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AULA 4 - Contabilidade

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA PÓS-GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD DISCIPLINA: CONTABILIDADE 
 
NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 27 
Professor: Arthur Ferreira da Silva Junior – arthur.unec@gmail.com 
 
 
 
CAPÍTULO 4 – MÉTODO DE CONVERSÃO EM MOEDAS ESTRANGEIRAS 
 
Com uma sociedade cada vez mais globalizada, as empresas tendem a operar 
em mercados nacionais e internacionais. Para isso, é preciso que as operações sigam 
padrões, para que as conversões financeiras proporcionem informações fidedignas, 
especialmente quando se fala em mutações de câmbio. 
 
 
 
Conforme o CPC 02-R2 a entidade atuante no exterior é “uma entidade que pode 
ser uma controlada, coligada, empreendimento controlado em conjunto ou filial, su-
cursal ou agência de uma entidade que reporta informação, por meio da qual são 
desenvolvidas atividades que estão baseadas ou são conduzidas em um país ou em 
uma moeda diferente daquelas da entidade que reporta a informação.” 
Para que a conversão seja realizada, é preciso definir a moeda funcional (moeda 
que a empresa opera no âmbito primário) da empresa investidora e qual a moeda de 
cada investida. Importante mostrar que em economias hiperinflacionárias, é necessá-
ria a realização de correção monetária integral. 
 
 
AULA 4 
 
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4.1 Método Monetário e Não Monetário 
 
Pérez Júnior (2002, pág. 56) defines que itens monetários e não monetários 
como: “Monetários: disponibilidades e direitos ou obrigações que serão realizados ou 
exigidos em dinheiro. Exemplo: caixa, bancos, duplicatas a receber, duplicatas des-
contadas, provisão para devedores duvidosos, contas a receber, aplicações financei-
ras, depósitos compulsórios etc. Não Monetários: bens (realizáveis ou permanentes) 
e direitos ou obrigações que serão exigidos em bens ou serviços. Exemplos: estoques 
em geral, despesas pagas antecipadamente, adiantamentos a fornecedores, partici-
pações societárias realizáveis ou permanentes, ativo imobilizado.” 
Para componentes monetários, podemos dizer que existem os expostos (consti-
tuem ganhos e perdas de conversão em moeda estrangeira em função da flutuação 
nas taxas de câmbio) e protegidos (constituem receitas ou despesas de variação cam-
bial em reais em função da flutuação nas taxas de câmbio). 
Assim, Schmidt, Santos e Fernandes (2006, pág. 122) explicitam que os proce-
dimentos são: 
 
1) Fragmentação do balanço patrimonial em dois grupos: itens monetários e 
não monetários; 
 
2) Itens monetários são convertidos em dólar com base na equivalência 
cambial na data do balanço, isto é, usa-se a taxa corrente; 
 
3) Itens não monetários são convertidos de acordo com a taxa do dólar 
na data da transação, consequentemente, aplica-se a taxa histórica; 
 
4) Os efeitos da correção monetária são ignorados; 
 
5) Calculam-se os ganhos e perdas na conversão. Para esse cálculo, deve-
se somar a totalidade das contas do BP que estão sujeitas a perdas e 
 
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ganhos em dólar e modifica-las em quantidades de dólares. Calcular re-
duções e elevações desse saldo em dólar. Realizar comparação com o 
saldo final para avaliar se houve perda ou ganho com a conversão; 
 
6) Não necessitam de ajuste a valor presente; 
 
7) Os estoques precisam ser monitorados em dólar histórico; 
 
8) As receitas e despesas monetárias são elaboradas, usualmente, pela taxa 
média do dólar do mês em que ocorreram. 
 
9) Receitas e despesas não monetárias necessitam da conversão em dólar 
de acordo com a taxa histórica (data de origem); 
 
10) O custo do produto vendido, da mercadoria vendida, ou do serviço pres-
tado deve ser convertido pela taxa do dólar da data que os estoques foram 
contraídos. Contudo, caso a empresa não possua a monitorização dos 
estoques em dólar deve calcular: [CMV + (Ef – Ei)] e dividir o resultado 
pela média do dólar anual ou mensal. O Ef representa o câmbio final e o 
Ei representa o câmbio inicial. Quando se fala em “custo do produto”, o 
controle dos componentes do custo deve ser conservado em dólares his-
tóricos. Já para os “serviços prestados”, os elementos do custo devem ser 
conservados pelo dólar de acordo com a data que os elementos do custo 
foram consumidos. 
 
Item Monetário Exposto 
Data Item R$ Tx. de câmbio US$ 
10/Jan. Emissão de Duplicada 18.000 4,00 4.500 
10/Fev. Recebimento de Duplicata 18.000 4,50 4.000 
10/Fev. Perda após conversão (500) 
 
 
Item Monetário Protegido 
 
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Data Item US$ Tx. de câmbio R$ 
10/Jan. Obtenção de Empréstimo 18.000 4,00 4.500 
10/Fev. Atualização de Saldo 18.000 4,50 4.000 
10/Fev. Despesa de variação cambial 500 
 
Com base no primeiro quadro, podemos observar que houve elevação na taxa 
de câmbio e, consequentemente, redução em US$ na data de recebimento. Já no 
segundo quadro, verificamos inalteração de saldo em US$, restando, apenas, eleva-
ção da dívida em R$. 
Para itens não monetários, não há geração de perdas ou ganhos na conversão, 
uma vez que, normalmente, são baseados na taxa histórica. 
 
Item Não Monetário 
Data Item US$ Tx. de câmbio R$ 
10/Jan. Aquisição de Estoque 10.000 5,00 2.000 
10/Fev. Saldo de Balanço 10.000 5,00 2.000 
10/Fev. Baixa do custo de vendas 10.000 5,00 2.000 
 
 
Resumo 
Ativos e Passivos 
Variações nas taxas de 
câmbio geram 
Monetários Expostos (R$) Ganhos ou perdas em US$ 
Monetários Protegidos (US$) 
Receita ou Despesa de va-
riação cambial em R$ 
Não Monetário - 
 
 
 
 
Assim, podemos classificar os itens da seguinte maneira: 
 
 
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Contas Patrimoniais Taxas de Conversão 
Ativos e passivos monetários expostos Câmbio de fechamento 
Ativos e passivos monetários protegidos Câmbio de fechamento 
Ativos e passivos não monetários Histórica de aquisição ou formação 
Patrimônio Líquido Histórica de aquisição 
Contas de Resultado 
Receitas e despesas monetárias expostas ou protegidas 
Histórica da data de realização da 
receita ou da ocorrência das despe-
sas ou média simples ou ponderada 
do período 
Receitas e despesas não monetárias Histórica de aquisição ou formação 
 
 
Empresa XX 
Balanço Patrimonial Item R$ Taxa US$ 
Ativo 
Disponibilidades Monetário 5000 4,05 1234,57 
Aplicações Financ. Monetário 25000 4,05 6172,84 
Clientes Monetário 65000 4,05 16049,38 
Produtos Acabados Não Monetário 20000 4,00 5000,00 
Matéria-Prima Não Monetário 8000 4,00 2000,00 
Imobilizado Não Monetário 90000 4,00 22500,00 
Depreciação Não Monetário (15000) 4,00 -3750,00 
Total Ativo 198000 49206,79 
Balanço Patrimonial Item R$ Taxa US$ 
Passivo + PL 
Fornecedores Monetário 7000 4,05 1728,40 
 
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Impostos a Recolher Monetário 8000 4,05 1975,31 
Férias/13º Salário Monetário 6000 4,05 1481,48 
Empréstimos Monetário 65000 4,05 16049,38 
Capital Não Monetário 100000 4,00 25000 
Reserva Legal Não Monetário 12000 4,00 3000 
TGL (ganho ou perda) 27,78 
Total Passivo + PL 198000 49206,79 
 
 
O TGL – Translation Gain or Loss, evidencia as perdas ou os ganhos advindos 
da conversão monetária dos itens monetários. No Balanço Patrimonial acima, perce-
bemos que o Passivo + PL foram maiores que o ativo em US$ 27,78. Esse valor deve 
ser convertido pela taxa corrente do dia do encerramento do período. Assim, caso a 
taxa corrente na data de encerramento seja R$ 4,5, teríamos uma elevação o Passivo 
+ PL em cerca de R$ 125,00. 
 
4.2 Método de Câmbio de Fechamento 
 
Também denominado método corrente, fundamenta-se na utilização da taxa de 
câmbio de fechamento nos ativos e passivos exigíveis. A metodologia de conversão 
é baseada em alguns passos: 
 
1) No PL deve-se levar em conta o efeito das variações cambiais; 
 
2) Receitas e Despesas serão convertidas através da taxa média; 
 
3) Perdas e ganhos (TGL) não devem ser calculados para os itens monetá-
rios. Contudo, devem ser calculados sobre o capital inicial investido; 
4) O ativo e o passivo serão convertidos na data do balanço final; 
 
5) Um novo calculo de perda ou ganho será realizado, mas sobre o resultado 
do exercício. 
 
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Em resumo, as taxas de conversão serão: 
 
Ativo Taxa de Fechamento 
Passivo Taxa de Fechamento 
Patrimônio Líquido Taxa Histórica 
Receitas e Despesas Taxa Média Ponderada do Período 
 
Ganhos ou perdas serão lançadas no PL pela conta CTA - Cumulative Transla-
tion Adjustmants. 
Salienta-se que o método deve ser utilizado apenas em países que possuem 
moedas estáveis. 
 
4.3 Método Temporal 
 
O método temporal seria uma adaptação combinada entre os métodos anterio-
res, sendo permitida sua aplicação em qualquer tipo de princípios contábeis ou qual-
quer tipo de economia. A classificação dos itens patrimoniais é realizada da seguinte 
forma: 
 
1) Custos Históricos: estoques, ativos permanentes, PL, entre outros. Con-
vertidos a taxa de câmbio histórica; 
 
2) Custos Correntes: contas a pagar e a receber e aplicações financeiras 
indexadas e atualizadas até a data do balancete intermediário mensal ou 
do balanço patrimonial. Convertidos a taxa de câmbio corrente; 
 
3) Custos Futuros: duplicatas a pagar e a receber avaliadas pelo valor fu-
turo/nominal. Convertidos a taxa de câmbio corrente. 
 
De acordo com Pérez Junior (2006, pág. 132), “em períodos de alta inflação, a 
conversão dos itens monetários prefixados pela taxa de fechamento não é adequada, 
 
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pois o valor obtido não representa o valor que será efetivamente realizado ou exigido 
na data do vencimento e a diferença será relevante. A diferença entre o valor em US$ 
na data do balanço e na data da liquidação será apropriada como ganhos ou perdas 
na conversão. Para minimizar essa diferença poderia ser adotada uma entre as se-
guintes alternativas: a) trazer o valor em R$ a valor presente da data do balanço e 
converte-lo pela taxa corrente; b) utilizar para conversão uma estimativa da taxa que 
estará em vigor da data de liquidação do título.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
BRASIL. Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por 
ações. Diário Oficial República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 17 dez. 1976. 
 
CARVALHOSA, Modesto. Comentário à Lei de Sociedades Anônimas. São Paulo: 
Editora Saraiva, 1998. V. 4, Tomo I. 199p. 
 
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n. 937, de 24 de maio 
de 2002. Aprova a NBC T 8 - Das Demonstrações Contábeis consolidadas. Brasília, 
2002. Disponível em: <https://www.normasbrasil.com.br/norma/resolucao-937-
2002_97519.html>. Acesso em: 19 jun. 2021. 
 
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 
18 (R2) – Demonstrações Consolidadas. Brasília – DF, 2012. 
 
ATENÇÃO! 
Vá até VÍDEO COMPLEMENTAR 
e 
Assista o vídeo sobre: Contabili-
dade Geral 
 
 
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Professor: Arthur Ferreira da Silva Junior – arthur.unec@gmail.com 
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 
36 (R2) – Demonstrações Consolidadas. Brasília – DF, 2010. 
 
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 
36 (R3) – Demonstrações Consolidadas. Brasília – DF, 2012. 
 
IUDÍCIBUS, Sérgio de ET al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas 
as sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC. São Paulo: 
Atlas, 2010. 
 
MACHADO, Itamar Miranda. Consolidação Proporcional das Demonstrações 
Contábeis de Empresas Controladas em Conjunto (Joint-Ventures): A Eficácia 
de Suas Informações no Processo de Tomada de Decisões. Disponível em: 
<https://congressousp.fipecafi.org/>. Acesso em: 20Jun21. 
 
MAIA, J. M. Fusão e incorporação de empresas. São Paulo: Bushatsky, 1972. 
 
MIRANDA, P. Tratado de direito privado. São Paulo: RT, 1983. 
 
MUNIZ, Ian de Porto Alegre. Reorganizações Societárias. São Paulo: Makron Bo-
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PEREZ JÚNIOR, José Hernandez; BEGALLI, Glaucos Antonio. Elaboração das de-
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PEREZ JUNIOR, José Hernandez. Conversão de demonstrações contábeis. São 
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