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Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria Afecções do Sistema Digestório em Ruminantes - Durante o processo de ruminação a vaca produz muita saliva, para que ajude no tamponamento (pH 8) no pH neutro do rúmen. - Durante o processo de fermentação ocorre uma grande produção de gás. Temos então a eructação, que é a eliminação de gases pela boca (arroto). - Os ácidos graxos voláteis produzidos pelas bactérias, fungos e protozoários, como metabolitos do capim são liberados e absorvidos pela mucosa do rúmen e servirá de energia para a vaca. Ácido Acético Ácido Propiônico Ácido Butírico - Abomaso: Estomago verdadeiro pH 3 Bactérias não sobrevivem ao abomaso, e a morte das bactérias geram proteínas. Todos os nutrientes são absorvidos no intestino delgado. - Nunca dar antibiótico para ruminantes via oral. Tudo deve ser injetável. - Actinobacilose Agente: Actinobacillus lignieresii Faz parte da microbiota local normal Entra por lesão nos tecidos moles ou inoculado por plantas no tecido mole. Forma granulomas Locais: língua, lábios, linfonodos 505 lesões em bovinos abatidos => 40 eram uma dessas três lesões granulomatosas: 24 actinobacilose, 10 actinomicose e 6 mastites por S. aureus Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - Sinais clínicos: Lesões em tecido mole. Língua: Não preensão de alimento, salivação, aumento de volume (língua e submandibular), doloroso, as lesões nodulares comumente estão ulceradas. Diferencial: Doença dentária e corpo estranho. Diagnóstico definitivo: Cultura - Tratamento: Iodeto de sódio (70mg/kg IV solução de 10 a 20%), administrar 1 vez e repetir com 7- 10 dias. Casos refratários: diminuir o intervalo (2- 3 dias) Recuperação rápida (diminuição de edema na língua com 48h) Casos refratários ou generalizados: associar antib. Remoção cirúrgica? - Prevenção: evitar alimentos penetrantes, lenhosos. Actinomicose Agente: Actinomyces bovis Bactéria que faz parte da microbiota local normal Entra por lesão nos tecidos moles até o tecido ósseo ou inoculado por plantas no tecido mole. Forma granulomas Locais: Lesões mandibulares com desenvolvimento de reação periostal e formação óssea nova. Ocasionalmente lesões na cabeça, esôfago, estômagos e traqueia. 505 lesões => 10 actinomicose - Sinais clínicos: Uma massa no osso da mandíbula. Pode haver fístula Lesão dura, imóvel, sem dor (raíz de dente) Diferencial: Fratura e abscesso em raiz dentária Diagnóstico definitivo: RX pode ajudar (fratura patológica) = osteomielite com reação periostal. Cultura (difícil) ou esfregaço. - Tratamento Fístula: lavar com iodo Iodeto de sódio (70mg/kg IV solução de 10 a 20%) repetir a cada 7-10 dias. Isoniazida 10 mg/kg/dia VO por 1 mês. Pode-se associar antib. Remoção cirúrgica? Foi tentada curetagem (dia 2, 9 e 16) + crioterapia (alto sangramento) - Prevenção: evitar alimentos penetrantes, lenhosos. Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria Diarreia Viral Bovina – Doença das Mucosas Agente: Vírus BVD Afeta outros sistemas: reprodutor, respiratório, circulatório, imunológico, SNC. Transmissão: vertical e horizontal contato direto, especialmente mucosa direta (coito) ou indireta secreções, excreções e fômites. Principal FI: animais PI (persistentemente infectado) transmissão contínua (1-2%, baixa tx de sobrevivência) Distribuição mundial - Sinais clínicos: Assintomático até fatal 90% sem sintomas clínicos BVD aguda: infecção pós-natal em animal com capacidade de resposta Diarreia: oronasal => replica na mucosa nasal e tonsilas => até 15 dias de viremia => baço, timo, linfonodos, epitélio do TGI e trato respiratório = podem ser locais de multiplicação viral. Apatia, descarga oculonasal, anorexia, febre, erosões na mucosa oral e diarreia. - BVD Imunossupressão: Causa diminuição quali e quantitativa de leucócitos = contribui para manifestação de outras doenças: actinomicose, estomatite, enterites, metrites e mastites - BVD doença respiratória: Importante no complexo da doença respiratória. - BVD na doença reprodutiva (+ importante): Falha na fertilização, morte fetal, defeitos congênitos (comum), aborto. - BVD crônica: Anorexia, perda de peso, erosões na mucosa oral, diarreia e alopecia. - Necropsia de animais com doença das mucosas: Lesões erosivas e úlceras na boca, língua, esôfago, rúmen, omâso, abomaso, intestinos, cavidade nasal, lesões de pele (BVD crônica) hiperqueratose no pescoço,ombro, períneo. Lesões erosivas no períneo, prepúcio, espaço interdigital, coroa do casco. - Diagnóstico: Como as manifestações clínicas da BVD são diversas, o diagnóstico definitivo é laboratorial: Isolamento viral (gold), PCR, sorologia, detecção direta do agente: ELISA e imunohistoquímica (PI, amostra de biópsia de pele, diferencia vacinado de infectado) - Tratamento: Suporte e prevenção de infecção secundária - Prevenção e controle: Identificar e eliminar PI Vacinação Biossegurança: impedir a entrada de animais PI A prevalência de PI é baixa = alto custo de testes. Avaliar os índices produtivos, PCR em tanque, em pool e testar BVD em fetos abortados, doentes e mortos. Timpanismo Gasoso ou Espumoso Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - O acúmulo de gás não é a causa, mas a consequência de uma alteração. - Obstrução física por corpo estranho: causa um aumento rápido (plástico, pellets) Hipocalcemia Acidose ruminal Toxinas Dor, especialmente abdominal Febre Diminuição da erutação: diminuição do reflexo de abertura do cardia nos casos de decúbito. - Alteração da função motora do rúmen e retículo: - Alteração do conteúdo do rúmen FUNÇÃO MOTORA NORMAL 1 MR/min => 2 a 3 Movimentos Ruminais em 3 min - TIMPANISMO GASOSO Estase ruminal / atonia ruminal= timpanismo Hipocalcemia, acidose ruminal, toxemia - TIMPANISMO ESPUMOSO Consumo de leguminosas (alfafa) e em animais que consomem altos níveis de concentrado - Sinais clínicos: Hiporexia a até anorexia Distensão do abdômen = levando a dor (arqueamento do dorso, relutância, chutar abdômen) e dificuldade respiratória. Palpação (rúmen) = perda da estratificação Auscultação: Atonia ou hipermotilidade ruminal Fezes: ausentes, pastosas, superdigeridas Ao colocar sonda no gasoso há liberação de altas quantidades de gás, no espumoso só um pouco. -TRATAMENTO: Passagem de sonda 2,3m e pelo menos 1cm diâmetro Trocáter (uso quando o animal tem dificuldade para respirar). Para espumoso usar agentes para liberar gás: Óleo de cozinha, mineral: 250-500mL e analgésico Fazer o animal caminhar - PREVENÇÃO: 10-15% de fibra efetiva mínima (3cm), dar junto com o concentrado ou antes. Monensina sódica ionóforo => antibiótico modulador da fermentação ruminal. Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria Acidose Lática Ruminal - Ingestão de altas quantidades de alimentos ricos em carboidratos prontamente fermentáveis (milho, trigo, subprodutos de padaria, frutas). - Acidental, troca abrupta - Tempo mínimo de adaptação ruminal: 3 dias Ideal: 3-5 semanas - Aguda e crônica (pH 5,2-5,5) - pH ruminal normal: 6 a 7 - PATOGENIA: Ingestão de quantidade excessiva de carboidrato altamente fermentável Em 2-6h ocorre uma grande mudança na microbiota Aumento de Streptococcus bovis que produz ácido lático / lactato. pH vai caindo,protozoários e bactérias celulolíticas morrem. Lactato causa aumento de osmolalidade Lactato é absorvido (rúmen e intestino) pH diminui => amplitude e frequência dos movimentos ruminais caem pH 5 = atonia (8-12h) - timpanismo Diarreia: diminuição de absorção de água no cólon Acidose sistêmica: sistema tampão de bicarbonato no sangue neutraliza + eliminação do CO2 por aumento da FR Descompensada: bicarbonato reduz, pH cai, pressão sanguínea cai, diminui oxigênio nos tecidos = mais lactato. - Consequências: Morte em 24-48h Ruminite química Ruminite micótica (4-6 dias depois) Ruminite crônica (acidose lática crônica) Hiperqueratose ruminal espessamento do estrato córneo (acidose lática crônica) Abscessos hepáticos Laminite (aguda e crônica) = alteração da hemodinâmica microvascular periférica (substâncias vasoativas) - Patologia clínica: Suco ruminal / líquido ruminal pH < 5 Sem protozoários Desidratação Aumento de lactato sérico Confirmação diagnóstica: pH < 5 - ANÁLISE DO LÍQUIDO RUMINAL COLETA: Por sonda 500ml 4-8h após a refeição Aspiração percutânea 20 cm atrás da última costela Altura da soldra (patela) Anestesia local Perpendicular a pele - Cores do líquido ruminal: Verde Verde oliva Marrom esverdeado Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - ANÁLISE DO LÍQUIDO RUMINAL - Cor leitosa a acinzentada (acidose) - Esverdeado a preto = Estase, putrefação - pH 8-10 saliva ou putrefação Gotas do líquido em lâmina: vídeo microbiota ruminal: https://www.youtube.com/watch?v=M0xfyy82Kt Y - Acidose: não há ou mortos - Coloração de gram Normal: Gram – Acidose: Gram + - Cheiro: ácido / azedo / vinagre - Teste do azul de metileno: 1ml de sol. de azul de metileno 0,03% + 20ml de suco de rúmen Em outro tubo coloca-se só o suco de rúmen 1 - 3min: microbiota altamente ativa > 15 min: anorexia, acidose - Sinais clínicos: Depressão Desidratação – 6% até 10-12% Distensão abdominal Diarreia – profusa, odor ácido, grãos não digeridos Anorexia Temperatura normal ou baixa Taquicardia: 100 bat/min melhor prognóstico 120-140 = reservado Taquipneia: 60-90 mov/min - Sinais clínicos: Rúmen cheio de líquido Atonia ruminal pH < 5 48h decúbito em autoauscultação - Tratamento de animais com decúbito, depressão, hipotermia, grande distensão abdominal por fluídos, FC 110-130 bat/min, pH < 5 Ruminotomia + fluidoterapia Esvaziar o rúmen, lavado e sifonado Transfaunação 10-20L Colocação de feno Não administrar antiácidos = alcalose e prejuízo a microbiota Fluidoterapia Tentar levantar em 6-12h - CASOS MENOS SEVEROS: animal em pé - Tratamento: LAVAGEM RUMINAL Sonda + água morna Enche o rúmen e depois deixa a gravidade 10-15 vezes Transfaunação 10-20L Fluidoterapia AINE Movimentar o animal https://www.youtube.com/watch?v=M0xfyy82KtY https://www.youtube.com/watch?v=M0xfyy82KtY Material produzido e organizado por Juliana Navarro - @igveterinaria - CONTROLE E PREVENÇÃO Adaptação as novas dietas (vaca de leite período de transição 3 semanas antes do parto, 3 semanas depois do parto). A cada 3 dias diminuir a quantidade de forragem em 10% Dieta total Ionóforos – Monensina Ionóforos - manipulação da fermentação ruminal = aumentar a formação de ác. propiônico, diminuir metano e reduzir a proteólise no rúmen. Antibióticos que inibem seletivamente o crescimento de microrganismos do rúmen. inicialmente utilizados como coccidiostáticos para aves, mas a partir da década de 1970 começaram a ser utilizados na dieta de ruminantes. Monensina, lasalocida e salinomicina.
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