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RESPONSABILIDADE SOCIAL – ÉTICA E GESTÃO DOS SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS RESPONSABILIDADE SOCIAL A responsabilidade social em gestão dos serviços em saúde, preconiza-se romper com as práticas tradicionais na assistência, voltadas para processos biológicos, redirecionando o enfoque para o processo de determinação social da saúde, em uma configuração do trabalho com condições legais para atuação multidisciplinar, capaz de estabelecer conexões entre os conhecimentos de uma profissão e os de outra, com a finalidade de atuação em novas práticas sem excluir a identidade de cada um. Pode-se com o objetivo de formular alguns atributos requeridos deste cirurgião-dentista, para a atuação clínica ampliada e a intervenção familiar e comunitária, com ênfase na Promoção de Saúde, ou seja, deste profissional que o Brasil e outras nações atualmente buscam produzir a capacidade de entender os determinantes socioambientais do processo saúde-doença e das iniquidades em saúde bucal, bem como de fatores de risco em geral, incluindo os biológicos; e, a preparação para a prática profissional que ultrapassa o campo clínico, incluindo as ciências humanas, sociais e comportamentais. RESPONSABILIDADE LEGAL A responsabilidade profissional na Odontologia pode ser entendida como obrigação de ordem penal, civil, ética e administrativa a que está sujeito o cirurgião-dentista, no exercício profissional, quando resultado de uma imperícia, imprudência ou negligência. Referente à legislação vigente que rege a Odontologia, fundamentamos o presente trabalho principalmente nos Códigos de Defesa do Consumidor (CDC), Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990 que, na sua abrangência, aplica-se na maioria das situações clínicas, caracterizadas pela relação cirurgião-dentista/paciente como prestador de serviço e consumidor respectivamente; e o Código Civil (CC) Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que estabelece a conduta do profissional na sociedade. A responsabilidade civil decorre da obrigação de reparação ou de ressarcimento do dano causado a outrem (Art. 186, 187 - CC). Ao cirurgião-dentista que, no exercício profissional, por negligência, imperícia ou imprudência causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão ou inabilitá-lo para o trabalho, cabe o dever de indenizá-lo (Art. 951- CC). Porém, para que se concretize a responsabilidade civil, devem existir no mínimo três elementos: a culpa, o dano e o nexo causal entre esses. O CDC obriga o cirurgião-dentista reparar defeitos nos serviços prestados ao paciente, se estes apresentarem danos em nexo causal ao serviço. Por isso, o esclarecimento do tratamento e a obtenção do consentimento do paciente previamente ao início da prestação do serviço, são previstos no artigo 39, incisos IV e VI. Tudo isso é um meio de proteger o consumidor, no caso o paciente, pois o mesmo não é capaz de avaliar corretamente os serviços que está adquirindo. O Art. 14 do CDC, diz respeito aos direitos básicos do consumidor, no qual “o fornecedor de serviços responde, independentemente à existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação de serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua função ou risco”. Já o parágrafo 4 do mesmo artigo, relata que a responsabilidade profissional dos profissionais liberais “será apurada mediante a verificação de culpa”. No que tange à prestação de serviço, o Art. 31, do CDC, destaca que: “a oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidades, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segu rança dos consumidores”. Sempre, ao começar um tratamento odontológico, o paciente e o profissional firmam entre si um contrato, pelo qual ambos se comprometem com direitos e deveres, para que seja realizado o tratamento. Assim, esse contrato estabelecido, nada mais é que a união do cirurgião-dentista com o paciente, resultando em um acordo de vontades baseado na confiança mútua, tendo força obrigatória, e formando-se, em princípio, pelo consentimento das partes, segundo o princípio da autonomia. No novo modelo de prontuário sugerido pela comissão especial do Conselho Federal de Odontologia, o contrato é caracterizado como um documento suplementar, ou seja, é aquele que poderá ser elaborado no atendimento do paciente em situações especiais, diferentemente dos documentos fundamentais, os quais deverão ser preenchidos em todo e qualquer atendimento ao paciente e constituirão a ficha clínica. Esses documentos são a identificação do paciente e do profissional, a anamnese, o exame clínico, o plano de tratamento, a evolução e intercorrências do tratamento. A conscientização da sociedade brasileira sobre os seus direitos deu-se por meio da mídia, que tem dedicado grande espaço ao chamado “erro médico” e também pelo advento do Código de Defesa do Consumidor. Por isso, o cirurgião-dentista deve estar acompanhado de medidas de salvaguarda, destacando a documentação clínica como uma das mais efetivas para proteger o profissional contra reclamações que podem ser infundadas e, algumas vezes, até fantasiosas. A documentação odontológica ou prontuário odontológico é uma coleção de documentos produzida pelo profissional, com finalidades diagnóstica e terapêutica, onde são registradas as informações inerentes à saúde bucal e geral dos pacientes. O registro e arquivamento correto desses documentos proporcionam, ao cirurgião-dentista, a possibilidade de contribuir com a justiça nos casos de identificação humana e como elemento de prova essencial nos processos éticos, administrativos, civis e penais contra os cirurgiões-dentistas. Segundo recomendação do Conselho Federal de Odontologia, além da obrigatoriedade prevista em legislação sanitária, o registro em simples ficha clínica deve, hoje, estender-se a um prontuário clínico do paciente em que se incluam desde a anamnese até o completo registro, e toda documentação pertinente ao caso. RESPONSABILIDADE ÉTICA A Intervenção de modo respeitoso, com forte fundamentação ética, sobre a dinâmica da vida e da comunidade, já que como profissional de saúde, o cirurgião-dentista pode ter influência decisiva sobre as pessoas, devendo atuar como um transformador social em sua comunidade de atuação; A Odontologia tem como premissa ser uma profissão que se exerce em benefício da saúde do ser humano e da coletividade. Nesse sentido, a natureza personalíssima da relação paciente/profissional, considerados os princípios estabelecidos no Código de Ética, reafirma a peculiaridade que reveste a prestação de tais serviços, diferentes, portanto, das demais prestações, bem como da atividade mercantil. o relacionamento cirurgião-dentista e paciente requer cuidados essenciais e deve ir além do agendamento, da consulta e das perguntas protocolares. Afinal, existe ali um ser humano, em toda a sua complexidade de sentimentos e suas diversas dimensões: biológica, psicológica, social e espiritual O atendimento correto deve ser individualizado e realizado com sensibilidade para entender e conhecer a realidade do paciente, ouvindo suas queixas, anseios, necessidades e levando em consideração a sua história, a fim de encontrar o melhor caminho para atendê-lo da forma mais completa possível. Confiança: essa palavra deve definir a relação e ela deve ser conquistada desde o agendamento da consulta até o fim do tratamento, claro, sempre associada ao conhecimento técnico, que é fundamental para a satisfação e fidelização do paciente. De acordo com o código de Ética odontológica, capítulo V, artigo 11, o que constitui infração ética no relacionamento com paciente: - discriminar o serhumano de qualquer forma ou sob qualquer pretexto; aproveitar-se de situações decorrentes da relação profissional/paciente para obter vantagem física, emocional, financeira ou política; • Exagerar em diagnóstico, prognóstico ou terapêutica; • Deixar de esclarecer adequadamente os propósitos, riscos, custos e alternativas do tratamento; • Executar ou propor tratamento desnecessário ou para o qual não esteja capacitado; • Abandonar paciente, salvo por motivo justificável, circunstância em que serão conciliados os honorários e em que deverá ser informado ao paciente ou responsável legal sobre a necessidade da continuidade do tratamento; • Deixar de atender paciente que procure cuidados profissionais em caso de urgência, quando não haja outro cirurgião-dentista em condições de fazê-lo; • Desrespeitar ou permitir que seja desrespeitado o paciente; • Adotar novas técnicas ou materiais que não tenham efetiva comprovação científica; • Iniciar qualquer procedimento ou tratamento odontológico sem o consentimento prévio do paciente ou do seu responsável legal, exceto em casos de urgência ou emergência; • Delegar a profissionais técnicos ou auxiliares atos ou atribuições exclusivas da profissão de cirurgião-dentista; • Opor-se a prestar esclarecimentos e/ ou fornece relatórios sobre diagnósticos e terapêuticas, realizados no paciente, quando solicitados pelo mesmo, por seu representante legal ou nas formas previstas em lei; • Executar procedimentos como técnico em prótese dentária, técnico em saúde bucal, auxiliar em saúde bucal e auxiliar em prótese dentária, além daqueles discriminados na Lei que regulamenta a profissão e nas resoluções do conselho Federal; e, • Propor ou executar tratamento fora do âmbito da odontologia.
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