, respondendo à necessidade de atendimento especializado identificado pela atenção básica, integrando-se aos demais serviços das redes de atenção à saúde, amparada nos comandos da lei 10.216 de 2001 18 Competências: • I - ampliar o acesso à assistência em saúde mental para pessoas de todas as faixas etárias com transtornos mentais mais prevalentes, como transtornos de humor, dependência química e transtornos de ansiedade • II - prestar assistência multiprofissional às pessoas com transtornos mentais moderados, encaminhados pela Atenção Básica; • III - constituir preferencialmente referência regional para assistência ambulatorialespecializada em saúde mental; • IV - trabalhar de maneira integrada com outros pontos de atenção das redes do SUS • V - estabelecer articulação com demais serviços do SUS e com o Sistema Único de Assistência Social, de forma a garantir direitos de cidadania, cuidado transdisciplinar e ação intersetorial Equipe multiprofissional de atenção especializada em saúde mental (EMAE) 19 Equipe multiprofissional de atenção especializada em saúde mental (EMAE) Tr ês ti po s: Equipe Tipo I 01 médico especialista em psiquiatria ou médico com experiência em psiquiatria (total de 10 horas semanais) 01 psicólogo (30 horas semanais) 01 assistente social (30 horas semanais) Equipe Tipo II 01 médico especialista em psiquiatria (total de 20 horas semanais) 02 psicólogos (total de 60 horas semanais) 01 assistente social (total de 30 horas semanais) Equipe Tipo III 01 médico especialista em psiquiatria (total de 30 horas semanais) 02 psicólogos (total de 60 horas semanais) 01 assistente social (total de 30 horas semanais) 01 profissional de nível superior da área de saúde mental (total de 30 horas semanais) 20 Serviços Residenciais Terapêuticos Moradias inseridas na comunidade destinadas a pessoas com transtorno mental, egressas de hospitais psiquiátricos e/ou hospitais de custódia que não possuam suporte financeiro, social e/ou laços familiares que permitam outra forma de reinserção Espaço de moradia que garanta o convívio social, a reabilitação psicossocial e o resgate de cidadania do sujeito, promovendo os laços afetivos, a reinserção no espaço da cidade e a reconstrução das referências familiares. https://www.youtube.com/watch?v=TDBOWM5qXNo Assistir: https://www.youtube.com/watch?v=TDBOWM5qXNo 21 Serviços Residenciais Terapêuticos SRT TIPO I Moradias destinadas a pessoas com transtorno mental em processo de desinstitucionalização, pessoas com internação de longa permanência que não possuem vínculos familiares e sociais. Criação de um espaço de construção de autonomia para retomada da vida cotidiana e reinserção social. Deve acolher no máximo 10 (dez) moradores, não podendo exceder este número. SRT TIPO II Modalidade destinada àquelas pessoas com maior grau de dependência, que necessitam de cuidados intensivos específicos, do ponto de vista da saúde em geral, que demandam ações mais diretivas com apoio técnico diário e pessoal, de forma permanente. Deve acolher no máximo 10 (dez) moradores, não podendo exceder este número. 22 Programa de Volta para Casa Política pública de inclusão social que visa contribuir e fortalecer o processo de desinstitucionalização. Provê auxílio reabilitação para pessoas com transtorno mental egressas de internação de longa permanência. https://www.youtube.com/watch?v=gN37gwALY3M https://www.youtube.com/watch?v=AJDKHPEfCgw Assistir: https://www.youtube.com/watch?v=gN37gwALY3M https://www.youtube.com/watch?v=AJDKHPEfCgw APOIO MATRICIAL - MATRICIAMENTO 2 24 Modelo Brasileiro de Cuidados Colaborativos Busca modificações nas relações entre níveis hierárquicos nos sistemas de saúde Nele, o especialista se integra organicamente a várias equipes que necessitam de seu trabalho especializado Objetiva, além da assistência, um espaço de intercâmbio sistemático de conhecimentos entre as várias especialidades e profissões Matriciamento 25 O Matriciamento de Saúde Mental As funções do Matriciamento: Integrar a Assistência na Atenção Primária com a Atenção Especializada Espaço de Educação Continuada Oferecer Suporte á Equipe Construir abordagens de saúde mental na atenção primária, inclusive as de caráter interdisciplinar Construir um Novo Olhar, incorporando o olhar do Outro Matriciamento não é: Encaminhamento ao especialista Atendimento individual pelo profissional de saúde mental Intervenção psicossocial coletiva realizado apenas pelo profissional de saúde mental 27 Ações de Matriciamento em Saúde Mental Promoção e Prevenção em saúde mental Atenção colaborativa (discussão de casos, consulta conjunta) – Educação permanente Auxílio à realização de grupos e oficinas Abordagem e cuidado a Famílias de Risco Cuidados individuais - limitado Apoio à equipe (apoio institucional) Aumento da Qualidade de Vida 28 Princípios do Matriciamento Responsabilidade territorial / Epidemiológica Interdisciplinaridade Clínica ampliada focada na pessoa / Abordagem centrada na pessoa Projeto Terapêutico Singular Projeto Coletivo do Território 29 Resolubilidade Específica da ESF no Campo da Saúde Mental A bo rd ag em C en tr ad a na P es so a Intervenções Terapêuticas de Apoio: Escuta Abordagem de Famílias em Situação de Risco Diagnosticar e Tratar Transtornos Mentais Comuns Apoiar o cuidado e adesão dos TMG ao tratamento da Saúde Mental Urgência Atividades de Grupo e Oficinas Enfrentando o alcoolismo e drogas: detecção, intervenção breve, entrevista motivacional e Redução de Danos Trabalho Comunitários 30 Horizantalização Campos e Domitti, 2007; Cunha e Campos, 2011 Na horizontalização decorrente do processo de matriciamento, o sistema de saúde se reestrutura em dois tipos de equipes: Equipe de referência Equipe de apoio matricial Quais são os profissionais matriciadores em saúde mental na atenção primária? Psiquiatras Psicólogos Terapeutas ocupacionais Fonoaudiólogos Assistentes sociais Enfermeiros de saúde mental 32 Supervisor Clinico-Institucional do CAPS Apoiar a organização do CAPS para o trabalho com a ESF no território. 33 Evidenciou-se que os supervisores utilizaram algumas ferramentas de trabalho na implementação das propostas de supervisão: [...] a coleta destes dados possibilita estabelecer diálogos e, dentro da perspectiva do SUS, fazer girar todos eles [...]. A 'experiência cotidiana na saúde coletiva' também foi mencionada como importante para os supervisores no sentido de ter o conhecimento das demandas apresentadas no SUS para além dos consultórios particulares: [...] para ser supervisor tem que ter experiência de trabalho institucional e SUS, não necessariamente em CAPS, o próprio trabalho em hospital, na universidade, enfim, porque é de relações que se trata, de algum tipo específico de laço social que está ali fundado e que, apenas o saber acadêmico não vai dizer o que é [...]. Fonte: SILVA, Gilson Mafacioli da et al . O processo de trabalho na supervisão clínico-institucional nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Rev. latinoam. psicopatol. fundam., São Paulo , v. 15, n. 2, p. 309-322, June 2012 . https://doi.org/10.1590/S1415- 47142012000200007. Resultados do estudo “O processo de trabalho na supervisão clínico-institucional nos CAPS 34 A maioria dos sujeitos afirmou que conduz o processo de supervisão com uma postura mais flexível, fundamentada no momento em que as equipes se encontravam, como revela a fala a seguir: [...] eu costumo ter um planejamento, não rígido, nas direções de trabalho para cada encontro, possibilidades de propostas, de dispositivos para facilitar, que circule a palavra entre a equipe. Mas normalmente, como que eu acho que deve acontecer em todas as situações, sempre vai ser diferente do que tu planejas, seja por uma administração do tempo, seja porque tu precisas assinalar mais um tópico do que outro [...] Foi considerado que intervenções em ato podem ser necessárias. Isto dependerá da confiança, do vínculo e da transferência existentes. Fazer a devolução do que foi trazido pela equipe e daquilo que pareceu ser indispensável das falas, também foi proposto por alguns supervisores: [...] a presença do supervisor pode autorizar as pessoas a falarem e a disputarem certas concepções, permitindo a construção de um entre saberes, que é um saber a mais, que opere cuidado, saúde e contribua na produção de um saber do próprio usuário sobre si [...]. Fonte: SILVA, Gilson Mafacioli da et al . O processo de trabalho nasupervisão clínico-institucional nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Rev. latinoam. psicopatol. fundam., São Paulo , v. 15, n. 2, p. 309-322, June 2012 . https://doi.org/10.1590/S1415- 47142012000200007. Resultados do estudo “O processo de trabalho na supervisão clínico-institucional nos CAPS 35 A 'escuta e a palavra' como recursos operativos para a supervisão foram citadas por todos os supervisores como ferramentas imprescindíveis: [...] A supervisão é especialmente uma escuta do grupo que trabalha, cada um na sua especificidade [...], na sua linguagem, no seu imaginário e que é um grupo heterogêneo e que nem sempre entende o sujeito da mesma forma, o mesmo fenômeno da mesma forma e, justamente por isso, precisa se escutar entre si. [...] Alguns supervisores sugeriram leituras específicas e complexas que funcionaram como obstáculos para a equipe e não favoreceram o sucesso desta proposta. A fala abaixo contextualiza tais proposições: [...] a supervisão tem que permitir que a equipe reconheça o momento em que se encontra, que tipo de construção, que tipo de assimilação dos conceitos que tem e onde eles podem buscar aprofundar. Permitir um aprofundamento desde que seja uma questão para eles e não algo que é somente imposto [...]. Fonte: SILVA, Gilson Mafacioli da et al . O processo de trabalho na supervisão clínico-institucional nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Rev. latinoam. psicopatol. fundam., São Paulo , v. 15, n. 2, p. 309-322, June 2012 . https://doi.org/10.1590/S1415- 47142012000200007. Resultados do estudo “O processo de trabalho na supervisão clínico-institucional nos CAPS 36 Dois entrevistados, ao identificarem dificuldades com temas específicos para trabalhar determinada necessidade do grupo, utilizaram como estratégia o convite a outro profissional com mais experiência nestas questões, o que teve resultado positivo junto à equipe: [...] existia a ideia de se convidar algumas pessoas para fazer alguns seminários [...] não é porque tu fazes trabalho de supervisão, que tu vais dar conta do todo [...] A equipe pode se referenciar em si, ou seja, no que ela já tem de conhecimento acumulado para que não se construa uma relação de dependência com o supervisor clínico-institucional. [...] Problematizar permite emergir como é que a equipe está entre ela, com o usuário, com a rede. [...] Diferentes concepções podem ser conjugadas numa mesma equipe, sem homogeneizar o conhecimento. Muitas vezes, as pessoas não têm o significado claro do que sabem, sobre o que pensam ou o porquê pensam de determinada maneira [...] Fonte: SILVA, Gilson Mafacioli da et al . O processo de trabalho na supervisão clínico-institucional nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Rev. latinoam. psicopatol. fundam., São Paulo , v. 15, n. 2, p. 309-322, June 2012 . https://doi.org/10.1590/S1415- 47142012000200007. Resultados do estudo “O processo de trabalho na supervisão clínico-institucional nos CAPS 37 Apoio Matricial e Equipes de Referência • A composição da equipe de referência e a criação de especialidades em apoio matricial buscam criar possibilidades para operar-se com uma ampliação do trabalho clínico e do sanitário, já que se considera que nenhum especialista, de modo isolado, poderá assegurar uma abordagem integral. • O apoiador matricial é um especialista que pode agregar recursos de saber e mesmo contribuir com intervenções que aumentem a capacidade de resolver problemas de saúde da equipe responsável pelo caso. • O apoio matricial procura construir e ativar espaço para comunicação ativa e para o compartilhamento de conhecimento entre profissionais de referência e apoiadores. • Equipe e os Profissionais de Referência são aqueles que têm a responsabilidade pela coordenação e condução de um caso individual, familiar ou comunitário. Campos e Domitti, 2007; Cunha e Campos, 2011 38 Formulação Diagnóstica Multiaxial Sintomas mentais e transtornos mentais Estilo de personalidade Transtornos de personalidade e do desenvolvimento Problemas de saúde em geral Avaliação de incapacidade Problemas sociais 39 Uma das importâncias de um diagnóstico amplo que não fica somente centrado no componente biológico ou nosológico é justamente potencializar o que pode ser feito dentro da atenção primária, sem esquecer, é claro, dos cuidados que podem ser ofertados por outras esferas de atenção, caso sejam necessárias. O matriciador deve estimular a equipe da APS a refletir sobre como deverá ser o Plano Terapêutico Singular (PTS). • Abordagens biológica e farmacológica • Abordagens psicossocial e familiar • Apoio do sistema de saúde • Apoio da rede comunitária • Trabalho em equipe: quem faz o quê? Formulação do PTS: CAIXA DE FERRAMENTAS PARA O APOIO MATRICIAL EM SAÚDE MENTAL 3 41 42 Consulta Compartilhada Não invalida a discussão de casos clássica, mas é melhor que ela – pois não se centra na questão de quem vai cuidar pois define um cuidado colaborativo Promove o compartilhamento de saberes e o estreitamento de laços entre as equipes Atendimentos conjuntos multiprofissionais e interdisciplinares 43 Etapas de uma Consulta Conjunta Contato prévio entre as equipes Discussão antes do atendimento Explicando o modelo ao usuário Solicitando permissão Realização da consulta 44 Visita Domiciliar Conjunta • Os CAPS e as equipes de saúde da família competentes realizam, com regularidade, visitas domiciliares a usuários que, por diversas razões – em especial, dificuldade de deambulação ou recusa –, não podem ser atendidos nas unidades de saúde. No entanto, o foco das equipes de saúde mental e de saúde da família costuma diferir quando em ação no domicílio do paciente. • As equipes dos CAPS, em geral, fazem o seguimento domiciliar de pacientes portadores de transtornos mentais graves e persistentes, comumente de maior gravidade, o que acentua um caráter quase terciário a esse tipo de atendimento e um papel importante do psiquiatra. • Visitas domiciliares de outros profissionais também acontecem, mas costumam ter um escopo mais delimitado. Em situações típicas, a visita domiciliar das equipes do CAPS também inclui: Terapeutas ocupacionais para a discussão de atividades de vida diária com o usuário e seus familiares Assistentes sociais para atuação quanto à garantia de direitos 45 Intervenções Interdisciplinares Faltam novas tecnologias leves Buscar novas formas de resolver velhos problemas sem solução tradicional 46 Intervenções Comunitárias Criando alianças e ações no território Terapia comunitária Grupos de Convivência Fortalecendo as ações da população 47 Estratégias pedagógicas Práticas dialógicas, evitando tanto a inquisição quanto a palestra Auto-educação: o matriciador deve procurar aumentar seu conhecimento sobre APS e a ESF Fazer uma coletânea de textos (compreensíveis para os profissionais extra-saúde mental) que possam complementar o que é discutido nos matriciamentos nos temas relevantes 48 Pactuação com os diversos atores sobre o perfil de pacientes para cada esfera Sensibilização do gestor local sobre o funcionamento da estratégia: a saúde mental é complexa e tende a ser posta de lado Estudo cuidadoso do território e suas particularidades geográficas e epidemiológicas Facilitação de contato (telefone e carro) e de cuidado (acesso) Organização da Rede 49 Caso 1 Maria é uma mulher de 50 anos, casada, com dois filhos, dona de casa. É dependente de álcool há 20 anos. Toda sua família usa álcool socialmente. Além de dependência alcoólica, ele tem cleptomania, o que dificulta o convívio com os familiares. Seu marido, na tentativa de protegê-la, a tranca em casa quando sai. A família, quando os visita, bebe em sua companhia, e tranca todos os pertences com medo de serem roubados. Sua família deseja interná-la, e ela se recusa, pois já foi internada uma vez, e tem as piores lembranças dos dias de internamento.Maria quer se tratar, mas não sabe como!! A vizinha procura a unidade de saúde e conta à enfermeira toda essa situação. Após reunião de equipe na ESF, decidem convocar a psicóloga do CAPS para matriciar esse caso, e pensarem em conjunto o que fazer. Quais as possíveis estratégias? 50 Caso 2 Antonio é um homem de 55 anos, divorciado, desempregado (vivia fazendo bicos), sofreu um acidente há um ano e meio de moto e ficou tetraplégico. Hoje, sua filha que é enfermeira, cuida do pai. A relação dos dois sempre foi conflituosa. Antonio, depois de um ano do acidente conseguiu a aposentadoria por invalidez, e tem um home care custeado pela prefeitura. Apesar de ter uma equipe multiprofissional cuidando dele, sua filha está descontente, e procura a unidade de saúde da família solicitando apoio, pois o pai tem se negado a receber alimentos e medicação, e ainda tem contado histórias mentirosas, que ela acredita ser falta de caráter, ou que ele está com espíritos maus. A filha procura a unidade porque lhe foi aconselhado por uma amiga que seu pai passasse por outro psicólogo, mas ela não acredita muito que um psicólogo possa ajudar. Ela se estressa por acreditar que faz tudo pelo pai, e que ele tem todas as condições possíveis, e que ele não tem motivos para negar o tratamento. A filha já foi diagnosticada como depressiva, mas abandonou o tratamento. O marido da filha diz que ela é hipocondríaca, e que precisa de tratamento psicoterapêutico ou outro, mas não medicamento, uma vez que ela sempre abandona o tratamento. O psicólogo do home care diz que Antonio não tem nada; e a filha acredita que o pai engana o psicólogo, fazendo-o de bobo. Quais as possíveis estratégias? ATUAÇÃO DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM RELAÇÃO AO PORTADOR DE TRANTORNO MENTAL “Existe uma fragmentação na rede de atenção para com os portadores de transtorno mental, devido à dificuldade de acesso deles aos demais serviços de saúde, pela perspectiva que alguns profissionais veem que estes usuários precisam estar inseridos apenas nos CAPS. (Enfermeira)” “Penso que haja pouca atuação e quando existe ela se da é de forma precária, preconceituosa e sem informação. (Psicóloga)” “Existe uma fragmentação na rede de atenção para com os portadores de transtorno mental, devido a dificuldade de acesso deles a outros espaços e estabelecimentos de saúde, pela perspectiva que alguns profissionais veem que estes usuários precisam estar inseridos apenas nos CAPS. (Médico)” ▸ Estudo de Autoria: FONSECA; G. G. (2018) Fonte: ESTRATÉGIA FACILITADORA DO CUIDADO “O matriciamento é de grande importância para o nosso dia a dia, precisamos encaminhar e receber usuários para outros serviços, o matriciamento permite que haja compartilhamento de cuidado entre os serviços... (Enfermeira)” “O matriciamento entende o usuário na sua totalidade oportunizando um cuidado integral. (Assistente Social)” ▸ Estudo de Autoria: FONSECA; G. G. (2018) Fonte: HABILIDADE PARA REALIZAR MATRICIAMENTO “Primeiramente, conhecer a rede, os profissionais que trabalham nos serviços, saber trabalhar em rede...” (Psicóloga) “Conhecimento da área, equipe de referencia, conhecimento sobre o tema, interação entre as equipes, comunicação entre a rede...” (Assistente Social) ▸ Estudo de Autoria: FONSECA; G. G. (2018) Fonte: DIFICULDADES PARA IMPLEMENTAR MATRICIAMENTO “O distanciamento entre as equipes, o excesso de demanda, as condições de trabalho e rotatividade de funcionários. (Assistente Social)”. “Excesso de pacientes nos CAPS, excesso de atividades das equipes, pouca qualificação. (Médico)”. “Pouca participação da equipe na unidade a ser realizado o matriciamento, poucos membros na equipe, falta de estrutura. (Psicóloga).” ▸ Estudo de Autoria: FONSECA; G. G. (2018) Fonte: 55 AMARANTE, P. Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007.CAMPOS, G.W.S.; DOMITTI, A.C. Apoio matricial e equipe de referência: uma metodologia para a gestão do trabalho interdisciplinar em saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, p , fev/2007. BRASIL. Guia prático de matriciamento em saúde mental / Dulce Helena Chiaverini (Organizadora) ... [et al.]. [Brasília, DF]: Ministério da Saúde: Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 2011. CUNHA, G. T.; CAMPOS, G. W. S. Apoio Matricial e Atenção Primária em Saúde. Saúde e Sociedade. São Paulo, v.20, n.4, p , 2011.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Núcleo de Apoio à Saúde da Família. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Referências 56
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