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Permeabilidade e relações hídricas nas células vegetais Dra. Amanda Cristina Esteves Amaro Fisiologia Vegetal 1. Introdução; 2. Célula vegetal; 3. Relações energéticas; 4. Potenciais; 5. Processos do movimento da água na natureza. Plano de aula A água: • É uma das substâncias mais importantes do nosso planeta; • As plantas vasculares estão entre os primeiros organismos de que se tem registro fóssil (≅ 450 milhões de anos); Desenvolvimento de raízes Sistema vascular Epiderme Estômatos • Disponibilidade de água limita a produtividade de ecossistemas. Absorver e transportar água Conservar água 1. Introdução Tecidos metabolicamente ativos 80 a 95% H2O; Tecidos lenhosos 35 a 75% H2O; Tecidos metabolicamente inativos: o Plantas tolerantes à dessecação 20% H2O; o Sementes secas 5 a 15% H2O. • A maior parte da água absorvida pelas raízes é transportada pela planta e evaporada pelas folhas Transpiração; • Para cada 2g de matéria orgânica produzida ≅1L H2O é absorvido, transportado e perdido para a atmosfera. Importância das relações hídricas: • Diversidade de funções fisiológicas e ecológicas que a água exerce; • Absorção de água pelas células gera uma força Turgor: Turgor mantém as plantas eretas Ausência de tecidos de sustentação; Turgor é essencial para muitos processos fisiológicos: o Alongamento celular; o Trocas gasosas; o Transporte no floema. • Água é substrato de importantes processos da fotossíntese; • Movimento de nutrientes; • Locomoção de gametas no tubo polínico. • Plantas são conjuntos de células, as quais atuam em conjunto; (Taiz; Zeiger, 2013) • Parede celular, membrana plasmática e vacúolo são as 3 características estrutu- rais que mais contri- buem para as relações hídricas das células vegetais. 2. Célula vegetal Parede celular: Funções primordiais: • Regula o tamanho e o volume da célula; • Determina o formato da célula; • Absorção, transporte e secreção de substâncias; • Defesa contra patógenos. Composição: • Celulose; • Compostos pécticos; • Hemicelulose; • Lignina; • Suberina; • Cutina; • Ceras; • Proteínas. Composição varia de acordo com o tipo de célula. • Lamela média: rica em pectina, liga firmemente as células adjacentes. • Tipos de parede celular: parede celular primária e parede celular secundária. Parede celular primária: • São formadas, primeiro, na última fase da mitose; • Plasticidade; • Tipicamente finas (< 1µm); • Células jovens e em crescimento; • Campos de pontoação primários. (Raven et al., 2001) Parede celular secundária: • Formação ocorre quando a maior parte do crescimento foi concluído; • Elasticidade; • Mais espessa e resistente que a P.C. primária; • Resistência lignina; • Pontoações. Três camadas de parede secundária Parede primária Lamela média (Raven et al., 2001) (Taiz; Zeiger; 2013) Membrana plasmática: • A membrana plasmática regula a entrada e saída de solutos: O tonoplasto também possui esse papel vacúolo é o compartimento de reserva de solutos. • Organização estruturalmodelo mosaico fluído: Proteínas: integrais, periféricas e ancoradas. (Taiz; Zeiger; 2013) • A permeabilidade de membrana depende da composição da membrana, assim como da natureza do soluto; • As membranas apresentam proteínas de transporte, as quais facilitam a passagem de determinados íons e moléculas. Aquaporinas proteínas integrais de membrana canais seletivos à água. (T ai z; Z ei ge r, 2 0 1 3 ) o Água difunde-se mais rapidamente por esses canais do que pela membrana; o Podem ser reguladas em resposta a parâmetros fisiológicos, como pH e Ca2+. Plasmodesmos: • Unem os protoplastos das células vegetais adjacentes; • Canais estreitos (30 a 60nm) revestidos pela membrana plasmática e atravessados por um túbulo de retículo endoplasmático; • Via de transporte de substâncias. Secção tangencial de uma parede celular, mostrando a secção transversal de plasmodesmos.(Taiz; Zeiger; 2013) Vacúolo: • Regiões envolvidas por uma membrana única tonoplasto; • Preenchidas pelo suco celular ou seiva vacuolar: Água + solutos (íons inorgânicos, açúcares, ácidos orgânicos e aminoácidos); pH ligeiramente ácido; Varia de acordo com a célula, órgão, planta, estádio fenológico e de desenvolvimento. • Pode originar-se diretamente do retículo endoplasmático; • Célula imatura Numerosos pequenos vacúolos; • Célula Madura Vacúolos aumentam e unem-se, formando um vacúolo central: 90% do volume celular pode ser ocupado pelo vacúolo. Funções: • Aumento do suco celular Aumento do volume celular; • Pressão internamanutenção, rigidez do tecido; • Removem metabólitos secundários tóxicos (ex.: nicotina, tanino); • Acúmulo de pigmentos (ex.: antocianinas); • Quebra de macromoléculas e reciclagem de componentes celulares: Atividade digestivacomparados aos lisossomos. A B (A) Célula túrgida (planta-ostra) (B) Célula flácida (planta-ostra) (Appezzato-da-Glória; Carmello-Guerreiro, 2003) Teoria cinética: • Todas as partículas (átomos, íons e moléculas) estão em constante movimento acima do zero absoluto; • Fisiologia é o estudo dos processos nos organismos. Alguns são físicos e outros são químicos. Termodinâmica: • Estudo da variação de energia nos processos físicos e químicos. • Energia: não ocupa espaço e não tem massa, mas pode transformar a matéria ou agir sobre ela. • Sistema: região ou quantidade de matéria na qual concentramos nosso interesse e atenção Ex. Béquer com solução de água + açúcar; célula; folha; etc. 3. Relações energéticas Potencial químico (µ): • É uma expressão quantitativa da energia livre, associada a uma substância; • O potencial químico é uma grandeza relativa: representa a diferença entre o potencial de uma substância em um determinado estado e o potencial químico da mesma substância em um estado padrão; Em Termodinâmica, energia livre (energia livre de Gibbs G) representa o potencial dentro do sistema para realizar trabalho (em temperatura e pressão constantes). 4. Potenciais Usuario Realce Potencial hídrico (Ѱw): • Representa a energia livre, associada com a água: Como qualquer substância, a água move-se de uma região de maior potencial para outra de menor potencial. • Ψw água pura = 0 Mpa Água líquida, à pressão atmosférica (100kPa = 1Bar), à mesma temperatura do sistema (25°C), sendo medido a um nível zero para o termo gravitacional; Esse potencial é utilizado como referência; assim, na maioria dos casos, o Ψw dentro das células das plantas é negativo. Ψw = Ѱos + Ѱp + Ѱm + Ѱg + Ѱt • (Ѱos) Potencial osmótico; • (Ѱp) Potencial pressão; • (Ѱm) Potencial matricial ou mátrico; • • (Ѱg) Potencial gravitacional; • (Ѱt) Potencial térmico. 5 componentes: Potencial osmótico (Ѱos): • Presença de solutos dissolvidos na água que diminui sua energia livre! O sinal é negativo, pois os solutos dissolvidos reduzem o potencial de água da solução, em relação ao estado de referência da água pura. • Solo: (-) solo salino e/ou seco. • Planta: (-). • Atmosfera: desprezível. Potencial pressão (Ѱp): • Pressão hidrostática adicionada à pressão atmosférica: É medida como desvio da pressão padrão (ambiente); Ѱp dentro das células = pressão de turgor (Ѱp > 0). • Solo: (+) solo saturado por água. • Planta: (-) xilema – sob tensão. (+) floema – sob pressão. • Atmosfera: desprezível. Potencial matricial ou mátrico (Ѱm): • Capacidade da matriz adsorver a água: É negativo, uma vez que diminui a energia livre da água. • Solo: (-) uma vez que diminui a energia livre. • Planta: (-) constante. • Atmosfera: desprezível. Potencial gravitacional (Ѱg): • Energia potencial da H2O em relação à posição referencial padrão. • Solo: (+), (-) depende do referencial. • Planta: (+), (-). • Atmosfera: desprezível. Potencial térmico (Ѱt): • Variações de T°C podem aumentar ou diminuira energia livre; • Considera-se T°C constante, portanto: • Solo: desprezível. • Planta: desprezível. • Atmosfera: Desprezível. Resumo sobre potenciais: A água flui do maior Ѱ para o menor Ѱ: • Solo: Ѱos (-) solo salino/seco; Ѱp (+) solo saturado; Ѱm (-); Ѱg (+/-); Ѱt (desprezível). • Planta: Ѱos (-); Ѱp (+/-); Ѱm (-) constante; Ѱg (+/-) xilema; Ѱt (desprezível). • Atmosfera: Ѱos (desprezível); Ѱp (-); Ѱm (desprezível); Ѱg (desprezível); Ѱt (desprezível). Movimento geral da água ‘Maior Ψ’ ‘Menor Ψ’ (Exemplo: gradiente de Ψ -2 para Ψ -3) ↑ Energia livre ↓ Energia livre (Exemplo: Ψ -1 para Ψ -2) ‘Ψ menos negativo’ ‘Ψ mais negativo’ (Exemplo: -0,1 para -0,5) ‘Menor [ soluto ]’ ‘maior [ soluto ] (Exemplo: solo para raiz) • Difusão; • Osmose; • Fluxo de massa. 5. Processos do movimento da água na natureza Difusão • Movimento espontâneo de substâncias de regiões de concentração mais alta para regiões de concentração mais baixa (↑Ѱ↓Ѱ); • Na escala celular difusão é o modo de transporte dominante; • Moléculas na solução não são estáticas: Inicialmente, distribuição desuniforme de moléculas ou íons movimento contínuo tende a distribuí-los uniformemente. (T ai z; Z ei ge r, 2 0 1 3 ) 1ª Lei de Fick: • 1850: Adolf Fick Taxa de difusão é diretamente proporcional ao gradiente de concentração: Js = Densidade de fluxo = Taxa de transporte (mol m -2 s-1). Ds = Coeficiente de difusão (cm 2 s-1) Constante de proporcionalidade que mede quão facilmente a substância “s” se move por um determinado meio. É característica da substância, depende do meio e da temperatura. Δ Cs = Gradiente de concentração. Δ x = Distância. Exemplos de difusão: transpiração e movimento da água e nutrientes no solo, para chegar às raízes 𝐽𝑠 = −𝐷𝑠 ∆ 𝐶𝑠 ∆ 𝑥 Equilíbrio dinâmico: • Não há movimento líquido (resultante); • Há movimento cinético/molecular. Fatores que afetam a velocidade de difusão: • Temperatura: ↑temperatura↑ energia cinética↑ velocidade • Densidade (d). Osmose: • Difusão de água por meio de uma barreira seletivamente permeável; • Membranas das células seletivamente permeáveis: [ ] Dentro da célula > solução que a envolve Água entra na célula difusão (↑Ѱ↓Ѱ); Solutos são incapazes de difundir-se para fora da célula. • Na osmose, o volume disponível ao movimento do soluto é restringido pela membrana; (T ai z; Z ei ge r, 2 0 1 3 ) • Na ausência de qualquer força que contrabalance, toda a água disponível irá fluir para o lado da membrana contendo o soluto; • A expansão do volume da célula é restrito mecanicamente pela presença da parede celular: A força que governa a entrada de água na célula é contrabalanceada pela pressão exercida pela parede celular rígida. Solução hipotônica Solução hipertônica Membrana semipermeável Equilíbrio osmótico http://www.prepararlaselectividad.com/2011/06/sales-minerales- accion-osmotica.html Osmose na célula vegetal: Meio hipertônico: O ponto em que o protoplasto deixa de pressionar a P.C. Plasmólise incipiente h tt p :/ /p t. sl id es h ar e. n et /E d p o si ti vo /2 -b io lo gi a- o k Células de cebola turgescentes Células de cebola plasmolisadas Membrana plasmática Parede celular http://www.microbehunter.com/observing-plasmolysis/ Fluxo de Massa • Movimento em conjunto de grupos de moléculas em massa. • Resposta ao gradiente de pressão: Mangueira de jardim; Rio correndo; Água e solutos no xilema. Água pura: Água move-se para dentro da célula até Ѱw = 0MPa célula turgor total; Solução de sacarose: 0,1M Ѱw solução > Ѱw célula Célula absorve água até Ѱw igualar-se Ñ turgor total Solução de sacarose: 0,3M Ѱw solução < Ѱw célula Célula perde água até Ѱw célula flácida (K er b au y, 2 0 0 4 ) 6. Referências Bibliograficas • FLOSS, E.L. Fisiologia das Plantas Cultivadas: o estudo do que está atrás do que se vê. 5ª ed. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo, 2011. 734p. • KERBAUY, G. B. Fisiologia Vegetal. 2ª Ed. São Paulo: Guanabara Koogan: Rio de. Janeiro, 2012. 452p. • LOPES, N. F.; LIMA, M. G. S. Fisiologia da Produção. Viçosa: Editora UFV, 2015. 492p. • TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal . 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. 918p. • BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas. Jaboticabal: FCAV- UNESP, 2003. 41p. • CASTRO, P.R.C.; KLUGE, R.A.; SESTARI, I. Manual de Fisiologia Vegetal: Fisiologia de cultivos. São Paulo: Ceres, 2008. 864p. • LARCHER W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: RiMa, 2006. 550p. MARENCO, R.A.; LOPES, N.F. Fisiologia Vegetal. 3ª Ed. Viçosa: UFV, 2009. 486 p. • RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia Vegetal. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2014. 876p. • SALISBURY, F.B.; ROSS, C.W. Fisiologia das Plantas. 4ª Ed. Cengage Learning: América Latina, 2012. 858p.
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