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A VOLTA DA CPI AS LACUNAS SOBRE VACINA, CORRUPÇÃO E FAKE NEWS NO COMBATE À PANDEMIA Veja as perguntas que a CPI da Covid quer responder na retomada dos trabalhos e entenda os impactos das investigações no governo Bolsonaro. 31/07/2021 16h10 • Atualizado 31/07/2021 17h26 Revelações trazidas na fase anterior pela CPI da Covid no Senado, que foi de abril a julho, trouxeram à tona suspeitas de irregularidade e corrupção nas negociações por vacinas, mas ainda há uma série de pontos a serem esclarecidos. Em paralelo, o presidente Jair Bolsonaro age para tentar blindar seu governo. 00:00/00:00 Erro ao carregar o recurso de vídeo. Ocorreu um problema ao tentar carregar o vídeo. Atualize a sua página para tentar novamente. A partir de agosto, a CPI vai se aprofundar nas seguintes linhas de investigação: 1 COMPRA DA VACINA COVAXIN POR INTERMÉDIO DA PRECISA A vacina indiana foi a mais cara contratada pelo governo federal e negociada em tempo recorde por meio da empresa Precisa Medicamentos, que era a representante no Brasil do laboratório Bharat Biotech. O servidor do Ministério da Saúde Luis Miranda relatou ter sofrido pressão de seus superiores para liberar a importação do imunizante, apesar de indícios de irregularidade na documentação. As suspeitas foram relatadas por ele e o irmão, que é o deputado federal Luis Miranda, ao presidente Bolsonaro. O contrato da vacina foi suspenso em junho, quando as suspeitas vieram à tona, e acabou cancelado no fim de julho. 1. Bolsonaro mandou ou não apurar suspeitas de fraude levantadas pelos irmãos Miranda? Se não tomou providências, qual foi o motivo? 2. A primeira invoice (nota fiscal de importação) enviada pela Precisa previa pagamento antecipado de US$ 46 milhões a uma empresa em Singapura chamada Madison, que não constava do contrato com o Ministério da Saúde. A companhia era de fachada, como suspeita a CPI? Houve fraude nos documentos do contrato? 3. O ex-diretor de logística Roberto Dias é acusado de pressionar pela liberação do imunizante, apesar dos indícios de fraude na documentação, como o nome errado da fabricante, a farmacêutica Bharat Biotech. Dias teria algum benefício no contrato? 4. Após três meses sem tomar providências, a Polícia Federal chamou para depor Francisco Maximiano, sócio da Precisa, e a diretora da empresa, Emanuela Medrades, às vésperas do depoimento deles na CPI. Por esse motivo, ambos passaram a ser investigados, o que os liberou de assumir o compromisso de falar a verdade na comissão. Isso porque quem é investigado tem o direito de não produzir provas contra si mesmo. Por que a PF marcou para ouvi-los somente quando havia previsão de deporem à comissão? “Pô, que presidente é esse que tem medo de pressão de quem tá fazendo errado? De quem desvia dinheiro?” Luis Miranda, deputado federal. 2 NEGOCIAÇÕES PARALELAS DE VACINA Integrantes do Ministério da Saúde participaram de duas negociações paralelas com empresas que se diziam intermediárias de fabricantes de vacina. Uma envolvia a oferta de 400 milhões de doses da AstraZeneca por meio de uma empresa americana chamada Davati Medical Supply, que se apresentava como representante do laboratório. A farmacêutica, porém, diz não trabalhar com intermediários. A outra negociação tratava de vacinas da CoronaVac. A empresa World Brands, com sede em Itajaí (SC), ofereceu imunizantes ao ministério pelo triplo do preço que o governo tinha pagado ao Instituto Butantan, único parceiro no Brasil do laboratório chinês Sinovac, fabricante da vacina. 1. Por que o Ministério da Saúde, em vez de procurar diretamente a AstraZeneca, sentou para negociar 400 milhões de doses da vacina com um policial militar e um reverendo, que tinha o aval para tratar do assunto em nome do governo? 2. Em meio a falta de vacinas no mundo, o governo não suspeitou da oferta de 400 milhões de doses? 3. Houve pedido de propina por Roberto Dias? 4. Qual a influência de Helcio Bruno para viabilizar a reunião do PM e do reverendo com Elcio Franco? 5. Por que o Ministério da Saúde abriu uma negociação paralela com a World Brands, que se dizia intermediária da CoronaVac, em vez de negociar diretamente com o laboratório chinês Sinovac, além de discutir um preço bem mais alto do que o pago ao Instituto Butantan? “A compra vai acontecer, tá? Estamos na fase burocrática. Em off, só você sabendo, quem vai assinar é o Dias mesmo, ‘tá?” Dominghetti, policial militar 3 FINANCIAMENTO DE NOTÍCIAS FALSAS SOBRE COVID A defesa do uso de remédios sem eficácia e a propagação de informações que minimizaram os efeitos da doença dificultaram, conforme médicos e cientistas disseram à CPI, o controle da pandemia e a adoção de medidas de proteção. 1. Senadores avaliam que o presidente Bolsonaro se aconselhava com um “gabinete paralelo” na gestão da pandemia, com pessoas de fora do governo que defendiam, por exemplo, medicamentos ineficazes contra a Covid. Houve financiamento para propagar essas notícias em massa nas redes sociais? 2. O empresário Carlos Wizard, que era próximo do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, teria ajudado a financiar a propagação dessas notícias falsas? Qual a relação dele com o Ministério da Saúde? 3. Essa propagação ganhou impulso de dentro do Planalto por meio do “gabinete do ódio” e de empresas de publicidade que têm contrato com o governo? 4. Responsável por abrir as portas para a Davati e um reverendo, Helcio Bruno também atuou na difusão de fake news? “Por orientação dos meus advogados, e em conformidade com o decidido pelo Supremo Tribunal Federal, doravante vou permanecer em silêncio. Muitíssimo obrigado.” Carlos Wizard, empresário 4 INVESTIGAÇÃO AMPLIADA Durante os trabalhos, a CPI obteve informações que abriram frentes de investigação para além das negociações sobre vacina. Uma delas envolve um contrato com indícios de sobrepreço firmado entre o Ministério da Saúde e uma empresa de logística. Outra apuração que recebe especial atenção recai sobre a gestão de hospitais federais do Rio de Janeiro e a suspeita de fraude e desvio em contratos. Contrato maior que o recomendado Senadores apuram um contrato da VTCLog, empresa de logística e de armazenamento de insumos para a Covid, firmado com o Ministério da Saúde. O Departamento de Logística, à época comandado por Roberto Dias, autorizou um pagamento de um valor 18 vezes maior que o recomendado pela área técnica. A consultoria jurídica da pasta questionou a negociação, mas, mesmo assim, Dias deu aval à continuidade do contrato. Em meio às apurações, a quebra do sigilo telefônico do então diretor de Logística revelou contatos frequentes com Andréia Lima, diretora da VTCLog que negociava a parceria. 1. Por que Roberto Dias autorizou contrato com a VTCLog em um valor 18 vezes mais alto do que o recomendado por técnicos do Ministério da Saúde? 2. Qual o motivo dos 135 telefonemas entre Roberto Dias e Andréia Lima? 3. Quais outras empresas estão vinculadas à VTCLog? Essas companhias receberam verba pública? “Fica pra gente muito claro, até o presente momento, que o ex-diretor Roberto Dias é uma peça fundamental em torno do assunto VTCLog” Eliziane Gama, senadora Os recursos e os donos dos hospitais federais do Rio Em depoimento à CPI, o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel afirmou que os hospitais federais no hospital são “intocáveis” e “têm dono” e que há um esquema de corrupção na saúde local. Segundo Witzel, as irregularidades envolvem contratos entre organizações sociais e os hospitais fluminenses. Senadores já quebraram os sigilos fiscais e bancários dessas organizações e preveem a convocação de gestores e ex-gestores. 1. Alguém de fora do Ministério da Saúde teria influência sobre a gestão dos hospitais federais fluminenses? Se sim, quem e como? 2. Houve “sabotagem” na concessão de leitos? 3. O ex-governador também disse que existe uma “máfia” na saúde fluminense. Houve atuação da milícia durante a pandemia? 4. Houve esquema de corrupção por meio de organizações sociais e empresas? Essas empresas teriam ligações com políticos?
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