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Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Tópicos Abordados: 1. Eti����i� (fa����s de ri���), fisi����ol���a do cân�e� co���r��a� e as ca���t��ís�i��s �� �óli�� ��te���n��; 2. Ana����a e hi���l��i� do si���m� di���tóri� co���l��i���n�o co� o cân�e� de co���r��a�; 3. Epi����ol���a �� CA c��o�r���� no B����l; 4. Sin��� e ��n���as �� CA ��lo���t��; 5. Di�g�ós�i�� d� CA �o��r���al; 6. Es�a���me��� d� CA �o��r���al; 7. Tra����n�o� d� CA ���or����l; 8. Pre���ção � � ra��r��o �� �ân�e� d� �ólo�; 9. Man��� �o p���e�t� ���os����za�� (im���c�ções ���c��ógi��� do ���t��e�t�); mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� 1. Eti����i� (fa����s de ri���), Fis���a��l��i� do CA co���r��a� e ca���t��ís�i��s de �óli�� ��te���n��; → Eti����i�: A etiologia dos TMCR é extremamente complexa e não devidamente definida. Porém, é reconhecida a importância de condições genéticas predisponentes e de fatores ambientais desencadeadores. Há maior incidência dos TMCR em países ocidentais, onde a dieta é excessivamente composta de gorduras e proteínas de origem animal e pobre em fibras. Esse padrão dietético favorece, a partir da fermentação de ácidos biliares e graxos pela ação de bactérias anaeróbias, a formação de substâncias carcinogênicas, que atuariam no lúmen intestinal, alterando o DNA das células e promovendo a sequência adenoma-adenocarcinoma. Esse mesmo padrão dietético é também pobre em substâncias antioxidantes, que possuem ação reconhecidamente inibidora do processo carcinogênico. Atualmente, considera-se como condições predisponentes ao aparecimento do TMCR o consumo diário de carnes vermelhas e alimentos defumados. A utilização de dietas ricas em fibras, através da ingestão de frutas e legumes, além da liberação de substâncias antioxidantes, promove também o aceleramento do trânsito intestinal e, dessa forma, reduz o tempo de contato das substâncias carcinogênicas com o lúmen intestinal. A genética dos TMCR tem sido extremamente estudada, e o trabalho pioneiro de Vogelstein et al., em 1988, estabeleceu que a carcinogênese progride através do acúmulo "em cascata" de defeitos genéticos, tornando esse postulado um modelo para o estudo de outras neoplasias. A identificação de anormalidades genéticas encontradas comumente nos TMCR esporádicos ou hereditários inclui o gene APC, cuja mutação seria responsável pelo aparecimento da polipose familiar adenomatosa (PFA). O local e o tipo de mutação do APC determinarão o número de pólipos e a idade do aparecimento da adenomatose. O fenótipo de pacientes com mutação do gene APC poderá variar amplamente, com desenvolvimento de poucos pólipos até centenas, recobrindo toda a mucosa colônica. Esses pacientes requerem a realização de colectomia total para evitar o aparecimento dos TMCR. Pacientes com mutações idênticas no gene APC podem apresentar diferentes fenótipos, insinuando que outros genes poderão afetar o fenótipo resultante da mutação do APC. Outro fator genético considerado refere-se à presença de oncogenes que, em geral, são dominantes e cuja ativação promove o crescimento e proliferação celular. Nos TMCR, o oncogene mais frequentemente ativado é o Kirsten-ras ou K-ras, que apresenta mutação em 50% dos adenocarcinomas e em 50% dos adenomas com mais de 1 cm. Em 1984, identificou-se uma forma alternativa de carcinogênese responsável pelo câncer hereditário não polipóide colorretal (CHNP), denominada síndromes de Lynch (I e II). Esses pacientes geralmente apresentam tumores com anormalidades difusas na replicação do DNA. Na síndrome de Lynch I, o câncer geralmente se situa no cólon proximal, é local-específico dentro de uma mesma família e constitui o único tipo de tumor que esses pacientes desenvolvem. No Lynch li, desenvolvem-se tumores colorretais, do endométrio, gástricos, do ovário, trato urinário e outros. Foram identificados pelo menos quatro genes que participam dessas alterações do DNA: hMSH2 (localizado no cromossomo 2p), hMLHl (cromossomo 3p), hPMSl (cromossomo 2q) e hPMS2, localizado no cromossomo 7p. Os genes MSH2 e MLH1 representam 40 e 35% dessas mutações. Os portadores dessas transformações apresentam risco aumentado de desenvolver carcinoma colorretal (78%) ou câncer do endométrio (43%), assim como o risco de surgir um câncer extra colônico também está aumentado nesses indivíduos. Mutações de genes têm sido identificadas em muitos familiares dos portadores do CHNP, bem como maior incidência de tumores extra colônicos, mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� incluindo o câncer gástrico, do útero, ovário, intestino delgado, vias biliares e urinárias, sem, contudo, apresentarem risco maior de câncer de mama (o tumor de mama tinha sido incluído a princípio). Apesar de o CHNP ter sido identificado há cerca de um século, somente agora as suas manifestações clínicas estão sendo devidamente definidas. O CHNP é caracterizado por transmissão genética autossômica dominante, os tumores tendendo a localizar-se no cólon proximal. Surgem cerca de 20 anos antes dos tumores esporádicos do cólon, em idade média de 45 anos. Tumores múltiplos do cólon são encontrados em cerca de 35% dos portadores, enquanto esse número varia de 4 a 11% nos doentes com cânceres esporádicos. Os tumores que surgem nesses indivíduos são, em geral, pouco diferenciados, apresentam o sinal do anel de sinete mais frequentemente e são mais produtores de mucina do que se nota nos tumores esporádicos colorretais. • Fat���� De ��s�� �a�� O Cân�e� C�l���et�� : Inúmeros fatores podem aumentar o risco do desenvolvimento dos TMCR. O seu devido conhecimento é extremamente importante para a profilaxia e/ou detecção precoce do processo. Os fatores a serem considerados são os seguintes: • Idade A incidência dos TMCR aumenta significativamente após a idade de 40 anos, e cerca de 90% dos casos ocorrem em indivíduos acima de 50 anos. • História pessoal de neoplasia A existência pregressa de pólipos adenomatosos, particularmente se múltiplos e/ou com mais de 1 cm, aumenta o risco de aparecimento de outros adenomas e carcinomas, necessitando de vigilância periódica através de colonoscopia. Os pólipos inflamatórios (hiperplásicos) não representam fator de risco. • História familiar A existência de antecedentes familiares está presente em cerca de 25% dos pacientes com TMCR, sendo a incidência proporcional ao número de parentes de primeiro grau que apresentaram a neoplasia. recomendável que pessoas com dois ou mais familiares com TMCR sejam orientadas a realizarem colonoscopia de controle a partir da idade de 30 anos, independentemente de quaisquer sintomas. • Polipose familiar adenomatosa (PFA) Esta condição aumenta dramaticamente o risco do desenvolvimento dos TMCR, representando, no entanto, somente cerca de 1% do total de casos. • Câncer hereditário não polipóide (CHNP) O CHNP representa um fator de grande risco para o desenvolvimento dos TMCR, como foi mencionado anteriormente. O diagnóstico "formal" dessa situação é baseado em três critérios: 1) três ou mais familiares de primeiro grau com TMCR; 2) TMCR envolvendo pelo menos duas gerações; e 3) pelo menos um caso de TMCR diagnosticado antes da idade de 50 anos. Os indivíduos representativos desses grupos devem ser submetidos a vigilância através da colonoscopia, iniciada aos 25 a 30 anos, e, se possível, realizar estudos genéticos para avaliar o grau de alteração cromossômica. • Doença inflamatória intestinal O risco dos TMCR em pacientes com retocolite ulcerativa é reconhecido e aparece depois de cerca de 10 anos do início da doença inflamatória, sendo de 5 a 10% após 20 anos e de 20% após 30 anos de mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� atividade do processo. Assim, é altamente recomendável a realização de colonoscopias anuais,a partir de 8 a 10 anos do início da doença, com feitura de múltiplas biópsias. O encontro da displasia celular é indicativo do risco de aparecimento dos TMCR, sendo recomendada, nessas situações, a colectomia profilática. O risco dos TMCR na doença de Crohn é extremamente baixo, talvez pelo fato de muitos pacientes serem submetidos mais precocemente à cirurgia em decorrência das complicações da doença, não se tendo, assim, uma evolução prolongada (pois segmentos intestinais foram retirados) que facilite o aparecimento da neoplasia. Outros fatores de risco são representados por dietas de ele vado teor de gorduras e pouca fibra, história familiar de síndromes, tais como de Gardner, polipose colônica familiar, síndrome de Turcot, síndrome de Muir, síndrome de Peutz-Jeghers e polipose familiar juvenil. → Fis���a��l��i�: Uma série de estudos apontam que a junção de vários eventos moleculares está implicada na gênese do carcinoma colorretal. Duas teorias estão relacionadas na fisiopatologia desses cânceres. A primeira é a sequência adenoma-carcinoma que explica os casos de adenocarcinoma e a segunda é a via de instabilidade de microssatélites, relacionada com a síndrome de câncer colorretal hereditário não polipose. • Sequência adenoma-carcinoma: Essa via corresponde a 80% dos CCR esporádicos. Nós temos duas cópias do gene supressor de tumor Polipose adenomatosa coli (APC) que é um regulador negativo de uma proteína multifuncional, componente da via de sinalização, chamado b-catenina. Algumas pessoas já nascem com uma cópia do gene APC mutada ou inativada. No entanto, os adenomas só se desenvolvem quando há a mutação ou ativação das duas cópias do gene. A fisiopatologia do CCR se inicia quando ocorre uma mutação da APC, fazendo com ele perca a sua função. Normalmente esse gene promove a degradação da b-catenina, entretanto, como o APC está inativo, ocorre acúmulo da b-catenina. Esse componente da via de sinalização, em grande quantidade se transloca para o núcleo celular e ativa a transcrição de genes, como os que codificam Myc e Ciclina, responsáveis pela proliferação celular. Esse processo pode ser acompanhado por mutações adicionais, como mutações de ativação do gene KRAS, que também promovem o crescimento celular e evita a sua apoptose; mutações que codificam os genes SMAD2 e SMAD4, efetores da sinalização do fator TGF-ẞ que está envolvido na inibição do ciclo celular e em outros genes como DCC e caderina-E. Mutações de TP53 também ocorrem em fases tardias da progressão do tumor, ele é um gene supressor de tumor que está mutado em 70-80% dos cânceres do cólon. Em suma, fatores que mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� levam a mutação em genes que regulam a proliferação celular estão alterados, fazendo surgir os adenomas com displasias celulares. • Via de instabilidade de microssatélites: Essa via está associada ao aparecimento do câncer colorretal hereditário não polipose. Em pacientes que têm perdas de genes relacionados ao reparo do DNA, existem mutações que se acumulam em repetições microssatélites, uma condição chamada de instabilidade microssatélite. Essas mutações geram irregularidades em genes envolvidos na regulação do crescimento celular, como TGF-ẞ tipo II e a proteína pró apoptótica BAX. Mutações no oncogene BRAF e silenciamento de alguns genes devido à hipermetilação da ilha CpG também são comuns. Assim, ocorre o crescimento celular descontrolado e a sobrevivência de células geneticamente anormais. → Póli���: Define-se como pólipo do aparelho digestivo: “Toda estrutura com origem na sua parede, que se projeta em direção a sua luz, de forma circunscrita.” Dessa forma, como a parede é composta, quase sempre, de quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular própria e serosa, essas estruturas poderiam se originar de qualquer uma delas. Na verdade, no esôfago e em boa parte do reto, não se tem a serosa, e seria muito difícil que alguma estrutura proveniente dessa camada, se projetasse em direção à luz do órgão, uma vez que a muscular própria é habitualmente mais espessa e confere o principal alicerce das paredes do tubo digestivo. Assim, restam apenas três camadas de onde se originam verdadeiramente os pólipos: mucosa, submucosa e muscular própria. O que confere maior importância clínica a essas estruturas é que algumas delas são neoplásicas e, portanto, podem se mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� transformar em malignas, e sua remoção, endoscópica ou cirúrgica, pode prevenir ou tratar esta transformação. Os pólipos são mais comuns no cólon, mas podem ocorrer no esôfago, estômago ou intestino delgado. A maioria dos pólipos, senão todos, começam como pequenas elevações da mucosa. Estes são conhecidos com sésseis, um termo emprestado dos botânicos que o utilizam para descrever flores e folhas que crescem diretamente do caule sem um talo. Enquanto os pólipos sésseis aumentam, diversos processos, incluindo a proliferação de células adjacentes à massa e os efeitos da tração na protrusão luminal, podem se combinar para criar um pedículo. Os pólipos com pedículos são chamados de pedunculados. No geral, os pólipos intestinais podem ser classificados como não neoplásicos ou neoplásicos na sua natureza. O pólipo neoplásico mais comum é o adenoma, o qual tem o potencial de evoluir para o câncer. Os pólipos não neoplásicos podem ser adicionalmente classificados como inflamatórios, hamartomatosos ou hiperplásicos. (imagem 1: pólipo pediculado; imagem 2: pólipo séssil) ● PÓLIPOS INFLAMATÓRIOS: mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� O pólipo que se forma como parte da síndrome da úlcera retal solitária é um exemplo de lesão puramente inflamatória. Os pacientes se apresentam com uma tríade clínica de sangramento retal, corrimento mucoso e lesão inflamatória da parede retal anterior. A causa subjacente é o relaxamento prejudicado do esfíncter anorretal, que cria um ângulo agudo na protuberância retal anterior e leva à abrasão recorrente e à ulceração da mucosa retal sobrejacente. Um pólipo inflamatório pode, por fim, se formar como consequência de ciclos crônicos de injúria e cura. O aprisionamento do pólipo no fluxo fecal leva ao prolapso da mucosa. Logo, as características histológicas distintivas são aquelas de um pólipo inflamatório típico com prolapso mucoso sobreposto e hiperplasia fibromuscular da lâmina própria, infiltrados inflamatórios misturados, erosões e hiperplasia epitelial. ● PÓLIPOS HAMARTOMATOSOS: Os pólipos hamartomatosos ocorrem esporadicamente e no contexto de várias síndromes geneticamente determinadas ou adquiridas. Lembre-se de que os hamartomas são crescimentos semelhantes a tumores, compostos de tecidos maduros que estão normalmente presentes no local no qual eles se desenvolvem. Embora as síndromes poliposas hamartomatosas sejam raras, é importante reconhecê-las em função das manifestações intestinais e extraintestinais associadas e da possibilidade de que outros membros da família sejam afetados. ● Pólipos Juvenis: Os pólipos juvenis são malformações focais do epitélio da mucosa e da lâmina própria. Estes podem ser esporádicos ou sindrômicos, mas a morfologia das duas formas pode ser indistinguível. A maioria dos pólipos juvenis ocorre em crianças com menos de 5 anos de idade. Quando presentes em adultos, os pólipos com morfologia idêntica são algumas vezes denominados erroneamente pólipos inflamatórios. A maioria dos pólipos juvenis está localizada no reto e se apresenta com sangramento retal. Em alguns casos, o prolapso ocorre e o pólipo se projeta através do esfíncter anal. Os pólipos juvenis esporádicos são geralmente lesões solitárias e podem ser chamados de pólipos de retenção. Em contraste, indivíduos com a síndrome autossômica dominante da polipose juvenil têm de 3 a 100 pólipos hamartomatosos e podem requerer uma colectomia para limitar a hemorragia crônica e, algumas vezes, grave, associada à ulceração dopólipo. A minoria dos pacientes também têm pólipos no estômago e intestino delgado. Malformações arteriovenosas pulmonares são uma manifestação extraintestinal reconhecida da síndrome. Embora a morfogênese dos pólipos juvenis não seja completamente compreendida, alguns sugeriram que a hiperplasia da mucosa é o evento iniciante. Essa hipótese é consistente com a descoberta de que as mutações nas vias que regulam o crescimento celular causam a polipose juvenil autossômica dominante. A mutação mais comum identificada é do SMAD4, o qual codifica cada um intermediário citoplasmático na via de sinalização do TGF-β. O BMPR1A, uma quinase que é membro da superfamília do TGF-β, pode estar mutado em outros casos (Tabela 17-9). No entanto, essas mutações são representadas por menos da metade dos pacientes, sugerindo que as alterações em outros genes também podem causar polipose juvenil. A displasia ocorre em uma pequena proporção de pólipos juvenis, e a síndrome da polipose juvenil está associada ao risco aumentado de adenocarcinoma colônico. ● Síndrome de Peutz-Jeghers: Esta síndrome autossômica dominante rara se apresenta em uma idade média de 11 anos com múltiplos pólipos hamartomatosos GI e hiperpigmentação mucocutânea. A última toma a forma de máculas azul-escuro a marrom ao redor da boca, dos olhos, das narinas, da mucosa bucal, das superfícies palmares das mãos, genitália e região perianal. Essas lesões são similares a sardas, mas são distinguidas por sua presença na mucosa bucal. Os pólipos de Peutz-Jeghers podem iniciar uma intussuscepção, que ocasionalmente é fatal. É importante mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� saber que a síndrome de Peutz Jeghers está associada a um risco maior de diversas malignidades, incluindo cânceres do cólon, pâncreas, mamas, pulmão, ovários, útero e testículos, assim como outros neoplasmas incomuns, tais como tumores dos cordões sexuais. Patogenia. Mutações germinativas heterozigóticas de perda de função no gene LKB1/STK11 estão presentes em aproximadamente metade dos indivíduos com síndrome de Peutz-Jeghers familiar, assim como em um subgrupo de pacientes com síndrome de Peutz-Jeghers esporádica. A LKB1/STK11 é uma quinase que regula a polarização, o crescimento e o metabolismo celular. A função da segunda cópia “normal” do LKB1/STK11 é frequentemente perdida em função de mutações somáticas em cânceres que ocorrem na síndrome de Peutz-Jeghers, o que condiz com a visão de que o LKB1/STK11 é um gene supressor de tumor e fornece uma explicação para o alto risco de neoplasia nos pacientes afetados. Os adenocarcinomas GI surgem independentemente dos pólipos hamartomatosos, indicando que os hamartomas não são lesões precursoras pré-neoplásicas. Síndrome de Cowden e Síndrome de Bannayan Ruvalcaba-Riley: A síndrome de Cowden e a síndrome de Bannayan-Ruvalcaba-Riley são síndromes poliposas hamartomatosas autossômicas dominantes associadas a mutações de perda-de-função no PTEN, um gene que codifica uma fosfatase lipídica que inibe a sinalização através da via PI3K/AKT. O PTEN, um supressor de tumor bem caracterizado, é também mutado em um pequeno número de pacientes que apresentam polipose juvenil. As múltiplas síndromes associadas são, algumas vezes, agrupadas sob o título de “síndrome dos hamartomas PTEN”. A base para as apresentações diferentes dessas síndromes não é compreendida; suspeita-se da interação das mutações de perda-de-função do PTEN com outros genes modificadores desconhecidos. A síndrome de Cowden é caracterizada por macrocefalia, pólipos hamartomatosos intestinais e tumores de pele benignos, tipicamente triquilemomas, pápulas papilomatosas e queratoses acrais. Uma variedade de outras lesões derivadas de todas as três camadas embriológicas, incluindo lipomas subcutâneos, leiomiomas e hemangiomas, também ocorrem. Embora indivíduos com a síndrome de Cowden não apresentem risco aumentado de malignância GI, eles têm predisposição para o câncer de mama, carcinoma folicular da tireoide e carcinoma endometrial. A síndrome de Bannayan-Ruvalcaba-Riley pode ser distinguida da síndrome de Cowden nas bases clínicas; por exemplo, defi ciências mentais e atrasos no desenvolvimento são vistos somente com a síndrome de Bannayan-Ruvalcaba-Riley, a qual também parece estar associada a uma incidência de neoplasia mais baixa que a da síndrome de Cowden. As características compartilhadas por estas duas síndromes incluem pólipos hamartomatosos GI, lipomas, macrocefalia, hemangiomas, e, em homens, máculas pigmentadas na glande do pênis. ● Síndrome de Cronkhite-Canada: A síndrome de Cronkhite-Canada contrasta nitidamente com outras síndromes poliposas hamartomatosas já que não é hereditária e se desenvolve mais frequentemente em indivíduos acima dos 50 anos de idade. Os sintomas clínicos não são específicos e incluem diarréia, perda de peso, dor abdominal e fraqueza. O aspecto mais característico é a presença de pólipos hamartomatosos no estômago, intestino delgado, cólon e reto, que são histologicamente indistinguíveis dos pólipos juvenis. No entanto, a mucosa intermediária não polipóide também mostra dilatação críptica cística, além de edema e inflamação da lâmina própria. Anormalidades associadas incluem atrofia e rachadura das unhas, perda de cabelo e áreas de hiperpigmentação e hipopigmentação cutânea. A causa da síndrome de Cronkhite-Canada é desconhecida e não existem terapias específicas disponíveis. A terapia nutricional de suporte, que alivia a caquexia e a anemia, pode ocasionalmente induzir à remissão. Todavia, até 50% dos casos são fatais. mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� ● PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS: Os pólipos hiperplásicos colônicos são proliferações epiteliais comuns, tipicamente descobertas na sexta ou sétima décadas de vida. A patogenia dos pólipos hiperplásicos não é completamente entendida, mas sabe-se que elas resultam da reposição diminuída de células epiteliais e do atraso na descamação das células epiteliais superficiais, levando a encalhamento das células caliciformes e das células absortivas. Estima-se agora que essas lesões não apresentam potencial maligno. Sua principal importância é que elas devem ser distinguidas dos adenomas serrilhados sésseis, lesões histologicamente similares que têm potencial maligno, como descrito adiante. Também é importante lembrar que a hiperplasia epitelial pode ocorrer como uma reação não específica adjacente ou sobrejacente a qualquer massa ou lesão inflamatória e, portanto, pode ser uma pista da presença de uma lesão adjacente, clinicamente importante. ● PÓLIPOS NEOPLÁSICOS: Qualquer massa neoplásica no trato GI pode produzir uma protrusão da mucosa, ou pólipo, como tumores carcinóides, tumores estromais, linfomas e mesmo cânceres metastáticos de locais distantes. No entanto, os pólipos neoplásicos mais comuns e mais clinicamente importantes são os adenomas colônicos, pólipos benignos que são os precursores da maioria dos adenocarcinomas colorretais. Os adenomas são neoplasmas epiteliais que variam de pequenos pólipos frequentemente pedunculados a grandes lesões sésseis. Não há preferência de gênero, e eles estão presentes em quase 50% dos adultos que vivem no mundo ocidental por volta dos 50 anos de idade. Esses pólipos são precursores do câncer colorretal; portanto, recomenda-se que todos os adultos nos Estados Unidos façam uma colonoscopia de vigilância por volta dos 50 anos de idade. Como aqueles que apresentam histórico familiar estão sob maior risco de desenvolver câncer de cólon precocemente em sua vida, estes pacientes geralmente são mapeados pelo menos 10 anos antes da idade com a qual o parente foi diagnosticado. Embora os adenomas sejam menos comuns na Ásia, sua frequência tem aumentado (em paralelo com uma incidência aumentada de adenocarcinoma colorretal) nessas populações, ao mesmo tempo em que as dietas e os estilos de vida ocidentais se tornam mais comuns. Os adenomas colorretais são caracterizados pelapresença de displasia epitelial. De forma consistente com seu papel de lesão precursora, a prevalência do adenoma colorretal se correlaciona com a do carcinoma colorretal, e a distribuição dos adenomas e dos adenocarcinomas no cólon são similares. Grandes estudos demonstraram que a colonoscopia de vigilância regular e a remoção dos pólipos reduzem a incidência de adenocarcinoma colorretal. A despeito da forte relação, deve-se enfatizar que a maioria dos adenomas não progride até se tornar um adenocarcinoma. No entanto, não existem ferramentas atualmente disponíveis para distinguir entre aqueles sofrerão ou não transformação maligna. A maioria dos adenomas são clinicamente silenciosos, com exceção dos pólipos grandes que produzem sangramento oculto e anemia, além de adenomas vilosos raros que causam hipocalemia hipoproteinemia pela secreção de grandes quantidades de proteína e potássio. Morfologia: Os adenomas típicos variam de 0,3 a 10 cm de diâmetro e podem ser pedunculados ou sésseis. A superfície de ambos tem textura semelhante ao veludo ou à framboesa, em razão do padrão de crescimento anormal do epitélio. Histologicamente, o marco citológico da displasia epitelial é a hipercromasia nuclear, o alongamento e a estratificação. Essas alterações são mais facilmente percebidas na superfície do adenoma e frequentemente acompanhadas pela presença de nucléolos grandes, citoplasma eosinofílico e uma redução no número de células caliciformes. Notavelmente, o epitélio não consegue amadurecer enquanto as células migram da cripta para a superfície. Os adenomas pedunculares possuem pedículos mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� fibromusculares esguios contendo vasos sanguíneos proeminentes derivados da submucosa. O pedículo é geralmente recoberto por epitélio não neoplásico, mas o epitélio displásico pode estar presente. Os adenomas podem ser classificados como tubulares, túbulo-vilosos ou vilosos com base em suas arquiteturas. Essas categorias, no entanto, possuem pouca importância clínica no isolamento. Os adenomas tubulares tendem a ser pólipos pequenos e pedunculados compostos de pequenas glândulas arredondadas ou tubulares (Fig. 17-46A). Em contraste, os adenomas vilosos, que são frequentemente maiores e sésseis, são cobertos por vilosidades delgadas (Fig. 17-46B). Os adenomas túbulo-vilosos têm uma mistura de elementos tubulares e vilosos. Embora os adenomas vilosos contenham focos de invasão mais frequentemente do que os adenomas tubulares, a arquitetura vilosa por si só não aumenta o risco de câncer quando o tamanho do pólipo é considerado. Os adenomas serrilhados sésseis se sobrepõem, histologicamente, aos pólipos hiperplásicos, mas são mais comumente encontrados no cólon direito.110 A despeito de seu potencial maligno, os adenomas serrilhados sésseis não apresentam as características citológicas típicas de displasia que estão presentes em outros adenomas (Fig. 17-46C). mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� Referências: Tratado de gastroenterologia : da graduação à pós-graduação / editores Schlioma Zaterka, Jaime Natan Eisig. -- 2. ed. -- São Paulo : Editora Atheneu, 2016. (941) Dani, Renato Gastroenterologia essencial I Renato Dani, Maria do Carmo Friche Passos.-4. ed.-Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. (524) KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Robbins e Cotran, bases patológicas das doenças / Vinay Kumar... [et al.] ; [tradução de Patrícia Dias Fernandes... et al.]. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2010 . 2. Ana����a � h���ol���a �� s���em� ���es�óri�; Ana����a: A maioria dos órgãos digestórios está contida na cavidade abdominopélvica, a maior divisão da cavidade ventral do corpo. Para ajudar a localizar as posições desses órgãos abdominopélvicos, os clínicos costumam dividir a parede anterior do abdome em uma série de regiões. Os dois planos parassagitais são as linhas medioclaviculares, que se estendem inferiormente do ponto médio de cada clavícula. O plano transverso superior está no plano subcostal (“abaixo das costelas”) e se conecta aos pontos inferiores das margens costais, enquanto que o plano transverso inferior está no plano intertubercular e se conecta aos tubérculos (pontos mais espessos) das cristas ilíacas. Todos esses marcos ósseos anatômicos podem ser mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� sentidos na superfície do corpo. As três regiões superiores são o hipocôndrio direito e esquerdo (“abaixo da cartilagem”) e o epigástrio central (“acima do umbigo”). As três regiões intermediárias são as regiões lombar direita e esquerda (ou regiões laterais) e a região umbilical central. As três regiões inferiores são as regiões inguinal direita e esquerda, ou regiões ilíacas, e o hipogástrio central (“abaixo do umbigo”) (também chamada região púbica). Como muitos órgãos abdominais se movem, suas posições dentro da grade abdominal são apenas aproximadas. mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� O sistema digestivo consiste no trato digestivo (cavidade oral, esôfago, estômago, intestinos delgado e grosso) e suas glândulas associadas (glândulas salivares, fígado e pâncreas). Sua função é obter as moléculas necessárias para a manutenção, o crescimento e as demais necessidades energéticas do organismo a partir dos alimentos ingeridos. Moléculas grandes, como proteínas, lípidos, carboidratos complexos e ácidos nucleicos, são quebradas em moléculas menores, que são absorvidas através do revestimento do trato digestivo, principalmente no intestino delgado. Água, vitaminas e minerais também são absorvidos a partir do alimento ingerido. A camada mais interna do trato digestivo constitui uma barreira protetora entre o conteúdo luminal (meio externo) e o meio interno do organismo. A primeira etapa do processo complexo conhecido como digestão ocorre na boca, onde o alimento é umedecido pela saliva e triturado pelos dentes, formando pedaços menores; a saliva também inicia a digestão de carboidratos. A digestão continua no estômago e intestino delgado, onde o alimento, transformado em seus componentes básicos (aminoácidos, monossacarídeos, ácidos graxos livres, monoglicerídeos etc.), é absorvido. A absorção de água ocorre no intestino grosso, tornando semissólido o conteúdo luminal que não foi totalmente digerido. Todos os componentes do trato digestivo apresentam certas características estruturais em comum. Trata-se de um tubo oco composto por um lúmen, ou luz, cujo diâmetro é variável, circundado por uma parede formada por quatro camadas distintas: mucosa, submucosa, muscular e serosa. A camada mucosa é composta por: (a) um revestimento epitelial, (b) uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo rico em vasos sanguíneos e linfáticos e células musculares lisas, algumas vezes apresentando também glândulas e tecido linfóide, e (c) uma muscular da mucosa, que separa a camada mucosa da submucosa e geralmente consiste em duas subcamadas delgadas de células musculares lisas, uma circular interna e outra longitudinal externa. Essas subcamadas promovem o movimento da camada mucosa, independentemente de outros movimentos do trato digestivo, aumentando o contato da mucosa com o alimento. A camada submucosa é composta por tecido conjuntivo com muitos vasos sanguíneos e linfáticos e um plexo nervoso submucoso (também denominado plexo de Meissner). Esta camada pode conter também glândulas e tecido linfóide. A camada muscular contém células musculares lisas orientadas em espiral, divididas em duas subcamadas, de acordo com o direcionamento principal. Na subcamada mais interna (próxima do lúmen), a orientação é geralmente circular; na subcamada externa, é majoritariamente longitudinal. Entre essas duas subcamadas observa-se o plexo nervoso mioentérico (ou plexo de Auerbach) e tecido conjuntivo contendo vasos sanguíneos e linfáticos. Assim,as contrações da camada muscular, geradas e coordenadas pelos plexos nervosos, impulsionam e misturam o alimento ingerido no trato digestivo. Esses plexos são compostos principalmente por agregados de células nervosas (neurônios viscerais multipolares) que formam mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� pequenos gânglios parassimpáticos. Uma rede rica em fibras pré- e pós-ganglionares do sistema nervoso autônomo e algumas fibras sensoriais viscerais possibilitam comunicação entre esses gânglios. A quantidade de gânglios ao longo do trato digestivo é variável; eles são mais numerosos em regiões de maior motilidade. A serosa é formada por uma camada delgada de tecido conjuntivo frouxo, revestida por um epitélio pavimentoso simples denominado mesotélio. Na cavidade abdominal, a serosa que reveste os órgãos é denominada peritônio visceral e está em continuidade com o mesentério (membrana delgada revestida por mesotélio nos dois lados), que suporta os intestinos, e com o peritônio parietal, uma membrana serosa que reveste a parede da cavidade abdominal. Em locais em que o órgão digestivo está unido a outros órgãos ou estruturas, no entanto, a serosa é substituída por uma adventícia espessa, que consiste em tecido conjuntivo e tecido adiposo contendo vasos e nervos, sem o mesotélio. A determinação desta camada ocorre durante a embriogênese, de acordo com o segmento e sua orientação. As principais funções do revestimento epitelial da mucosa do trato digestivo são: prover uma barreira seletivamente permeável entre o conteúdo do lúmen e os tecidos do organismo; facilitar o transporte e a digestão do alimento; promover a absorção dos produtos dessa digestão; produzir hormônios que regulam a atividade do sistema digestivo. Algumas células contidas nesta camada produzem muco para lubrificação e proteção. Cabe ressaltar que a lâmina própria, localizada logo abaixo do epitélio, é uma zona rica em macrófagos e células linfóides, algumas das quais produzem anticorpos ativamente, Esses anticorpos são principalmente do tipo imunoglobulina A (IgA), que é secretada para o lúmen ligada a uma proteína produzida pelas células epiteliais do revestimento intestinal. Este complexo (SlgA) protege contra invasões virais e bacterianas. A SlgA existente nos tratos respiratório, digestivo e urinário é resistente à digestão por enzimas proteolíticas, podendo, portanto, coexistir com as proteases encontradas no lúmen. Além das células de defesa dispersas no tecido, há também nódulos linfóides na lâmina própria e na camada submucosa que protegem o organismo (em associação com o epitélio) da invasão bacteriana. A necessidade desse suporte imunológico é óbvia, porque todo o trato digestivo - com exceção da cavidade oral, esôfago e canal anal - é revestido por um epitélio simples, bastante vulnerável. His����gi�: → Intestino delgado O intestino delgado é o sítio terminal de digestão dos alimentos, absorção de nutrientes e secreção endócrina. Os processos de digestão são completados no intestino delgado, no qual os nutrientes (produtos da digestão) são absorvidos pelas células epiteliais de revestimento. O intestino delgado é relativamente longo - aproximadamente 5 m - e consiste em três segmentos: duodeno, jejuno e íleo, os quais apresentam muitas características em comum que serão discutidas em conjunto. O comprimento do órgão é um dos fatores importantes para o aumento de superfície de contato com o bolo alimentar, como será discutido a seguir. ● Camada mucosa A parede do intestino delgado apresenta várias estruturas que ampliam sua superfície, aumentando assim a área disponível para absorção de nutrientes. Quando observado a olho nu, o revestimento do intestino delgado apresenta uma série de pregas permanentes, placas circulares, em forma semilunar, circular ou espiral, que consistem em dobras da mucosa e submucosa. Essas pregas são mais desenvolvidas no jejuno e, embora sejam frequentemente observadas no duodeno e íleo, não são características desses órgãos. Na camada mucosa, as vilosidades intestinais ou vilos são projeções alongadas formadas pelo epitélio e lâmina própria, com cerca de 0,5 a 1,5 mm de comprimento. No duodeno têm forma de folhas, gradualmente assumindo forma de dedos, à medida que se aproximam do íleo. O epitélio de revestimento mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� dos vilos é do tipo cilíndrico simples. formado principalmente por células absortivas (enterócitos) e células caliciformes e se continua com o epitélio das criptas, que por sua vez contêm algumas células absortivas, células caliciformes, células enteroendocrinas, células de Paneth e células tronco. A cripta tem formato tubular e representa o compartimento proliferativo do intestino. Células absortivas são células colunares altas, cada uma com um núcleo oval em sua porção basal. No ápice de cada célula, a membrana plasmática se projeta para o lúmen (microvilosidade), criando a borda em escova, que pode ser observada ao microscópio de luz. Quando observada ao microscópio eletrônico, a borda em escova é vista como um conjunto de microvilosidades densamente agrupadas. Cada microvilosidade mede aproximadamente 1 µm em altura por O, 1 µm de diâmetro. A membrana celular envolve um eixo de microfilamentos de actina associados a fibrina e vilina (proteínas do citoesqueleto). Estima-se que cada célula absortiva tenha em média três mil microvilosidades e que l mm2 de mucosa contenha cerca de 200 milhões dessas estruturas. Pregas, vilosidades e microvilosidades aumentam muito a superfície do revestimento intestinal. Calcula-se que as pregas aumentem a superfície intestinal em cerca de 3 vezes, as vilosidades, em 1 O vezes e as microvilosidades, em cerca de 20 vezes. Em conjunto, esses processos são responsáveis por um aumento de aproximadamente 600 vezes na superfície intestinal, resultando em uma área aproximada de 200 m2. Células caliciformes estão distribuídas entre as células absortivas. Elas são menos abundantes no duodeno e aumentam em número em direção ao íleo (Figura 15.31 ). Essas células produzem glicoproteínas ácidas do tipo ricina que são hidratadas e formam ligações cruzadas entre si para originar o muco, cuja função principal é proteger e lubrificar o revestimento do intestino. Células de Paneth, localizadas na porção basal das criptas intestinais, são células exócrinas com grandes grânulos de secreção eosinofílicos em seu citoplasma apical. Esses grânulos contêm lisozima e defensina, enzimas que podem permeabilizar e digerir a parede de bactérias. Em virtude de sua atividade antibacteriana, a lisozima também exerce controle sobre a microbiota intestinal. Células-tronco estão localizadas no terço basal da cripta, entre as células de Paneth. Células M (microfold) são células epiteliais especializadas que recobrem folículos linfóides das placas de Peyer, localizadas no íleo. Essas células são caracterizadas por numerosas invaginações basais que contêm muitos linfócitos e células apresentadoras de antígenos, como os macrófagos. Células M podem capturar antígenos por endocitose e transportá-los para os macrófagos e células linfóides subjacentes, as quais migram então para outros compartimentos do sistema linfóide (nódulos), onde respostas imunológicas contra estes antígenos são iniciadas. Células M representam, portanto, um elo importante na defesa imunológica intestinal. A lâmina basal sob as células M é descontínua, facilitando o trânsito de células entre o tecido conjuntivo e as células M. A extensa superfície mucosa do trato gastrintestinal está exposta a muitos microrganismos potencialmente invasivos. Imunoglobulinas da classe IgA (discutida anteriormente), encontradas nas secreções, são sintetizadas por plasmócitos e formam a primeira linha de defesa. Outro mecanismo protetor é formado pelas junções intercelulares oclusivas que fazem da camada de células epiteliais uma barreira para a penetração de microrganismos. Além disso, e, provavelmente,servindo como a principal barreira protetora, o trato gastrintestinal também contém macrófagos e grande quantidade de linfócitos, localizados tanto na mucosa quanto na submucosa. Juntas, estas células formam o tecido linfóide associado ao trato digestivo ( GALT, do inglês gastrointestinal associated lymphoid tissue). Células endócrinas do intestino: Além das células já discutidas, o intestino contém células amplamente distribuídas com características do sistema neuroendócrino difuso. Sob estímulo, essas células liberam seus grânulos de secreção por exocitose e os hormônios podem então exercer efeitos parácrinos (locais) ou endócrinos (via sangue). Células mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� secretoras de polipeptídios do trato gastrintestinal podem ser classificadas de duas maneiras: tipo aberto, nas quais o ápice da célula apresenta microvilosidades e está em contato com o lúmen do órgão, e tipo fechado, nas quais o ápice da célula está recoberto por outras células epiteliais. No intestino delgado as células endócrinas do tipo aberto são mais alongadas que as células absortivas adjacentes; têm microvilosidades irregulares na superfície apical e pequenos grânulos de secreção no citoplasma. Tem sido sugerido que no tipo aberto as microvilosidades podem conter receptores para substâncias existentes no lúmen do intestino, o que poderia regular a secreção dessas células. Embora os conhecimentos sobre a endocrinologia gastrintestinal ainda estejam bastante incompletos, a atividade do sistema digestivo é claramente controlada pelo sistema nervoso e modulada por um sistema complexo de hormônios peptídicos produzidos localmente. • Lâmina própria à serosa A lâmina própria do intestino delgado é composta por tecido conjuntivo frouxo com vasos sanguíneos e linfáticos, fibras nervosas e fibras musculares lisas. A lâmina própria preenche o centro das vilosidades intestinais, onde as células musculares lisas (dispostas verticalmente entre a muscular da mucosa e a ponta das vilosidades) são responsáveis pela movimentação rítmica, importante para a absorção dos nutrientes). A muscular da mucosa não apresenta qualquer peculiaridade neste órgão. A submucosa contém, na porção inicial do duodeno, grupos de glândulas tubulares enoveladas ramificadas que se abrem nas glândulas intestinais. Estas são as glândulas duodenais, cujas células secretam muco alcalino (pH 8,1 a 9,3). Esse muco protege a mucosa duodenal contra os efeitos da acidez do suco gástrico e neutraliza o pH do quimo, aproximando-o do pH ótimo para ação das enzimas pancreáticas. As glândulas duodenais são importantes no diagnóstico diferencial das regiões do intestino delgado. A lâmina própria e a submucosa do intestino delgado contém agregados de nódulos linfóides (GALT), que são mais numerosos no íleo, e neste órgão são conhecidos como placas de Peyer. Cada placa consiste em 10 a 200 nódulos e é visível a olho nu como uma área oval no lado antimesentérico do intestino. Existem aproximadamente 30 placas em humanos, a maioria no íleo. Quando observada a partir da superfície luminal, cada placa de Peyer aparece como uma área com formato arredondado sem vilosidades na superfície. Em vez de células absortivas, seu epitélio de revestimento consiste em células M. As camadas musculares são bem desenvolvidas nos intestinos, compostas de uma túnica circular interna e outra túnica longitudinal externa. O aspecto das células musculares lisas nessas camadas em cortes histológicos depende do plano de corte (transversal ou longitudinal). → Intestino grosso O intestino grosso é constituído por: ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmóide, reto e ânus. A camada mucosa não tem pregas, exceto em sua porção distal (reto), nem vilosidades. As criptas intestinais são longas e caracterizadas por abundância de células caliciformes e um pequeno número de células enteroendócrinas. As células absortivas são colunares e contêm microvilosidades curtas e irregulares. O intestino grosso está bem adaptado para exercer suas funções: absorção de água, fermentação, formação da massa fecal e produção de muco. A absorção de água é passiva, seguindo o transporte ativo de sódio pela superfície basal das células epiteliais. A lâmina própria é rica em células linfóides e em nódulos (GALT) que frequentemente se estendem até a submucosa. Essa riqueza em tecido linfóide está relacionada com a população bacteriana abundante no intestino grosso. A camada muscular é constituída pelas camadas circular e longitudinal. No entanto, esta camada é diferente daquela observada no intestino delgado porque fibras da camada longitudinal externa se unem para formar três bandas longitudinais espessas denominadas tênias do cólon. Nas porções livres do colo, a camada serosa é caracterizada por protuberâncias mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� pequenas pedunculadas formadas por tecido adiposo - os apêndices epiplóicos. Na região anal, a camada mucosa forma uma série de dobras longitudinais, as colunas retais. Cerca de 2 cm acima da abertura anal a mucosa intestinal é substituída por epitélio pavimentoso estratificado. Nesta região, a lâmina própria contém um plexo de veias grandes que, quando excessivamente dilatadas e varicosas, provocam as hemorroidas. • Renovação celular no trato gastrintestinal As células epiteliais de todo o trato gastrintestinal são constantemente descamadas e repostas por novas células formadas por meio da divisão de células-tronco, as quais estão localizadas na camada basal do epitélio esofágico, istmo e colo das glândulas gástricas, porção inferior das criptas do intestino delgado e intestino grosso. A partir do compartimento proliferativo em cada órgão, as células migram para a zona de diferenciação, onde sofrem maturação estrutural e enzimática, provendo uma população celular funcional para cada região. Apêndice O apêndice é um divertículo do ceco; é caracterizado por um lúmen relativamente irregular, pequeno e estreito devido a abundantes nódulos linfóides em sua parede. Embora sua estrutura geral seja similar à do intestino grosso, ele contém menos glândulas intestinais, sendo estas menores. Além disso, não contém tênias do cólon. Câncer no trato digestivo Aproximadamente 90 a 95% dos tumores do sistema digestivo são derivados das células epiteliais gástricas ou intestinais. O câncer de cólon e reto tem incidência pouco maior em mulheres, porém em termos de distribuição regional no Brasil, essas neoplasias apresentam-se de modo distinto. Assim, o câncer de estômago evolui mais em regiões menos desenvolvidas, enquanto o câncer de cólon e reto é mais detectado em áreas muito urbanizadas. Essa variação se deve aos hábitos alimentares, comportamento e também às condições sanitárias nas diferentes localidades. Diferentes marcadores moleculares podem ser utilizados para a detecção desses tumores, e o diagnóstico precoce pode favorecer muito o prognóstico. Referências: Junqueira, Luiz Carlos Uchoa, 1920-2006 Histologia básica I L.C.Junqueira e José Carneiro. - [12. ed]. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� Marieb, Elaine Anatomia humana / Elaine Marieb, Patricia Wilhelm, Jon Mallatt ; tradução Lívia Cais, Maria Silene de Oliveira e Luiz Cláudio Queiroz ; revisão técnica João Lachat, José Thomazini e Edson Liberti. -- São Paulo : Pearson Education do Brasil, 2014. 3. Epi����ol���a �� CA c��o�r���� no B����l; O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 41.010 novos casos de câncer colorretal (20.540 em homens e 20.470 em mulheres). Esses valores correspondem a um risco estimado de 19,63 casos novos a cada 100 mil homens e 19,63 para cada 100 mil mulheres (Instituto Nacional de Câncer, 08/05/2020) De um modo geral, o risco de desenvolver câncer colorretal ao longo da vida é um poucomenor nas mulheres do que nos homens; cerca de 1 em 23 (4,4%) para homens e 1 em 25 (4,1%) para mulheres. A taxa de mortalidade por câncer colorretal vem caindo para ambos os sexos há várias décadas. Existe uma série de possíveis razões para isso. Uma delas é que os pólipos são diagnosticados durante o rastreamento e retirados antes que possam se transformar em uma doença neoplásica. O rastreamento também possibilita que a doença seja diagnosticada precocemente, quando é mais fácil de ser tratada e curada. Além disso, o tratamento do câncer colorretal evoluiu bastante nos últimos anos. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil a incidência do CCR varia conforme a região analisada, com maior proporção nas regiões sul e sudeste, com incidência de 19-21 casos/100.000 indivíduos, e menor nas regiões centro-oeste, nordeste e norte. Sabe-se que a incidência de CCR aumenta com a idade, sobretudo em maiores de 50 anos, sendo 90% dos casos ocorrendo acima dessa faixa etária. → INCIDÊNCIA ESTIMADA 2020 (INCA): mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� Referências: Instituto Oncoguia, Estatística para Câncer Colorretal. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/estatistica-para-cancer-colorretal/72 84/178/. Acesso em: 19 de mar de 2021. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Estatísticas de câncer. 2021. Disponível em: https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer. Acesso em: 19 de mar de 2021. 4. Sin��� e ��n���as �� CA ��lo���t��; É importante a tomada da história clínica, com judiciosa avaliação de todos os sintomas, tais como alteração do hábito intestinal com mudança das características do bolo fecal, presença de sangue e/ou muco nas fezes, dor abdominal precedendo evacuação e sintomas gerais, como astenia, anemia e emagrecimento. Os sintomas dos TMCR estão na dependência da localização anatômica da lesão, seu tipo e extensão, bem como da eventual presença de complicações, como perfuração, obstrução e hemorragias. O tempo médio para a feitura do diagnóstico dos TMCR, a partir dos sintomas relatados, é de 7 a 9 meses. A responsabilidade desse tempo prolongado é dos pacientes, que minimizam os sintomas e protelam a procura do profissional, ou, então, do próprio médico que não valoriza as queixas relatadas. No cólon direito, que apresenta maior calibre, paredes finas e distensíveis, com conteúdo fecal líquido, a presença de neoplasia manifesta-se mais tardiamente, atingindo as lesões grandes volumes antes de serem diagnosticadas. Os pacientes apresentam queixas vagas de astenia, debilidade física e anemia, com sensação de desconforto no abdome direito. A presença de anemia hipocrômica microcítica é sinal importante na pesquisa da neoplasia de cólon direito. Geralmente, não ocorre alteração do hábito intestinal, e, em cerca de 10% dos casos, a mailto:Resumosacademicos21@gmail.com http://www.oncoguia.org.br/conteudo/estatistica-para-cancer-colorretal/7284/178/ http://www.oncoguia.org.br/conteudo/estatistica-para-cancer-colorretal/7284/178/ https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� primeira evidência é de massa palpável na região onde está o tumor, observada pelo paciente ou pelo médico. No cólon esquerdo, o calibre do lúmen intestinal é menor e o conteúdo fecal é formado por material semissólido. Assim, o crescimento das neoplasias nessa região, com oclusão progressiva do lúmen, leva a alterações mais precoces da evacuação. Essa situação poderá evoluir para uma obstrução parcial ou completa do local. A presença de sangue nas fezes é frequente, porém não sob a forma de perdas maiores, geralmente de coloração escurecida e associada a muco. No câncer retal, o sintoma mais frequente é a perda de sangue claro, juntamente com as fezes, associada ou não à presença de muco. Outra manifestação relatada com frequência é a sensação de evacuação incompleta e "puxos" no canal retal, independentemente da movimentação intestinal. A maior parte dos indivíduos com CCR são assintomáticos no início da doença, retardando o diagnóstico para fases mais avançadas quando surgem os primeiros sintomas. Existe uma correlação entre a localização do tumor e as manifestações clínicas apresentadas. Isso ocorre devido a características anatômicas do intestino grosso e reto. O cólon direito tem maior diâmetro maior que o esquerdo, por isso, em tumores à direita (cólon ascendente), há a tendência do câncer evoluir como lesão exofítica, ou seja, para dentro da luz intestinal. No cólon esquerdo a lesão geralmente invade a parede do órgão e como o diâmetro do cólon desse lado é menor, ocorre maior incidência de estenose e obstrução, essas lesões são anulares e produzem constrições conhecidas como “anel de guardanapo”. Por conta dessa diferença de apresentação clínica, temos manifestações clínicas distintas, geralmente os cânceres de ceco e cólon direito cursam com anemia ferropriva que pode se manifestar como fadiga, fraqueza ou palidez de mucosa. Com isso, sempre devemos investigar anemias em indivíduos mais velhos. Além disso, desse lado às vezes o tumor pode ser palpável e o sangramento pode se exteriorizar como melena (sangramento escuro devido ao sangue já digerido). Já os cânceres do lado esquerdo do cólon, sigmóide e reto, podem se manifestar com sangramento oculto, mudanças nos hábitos intestinais, distensão abdominal, sangramento vivo ou desconforto em fossa ilíaca esquerda. A presença da alternância entre constipação e diarreia pode estar presente. Outros sintomas como náuseas, vômitos e dor abdominal podem estar presentes em casos de obstrução intestinal. Outro achado, é a presença de perda de peso importante e não intencional em um curto espaço de tempo, caracterizando a síndrome disabsortiva. Além disso, apesar de infrequente, pode ocorrer febre, abcessos e complicações, como perfuração, obstrução e hemorragias. No câncer retal, o sintoma mais frequente é a perda de sangue e tenesmo, associada a presença de fezes com muco ou não.. Além disso, o CCR pode se manifestar com sintomas referentes aos órgãos para onde sofreu metástase. Desse modo, o paciente pode apresentar dor em hipocôndrio direito, associada a plenitude prandial e saciedade precoce quando ocorre metástase hepática. Nos casos de metástase peritoneal, o indivíduo pode se apresentar com ascite, distensão e dor abdominal. Também é possível a presença de linfonodomegalias inguinais, periumbilicais ou supraclaviculares nos casos de metástase linfonodal ou até derrame pleural, dores ósseas e fraturas patológicas no caso de metástase pulmonar e óssea respectivamente. Referências: Dani, Renato Gastroenterologia essencial I Renato Dani, Maria do Carmo Friche Passos.-4. ed.-Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� 5. Di�g�ós�i�� d� CA �o��r���al; → Exame físico: O exame físico é importante para avaliar o local e extensão da doença, ou então detectar metástases a distância e/ou comprometimento de outros órgãos ou sistemas que, inclusive, poderão influenciar no tratamento. A palpação da região inguinal e supraclavicular é importante para a verificação de nódulos metastáticos. O exame do abdome poderá revelar presença de massa, hepatomegalia ou circulação colateral em parede, indicando obstrução portal. O câncer retal poderá ser identificado através do toque digital, não somente pela percepção da massa tumoral, mas também pela presença de sangue na luva do exame. A avaliação ginecológica poderá detectar comprometimento regional e, também, permitir palpar gânglios retrorretais. → Exames de laboratório: Não existe especificidade de exames laboratoriais para o diagnóstico dos TMCR. Porém, através do hemograma, poderemos detectar a anemia, e uma fosfatase alcalina alterada poderá significar a presença de metástases hepáticas. A avaliação dasproteínas séricas indicará a situação nutricional do paciente. A pesquisa de sangue oculto nas fezes poderá ser impor tante na detecção precoce de pólipos e/ou neoplasias em fase assintomática, principalmente quando utilizada em pacientes pertencentes a grupos de risco ou, então, na presença de anemia. Esses testes estão disponíveis com facilidade, são baratos e fáceis de realizar. Entretanto, a eficiência dependerá do grau de hidratação fecal, que aumenta a sensibilidade, do volume da degradação de hemoglobina, que diminui a sensibilidade, e da ausência de substâncias que interferem com a oxidação do corante indicador, tais como o ácido ascórbico. Lembrar que alimentos que contêm atividade de peroxidase, ou pseudoperoxidase, podem provocar reações positivas (brócolis, couve-flor, melão, entre outros). O antígeno carcinoembriogênico (CEA) é uma glicoproteína encontrada na membrana celular de muitos tecidos, inclusive nos cânceres do cólon e reto, e os antígenos são detectados no sangue através de técnicas de radioimunoensaio, sendo encontrados, também, em outros fluidos, como urina e fezes. A elevação do nível sérico do CEA não é específica para os TMCR, podendo acontecer também em outras neoplasias, gastrintestinais ou não, além de esse nível se apresentar também alterado nas doenças inflamatórias e nos indivíduos tabagistas. Assim, o CEA não é um método acurado para o diagnóstico dos TMCR, porém tem valor como teste preditivo, para avaliação de resultados terapêuticos e, principalmente, para a detecção precoce de metástases após procedimentos cirúrgicos. O CEA encontra-se alterado em cerca de 70% dos pacientes com TMCR, porém eleva-se em menos da metade dos portadores da forma localizada do processo tumoral. A persistência do CEA elevado, mesmo após a ressecção cirúrgica de um TMCR, é indicativa de péssimo prognóstico. Se ocorrer normalização dos níveis de CEA após a cirurgia e, no período de seguimento, eles voltarem a apresentar elevação progressiva, isso é sinal indicativo de recorrência da doença. A avaliação do antígeno CA 19 a 9 em conjunto com o CEA poderá melhorar a acurácia para a detecção de neoplasia, recidivas e/ou metástases. → Exames radiológicos: ● Radiografia: A radiografia de tórax deve ser considerada como procedimento de rotina, em pacientes com TMCR, para avaliação de metástases pulmonares. O estudo contrastado do cólon (enema opaco) representa importante método diagnóstico para revelar TMCR. O carcinoma do mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� cólon esquerdo aparece como imagem de "defeito de enchimento", com extensão de 2 a 6 em e aspecto de "anel de guardanapo". No cólon direito, a lesão apresenta-se sob forma de constrição ou, então, de massa intraluminar. Nos locais comprometidos, a parede intestinal torna-se rígida, com destruição do relevo mucoso. Atualmente, com a disseminação do uso de colonoscopia, o exame de enema opaco passou a ser pouco utilizado. Em situações de quadros obstrutivos, a radiografia simples do abdome poderá mostrar a distensão das alças, além de permitir a localização do local obstruído, facilitando a abordagem cirúrgica. Atualmente, com a facilidade do acesso ao exame colonoscópico e pelas dificuldades técnicas na realização do estudo radiológico, este procedimento deixou de ser a primeira opção na avaliação do cólon. ● Tomografia computadorizada e ressonância magnética: Esses dois procedimentos não são importantes para o diagnóstico dos TMCR, porém servem para avaliar o comprometimento extramural no câncer do reto e para a detecção de metástases. A tomografia poderá ser realizada também com a administração do contraste VR, permitindo, desta forma, também o estudo do lúmen intestinal. O advento de modernos tomógrafos de alta resolução tipo multi-slice permitiu a elaboração da chamada "colonoscopia virtual", realizada com a insuflação de ar no cólon e a obtenção de imagens virtuais tridimensionais do cólon, permitindo também a detecção de lesões maiores do que 0,5 em. O mesmo acontece para a ultrassonografia abdominal, que, pela sua facilidade e baixo custo, poderá ser utilizada com mais frequência na avaliação desses pacientes. ● Ultrassonografia endorretal: Esse procedimento, cuja utilização tem sido mais divulgada com o aparecimento de novos equipamentos, permite uma acurada avaliação do grau de comprometimento da parede intestinal no câncer retal, além da demonstração da presença de linfonodos aumentados. Porém, não é capaz de distinguir se o aumento do linfonodo é decorrente de processo reativo ou por infiltração neoplásica. ● Retossigmoidoscopia: A retossigmoidoscopia com tubo rígido permite o diagnóstico de cerca de 20% dos TMCR. Porém, a utilização do retossigmoidoscopia flexível com extensão de 30 cm permite diagnosticar 30 a 40% desses tumores, e, com os de 60 cm, chega-se a identificar 50 a 60% de todos os TMCR. ● Colonoscopia: A colonoscopia permite o exame de toda a extensão do cólon, obtendo-se não somente a detecção precoce de pólipos e sua remoção através de alças diatérmicas, mas também o diagnóstico dos TMCR. Mesmo nas situações em que o exame radiológico (enema opaco) já tenha fornecido o diagnóstico de um TMCR, a colonoscopia deverá ser realizada no sentido de confirmar a natureza da lesão, além de detectar a presença de pólipos e/ou tumores sincrônicos. O enema opaco poderá não identificar lesões de até 5 mm em cerca de 20% dos casos, mas também a colonoscopia poderá deixar passar pequenas lesões junto às flexuras e/ou dobras do cólon, e o ceco nem sempre é alcançado em todos os pacientes. Dessa forma, uma colonoscopia incompleta ou inconclusiva deverá ser completada pelo enema opaco com duplo contraste. ● Colonoscopia virtual: Trata-se de um procedimento já disponível, em que o colonoscópio é substituído por um programa de software acoplado a tomógrafo de alta resolução. O programa de computador consegue produzir, através mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� do tomógrafo, imagens tridimensionais em tempo real de todo o trajeto colônico, com detecção de lesões com menos de 0,5 em. Estudos comparativos têm demonstrado resultados semelhantes aos da colonoscopia tradicional, porém com a vantagem de não introduzir qualquer instrumento no paciente, além de não ser necessária a utilização de sedação. A necessidade de tomógrafos de alta resolução com o sistema multi-slice, ainda não disponibilizado de forma mais generalizada, tem limitado também a indicação deste método. ● PET-SCAN: A tomografia por emissão de pósitrons (PET-SCAN), mais recentemente introduzida no arsenal diagnóstico, obtém imagens do metabolismo celular com a utilização de um radiomarcador, sendo mais utilizado o 2-fluoro-2-deoxi-D-glicose (FDG), que é um análogo da glicose. As imagens obtidas refletem a penetração da glicose nas células tumorais, em virtude de estas células apresentarem uma atividade de glicólise maior do que nos tecidos normais. Uma vez nas células, a molécula é fosforilizada pela hexoquinase. A sensibilidade do PET -SCAN é excelente para captação de lesões a partir de 1 cm, porém esta sensibilidade poderá ser alterada pela hiperglicemia e os pacientes deverão estar em jejum para a realização do exame. Para o câncer colorretal, o PET-SCAN com FDG apresenta uma sensibilidade superior à da tomografia computadorizada ou da ressonância magnética para detecção de focos metastáticos. A sensibilidade e especificidade para detecção de metástases hepáticas pelo PET-SCAN é de 95 a 100%, respectivamente, comparados com 74 e 85% da tomografia computadorizada. Poderá ser utilizado de rotina no acompanhamento periódico dos pacientes operados, porém com limitação decorrente do seu elevado custo. A base para o diagnóstico do CCR se dá através de uma anamnese minuciosa, levando em conta sinais, sintomas e fatores de risco, acompanhado pelo exame físico geral e proctológico. → EXAMES LABORATORIAIS: No CCR podemos encontrar no hemograma anemia microcíticae hipocrômica compatível com anemia ferropriva. Além disso, a pesquisa de sangue oculto nas fezes apesar de ter baixa sensibilidade, pode ser utilizada como método de rastreamento populacional, mas não como recurso diagnóstico. Existe outro exame chamado de Teste de DNA fecal que analisa a presença de alterações genéticas em células encontradas nas fezes oriundas da descamação de um possível tumor. Os marcadores tumorais mais utilizados são: CEA e o CA. ● COLONOSCOPIA: A colonoscopia é o padrão ouro para auxiliar no diagnóstico desses tumores pois fornece a localização e extensão do tumor. Além disso, fornece a possibilidade de ser diagnóstico e terapêutico, pois é capaz de detectar e remover lesões pré-malignas. Ademais, possibilita a realização de biópsias para a análise histopatológica da lesão. Existe a possibilidade de realização de uma retossigmoidoscopia flexível em pacientes com massa palpável ao toque retal que não permite a passagem do colonoscópio. No entanto, esse exame não substitui a colonoscopia, pois só consegue chegar até 60 cm do ânus. → EXAMES DE IMAGEM: A ultrassonografia abdominal permite a avaliação hepática, principal sítio de metástases colônicas, entretanto não é possível a avaliação de linfonodos peritoneais, como na tomografia. Em casos de dúvidas diagnósticas também é possível o uso de ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT). O uso da radiografia de abdome convencional fica reservado para pacientes com quadro de mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� abdome agudo obstrutivo pelo tumor. No entanto, a radiografia de tórax deve ser considerada, para avaliação de metástases pulmonares. A videolaparoscopia diagnóstica não é um exame utilizado de rotina a ser realizado no CCR. No entanto, pode ser útil na confirmação da suspeita de metástases hepáticas ou peritoneais. Novos métodos como a ultrassonografia endorretal (USER), permite a definição detalhada das camadas da parede retal e dos tecidos circunjacentes, permitindo detectar o grau de infiltração do tumor na parede do reto e o acometimento linfonodal. Entretanto, a USER é pouco disponível no Brasil. Referências: Tratado de gastroenterologia : da graduação à pós-graduação / editores Schlioma Zaterka, Jaime Natan Eisig. -- 2. ed. -- São Paulo : Editora Atheneu, 2016. (941) KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 6. Es�a���me��� d� CA �o��r���al; Após o diagnóstico de câncer colorretal é necessário fazer o estadiamento da doença. Com isso, pode-se estabelecer a extensão locorregional da lesão, além da presença de metástases, prognóstico e o tipo de terapia a ser empregada. O estadiamento é feito com exames de imagem, como a tomografia e a radiografia. A colonoscopia só serve nesses casos para excluir a presença de lesões sincrônicas do cólon. Com isso, geralmente diante do diagnóstico de CCR deve ser solicitado, dosagem de CEA, TC de abdome, tórax e pelve e colonoscopia. Já nos cânceres retais extraperitoneais, além desses exames, também é recomendado a realização de uma ressonância magnética ou USG endoanal. Atualmente, existem dois sistemas de estadiamento, o Sistema de Dukes baseado na observação da profundidade de invasão do carcinoma e o Sistema TNM (Union for International Cancer Control - UICC, 2017) que é o mais utilizado. Segundo a classificação TNM. • T: Tumor primário – tamanho/grau de invasão na parede intestinal • N: Linfonodos – Número e características dos linfonodos acometidos. • M: Metástase à distância. Com a combinação dessas características é possível formar grupos de I a IV que classificam o estágio da doença. mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� Referências: KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 7. Tra����n�o� d� CA ���or����l; O tratamento padrão para o CCR é a ressecção tumoral, associada a retirada dos linfonodos regionais. A quimioterapia e a radioterapia, quando indicados, apresentam um papel importante para o sucesso do tratamento. A ressecção do tumor pode ser feita por via aberta ou laparoscópica. Nesse último caso, há redução do tempo de internação hospitalar e menor complicação pós-operatória. Para ser considerada adequada a ressecção cirúrgica deve garantir uma margem livre de infiltração neoplásica (idealmente de 5cm da margem proximal e distal para tumores do cólon e 2cm para tumores retais) e a retirada de no mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� mínimo 12 linfonodos. Além disso, deve-se evitar a manipulação tumoral durante e ressecção e fazer as ligaduras vasculares no início da cirurgia. • TUMORES DE CÓLON: Os carcinomas in situ e intramucosos podem ser ressecados via colonoscópica, desde que as margens estejam livres. Quando o tumor estiver localizado no ceco ou cólon ascendente, a ressecção deve incluir a porção distal do íleo e ir até a metade do cólon transverso. Caso o tumor se encontre no cólon transverso, a ressecção dependerá da porção de implantação. Nos casos em que o tumor se localiza no cólon descendente, deve-se realizar a colectomia esquerda. Por fim, caso o tumor esteja presente no cólon sigmoide ou reto alto, pode-se realizar uma retossigmoidectomia. Devido às grandes chances de recorrência tumoral, nos pacientes com tumores associados a PAF e a CCHNP, geralmente é indicado a colectomia total. A: Hemicolectomia direita; B:Sigmoidectomia; C: Ressecção abdominoperineal do reto. • CÂNCER DE RETO: O melhor tratamento para o câncer do reto é a ressecção cirúrgica do tumor primário. Devido a sua localização intrapélvica e da proximidade anatômica com estruturas importantes, como nervos e órgãos urogenitais, pode ser indicada a associação de terapias pré-operatórias visando reduzir o tamanho do tumor para garantir uma melhor ressecção cirúrgica. Nos tumores de reto médio e distal por serem extraperitoneais, pode-se realizar a ressecção desse local com margem de segurança de 2 cm, associada a uma anastomose colorretal. Já nos tumores de reto baixo, deve ser realizado ressecções anteriores baixas ou amputação abdominoperineal do reto. Em ambos os casos, a retirada do mesorreto (tecido gorduroso que circunda o reto e abriga vários linfonodos e vasos linfáticos). Nos cânceres em estágio 0 e 1 é possível realizar a excisão local do tumor que pode ser seguida ou não de radioterapia ou radioquimioterapia. Para isso, condições ideais envolvendo o tamanho do tumor e localização devem ser respeitadas. Nos estágios II e III é recomendado a realização de quimiorradioterapia prévia. Nesse casos, a terapia neoadjuvante é indicada para reduzir o tamanho do tumor. Mesmo após a cirurgia também é necessário a realização de quimioterapia adjuvante devido a taxa de recorrência local nesta doença. A cirurgia laparoscópica está associada a melhores resultados. Na quimioterapia utiliza-se esquemas terapêuticos baseados em fluoropirimidina, associada ou não à oxaliplatina. O início do tratamento adjuvante deve ocorrer entre 4 e 6 semanas após a cirurgia. A quimioterapia paliativa está indicada para doentes com câncer colorretal recidivado inoperável ou com doença no estágio IV ao diagnóstico. • Ressecção cirúrgica: A remoção cirúrgica do segmento comprometido representa o tratamento básico para todos os pacientes com TMCR. Mesmo na presença de metástases, a ressecção é indicada, evitando a possibilidade de obstrução ou sangramentos. No câncer colônico, as ressecções são seguidas de anastomoses primárias para reconstituição do trânsito intestinal. Nas situações de emergência, com perfuração ou obstrução, e na impossibilidade do preparo intestinal adequado, a cirurgia poderá ser feita em dois tempos: ressecção com colostomia e posterior reconstituição do trânsito. A abordagem laparoscópicapara o câncer do cólon tem sido amplamente discutida. Estudos têm demonstrado a ocorrência de metástases no local de introdução dos trocartes, além da impossibilidade da feitura do procedimento dentro de rígidas normas oncológicas, bem como a dificuldade da ligadura de vasos junto à sua emergência. Assim, esse tipo de cirurgia estaria indicado apenas nas formas em que já ocorreu a metástase, permitindo uma menor manipulação do paciente, com recuperação pós-operatória mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� mais rápida e menor tempo de hospitalização. No entanto, com a passagem do tempo, houve um aprimoramento da técnica laparoscópica que passou a ser utilizada de rotina em inúmeros Centros, obtendo-se resultados semelhantes aos da cirurgia aberta, com melhor recuperação pós-operatória e resultados estéticos e menor morbidade. Trabalhos recentes acrescentam a técnica robótica para a realização das cirurgias vídeo assistidas, porém o elevado custo dos equipamentos seguramente limitará a sua ampla utilização. No câncer retal, o procedimento cirúrgico estará na dependência da extensão da lesão e, principalmente, do nível acima da margem anal. As lesões pequenas e sem qualquer invasão detectada pela ultrassonografia endoanal e por tomografia poderão ser removidas por ressecção transanal. Na maioria das situações, é desejável a remoção do segmento retal comprometido, com anastomose colorretal ou coloanal. Em comprometimentos mais extensos e lesões baixas, é preferível uma conduta mais radical, com a amputação abdominoperineal do reto e colostomia terminal em sigmóide. Nos tumores infiltrativos e irressecáveis do reto, a conduta é a feitura de colostomia descompressiva, e, nos pacientes em situação clínica delicada, poderemos utilizar a eletro ou laser fulguração da lesão, mantendo aberto o lúmen intestinal e evitando hemorragias. Em casos avançados da doença neoplásica irressecável do reto, já com disseminação, poderão ser também utilizadas, como procedimento paliativo, as próteses expansivas do tipo Wallstent, colocadas por via endoanal, impedindo e aliviando quadros obstrutivos locais e evitando a feitura de colostomias, permitindo uma melhor qualidade de vida a esses pacientes. Na presença de metástases hepáticas, o tratamento "padrão ouro" seria a sua ressecção cirúrgica, com sobrevida de 35 a 60% após 5 anos. Infelizmente, nem todos os pacientes apresentam condições para o tratamento cirúrgico, decorrente da condição da doença metastática ou então da situação geral do paciente, podendo, nestas condições, optar por um tratamento local de ablação por radiofrequência, principalmente nas lesões menores de 3 em e que não estejam próximas de grandes vasos ou da via biliar principal. Nas Figuras 47.7 a 47.9, observamos, em peças cirúrgicas, lesões localizadas no reto, cólon sigmóide e ascendente, respectivamente. • Quimioterapia: Em pacientes selecionados, a quimioterapia tem demonstrado melhorar a sobrevida, e a sua utilização deverá ser procedida conforme a classificação TNM: Estágio 1: Devido à excelente expectativa de sobrevida de 5 anos (80 a 100%), não é indicada terapia adjuvante nesses pacientes. Estágio 11: A expectativa de sobrevida de 5 anos é de 50 a 75%. A utilização da quimioterapia, com ausência de comprometimento ganglionar, é discutível e, por ora, a quimioterapia não deve ser utilizada. Estágio DI: A sobrevida de 5 anos é de cerca de 30 a 50%. O tratamento adjuvante com fluoruracila e levamisol tem demonstrado redução em 33% de mortalidade, além de aumentar o período de ausência de doença, em 42 meses, de 47 para 63%. Para o câncer retal, a combinação de rádio e quimioterapia é recomendada nos estágios II e III, melhorando a sobrevida e reduzindo a incidência de infiltração pélvica. Trabalhos recentes demonstram, em estudos randomizados, a importância da radioterapia pré- e pós-operatória no câncer do reto em reduzir de forma significativa a recorrência local e o número de óbitos relacionados diretamente com a doença. A combinação rádio-quimioterapia apresenta resultados superiores aos da radioterapia aplicada de forma isolada. Preconiza-se, atualmente, a utilização da radioterapia no pré-operatório do câncer retal, uma vez que o seu emprego no pós-operatório poderá ser retardado em muitas situações, em decorrência de complicações cirúrgicas. Em nosso meio, conforme relatado por Habr-Gama et al. (1998), 118 pacientes com adenocarcinoma de reto distal, e sem metástases a distância, foram submetidos, no pré-operatório, a radioterapia com dose de 5.040 Gy mailto:Resumosacademicos21@gmail.com Res����ac����ic��21@g�a��.co� Cân�e� C�l���et�� por 6 semanas, e quimioterapia com leucovorin e 5-fluoruracila nos três primeiros e três últimos dias da radioterapia. Em seguimento médio de 36 meses, observou-se incidência de recorrência local de 4,3%, e local, associada a metástases distantes, em 6,7% dos doentes. Esses resultados foram considerados animadores. Cerca de 20% dos pacientes com TMCR apresentam metástases por ocasião do diagnóstico, e outros 30% vão desenvolver metástases a distância, com sobrevida média aos 5 anos de 5%. A ressecção de metástases isoladas do fígado aumenta a sobrevida aos 5 anos para 30%. Recentemente, nova droga quimioterápica foi apresentada: o irinotecan (CPT 11), desenvolvido na França, com resultados favoráveis em 24% dos casos em que não houve resposta ao fluoruracila, e de 32% quando foi utilizado como droga primária. Esquemas terapêuticos utilizam o irinotecan em doses semanais em pacientes previamente submetidos a tratamento com fluoruracila e que não obtiveram resultados e que apresentam a doença em forma avançada, conseguindo, desta forma uma resposta objetiva em até 20% dos casos. A dose utilizada é de 100 mg/m2, em infusão venosa com duração de 60min, por 4 semanas consecutivas, com posterior descanso de 2 semanas para avaliação de resultados e de efeitos colaterais. Outra droga utilizada, inibidor específico da sintetase do timidilato, denominada Tomudex, mostrou resultados semelhantes aos da associação do fluoruracila com leucovorin, porém com menos toxicidade. Mais recentemente, novo produto foi lançado, com grande esperança nos casos avançados de câncer colorretal com metástases. É o bevacizumabe (Avastin®-Roche), um anticorpo monoclonal humanizado recombinante, produzido por tecnologia de DNA recombinante, que tem apresentado resultados altamente satisfatórios quando utilizado como tratamento de primeira linha em combinação com quimioterapia à base de fluoropirimidina. Mesmo com a introdução de novas drogas e variados esquemas, a combinação mais utilizada para o tratamento quimioterápico dos TMCR continua sendo o fluoruracila, potencializado com o leucovorin e imunoestimulado com o levamisol. • SEGUIMENTO PÓS-CIRURGIA: Pacientes operados em decorrência dos TMCR deverão ter acompanhamento programado, no sentido de detectar precocemente qualquer recorrência e/ou metástase. A colonoscopia poderá ser realizada após 6 meses a 1 ano da cirurgia, para verificar a recorrência local. Na ausência de tumor ou de pólipos, deverá ser realizada a cada 2 anos, no sentido de procurar pólipos ou tumores metacrônicos. Na presença de um nível elevado do CEA por ocasião da cirurgia, esse exame deverá ser repetido a cada 3 meses no primeiro ano e, depois, a cada 6 meses por mais 4 anos. A elevação do CEA é sugestiva de recorrência do tumor, requerendo a realização de colonoscopia e tomografia do abdome e tórax, por vezes !laparoscopia, no sentido de localizar metástases. De fato, a determinação seriada do CEA é recomendada como rotina de vigilância. Mais recentemente, a introdução de nova tecnologia (PET-SCAN), em que há uma combinação de tomografia computadorizada de alta resolução com mapeamento corporal por radiofármacos captados por tumores, permite a detecção precoce de metástases e poderá ser utilizada no acompanhamento dos pacientes operados, quando ocorre elevação do marcador tumoraL O fígado é a sede mais frequente
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