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PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL DOCENTE: JOSCILANE BRITO Boas vindas ao semestre 2021.1!!! 3 PLANO DE AULA UNIDADE DE ENSINO 1: CONTEXTO HISTÓRICO, SOCIAL E NORMATIVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL • SEÇÃO 1: Contexto histórico e social da deficiência. • SEÇÃO 2: Políticas públicas em educação especial na perspectiva da educação inclusiva. • SEÇÃO 3: Desafios da inclusão escolar nos dias atuais. 4UNIDADE DE ENSINO 2: EDUCAÇÃO INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL E OS SERVIÇOS OFERECIDOS PELA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA • SEÇÃO 1: Diretrizes normativas da educação especial na perspectiva da educação inclusiva. • SEÇÃO 2: Serviços oferecidos pela educação especial na perspectiva da educação inclusiva. • SEÇÃO 3: Inclusão escolar na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. 5UNIDADE DE ENSINO 3: PÚBLICO-ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: DEFINIÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E INTERVENÇÃO • SEÇÃO 1: Público-alvo da educação especial: caracterização dos comportamentos definidores. • SEÇÃO 2: Público-alvo da educação especial: caracterização dos comportamentos definidores. • SEÇÃO 3: Público-alvo da educação especial: estratégias de intervenção 6 UNIDADE DE ENSINO 4: POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL SEÇÃO 1: As deficiências e o trabalho do psicólogo na comunicação do diagnóstico às famílias. SEÇÃO 2: Possibilidades de intervenção do psicólogo na educação especial na perspectiva da educação inclusiva. SEÇÃO 3: Estratégias para intervenção do psicólogo na elaboração de currículos de ensino. 7 FERRAMENTAS DE PESQUISA Biblioteca Virtual como ferramenta de apoio ao estudo. • https://biblioteca-virtual.com/unopar Contexto histórico e social da deficiência na Educação Especial a partir da perspectiva da Educação Inclusiva 8 O QUE É INFÂNCIA ? 9 10 NOÇÃO DE INFÂNCIA Noção de infância Obra clássica de Philippe Ariès – Historiador francês “História social da criança e família” Analisar a infância do ponto de vista histórico, apontando sobre a sua situação nos dias atuais Análise iconográfica – famílias europeias- séc VII em diante A influência do processo de escolarização com o sentimento de infância e de família. Passando por alterações significativas ao longo da história. A infância é uma invenção recente! 11 Baixa Idade Média: Construção do “sentimento de infância”. Ausência das crianças nas representações pictóricas. Não havia distinção entre o mundo dos adultos. Noção de privacidade. Ex.: vida sexual dos adultos não era algo oculto das crianças. Alto índice de mortalidade. O que aconteceu para que começasse a se construir uma nova visão sobre a infância? 12 Diminuição da mortalidade infantil e a possibilidade de apego, restrita até então, devido às altas taxas de mortalidade na Idade Média Surgimento de uma nova moral baseada na necessidade de preservação da inocência e da racionalidade supostas nesta fase da vida Influência das reformas católicas e protestantes que criaram o “sentimento de infância”. 13 Forma-se uma visão ambígua sobre a criança: • Ingênua e inocente. • Um ser inacabado, incompleto CURIOSIDADE!!! Um indivíduo só conseguia legitimar sua própria identidade depois que conseguisse passar uma certa idade, sendo capaz de realizar atividades semelhantes aos adultos. 14 “A infância não é um tempo, não é uma idade, uma coleção de memórias. A infância é quando ainda não é demasiado tarde. É quando estamos disponíveis para nos surpreendermos, para nos deixarmos encantar.” Mia Couto, 2015. 15 A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE DEFICIÊNCIA Pré-história Quem não ajudava na caça e na pesca era abandonado em lugares perigosos. Antiguidade: a sociedade organizada em hierarquias visando às atividades econômicas, como agricultura e artesanato. Sustenta-se em ideais de perfeição As pessoas que não atendiam aos padrões estabelecidos pela sociedade eram eliminadas ou abandonadas. 16 Exemplos: Em Esparta, aqueles que não apresentavam comportamentos típicos para um guerreiro eram sacrificados. Em Atenas, cultuavam-se o belo e a perfeição pelo corpo. Em Roma, os indivíduos com deficiência eram vendidos no mercado de escravos ou tinham como função divertir os convidados da alta sociedade. Deficiência era provocada por um agente externo, marcada por abandono, eliminação, escravidão. 17 Idade Média: Ocorre uma transformação no tratamento dispensado às pessoas com deficiência. Modifica-se devido à disseminação do Cristianismo na Europa. A rejeição transforma-se na ambiguidade proteção/segregação ou, em nível teológico, no dilema caridade/castigo. Em meados do século XIII, foi criada a primeira instituição para indivíduos com deficiência, na Bélgica. O tratamento visava à alimentação, realização de exercícios e aspiração de ar puro para minimizar os efeitos da deficiência. A deficiência passou a ser concebida, por um lado, como um sinal de manifestação do pecado cometido pelos pais ou familiares. 18 Idade Moderna: Aliado ao um sistema de produção com base no capitalismo mercantil, as pessoas com deficiência não são produtivas e oneraram a sociedade. Idade contemporânea: Surgem as primeiras investigações científicas sobre as questões relacionadas às deficiências Preocupação com a insuficiência cultural, biológica e educacional oriunda da deficiência Exemplo: estudos de Jean Itard em relação ao caso do Menino Selvagem 19 SITUAÇÃO - PROBLEMA Após estudarmos os diferentes momentos históricos, vamos voltar no tempo e imaginar que estamos na Pré-história. Dentre as principais características desse período, destacam-se: o nomadismo, como estilo de vida; a caça e a pesca, como mecanismos de sobrevivência. Durante a caça, um integrante da tribo foi atingido na região dos olhos por um animal que o atacou. Sem conseguir enxergar, ficou perdido e abandonado na floresta. Com a chegada do inverno naquela região, seus companheiros se deslocaram para outro local em busca de novos alimentos, como fazem os povos nômades. Tendo como base esse período histórico e a concepção que existia sobre as pessoas que não contribuíam com a caça e a pesca, qual seria o tratamento destinado a esse membro da tribo? CURTA-METRAGEM- VIDA MARIA. 20 Reflexão... 21 Pergunta... 22 Houve uma época na qual as pessoas não possuíam uma habitação fixa, pois dependiam das condições alimentares presentes em cada ambiente. Nessa época, o povo nômade sobrevivia da caça e da pesca e, por essa razão, aqueles que não contribuíam com tais práticas eram abandonados em lugares perigosos. Nesse contexto, é importante ressaltar que os excluídos englobavam qualquer um que não contribuía com a caça e a pesca. O autor está se referindo a qual período histórico: a) Antiguidade b) Pré-modernidade c) Era pós moderna d) Pré-historicidade e) Pré-história 23 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL A Primeira República e interesse nos estados inferiores da inteligência. profissionais que estudavam na Europa voltaram entusiasmados com o intuito de modernizar o Brasil. Os médicos foram os primeiros a estudar os casos de crianças com prejuízos mais graves e criaram instituições para crianças junto a sanatórios psiquiátricos. 1900: “4° Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia”: Carlos Eiras apresentou sua monografia intitulada: “A Educação e Tratamento Médico-Pedagógico dos Idiotas”. 24 Maior interesse pelas pessoas com deficiência após medidas ligadas ao higienismo e à saúde pública. Movimento higienista: - século XIX e início do século XX; - Orientação positivista; - Formado principalmente por médicos; - Buscava influenciar o Estado para obter investimentos; - Regulação não só da saúde como de outras esferas da vida. 25 - Olhar voltado para a criança que não aprende; - Influenciando as ações clínicas, individualizadas e normativas em psicologia nas escolas.Essas ações são limitadas tanto para investigar, quanto para intervir em problemas. Contudo, perdurou por muitos anos e influencia até hoje as expectativas do trabalho do psicólogo escolar em instituições educacionais. - Primeiro modelo de atuação do psicólogo. • Utilizava de testes psicométricos; • Técnicas e estratégias de ajuste; • Esse paradigma de atuação apenas situava o profissional dentro da escola, mas não diretamente sobre ela e para ela. 26 A presença da psicologia da educação se deu principalmente através da criação de critérios para classificar, agrupar, quantificar os sujeitos que não estavam dentro dos padrões ideais dominantes de uma época. Rótulos... • Normais e anormais; • Idiotas, imbecis e retardados; • Criança problema; • Carente ou deficiente. 27 A concepção de deficiência predominante era a de que se tratava de uma doença, em geral atribuída à sífilis, tuberculose, doenças venéreas, pobreza e falta de higiene. Século XX - fase de estruturação da república: - discrepâncias regionais mais acentuadas; - Transformações político-sociais; - Mudanças na educação. 28 Antes da primeira Guerra Mundial: - Estagnação econômica; - Sistema dualista (elite nacional e classe média); - As classes populares não tinham acesso a educação. Depois da primeira Guerra Mundial: - “surto industrial” - Mudanças no modelo econômico - Demanda por mão de obra qualificada. - Inicia-se um processo de popularização da escola primária pública. 29 - redução do tempo de estudo e a multiplicidade dos turnos = política de educação popular reduzida. A vertente psicopedagógica da educação de pessoas com deficiência no Brasil ganha força. Movimento do Escolanovismo: - poder da educação e democratização do ensino; - interesse pelas pesquisas científicas; - preocupação em reduzir as desigualdades sociais e em estimular a liberdade individual da criança; - Enquanto grandes pesquisas estatísticas e psicométricas vinham sendo desenvolvidas. 30 Cunha (1988) aponta um contraponto do movimento higienista: que apesar de defender a diminuição das desigualdades sociais, ao enfatizar as características individuais, a proposição de ensino adequado e especializado, a adaptação de técnicas de diagnóstico e especificamente do nível intelectual, muito contribuiu para a exclusão dos diferentes das escolas regulares naquela época. Passou-se haver uma obrigatoriedade do ensino, ao mesmo tempo em que a segregação daqueles que não atendiam as exigências escolares, passou a ser justificada pela adequação da educação que lhes seria oferecida. 31 A situação da educação de pessoas com deficiência intelectual no Brasil, até por volta de 1935: - Não houve solução escolar para elas; - As conceituações sobre deficiência eram contraditórias e imprecisas; - A concepção de deficiência intelectual englobou diversas e variadas crianças, com comportamentos divergentes das normas sociais estabelecidas pela sociedade e então veiculadas nos padrões escolares. - A escassa educação dos pessoas com deficiência intelectual neste período representava síntese dos enfoques e procedimentos primeiramente franceses e posteriormente europeus e norte-americanos. 32 Século XX no Brasil: - despreocupação com a conceituação, com a classificação e com a criação de serviços. - A pequena seleção dos “anormais” na escola ocorria em função de critérios ainda vagos e baseados em “defeitos pedagógicos” e os escolares considerados, por exemplo, como “subnormais intelectuais”. 33 UM DADO CURIOSO!!! Pesquisa realizada pelo médico psiquiatra e psicólogo social Arthur Ramos: - 2 mil crianças de escolas públicas do Rio de Janeiro, consideradas “crianças problemas”; - Foram acompanhadas durante cinco anos (de 1934 a 1939) no Serviço de Higiene Mental do Escolar. Concluiu-se que: - somente uma porcentagem insignificante destas crianças mereceria, a rigor, a denominação de ‘anormais’, isto é, aqueles escolares que não poderiam ser educados pela escola comum. 34 ASSISTÊNCIA À DEFICIÊNCIA NO ESTADO NOVO 1937 a 1945 - Estado Novo: - forte controle estatal; - centralização da Educação; - retrocesso no processo de democratização do ensino. A ênfase na educação como equalização das oportunidades de ascensão social, vai ceder lugar às mensagens patrióticas para despertar a consciência nacional para a necessidade de centralizar o poder político. Lenta evolução e tendência para a privatização dos estabelecimentos nas instituições especializadas. 35 Pós Segunda Guerra Mundial: - houve maior expansão no número de estabelecimentos de ensino especial para pessoas com deficiência. - 1954: criada a primeira escola especial da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), no Rio de Janeiro. - 1958: Ministério de Educação começou a prestar assistência técnica- financeira às secretarias de educação e instituições especializadas. - 1961: é promulgada a Lei 4.024 de Diretrizes e Bases, com a expressão “educação de excepcionais”. 36 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) de 1961 é considerada um marco inicial das ações oficiais do poder público na área de educação especial, que antes se restringiam a iniciativas regionalizadas e isoladas no contexto: - dois artigos que tratava da “educação dos excepcionais”: - Art. 88. A educação de excepcionais deve, no que for possível, enquadrar- se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade. - Art. 89. Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos estaduais de educação, e relativa à educação de excepcionais, receberá dos poderes públicos tratamento especial mediante bolsas de estudo, empréstimos e subvenções. 37 1973: Centro Nacional de Educação Especial (Cenesp), junto ao Ministério de Educação; que iria se constituir no primeiro órgão educacional do governo federal, responsável pela definição da política de educação especial. I Plano Nacional para a Educação Especial: tendência de privilegiar a iniciativa privada em detrimento dos serviços públicos de ensino especial. 1976 a criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Sinpas). 38 1996: versão da LDBEN na qual foi inserida pela primeira vez a Educação Especial. Capitulo exclusivo sobre esse tema: o capitulo V. O conceito adotado em tal documento apresentou um caráter de transição, com adoção do termo “integrar” e não “incluir”. Integração não envolveria uma mudança radical na estrutura da escola. Lógica normalizadora, dado que se espera da criança uma adaptação às estruturas e práticas vigentes, aproximando-se da criança considerada normal. Educação inclusiva: educação para as diferenças, para a aceitação do diferente, do outro, o que pressupõe que os sistemas educacional e social devem, em alguma medida, adaptar-se para receber a criança diferente. 39 Constituição Federal Brasileira de 1988: - democratização da educação brasileira; - dispositivos para tentar erradicar o analfabetismo; - Universalizar o atendimento escolar; - melhorar a qualidade do ensino; - implementar a formação para o trabalho; - formação humanística, científica e tecnológica do país; - assegurou que a educação de pessoas com deficiência deveria ocorrer, preferencialmente na rede regular de ensino e garantiu ainda o direito ao atendimento educacional especializado. 40 1990: ocorreu uma reforma administrativa que extinguiu a SEESPE e a Secretaria Nacional de Educação Básica (Seneb) assumiu a responsabilidade de implementar a política de educação especial. A Constituição Federal de 1988 reconheceu a assistência social como dever de Estado no campo da seguridade social, e não mais como política isolada e complementar à Previdência. Havia uma centralização do recursos financeiros e políticas e políticas de educação que começou a mudar com a extinção da Legião Brasileira de Assistência (LBA) em 1995. 41 Transferência dos recursos federais paraos Fundos Municipais de Assistência Social, para prefeituras, reforçando assim a tendência de ampliação da autonomia e responsabilidade local em matéria de assistência social. Até então a LBA que financiava as instituições, definia quem deveria ou não ser atendido. Qual o resultado disso? Uma política assistencialista mais do que educacional. O QUE É UMA POLÍTICA ASSISTENCIALISTA? 42 43 Enquanto isso... - o sistema educacional público, até meados da década de noventa, o principal problema educacional do Brasil era a repetência no ensino de primeiro grau; - Os alunos demoravam em média 12 anos para completar as oito primeiras séries do primeiro grau, quando permaneciam na escola, uma vez que a média de anos frequentados pela população era de 8,6 anos (Folha de São Paulo, 2001). repetência era critério básico para o diagnóstico da deficiência intelectual 44 Aumento no encaminhamento de indivíduos com baixo rendimento escolar para os serviços de educação especial. havia problemas sérios nos procedimentos de avaliação e diagnóstico. Além disso, mais da metade da população brasileira (64,7%) vivia em níveis que variavam da miséria para a mais estrita pobreza e detinha apenas 13,6% da renda produzida no país. 45 O conceito de deficiência estava em parte sendo confundido com os problemas sociais referentes à pobreza, e particularmente relacionados à questão do fracasso escolar. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2008): Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas. 46 Deficiência e Classe: Os vínculos entre deficiência e pobreza. A deficiência é causa e consequência da pobreza As pessoas com deficiência tem menor qualificação e escolarização Cerca de 80% das deficiências têm causas associadas à pobreza No Brasil, 27% das pessoas com deficiência vivem em situação de pobreza extrema e 53% são pobres (IBGE, 2000) 47 - Entre as décadas de setenta a noventa o Ministério de Educação empreendeu três levantamentos estatísticos sobre a educação especial no país: - evolução pouco significativa da educação especial; - Mesmo nos centros mais desenvolvidos do país, não era atingido o princípio constitucional de acesso à escolaridade até os 14 anos de idade; - o acesso à escola para alunos com deficiências ainda permanecia sendo mínimo; - agravante de servir muito mais ao processo de legitimação da marginalidade social do que à ampliação das oportunidades educacionais de crianças com deficiência. 48 Os alunos com deficiência que tinham algum acesso a escola se defrontavam basicamente com duas alternativas: 1. escola especial filantrópica que não assegurava a escolarização; 2. classe especial nas escolas públicas estaduais, que mais servia como mecanismo de exclusão do que de escolarização. 49 Destaques do sistema de educação especial: - parecia se limitar a generalizar a partir do rótulo básico; - Concentrava-se na recuperação ou remediação de supostas etapas que faltavam ao aluno; - propensão de não se trabalhar assuntos acadêmicos, e de enfatizar supostos pré-requisitos para tais habilidades; - Os currículos nas classes especiais, pareciam se limitar ao desenvolvimento de programas de prontidão num modelo tipicamente remediativo que pressupunha que os problemas estivessem centrados no indivíduo. 50 - infantilização do aluno com deficiência, a partir de um raciocínio equivocado que supunha que eles deveriam aprender habilidades típicas do nível pré-escolar, para adquirir “prontidão” para a alfabetização. - A estratégia instrucional se resumia a treinar os alunos em atividades supostamente preparatórias, com ênfase na repetição. 51 Resumindo.... Conforme Ferreira (1989) sob o termo “educação especial” ainda se encontrava no Brasil até o final de década de noventa vários procedimentos para, primeiramente isolar indivíduos considerados deficientes / diferentes, e serviços centrados na função de efetuar diagnóstico para a identificação, na montagem de arranjos, enquanto que não se discutia currículo e estratégias instrucionais. 52 Ao isolar os indivíduos em ambientes educacionais segregados, rotulando-os de deficientes e tratando-os como crianças pré-escolares, a educação que lhe era oferecida acrescentava-lhes um duplo ônus: o rótulo e estigma da deficiência com a consequente exclusão social, além da minimização das suas potencialidades através de uma educação de qualidade inferior (Ferreira, 1989). 53 Classes e escolas especiais: - baseadas no principio da segregação educacional; - Transformação do ensino especial num espaço onde era legitimada a exclusão e discriminação social; - a educação especial, em um forte mecanismo de seletividade social na escola pública. 54 A educação especial no contexto da reforma de meados dos anos noventa: o advento da “educação inclusiva”? Constituição Federal de 1988 Discurso esperançoso decorrente dos direitos sociais conquistados iniciou-se uma onda de reforma no sistema educacional ações oficiais empreendidas sob a justificativa da necessidade de alcançar a “equidade”, traduzida pela universalização do acesso a todos à escola, e à “qualidade do ensino”. 55 o país vai sendo cada vez mais pressionado por agências multilaterais a adotar políticas de “educação para todos” e de “educação inclusiva sociedade inclusiva passou a ser considerada um processo de fundamental importância para o desenvolvimento e a manutenção do estado democrático, a educação inclusiva começou a se configurar como parte integrante e essencial desse processo. 56 PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL século XIX: iniciativas isoladas e precursoras na área de educação especial. Apenas na década de setenta, é que se constata uma resposta mais abrangente da sociedade brasileira a esta questão Seu início coincidindo con auge da hegemonia da filosofia da “normalização e integração” no contexto mundial. Sustentando o pressuposto da segregação escolar como melhor forma atender para atender as necessidades educacionais diferenciadas desses alunos. 57 Mudança filosófica orientada pela ideia de inserção escolar em escolas comuns. Até então tínhamos uma política tida como regida pelo princípio de “integração escolar”. Década de noventa: emergir o discurso da “educação inclusiva” ou da “inclusão escolar”. Mas há ainda um grande índice de alunos com necessidade educacionais fora de qualquer tipo de escola. As mazelas da educação especial brasileira não se limitam a falta de acesso, mas sobretudo à manutenção de uma educação apropriada. 58 resultados dos últimos 30 anos de política de “integração escolar” foi provocar uma expansão das classes especiais, favorecendo o processo de exclusão na escola comum pública. Hoje, permanece um discurso retórico da Educação Inclusiva: ideologia importada de países desenvolvidos, que representa um alinhamento ao modismo, pois não temos lastro histórico na nossa realidade que a sustente. Ao mesmo tempo é justamente pela sustentação de uma perspectiva filosófica e política acerca da Educação Inclusiva que é possível avançar. Construção de uma escola brasileira pública de melhor qualidade para todos, e ao mesmo tempo, garantir que as especificidades da população alvo da educação especial sejam respeitadas. MOMENTO PARA DÚVIDAS, REFLEXÕES E CONTRIBUIÇÕES... 59 60 “Com relação aos dados da Educação Especial, o Censo Escolar registra uma evolução nas matrículas, de 337.326 em 1998 para 700.624 em 2006, expressando um crescimento de 107%. No que se refere ao ingresso em classes comuns do ensino regular, verifica-se um crescimento de 640%, passando de 43.923 alunos em 1998 para 325.316 em 2006, conforme demonstra o gráfico a seguir” (BRASIL, 2008, p. 6). Figura1.4 | Número geral de matrículas de acordo com o Censo Escolar/MEC/ INEP Fonte: Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008, p. 6). 61 A partir da análise dos dados apresentados Figura 1.4, em conjunto com o conhecimento discutido sobre a história da Educação Especial no Brasil, julgue as afirmativas seguintes como verdadeiras (V) ou falsas (F): (.....) A Educação Especial, atualmente, é constituída como uma modalidade de ensino substitutiva ao ensino comum. (.....) A Psicologia contribuiu com as práticas segregadoras, ao utilizar as técnicas advindas da Psicometria para rotular os estudantes no início do século XX. (.....) O aumento no número de matrículas do público-alvo da Educação Especial nas escolas comuns ocorreu devido à elaboração de políticas públicas que abrangiam a inclusão escolar dessa população, a partir da implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no ano de 1996. Assinale a alternativa que corresponde à sequência correta: a) V – V – V. b) F – V – F. c) V – F – F. d) F – F – V. e) F – V – V. 62 REFERÊNCIAS Mendes, E. G. Breve histórico da Educação Especial no Brasil. Revista Educación y Pedagogía, vol. 22, núm. 57, mayo-agosto, 2010. Disponível em: https://revistas.udea.edu.co/index.php/revistaeyp/article/view/9842. Acesso em: 23/02/2021. Ferreira, J. R., 1989, “A construção Escolar da Deficiência Mental”, tese de Doutorado, Campinas, Universidade Estadual de Campinas. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/252591>. Acesso em: 23/02/2021. https://revistas.udea.edu.co/index.php/revistaeyp/article/view/9842 http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/252591 Até a próxima aula!
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