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Bioquímica dos alimentosBBB Aula 5 Conservação dos Alimentos pelo Calor Bioquímica dos alimentos Metodologia de conservação dos alimentos pelo uso do calor: Eliminação/destruição de microrganismos: 1. Pasteurização: o Higienização de alimentos; o Destruição apenas da microbiota patogênica não esporulada; o Microrganismos deteriorantes ainda sobrevivem no alimento pasteurizado. Ex.: leite pasteurizado (é resfriado e pasteurizado para garantir a conservação) 2. Esterilização: o Destruição dos microrganismos, esporulados ou não Destruição de enzimas: 3. Branqueamento: o Inativa as enzimas deteriorantes Para aumentar a relação entre a superfície do alimento e o seu volume e a eficiência do tratamento térmico, a operação unitária de redução de tamanho dos ingredientes da formulação poderá ser aplicada previamente às operações de conservação pelo uso do calor, ou seja, geralmente os alimentos são cortados para posteriormente serem branqueados. TERMORRESISTÊNCIA DOS MICRORGANISMOS Como os microrganismos se comportam diante do tratamento térmico? Se refere à temperatura ótima da multiplicação dos microrganismos. Psicrotróficos e psicrófilos: mais termolábeis / termosensíveis (preferência por se multiplicarem em temperaturas de refrigeração, portanto se há aumento de temperatura, eles morrem, são facilmente destruídos pelo emprego do calor) Termófilos: mais termorresistentes Cocos mais resistentes que bacilos (Bacilos apresentam maior superfície celular, capaz de ser agredida pelo uso do calor) Gram positivas mais resistentes que Gram negativas (gram positivas apresentem maior camada de peptideoglicano, que confere proteção ao calor) Bactérias esporuladas: maior resistência que as não formadoras de esporos Bolores e leveduras: são mais sensíveis que as bactérias Relacionada às características do alimento: pH/acidez (normalmente um pH mais baixo – ácido, atua na destruição desses microrganismos) ativ idade de água (ativ idade de água baixa facilita a destruição de microrganismos) composição (gordura, carboidratos, minerais)(se há poucos nutrientes na composição, o ambiente será desfavorável para os microrganismos, sendo mais facilmente destruídos) CINÉTICA DE DESTRUIÇÃO DOS MICRORGANISMOS Tempo de redução decimal (valor D) Valor D = tempo necessário em determinada temperatura para destruição de 90% da população de microrganismos presentes A cada tempo de redução decimal são destruídos: 90%, 99%, 99,9%, 99,99%, etc. Sobreviventes a cada tempo: 10%, 1%, 0,1%, 0,01%, etc. Envolve a probabilidade de não se atingir 0% de sobreviventes Existe um tempo de redução decimal (valor D) para cada tipo de microrganismo, para cada Bioquímica dos alimentosBBB Aula 5 Conservação dos Alimentos pelo Calor Bioquímica dos alimentos temperatura, também variando de acordo com o pH dos alimentos Valor F - Tempo necessário, na temperatura definida, para reduzir a população microbiana ao nível desejado Alimentos com pH > 4,5: sujeitos à multiplicação de C. botulinum com produção de toxina Necessidade de reduzir a população de C. botulinum para 1 esporo v iável para cada 1012 embalagens, ou seja, 10-12 esporos por embalagem Portanto, o tratamento deve provocar 12 reduções decimais (conceito 12D) Para fechar nas 12 reduções decimais é necessário calcular: O valor de F0 do alimento pode variar em função da espécie de microrganismo a ser destruída, da população microbiana presente e do tamanho da embalagem. A quantidade aceitável de esporos após o tratamento térmico (esterilidade comercial) varia com o tipo de microrganismo. Para garantir que os microrganismos B. stearothermophilus na sardinha, será necessário 16min. Esterilização É a Destruição dos microrganismos termorresistentes (bactérias esporuladas) para se atingir a esterilidade comercial (alcançar um número seguro de esporos por embalagem) Obs.: Algumas enzimas produzidas por microrganismos psicrotróficos são muito Bioquímica dos alimentosBBB Aula 5 Conservação dos Alimentos pelo Calor Bioquímica dos alimentos termorresistentes e podem não ser destruídas. (Os microrganismos são destruídos mas as enzimas podem permanecer) Ex.: Enzimas do leite envasado pelo processo UHT Realizada em: Embalagens (latas. Garrafas, v idros, plásticos termoestáveis) já preenchidas (resistentes a autoclave) Aquecimento antes da embalagem, com posterior envasamento asséptico Obs.: Alimentos com pH maior que 4,5: Aquecidos sob pressão a 121ºC Alimentos com pH < 4,5: Esporos de Clostridium são inibidos nesse pH; A temperatura do tratamento térmico pode ser reduzida (Ex.: Molhos de tomate, 95 - 98ºC – temperatura de pasteurização) Em embalagens fechadas, como ocorre? Funciona como uma grande panela de pressão com aplicação lenta de vapor d’água saturado. Uso de autoclaves: sistema sob pressão para se atingir temperaturas superiores a 100ºC Aplicação lenta do calor e preenchimento incompleto de embalagens para se ev itar alterações no alimento e rompimento das embalagens Obs.: Os vegetais passiveis de sofrerem escurecimento enzimático necessitam de branqueamento, que deve ser feito logo depois do corte/fatiamento, pois o tempo que o vegetal leva para ser autoclavado, já dá margens para o escurecimento enzimático. ETAPAS (Com imagens): Bioquímica dos alimentosBBB Aula 5 Conservação dos Alimentos pelo Calor Bioquímica dos alimentos Em embalagens fechadas: Resfriamento com água: ponto crítico de controle O resfriamento da embalagem é necessário para ev itar o aquecimento excessivo do alimento Probabilidade de contaminação pós- tratamento: existem aberturas na costura da lata e na rosca de tampas. Uso de água clorada no resfriamento impede a pós-contaminação A água não clorada resulta no aparecimento de microrganismos não formadores de esporos, que não sobreviveriam ao tratamento em autoclave nas condições adequadas. Esterilização antes de acondicionar: Aplicado em alimentos líquidos e semilíquidos Aquecimento muito rápido (2 a 5 segundos) a temperaturas de 135ºC a 150ºC (UHT) Processos indiretos: uso de trocadores de calor; não há contato entre o alimento e o fluido calefator Processos diretos: aquecimento com uso de vapor d’água por injeção ou difusão Requer envasamento asséptico (tipo Tetrabrik da Tetrapak) Abaixo um sistema de aquecimento indireto (pode ser utilizado para pasteurização e esterilização UHT; Ex.: leite, molho de tomate): O procedimento depende do tratamento desejado: Se for um leite, por exemplo, ele passará pelas regiões: PRODUTO, posteriormente HOMOGENEIZADOR (trabalha na temperatura 75 ºC – 25s), as outras passagens não estarão aquecidas, sendo posteriormente resfriado na temperatura de 25ºC e armazenado para o taque já pasteurizado. Após o armazenamento, há o envasamento asséptico com as caixinhas tetrapak. Se for um molho de tomate, por exemplo, ele passará pelo produto, porém só sofrerá o aumento da temperatura na terceira etapa, a 95 ºC. Se for um creme de leite, leite condensado: passará pela 4 etapa, sofrendo aquecimento a 140 ºC Bioquímica dos alimentosBBB Aula 5 Conservação dos Alimentos pelo Calor Bioquímica dos alimentos A seguir etapas do ENVASE ASSÉPTICO: Pasteurização Objetivos: Destruição dos microrganismos patogênicos não-esporulados Redução da microbiota banal do alimento Oferecer ao consumidor um alimento seguro, com v ida útil aceitável, devendo ser consumido em um período curto (ex. leite – pelo fato de terum pH superior a 4,5, é necessário a combinação da pasteurização com a refrigeração) Estabilidade microbiológica em alimentos muito ácidos (ex. v inagre) Características: Uso de temperaturas menores que a de ebulição (Ex.: Leite – 75º C, Molho de tomate – 95 ºC) 2 categorias: Pasteurização em temperatura baixa – LTH (low temperature holding) Pasteurização em temperatura alta por tempo curto – HTST (high temperature short time) LTH: Sistema descontínuo Adequado para pasteurizar volumes pequenos (100 a 500 litros) Tempo: 30 min Temperatura: 62 ºC a 68 ºC Realizado em tanques de parede dupla, por onde circulam o fluido calefador e o refrigerador, prov idos de agitador e termômetro. (30min na água de aquecimento, após finalização do tempo, retira-se a água de aquecimento e subtitui pela água de refrigeração) Leites e cervejas artesanais HTST: Sistema contínuo com trocadores de calor Temperatura: 72 ºC a 85 ºC; Bioquímica dos alimentosBBB Aula 5 Conservação dos Alimentos pelo Calor Bioquímica dos alimentos Tempo: 15s a 20s Leite: 72 ºC a 75ºC (15s a 20s) Uso de embalagens higiênicas para acondicionamento: o garrafas de v idro ou plástico, sacos plasticos, papelão, etc. O envasamento asséptico permite que alguns produtos com pH < 4,5 sejam armazenados em temperatura ambiente. Ex.: Sucos de caixinha O leite passa pela parede aquecida (sem ter contato com o fluixo calefador) durante 20S, posteriormente passa pela parede resfriada. Tratamento térmico do leite Enzimas endógenas usadas no controle da qualidade: Fosfatase alcalina: inativada em temperaturas de pasteurização (62 ºC / 30 min; 72 ºC / 15s) Peroxidase (ou lactoperoxidase): inativada a 85 ºC Branqueamento Características: Tratamento brando com vapor de água ou água quente Objetivo: Inativação de enzimas em frutas e hortaliças, principalmente a polifenoloxidase, enzima responsável pelo escurecimento enzimático Ex.: Maça após corte. O branqueamento deve ser aplicado antes de etapas como: o Congelamento, enlatamento, concentração, secagem, etc. Bioquímica dos alimentosBBB Aula 5 Conservação dos Alimentos pelo Calor Bioquímica dos alimentos REFERÊNCIAS: FRANCO, B.D.G.M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo: Atheneu, 2008. 182p. ORDÓÑEZ-PEREDA, J.A. et al. Tecnologia de Alimentos. Porto Alegre: Artmed, 2005. 294p. [V.1 – Componentes dos alimentos e processos].
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