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1 Fisiologia II Monitora - Victória Viana 2 Sumario Introdução a fisiologia renal ------------------------------------------------------------- 3 Filtração -------------------------------------------------------------------------------------- 8 Reabsorção e secreção tubular renal ------------------------------------------------- 12 Túbulo contorcido proximal ------------------------------------------------------------- 16 Alça de Henle ------------------------------------------------------------------------------- 19 Túbulo contorcido distal ------------------------------------------------------------------ 21 Ducto coletor medular -------------------------------------------------------------------- 25 Osmolaridade ------------------------------------------------------------------------------- 30 Equilíbrio eletrolítico ---------------------------------------------------------------------- 33 Equilíbrio ácido-básico -------------------------------------------------------------------- 40 3 Introdução a fisiologia renal Principal função renal é o equilíbrio hidroeletrolítico – homeostase do meio interno. O que é esse equilíbrio hidroeletrolítico? É o equilíbrio dos líquidos corporais, os quais são constituídos por água, eletrólitos, sais minerais, proteínas e glicose por exemplo. Com isso, os rins trabalham procurando estabelecer o equilíbrio da água e todos os componentes que nela estão dissolvidos, sendo este processo chamado equilíbrio hidroeletrolítico. Porém os rins não atuam apenas no equilíbrio hidroeletrolítico, sendo eles responsáveis por múltiplas funções, como: • Regulação do volume do líquido extracelular • Regulação da pressão arterial • Regulação da osmolaridade • Manutenção do equilíbrio iônico • Regulação do PH • Produção de hormônios • Gliconeogênese O volume sanguíneo recebido pelos rins através da artéria renal (ramo direto da aorta abdominal) é cerca de 22% do débito cardíaco. Problemas de baixo débito cardíaco ou hipovolemia podem fazer com que o rim sofra bastante e até leve a uma insuficiência. As insuficiências podem ser caracterizadas de acordo com sua origem, por exemplo: - Insuficiências pré-renais: ocorrem antes da chegada ao rim, ou seja, acontece na circulação que leva o sangue até o rim. Sendo assim, disfunções cardíacas ou quadros de hipovolemia que possam diminuir o nível da vascularização renal tendem causar uma insuficiência renal e por estar localizado antes do rim é caracterizada como insuficiência pré-renal. - Insuficiência renal: é caracterizado como qualquer disfunção causada no órgão propriamente dito, ou seja, o problema está alojado no rim, podendo ser no parênquima, na circulação propriamente dita, entre outros. - Insuficiência pós-renal: quando a disfunção está localizada após o rim, podendo estar no ureter, na bexiga ou qualquer outra estrutura que retrogradamente comprometa a função renal. Isso pode ocorrer quando um cálculo obstrui a urina de chegar até a bexiga, fazendo com que o volume de filtrado dentro do rim aumente e eleve a pressão hidrostática capsular, levando a disfunções e posteriormente até uma lesão do órgão. O parênquima renal é subdividido em duas regiões: córtex renal e medula renal. 4 CORTEX RENAL: Região periférica do parênquima, local entre a cápsula renal e as pirâmides. O córtex é menos concentrado se comparado a medula. MEDULA RENAL: Região mais interna do parênquima, local que se observa os cálices, papilas e pirâmides. A medula é mais concentrada devido a presença de seguimentos do néfron que mergulham nessa porção do parênquima, como por exemplo a alça de henle. Essa hiperconcentração favorece a reabsorção de água pela osmolaridade medular estar maior que a da porção do néfron, o que possibilita a saída da água do interior do túbulo renal para o parênquima medular, além de que o túbulo renal em suas porções medulares tende a ser impermeável a água, facilitando ainda mais o processo de reabsorção desta. Essa diferença entre a concentração do córtex e da medula é chamado de gradiente corticomedular, dois mecanismos importantes para sua formação são: multiplicação por contracorrente e reciclagem da ureia. A artéria renal sai diretamente da aorta abdominal, em seguida entra pelo hilo renal e então é dividida em artérias interlobares, em seguida as artérias interlobares são divididas em artérias arqueadas, as artérias arqueadas serão divididas em artérias interlobulares até chegar à arteríola aferente. A arteríola aferente é a porta de entrada do néfron, pois o néfron começa com os capilares sanguíneos que estão exatamente à frente da arteríola aferente. Sendo assim, o ponto de partida do néfron é o glomérulo (novelo de capilares sanguíneos presentes dentro da cápsula de Bowman), com isso, o glomérulo pode ser chamado de primeiro seguimento GERAL do néfron, contudo o primeiro seguimento TUBULAR do néfron é a cápsula de Bowman. Dando continuidade no trajeto sanguíneo: o sangue chega pela arteríola aferente e vai para o glomérulo local em que acontece o primeiro processo importante a nível renal, a FILTRAÇÂO GLOMERULAR. Filtração glomerular: aproximadamente 20% do plasma que chega ao glomérulo é filtrado, ou seja, saem do glomérulo e vão para a cápsula de Bowman. Importante salientar que apenas o plasma sanguíneo será filtrado e não células sanguíneas. Existe nesse processo de filtração uma barreira que tem uma seletividade, a qual não deixa passar moléculas grandes como proteínas. Barreira fisiológica de filtração glomerular: células endoteliais, membrana basal e epitélio da capsula de Bowman (podócitos). 5 Células endoteliais - a primeira camada dessa barreira é a parede do capilar glomerular, o qual por possui fendas entre as células endoteliais e fenestras que conferem a eles sua alta permeabilidade, porém apesar das fenestras possibilitarem a possarem de diversas moléculas também impede a saída de partículas grandes como as proteínas, além disso, as células endoteliais que formam a parede desses capilares glomerulares possuem proteínas em sua composição, tendo cargas negativas da mesma forma que as proteínas plasmáticas ocasionando uma repulsão. Com isso, ao chegarem na parede glomerular as proteínas plasmáticas encontram duas barreiras: o diâmetro das fenestras presentes no endotélio (barreira mecânica) e a carga negativa presente nessa parede que as repelem por também ter carga negativa (barreira elétrica) – Barreira eletromecânica-. Então as células endoteliais representam a primeira camada da barreira fisiológica de filtração glomerular. Membrana basal: a segunda camada que está mais externa ao endotélio glomerular é a membrana basal que o envolve. Essa membrana basal é formada por filamentos proteoglicanos que também possuem cargas negativas, levando a repulsão das macromoléculas também eletronegativas (ainda que haja diâmetro entre os filamentos de colágeno que possam ser ultrapassadas por essas moléculas). Também pode ser chamada de barreira eletromecânica. Epitélio da cápsula de Bowman: a última camada dessa barreira é o epitélio da capsula de Bowman, a qual abraça o glomérulo possuindo em sua composição células com núcleos centrais e cheias de prolongamentos que permitem o revestimento em torno do glomérulo diminuindo a permeabilidade e ultrapassagem de moléculas (barreira mecânica). Essas células são chamadas de podócitos, formando também uma barreira eletromecânica por possuir proteínas em sua composição que repelem moléculas eletronegativas. Síndrome nefrótica: Se apresenta clinicamente através da grande eliminação de proteínas na urina (proteinúria),sendo observada após a micção pela formação de grande quantidade espuma no vaso sanitário (lembra a sabão em pó). Isso 6 pode ocorrer quando há uma deficiência na barreira fisiológica de filtração glomerular. Pode se perder até 3g de proteína por dia na urina. Quando se perde muita proteína na urina, em uma nefropatia hipertensiva por exemplo, pode se observar em seu quadro clínico edemas. Isso, pois, há perda de proteínas plasmáticas (sintetizadas pelo fígado) diminuindo a pressão coloidosmótica sanguínea, com isso, o líquido presente no interstício não retorna para dentro do vaso sanguíneo acarretando seu acúmulo no espaço intersticial, o que pode explicar a presença de edemas extracelulares vistos nas síndromes com perca de proteínas em geral. Início da filtração glomerular: O sentido da filtração é de dentro do glomérulo em direção a cápsula de Bowman. Contudo, para que aconteça é necessário que o plasma ultrapasse as três camadas de filtração, sendo assim, para que esse processo ocorra de forma adequada é preciso que uma força auxilie a saída do líquido de dentro do vaso, essa força é chamada de pressão hidrostática. Pressão hidrostática glomerular: o sangue chega ao glomérulo por meio das arteríolas aferentes com uma considerável pressão, importante lembrar que por mais que essa pressão seja relativamente alta não é o bastante para que consiga lesar os vasos glomerulares fisiologicamente. Essa pressão é importante pois é ela que exerce força contra a parede do vaso, processo que permite o extravasamento/filtração do plasma. Dessa forma, é possível dizer que os glomérulos são capilares de filtração. Sentido sanguíneo: o volume de sangue que não foi filtrado segue pela arteríola eferente, depois de passar por ela o sangue segue um circuito de canais vasculares que circundam todo o túbulo renal, esses capilares que estão envolta do túbulo renal são chamados de capilares peritubulares. Capilares peritubulares: têm grande importância na reabsorção de substâncias do túbulo renal. Sendo assim, são responsáveis por trazer de volta para a circulação elementos que foram filtrados e não podem ser excretados através da urina, pois são de importância metabólica para o corpo. O sentido da reabsorção é de dentro dos túbulos para os capilares peritubulares que os circundam. Entretanto, os capilares peritubulares também são responsáveis por levar para dentro do túbulo substâncias que não foram filtradas, mas que o não tem utilidade metabólica nenhuma para o corpo podendo ser então jogados para fora, sendo chamado esse processo de secreção. O sentido da secreção é de dentro dos capilares peritubulares para os túbulos renais. • Primeiro: saída do plasma do glomérulo para dentro do túbulo renal > FILTRAÇÂO. • Segundo: saída de substâncias do túbulo para os capilares peritubulares> REABSORÇÂO. • Terceiro: saída de substâncias dos capilares peritubulares para dentro do túbulo> SECREÇÂO. • Quarto: saída do filtrado de dentro do túbulo em direção ao meio externo> EXCREÇÂO. 7 A excreção está diretamente relacionada com a realização dos processos acima. Quanto maior a filtração maior a excreção. Quanto maior a reabsorção menor a excreção e assim por diante. Sentido da circulação renal: artéria aorta> artéria renal> arteríola aferente> capilares glomerulares> capilares peritubulares> vênulas> pequenas veias> veia renal. A força hidrostática dentro dos capilares peritubulares é bem menor que dentro dos glomérulos devido a diminuição da volemia dentro do vaso, pois já houve a filtração antes da chegada do sague até essa porção da circulação, com isso, nesses seguimentos circulatórios a filtração não continua sendo favorecida, permitindo que ocorra o processo contrário conhecido como reabsorção. A reabsorção consegue trazer de volta para o sangue componentes importantes que haviam sido filtrados a nível glomerular. Glomérulos: alta pressão hidrostática (rápida filtração). Capilares peritubulares: menor pressão hidrostática (reabsorção). Corpúsculo renal: estrutura formada pela união do glomérulo e cápsula de Bowman. 8 FILTRAÇÃO O primeiro processo é a filtração glomerular, ou seja, o plasma passa de dentro do glomérulo para dentro dos túbulos renais, sendo chamado de filtrado. Esse filtrado tem a composição similar ao plasma, isso acontece porque a barreira fisiológica de filtração glomerular não permite que as proteínas plasmáticas também passem, com isso, esse filtrado é formado por água e os solutos que nela estão dissolvidos (eletrólitos e produtos de metabolismo). A fração de filtração glomerular é o percentual do plasma que saiu do glomérulo e fluiu para dentro dos túbulos renais, capaz de identificar se a função renal está correndo de forma eficiente dentro da faixa de normalidade. O sangue chega ao glomérulo e é filtrado para dentro dos túbulos renais cerca de 20% dele (aproximadamente 125ml/min), sendo essa a taxa de filtração glomerular. Desses 125ml/min de filtrado, 124ml/min são reabsorvidos durante o trajeto do filtrado dentro do túbulo renal, permitindo apenas a excreção de 1ml/min do filtrado. Sendo assim, a maior parte do que é filtrado retorna à circulação e é apenas excretando o que não é de valor para o corpo humano. A filtração é promovida pela pressão dos capilares glomerulares. -FORÇAS DE STARLING- Pressão hidrostática capilar = 60mmHg (força a favor da filtração). Pressão coloidosmótica glomerular= 32mmHg (força contraria a filtração). Pressão hidrostática do líquido capsular= 18mmHg (força contraria a filtração). *importe lembrar que não há pressão coloidosmótica capsular pois não há proteínas sendo filtradas, sendo assim fisiologicamente não se espera ter essa pressão, considerando-a 0. Força resultante de filtração: 60-(32+18) =10mmHg • Conclui-se que as condições hidrostáticas dentro do corpúsculo são a favor da filtração glomerular. A TFG (taxa de filtração glomerular) é influenciada por 2 fatores: 1-A pressão de filtração resultante, ou seja, a pressão hidrostática glomerular precisa ser maior que as outras pressões presentes. 9 2- O coeficiente de filtração: depende da área de superfície de capilares disponíveis para a filtração (os glomérulos precisam estar íntegros para que a filtração aconteça de forma correta) e a permeabilidade da interface capilar para capsula de Bowman. - O que ocorre com a TFG diante das alterações pressóricas sistêmicas? Quando há o aumento da pressão sanguínea glomerular há também aumento da pressão hidrostática glomerular, a qual é uma força a favor da filtração, sendo assim há também o aumento da taxa de filtração. Porém o objetivo fisiológico é manter a TFG constante, com o aumento da pressão arterial a taxa tende a oscilar, então há mecanismos para que essa taxa continue mantida (mecanismos de homeostases). Entretanto, esses mecanismos não vão conseguir manter o funcionamento fisiológico se o estímulo de desequilíbrio não muda, sendo assim, os mecanismos de controle não conseguem manter por um grande período a homeostase podendo ocorrer a lesão dos capilares glomerulares pela pressão elevada continua em seu interior. Em resumo, os mecanismos de controle da homeostase agem para manter a TFG e para evitar a lesão glomerular. • Fatores que reduzem a filtração glomerular: Aumento da pressão hidrostática capsular (formado pelo filtrado) -ocorre em casos de cálculo renal. Aumento da pressão coloidosmótica capilar (formado pelas proteínas do plasma). Redução da pressão hidrostática capilar (formado por hipovolemia). • COMO OCORRE A AUTORREGULAÇÃO DA TFG? Uma função importante da autorregulação é proteger a barreira de filtração da pressão arterial alta que pode danificá-la.1- Resposta miogênica da arteríola aferente 2- Retroalimentação tubuloglomerular 3- Hormônios e neurônios autonômicos 1- Resposta miogênica da arteríola aferente: é observada principalmente quando a pressão arterial está elevada, sendo assim, essa pressão elevada é detectada pela arteríola aferente por conta do estiramento sofrido na parede desse vaso. Essa detecção acontece, pois, ao sofrer o estiramento em sua parede faz com que receptores presentes na musculatura lisa (como canais de cálcio) sejam abertos, visto que são canais sensíveis a estiramento. Com isso, o cálcio presente no meio extracelular começa a entrar na célula e com o aumento de sua concentração no meio intracelular sua ligação com as proteínas de calmodulina se tornam mais fáceis, ocasionando na contração dessa musculatura lisa presente nas arteríolas possibilitando que o lúmen desse vaso diminuía e assim também abaixe o 10 volume de sangue que chega ao glomérulo. Mantem a taxa de filtração glomerular ao mesmo tempo que impede a lesão dos capilares glomerulares por aumento da pressão sanguínea. 2- Retroalimentação tubuloglomerular: as células justaglomerulares (presentes na arteríola eferente) produzem e secretam um hormônio chamado renina, mas a produção de renina é controlada pelas células da mácula densa (células especializadas presentes na parede do túbulo distal inicial) através da comunicação com as células justaglomerulares, esse processo é chamado de retroalimentação tubuloglomerular. EXEMPLOS: - Hipovolemia: nesses casos, teremos pouco filtrado passando pela mácula densa (podendo ser chamada de sensor de cloreto de sódio), a qual fará uma leitura para saber os níveis de NaCl, observando sua baixa concentração a mácula densa interpretará que o glomérulo está com um déficit de filtração, procurando manter a homeostase renal ela envia um sinal para as células JG para que estas aumentem a produção de RENINA. Com o AUMENTO da produção de RENINA, esse hormônio então vai para a corrente sanguínea e encontra uma molécula proteica produzida pelo fígado chamada angiotensinogênio, o qual sobre a ação da renina passa por um processo de conversão química se transformando em uma molécula percursora chamada angiotensina 1, que por sua vez continua seu trajeto na circulação até que chega no pulmão e se depara com uma enzima extremamente importante, a ECA (enzima conversora de angiotensina). Então a ECA transforma a angiotensina 1 em angiotensina 2, agora em sua forma ativa. A angiotensina 2 ao chegar através da circulação no rim, mais especificamente na arteríola eferente, prove sua contração. Com a contração dessa arteríola há o aprisionamento de filtrado dentro do túbulo aumentando a pressão hidrostática glomerular e consequentemente também a taxa de filtração. Esse processo é chamado de feedback tubuloglomerular. Em conjunto com a resposta a arteríola eferente, a qual aprisiona um volume de filtrado para restabelecer a taxa de filtração glomerular, pode-se observar a resposta de substâncias vasodilatadoras (oxido nítrico/prostaglandinas/bradicininas) liberadas pelo endotélio agindo na arteríola aferente, promovendo um maior fluxo de sangue no glomérulo. Conclui-se, portanto, que está chegando maior quantidade de sangue ao mesmo tempo em que diminuiu sua vazão, contribuindo ainda mais para o aumento da taxa de filtração glomerular. Em paralelo isso, quando a angiotensina 2 chega ao córtex da suprarrenal, na zona glomerulosa estimula uma enzima chamada aldosterona-sintase que por sua vez produz a aldosteroNa+. A aldosteroNa+ é responsável pela reabsorção de sódio e secreção de potássio no túbulo renal, sendo assim, com a reabsorção de sódio também temos a reabsorção de cloreto que juntos exercem uma 11 força osmótica relativamente grande, puxando água e contribuindo para o aumento da pressão arterial. - Hipervolemia: com o aumento da filtração glomerular a mácula densa a nível de túbulo distal inicial detecta o aumento das concentrações de NaCl, com o aumento de NaCl a mácula densa então INIBE a liberação de RENINA pelas células JG, diminuindo consequentemente a formação de angiotensina 2 e assim não levando há constrição da arteríola eferente e nem o aumento da filtração glomerular. Podendo ser visualizada a diminuição da taxa de filtração. Além disso, pode ser observado substâncias vasoconstritoras (epinefrina/norepinefrina) agindo sobre a arteríola aferente em conjunto com as respostas miogênicas para que diminua a volemia presente no glomérulo. Curiosidades: Por que a mácula densa é sensor de NaCl? O NaCl assim como a água é um dos componentes mais abundantes presentes no filtrado, tornando mais fácil que as células especializadas possam medir suas concentrações. Alguns anti-inflamatórios/não esteroidais (aspirinas por exemplo) podem inibir a produção de prostaglandinas, comprometendo a vasodilatação arteriolar aferente e com o tempo pode levar a diminuição da taxa de filtração glomerular. Há aminoácidos que são precursores de óxido nítrico, em dietas ricas em proteínas pode ser observado um aumento importante também da taxa de filtração glomerular por dilatação da arteríola aferente, o que pode ocasionar em uma sobrecarga glomerular e até uma lesão renal. 12 REABSORÇÃO E SECREÇÃO TUBULAR RENAL Reabsorção: passagem de substâncias dos túbulos renais para os capilares peritubulares. Secreção: passagem de substâncias dos capilares peritubulares para os túbulos renais. EXCREÇÃO URINÁRIA= FILTRAÇÃO GLOMERULAR - REABSORÇÃO TUBULAR + SECREÇÃO TUBULAR. O processo de filtração é pouco seletivo, basicamente apenas segurando as proteínas plasmáticas e células sanguíneas. Já o processo de reabsorção é altamente seletivo, visando capturar tudo que é essencial para o metabolismo e ainda se encontra no filtrado. A reabsorção pode acontecer de duas formas: Via transcelular: as moléculas ultrapassam por dentro das células epiteliais dos túbulos, passam pelo interstício e vão em direção aos vasos peritubulares. Via paracelular: as moléculas passam entre as células epiteliais dos túbulos, travessam o interstício e vão em direção aos capilares peritubulares. Ocorrem por meio das junções de oclusão, estas junções possuem em sua estrutura espaços, as moléculas que conseguem ultrapassar esses espaços podem ser reabsorvidas por essa via. * No túbulo proximal essas junções de oclusão estão com seus espaços mais abertos e ao longo do trajeto tubular se encontram mais fechadas, diretamente relacionada a reabsorção de água ao decorrer do túbulo. A direção da reabsorção é: lúmen do túbulo > epitélio tubular > interstício > capilares peritubulares Membrana basolateral Membrana luminal/ apical 13 Transporte ativo primário: -Na+/K+ATPase -H+ATPase -H+K+ATPase -Ca++ATPase A reabsorção de sódio na membrana tubular proximal – se dá pela bomba de sódio e potássio e é um importante gerador de gradiente para que tenha de fato a reabsorção efetiva de sódio. Isso, pois, essa bomba é encontrada na membrana basolateral dessas células, com a retirada de sódio ela contribui para a diminuição da concentração dessa molécula no interior celular, dessa forma, estabelece um gradiente propicio para que o Na+ presente dentro do túbulo possa passar por ambas as vias. Relembrando: Um gradiente de concentração ocorre quando a concentração de partículas é maior em uma área que na outra. No transporte passivo, partículas irão difundir na direção do menor gradiente de concentração, das áreas de maior concentração para áreas de menor concentração, até que elas tenham a mesma concentração. Endocitose: proteínas são reabsorvidas atravésde pinocitose. – A água pode fluir no processo de reabsorção tão por osmose (aquaporinas) na via transcelular ou pelas junções de oclusão na via paracelular. - Os solutos também podem ser reabsorvidos pelas duas vias, tanto por processos ativos ou passivos (difusão). 14 Transporte ativo secundário: não há a utilização de energia na forma de ATP. Uma substância se movendo por difusão facilitada gera energia para que outra se mova contra o gradiente eletroquímico. - Transporte de Na+ e glicose: uma substância se movimenta a favor do gradiente (Na+) e então gera energia para que uma outra substância possa se movimentar contra seu gradiente (GLICOSE). Nas células tubulares proximais há a reabsorção de TODA glicose presente no filtrado inicial pelo cotransporte com Na+. Sendo assim, a glicose é internalizada nas células tubulares e uma vez em seu interior pode ser externalizada através do transportador de glicose GLUT (proteína canal especifica de glicose) presente na membrana basolateral. - Transporte de Na+ e aminoácidos: aminoácidos produtos de degradação de proteínas ingeridas também estão presentes na composição do filtrado inicial e sofrem reabsorção por meio de transporte ativo secundário. Ao entrarem nas células tubulares podem ser externalizados através de canais ou diretamente se possuírem cargas contrárias na membrana basolateral da célula. GLICOSE e AMINOÁCIDOS para serem REABSORVIDOS no TÚBULO PROXIMAL precisam de SÓDIO. Transporte passivo: a água para ser reabsorvida utiliza de meios passivos. A água é reabsorvida pelo processo passivo chamado osmose, ele se baseia para ocorrer no gradiente de concentração, isso significa que a água sempre tem o sentido do meio de menor concentração para o meio de maior concentração e esse fluxo pode se dar tanto pela via paracelular pelas junções de oclusão, quanto pela transcelular através das aquaporinas (proteínas canais de transporte de água). Pode-se dizer que a reabsorção 15 de água está acoplada a reabsorção de sódio, pois é ele responsável por gerar o gradiente de concentração necessário. - O ADH aumenta a permeabilidade de água nos túbulos distais. Carga tubular: quantidade de soluto no túbulo renal. Transporte máximo: limite de transporte de soluto (reabsorção ou secreção). Caso o nível de certo soluto esteja muito aumentado no filtrado, ou seja, se sua carga tubular estiver em grande concentração, pode ser que não encontre transportadores disponíveis para sua reabsorção, então dizemos que o túbulo tem um limite de transporte. Isso ocorre com solutos que estão em excesso. Glicosúria: a glicose é reabsorvida através do transporte ativo secundário com o Na+ no túbulo contorcido proximal. Caso tenha alta concentração de glicose no filtrado as proteínas transportadoras desse soluto se encontrarão saturas e não será possível que a glicose em excesso seja transportada. Quando isso acontece é observado glicose na urina, quadro chamado de glicosúria. -Pacientes diabéticos descontrolados- Formiga no vaso. Importante lembrar que pacientes diabéticos descontrolados tem uma diurese abundante, isso pode ser explicado exatamente por esse excesso de glicose no filtrado, que por ser um importante soluto faz com que grande quantidade de água seja secretada no interior do túbulo renal aumentado a quantidade de urina excretada pelo paciente. Reabsorção de cloreto: o cloreto é o melhor amigo do sódio. Por esse motivo, todas as vezes que se fala em reabsorção de sódio o cloreto também estará presente. Isso acontece porque o sódio tem carga positiva e quando ele é reabsorvido o filtrado fica sem toda essa carga positiva, começando a apresentar uma eletronegatividade. Como o cloreto tem carga negativa e cargas iguais se repelem, ele começa a sair desse filtrado eletronegativo e ir em direção ao sódio eletropositivo. Há a difusão do íon cloreto pelo epitélio tubular graças esse gradiente eletronegativo gerado pelo íon de sódio no lúmen do túbulo. Além disso, outra razão para a reabsorção do cloreto por difusão pela membrana tubular se dá pelo aumento da concentração de soluto no filtrado. Com a reabsorção de sódio também foi reabsorvida quantidade significativa de água, sendo assim, o cloreto presente em maior quantidade nesse filtrado concentrado pode fluir com facilidade para o meio em que se tem menor quantidade dessa molécula. Ademais, em alguns pontos do túbulo renal é capaz de ser observado a reabsorção do cloreto por meio de transporte ativo secundário com o sódio. 16 TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL Composto por células grandes com muitas mitocôndrias em seu interior (devido a grande quantidade de processos ativos) e borda em escova (aumenta sua área de superfície, favorece a reabsorção). Essas características demonstram que são células de metabolismo alto. É nessa porção tubular em que se encontra a maior reabsorção de água durante todo o néfron. Reabsorção da maior parte dos íons: • Sódio • Cloreto • Bicarbonato • Potássio • Magnésio • Glicose • Aminoácidos Ao longo do túbulo proximal: o sódio é muito reabsorvido e no primeiro seguimento do túbulo proximal essa reabsorção se dá em conjunto com a glicose e aminoácidos. Na segunda parte do túbulo contorcido proximal essa reabsorção se dá principalmente com o íon cloreto. Ao prestar atenção no filtrado ao decorrer do túbulo, pode-se dizer que a concentração de cloreto aumenta, visto que é reabsorvido apenas na segunda porção do túbulo. Isso, pois, é necessário um tempo até que o gradiente eletronegativo seja formado. Em contrapartida, a concentração de sódio descresse de acordo com a passagem pelo túbulo devido a intensa reabsorção dessa molécula. Por um outro lado, a água também é intensamente reabsorvida, sendo assim, por mais que a quantidade de sódio se reduza ao longo do túbulo proximal sua concentração se mantem constante. A creatina é produto de metabolismo então não é reabsorvida, então há o aumento sua concentração ao longo do túbulo. Secreção tubular proximal: • produtos do metabolismo - Oxalato, catecolaminas, sais biliares. • Fármacos - Penicilinas, salicilatos. • Toxinas -As penicilinas são usadas para tratar infecções causadas por bactérias Gram- positivas (como infecções estreptocócicas) e algumas bactérias Gram- negativas (como infecções meningocócicas). -Salicilatos são um grupo de fármacos que atuam devido ao seu conteúdo de ácido salicílico, comumente utilizados na inflamação, antipirese, analgesia e artrite reumatoide. São ésteres dos ácidos salicílicos ou os ésteres salicilatos de um ácido orgânico. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/diagn%C3%B3stico-de-doen%C3%A7a-infecciosa/diagn%C3%B3stico-de-doen%C3%A7a-infecciosa#v8349405_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/diagn%C3%B3stico-de-doen%C3%A7a-infecciosa/diagn%C3%B3stico-de-doen%C3%A7a-infecciosa#v8349405_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-bact%C3%A9rias-gram-positivas/infec%C3%A7%C3%B5es-estreptoc%C3%B3cicas https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-bact%C3%A9rias-gram-negativas/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-bact%C3%A9rias-gram-negativas https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-bact%C3%A9rias-gram-negativas/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-bact%C3%A9rias-gram-negativas https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-meningoc%C3%B3cicas/infec%C3%A7%C3%B5es-meningoc%C3%B3cicas 17 Na primeira porção são reabsorvidos sódio, glicose e aminoácidos. Transporte ativo secundário Na segunda porção é reabsorvido sódio e cloreto. Difusão de Cl Bomba de sódio e potássio importante paraa formação do gradiente dentro da célula e reabsorção de sódio. 18 Como é possível avaliar a filtração glomerular a partir da alta ingesta proteica? Coma alta ingestão de proteínas teremos o aumento da concentração de aminoácidos presentes no filtrado, com isso, há a maior necessidade de sua reabsorção no início do túbulo contorcido proximal, como já visto antes, o transporte de aminoácidos depende diretamente da reabsorção de sódio. Tendo esse raciocino, podemos concluir que quanto mais aminoácido, mais sódio será reabsorvido e como consequência o íon cloreto também, diminuindo assim as concentrações de NaCl na luz do túbulo. Esse filtrado com baixas concentrações de NaCl irá chegar até o início do túbulo contorcido distal e será detectado pela mácula densa, que por sua vez enviará um sinal para as células JG. Esse sinal enviado pela mácula densa fará com que os níveis de renina secretados pelas células JG aumente, que então cairá na corrente sanguínea e ao encontrar o angiotensinogênio o converterá em angiotensina 1, que depois será convertida em angiotensina 2 pela ECA. A angiotensina 2 ao chegar no néfron promoverá a contração da arteríola eferente, aumentando a pressão hidrostática do glomérulo, o que resultará no aumento da taxa de filtração glomerular. Como é possível avaliar a filtração glomerular do diabetes melito não controlado? Com a diabetes descontrolada os níveis de glicose sanguínea serão elevados, assim com sua concentração no filtrado inicial, com isso, há a maior necessidade de sua reabsorção no início do túbulo contorcido proximal, como já visto antes, o transporte de glicose depende diretamente da reabsorção de sódio. Tendo esse raciocino, podemos concluir que quanto mais glicose, mais sódio será reabsorvido e como consequência o íon cloreto também, diminuindo assim as concentrações de NaCl na luz do túbulo. Esse filtrado com baixas concentrações de NaCl irá chegar até o início do túbulo contorcido distal e será detectado pela mácula densa, que por sua vez enviará um sinal para as células JG. Esse sinal enviado pela mácula densa fará com que os níveis de renina secretados pelas células JG aumente, que então cairá na corrente sanguínea e ao encontrar o angiotensinogênio o converterá em angiotensina 1, que depois será convertida em angiotensina 2 pela ECA. A angiotensina 2 ao chegar no néfron promoverá a contração da arteríola eferente, aumentando a pressão hidrostática do glomérulo, o que resultará no aumento da taxa de filtração glomerular. 19 Alça de Henle A alça de henle é dividida em dois seguimentos: descendente fino e ascendente. O seguimento ascendente também é subdividido em dois: fino e espesso. Seguimento descendente fino: o seguimento descendente fino é constituído por células finas, com poucas mitocôndrias (pouco transporte ativo) e sem borda em escova. A dinâmica de transporte durante essa porção é muito reduzida, sendo caracterizado por reabsorver o restante de água ainda presente no túbulo, por isso se diz que é o segundo ponto de maior reabsorção de água de todo néfron. Porém alguns solutos também são reabsorvidos, podendo ser frisado o cloreto. Além disso, a ureia reabsorvida no ducto coletor é secretada nessa porção (reciclagem da ureia, formador da medula hiperosmolar). *ALTA PERMEABLIDADE A ÁGUA* Reabsorção: • Água • Cloreto Secreção: • Ureia - Seguimento ascendente: Em seu terço inicial as células são finas, sendo chamado de seguimento ascendente fino da alça de henle, e logo em seguida temos células espessas e cheias de mitocôndrias, sendo chamado de seguimento ascendente espesso da alça de henle. Todo seguimento ascendente é praticamente impermeável a água, e nessas porções do túbulo é observado grande reabsorção de solutos (colaborando para a formação de uma hiposmolaridade). Bom lembrar que, embora o seguimento ascendente da alça seja capaz de ajudar a diluir a urina devido grande reabsorção de solutos ele não é reconhecido como seguimento diluidor (túbulo distal é reconhecido como seguimento diluidor da urina). - Seguimento ascendente fino: possui paredes finas, sem borda em escova e com poucas mitocôndrias. Apesar de ter reabsorção de solutos (cloreto) ela é menor do que no seguimento espesso. - Seguimento ascendente espesso: paredes espessas e com muitas mitocôndrias. São reabsorvidos grande quantidade de solutos graças ao transportador tripo presente em suas paredes. 20 Reabsorção: • Sódio • Cloreto • Potássio • Cálcio • Bicarbonato • Magnésio Transportador triplo: transporte ativo secundário. Ele é responsável por transportar 3 eletrólitos diferentes através de apenas uma proteína carreadora: 1 sódio, 2 cloretos e 1 potássio. As células do ramo espesso da alça possuem em sua membrana basolateral bomba de sódio e potássio, a qual contribui para a diminuição da concentração de sódio intracelular, com isso, é favorável que o sódio na luz do túbulo consiga fluir a favor de seu gradiente de concentração para dentro das células tubulares carreado pelo transportador triplo. Ao se formar um ambiente eletronegativo luminal o cloreto também encontra facilidade para ser transportado para dentro das células tubulares. Com esses dois transportes sendo feitos a favor do gradiente eletroquímico é formada energia para um transporte contra o gradiente, momento em que o potássio é transportado. Bomba de sódio e potássio, sai 3 Na+ e entram 2 K+. Ajuda a formar gradiente para Na+. K+ Na+ Na+ e Cl- formam energia para que K+ possa ser transportado contra o gradiente. O Na+ e o Cl- podem ser reabsorvidos pelo transportador tripo a favor do gradiente. O retrovazamento contribui para eletropositividade na luz do túbulo, facilitando a reabsorção de íons eletropositivos por via paracelular. Difusão pela membrana luminal: retrovazamento de K+ Difusão pela membrana basolateral: extravasamento de K+. Alta concentração de K+ intracelular, difusão do íon por canais presente na membrana. 21 Retrovazamento potássio: com o aumento da concentração de potássio dentro da célula tanto pela bomba de sódio e potássio, quanto pelo transportador tripo ele começa a se difundir pela membrana da célula através de canais de potássio presentes na membrana (seguindo seu gradiente). Entretanto, os canais de potássio estão presentes na membrana basolateral e luminal. Quanto ele sai pelos canais da membrana basolateral é chamado de extravasamento de potássio, quando sai pela membrana luminal voltando a luz do túbulo é chamado de retrovazamento de potássio. A importância desse retrovazamento de potássio é que temos o aumento de cargas positivas no interior do lúmen, que em conjunto com os demais solutos também de cargas positivas gera uma eletropositividade luminal, favorecendo a reabsorção de íons de cargas positivas pela via paracelular. Diuréticos de alça: furosemida, ácidos etacrínicos, bumetanida. São responsáveis por inibir o transportador triplo, fazendo com que todos os solutos que iriam ser reabsorvidos comecem a se acumular no interior do túbulo, assim como não favorece o retrovazamento de potássio e dificulta a reabsorção de íons eletropositivos. Isso faz com que a osmolaridade dentro do túbulo aumente o que facilita a secreção de água. Por isso sua ação anti-hipertensiva. Com a inibição do transportador todos os processos de reabsorção (diretos ou indiretos) param, levando o aumento da excreção de eletrólitos como paraefeito. A perda desses eletrólitos pode causar espoliação de potássio e magnésio. *Hipocalemia pode causar arritmias* (nesses casos podem ser recomentados diuréticos poupadores de potássio, antagonistas da aldosterona). Túbulo contorcido distal Conhecidocomo seguimento diluidor da urina. Praticamente impermeável à água e a ureia. Reabsorção: • Sódio • Potássio • Cloreto • Cálcio • Magnésio 22 O túbulo contorcido distal pode ser divido em dois: seguimento inicial e final. Túbulo contorcido distal inicial: assim que se chega nessa porção é possível ver a mácula densa (sensor de NaCl no filtrado). Como já visto antes, essa estrutura é responsável pelo estímulo ou inibição da secreção de renina pelas células JG, chamado de feedback tubuloglomerular. Além disso, é nesta porção inicial em que se tem grande parte da diluição da urina, uma vez que cálcio, sódio, cloreto e magnésio são reabsorvidos de forma direta ou indireta pelo transportador duplo. Transportador duplo: assim como no transportador triplo há uma bomba de sódio e potássio na membrana basolateral que favorece a formação de um gradiente no interior da célula tubular que facilita a entrada de Na+ por difusão pela membrana luminal. Então por meio do transportador duplo o sódio entra a favor de seu gradiente. Paralelo a isso, com a formação da eletronegatividade luminal o íon cloreto também pode atravessar a membrana sem dificuldade por difusão. Por esse motivo o transportador duplo pode carrear dois eletrólitos diferentes ao mesmo tempo: sódio e cloreto. Diuréticos tiazídicos: hidroclorotiazida. Agem inibindo o transportador duplo, fazendo com que se acumule os solutos dentro do túbulo e aumente a osmolaridade, com isso há elevação de secreção de água no túbulo, possibilitando a diminuição da pressão sanguínea. Túbulo distal final e túbulo coletor cortical: possuem 2 tipos celulares, as células principais (mais abundantes no túbulo distal final) e as intercaladas (mais abundantes no túbulo coletor cortical). - Células principais: responsáveis pela reabsorção de sódio e água e secreção de potássio no lúmen tubular. Assim como em outras porções do néfron, nas células principais há a presença de bombas de sódio e potássio em sua membrana basolateral para geração do gradiente de baixa concentração de Na+ e alta concentra de Bomba de sódio e potássio, sai 3 Na+ e entram 2 K+. Ajuda a formar gradiente para Na+. K+ Na+ O Na+ e o Cl- podem ser reabsorvidos pelo transportador duplo a favor do gradiente. 23 K+ em seu interior. Com isso, o sódio pode se difundir do lúmen para o interior da célula e o potássio para fora. Aldosterona: a bomba de sódio e potássio presente na membrana basolateral dessas células é altamente estimulada pela aldosterona. A aldosterona é um mineralocorticoide produzido no córtex da suprarrenal pelo estímulo da angiotensina 2. A sua ação pode ser dividida em genômica (estimular a síntese de novas proteínas carreadoras de bomba de sódio e potássio) e não genômica (pegar as proteínas carreadoras de sódio e potássio e estimular seu funcionamento). Elevando a ação dessas proteínas, também será intensificada a reabsorção de sódio e a secreção de potássio. Ao aumentar a reabsorção de sódio também cresce a reabsorção de cloreto nesse seguimento, NaCl eleva a osmolaridade sanguínea, e então o fluxo de água para o intravascular sobe os níveis pressóricos. Relembrando: quando a angiotensina 2 chega ao córtex da suprarrenal, na zona glomerulosa estimula uma enzima chamada aldosterona-sintase que por sua vez produz a aldosteroNa+. A aldosteroNa+ é responsável pela reabsorção de sódio e secreção de potássio no túbulo renal, sendo assim, com a reabsorção de sódio também temos a reabsorção de cloreto que juntos exercem uma força osmótica relativamente grande, puxando água e contribuindo para o aumento da pressão arterial. Diuréticos antagonistas da aldosterona (poupadores de potássio): espironolactona e epierenona. Agem inibindo a aldosterona. Bloqueadores do canal de Na+: amilorida e triantereno. Bomba de sódio e potássio, sai 3 Na+ e entram 2 K+. Ajuda a formar gradiente para Na+. O Na+ pode ser reabsorvido através de canais a favor do gradiente. E K+ secretado através de canais a favor do gradiente. Aldosterona estimulando bomba de sódio e potássio como resposta a hipovolemia. 24 - Células intercalares: presentes nos túbulos e ductos coletores e agem em prol da homeostase do pH (equilíbrio ácido-básico). Elas trabalham secretando ou reabsorvendo íons de hidrogênio, bicarbonato e potássio. As células intercaladas podem ser divididas em tipo A (alfa) e B (beta). • Células intercaladas tipo A: eliminam íon H+ e reabsorvem HCO3- em condições de ACIDOSE. Fazem isso ao passo em que o CO2 entra nessa célula e pela ação da enzima anidrase-carbônica (junta CO2 + H2O) é transformado em ácido carbônico (H2CO3) e então essa molécula se dissocia em HCO3- e H+. O bicarbonato é reabsorvido por um transportador em conjunto com o cloreto (para manter a eletroneutralidade). Já o íon H+ pode seguir dois caminhos: ser secretado pela H+ -ATPase ou H+K+ - ATPase. O balanço é de 1 para 1, para cada hidrogênio secretado um bicarbonato é reabsorvido. • Células intercaladas tipo B: eliminam HCO3- e reabsorvem H+ em condições de ALCALOSE. Fazem isso ao passo em que o CO2 entra nessas células e pela ação da enzima anidrase-carbônica (junta CO2 + H2O) é transformado em ácido carbônico (H2CO3) e então essa molécula se dissocia em HCO3- e H+. O bicarbonato é secretado por um transportador em conjunto com o cloreto (reabsorvido) para manter a eletro neutralidade. Já o íon H+ pode seguir dois caminhos ser reabsorvido pela H+ -ATPase ou H+K+ -ATPase. O balanço é de 1 para 1, para cada hidrogênio reabsorvido um bicarbonato é secretado. Hidrogênio sendo secretado tanto pela hidrogênio-ATPase, quanto pela hidrogênio-potássio-ATPASE. Bicarbonato sendo reabsorvido 25 Nas porções finais do néfron a permeabilidade a água é muito baixa, mas nos túbulos distal final e túbulo coletor cortical a permeabilidade é controlada pelo ADH (vasopressina). Ação do ADH: ao se ligar no seu receptor de membrana basolateral consegue expor aquaporinas na membrana luminal e então água pode ser reabsorvida em um ambiente de baixa permeabilidade a água. Ducto Coletor medular Seguimento imerso na medula renal. Tem sua permeabilidade à água determinada pelo nível de ADH. É permeável à UREIA e participa do equilíbrio ácido-básico. Reabsorção: • Sódio • Cloreto • H2O (+ADH) • Ureia (+ADH) • Bicarbonato Secreção: • Hidrogênio Equilíbrio glomerulotubular: é a regulação dos processos que ocorrem no néfron. Sendo assim, quanto maior a carga tubular (quantidade de soluto no filtrado), maior será a reabsorção desses solutos. Além de que se há maior filtração, há também maior reabsorção até que a carga máxima seja atingida. Esse fator age em conjunto com os mecanismos autorreguladores a fim de manter a integridade do glomérulo. Bicarbonato sendo secretado Hidrogênio sendo reabsorvido tanto pela hidrogênio-ATPase, quanto pela hidrogênio- potássio-ATPASE. 26 Forças físicas peritubulares e do líquido intersticial renal: • Pressão hidrostática (Ph) capilar peritubular: opõe à reabsorção. • Ph do interstício renal: favorece a reabsorção. • Pressão coloidosmótica das proteínas plasmáticas: favorece a reabsorção. • Pressão coloidosmótica do interstício renal: opõe à reabsorção Os fatores que permitem a reabsorção renal são: • Pressão de reabsorção positiva: as forças que trabalham a favor da reabsorção têm de ser amores do que as contrárias. • Permeabilidade capilar (Condutividade hidráulica): os elementos têm que conseguir fluir através da parede capilar. • Grande área de superfície capilar peritubular. Regulação da reabsorção tubular: SUPOSIÇÔES PARA MELHORAR O RACIOCINIO. SE: - Há o aumento da pressão capilar peritubular, há também elevação da pressão que o sangue faz na parededo vaso, por esse motivo a pressão hidrostática aumenta (força contrária a reabsorção e a favor da filtração) então há diminuição da reabsorção. Esse quadro pode ser observado quando os mecanismos responsáveis por manter a pressão constante nos capilares renais (como a resposta miogênica da arteríola aferente, feedback tubuloglomerular) não conseguem agir de forma efetiva, ocasionando que o aumento da volemia chegue até os capilares peritubulares e afete o processo de reabsorção. - Aumento da resistência das arteríolas aferentes traz um volume menor para o glomérulo e consequentemente haverá a diminuição da pressão hidrostática peritubular, e uma vez que essa pressão diminui há um aumento da reabsorção, pois a pressão hidrostática é contrária a ela e esta força está menor. - Aumento da resistência das arteríolas eferentes (ação da angiotensina 2) causa a elevação da filtração glomerular, devido a diminuição do volume de sangue que está saindo do néfron, fazendo com que o sangue fique aprisionado no glomérulo o que eleva a pressão hidrostática e por consequência a taxa de filtração glomerular inicialmente. Entretanto, com o aumento do volume sanguíneo dentro desse glomérulo, em conjunto há o acúmulo de proteínas presentes no plasma em seu interior, o que aumenta a força coloidosmótica glomerular e pode diminuir a taxa de filtração ao decorrer do tempo. É importante ressaltar também que há a diminuição da pressão hidrostática peritubular com a constrição da arteríola eferente (pois aumenta a taxa de filtração glomerular), fato que favorece a reabsorção peritubular. 27 Atrelado a isso, também ocorre o aumento da concentração de proteínas nos capilares peritubulares, por causa do aumento da filtração, o que também ajuda no processo de reabsorção. - Aumento da pressão hidrostática peritubular ou redução da pressão coloidosmótica peritubular: redução da reabsorção. O sentido da reabsorção é da luz do túbulo, passando pelas células epiteliais que o compõe, vai para o interstício e só então pode entrar nas células endoteliais dos capilares peritubulares. Se tem condições que reduzem a reabsorção há o acúmulo de líquido no interstício, levando há um aumento da pressão hidrostática intersticial, o que causa o retrovazamento desse líquido para o túbulo pelas junções de oclusão. E então com esse retorno de líquido para o túbulo também retorna Na+, o que leva a uma maior excreção de Na+ na urina, processo chamado de natriurese pressórica (eliminação de sódio através de urina). - Aumento da pressão arterial: diminuição da formação de angiotensina 2, por ser uma substância importante na reabsorção de sódio (forma a aldosterona). Então, não terá a formação significante de aldosterona e assim, seu mecanismo de estimular a bomba de sódio e potássio na membrana basolateral, favorecendo com que tenha uma menor concentração de sódio no interior das células, permitindo então que o sódio venha dos túbulos para o interior das células a favor de seu gradiente não acontecerá. * Aldosterona também entra em baixa, menor reabsorção de sódio, o que permanece no filtrado e leva a natriurese pressórica. Controle hormonal na regulação da reabsorção tubular: Aldosterona: produzido pelo córtex da suprarrenal, estimula a bomba de sódio e potássio na membrana basolateral (genômica e não genômica). Pode se dizer que a aldosterona aumenta a reabsorção de sódio, Pc =pressão hidrostática capilar (contra a reabsorção). c= pressão coloidosmótica capilar (a favor da reabsorção). Com o aumento da Pc e diminuição da c a reabsorção diminui, visto que uma força contrária a ela está maior do que uma que é a favor. Há o acúmulo de líquido no interstício o que aumenta o retrovazamento para o interior do túbulo Em situações em que o retrovazamento está aumentado pode ocorrer natriurese pressórica pela excreção de Na+. Normal: com a Pc e a c em níveis normais os mecanismos a reabsorção pode ocorrer naturalmente de forma efetiva. 28 estimula a secreção de K+ e H+. Então o paciente que produz muita aldosterona vai apresentar um aumento de pressão arterial, aumento do pH e espoliação de K+ (pode apresentar arritmias). Age no túbulo contorcido distal final e túbulo coletor cortical. Células principais. Fisiologicamente o estímulo direto importante para o aumento de aldosterona (sem precisar da angiotensina II) é a elevação da concentração de potássio extracelular, redução do sódio e redução de H2O (hipovolemia, maior necessidade de reabsorção de Na+). Angiotensina II: estimula também diretamente bomba de sódio e potássio (no túbulo contorcido próxima, na alça de henle e túbulo contorcido distal) na membrana basolateral das células tubulares, com isso estimula a reabsorção de Na+/Cl- e assim a reabsorção de H2O, sendo uma importante substância hipertensiva. Além disso, aumenta a secreção de H+ e aldosterona. Promove contração arteriolar eferente (tente relembrar os motivos que causam esse mecanismo, importante para compreensão). 29 ADH: hormônio antidiurético/vasopressina. Nas células da porção final do néfron (túbulos distais), as aquaporinas não estão dispostas na membrana luminal, mas sim estão em seu citoplasma. Tendo isso em mente, o ADH/AVP (arginina vasopressina) chega na membrana basolateral e se liga a seus receptores, que enviam todo um sinal intracelular que possibilita as equatorianas se mobilizarem para a membrana luminal das células tubulares dos seguimentos finais do néfron, aumentando a entrada de H2O, elevando assim a reabsorção de água. *Diabetes insipidus- ausência de ADH- urina mais diluída. Isso faz com que não se observe essa reabsorção de água nos seguimentos finais do néfron, fazendo com que a urina fique mais diluída (poliúria). Estímulos para secreção de ADH: • Aumento da osmolaridade plasmática. • Redução do volume sanguíneo. • Redução da pressão arterial. • Vômitos. • Alguns fármacos/drogas: morfina e nicotina. Fatores que reduzem a secreção de ADH: • Redução da osmolaridade plasmática. • Aumento do volume sanguíneo. • Aumento da pressão sanguínea. • Fármacos/drogas: álcool, clonidina. Peptídeo Natriurético atrial: liberado pelas células do átrio quando sofrem distensão (além do normal), reduz a reabsorção de Na+ e água principalmente nos ductos coletores com o objetivo de diminuir a volemia. Age diminuindo a secreção de renina, ou seja, abaixa angiotensina II e irá assim decair a volemia, isso ocorre, pois, quando os peptídeos natriuréticos atriais são secretados irão aumentar o nível de Na+, fazendo a mácula 30 densa ler e mandar o sinal para as células JG pararem de produzir renina e como consequência diminui a reabsorção de Na+ peritubular. Hormônio Paratireoide: O paratormônio aumenta a reabsorção de cálcio na alça de henle e túbulo distais; inibe a reabsorção de fosfato no túbulo proximal e estimula a reabsorção de magnésio na alça de henle. Osmolaridade Osmolaridade: relação da concentração de soluto e volume LEC. Quanto maior a quantidade solutos em relação ao LEC maior a osmolaridade e quanto menor a quantidade de solutos em relação ao LEC menor a osmolaridade. Urina pode ser: Isosmótica: osmolaridade igual ao sangue (300mOms/l). Hiperosmótica: osmolaridade maior que a do sangue. Hiposmótica: osmolaridade menor que a do sangue. Quando há o aumento da osmolaridade plasmática, esse sangue hiperosmolar ao circular na corrente sanguínea chegará na região anterior do hipotálamo, o qual tem os receptores hipertalamicos detectores de osmolaridade (osmoreceptores) e incentivam a sede e a secreção do hormônio antidiurético (ADH). Esse mecanismo de homeostase com o tempo diminui a osmolaridade plasmática (feedback negativo), o que inibe os osmoreceptores hipotalâmicos e todos os mecanismos queestes ativam. O ADH é importante por regular a osmolaridade e a concentração de sódio no plasma. Responsável para que a urina saia mais concentrada ou mais diluída. Mais ADH urina mais concentrada, menos ADH urina mais diluída. Osmolaridade ao decorrer do néfron: A filtração ocorre e o filtrado tem a osmolaridade muito próxima do plasma, sendo esse então isosmolar e se mantem assim durante todo túbulo proximal (muita água e muito soluto sendo reabsorvidos). No ramo descendente fino da alça de henle, é o segundo seguimento com maior reabsorção de água, porém não tem tanta reabsorção de soluto, então há muita água saindo e muito soluto ficando fazendo com que essa osmolaridade aumente, hiperosmolar. O seguimento ascendente espesso é praticamente impermeável a água, porém há muita reabsorção de soluto e há a presença do transportador triplo o que faz com que a osmolaridade diminua, sendo então hiposmolar. Nessa porção o ADH age estimulando o transportador triplo fazendo com que os solutos sejam reabsorvidos em intensidade para o interstício, sendo assim, a alça de henle por estar presente na medula renal (+ hiperosmolar ao córtex) contribui para o aumento do gradiente corticomedular. Por fim, no túbulo contorcido distal é onde o filtrado fica mais diluído pela grande reabsorção de soluto existente, sendo assim hiposmolar. 31 Por que é preciso criar a hiperosmolaridade medular? Essa hiperosmolaridade medular é importante, pois com os efeitos do ADH para aumentar a reabsorção de água (mobilizar aquaporinas), o aumento da concentração do gradiente medular contribui na reabsorção dessa água nos seguimentos finais do túbulo. A osmose acontece com a água saindo de um meio menos concentrado para um mais concentrado. Além disso, observa-se que para uma medula renal ser hiperosmolar em relação ao córtex, a ureia (produto de metabolismo que é filtrado), é reaproveitada. Isso acontece, pois, no ducto coletor medular há canais de ureia de reabsorção, os quais agem por estimule de ADH. Por esse soluto ser reabsorvido em uma porção que se situa na medula ele por consequência cai na medula renal e agrega em osmolaridade para essa medula. O ADH além de estimular os canais de ureia, também ajuda em sua reabsorção. Sua ação de retirada de água do filtrado favorece para que haja uma concentração luminal aumentada de solutos, sendo um soluto abundante a ureia. Devido a isso, ela pode sair do interior do túbulo com mais facilidade a favor de seu gradiente. Essa ureia apenas passa pela medula e volta para o interior do túbulo no seguimento descendente fino da alça de henle por meio de secreção, todo esse processo é chamado de reciclagem da ureia. É importante ter em mente que o ADH sempre irá agir para proporcionar uma melhor reabsorção de água, ou seja, ele estimula três processos no néfron: reabsorção de solutos no transportador triplo, mobilização de aquaporinas nos túbulos finais e reabsorção de ureia no ducto coletor medular interno. Gradiente osmótico corticomedular: diferença de concentração entre o córtex e a medula renal. • Multiplicação por contracorrente. • Reciclagem da ureia. 32 Multiplicação por contracorrente: na alça de henle acontece um processo que para ser entendido é preciso que incialmente se pense que o filtrado dentro da alça de henle e o líquido extracelular estão com o mesmo gradiente de concentração osmótico (ambos isosmolares). Os solutos mais abundantes nesse processo são Na+ e Cl- Na medula renal a densidade dos capilares peritubulares é menor, importante para menor retirada de solutos do interstício o que contribui para manter o gradiente hiperosmolar na medula renal. Esses capilares peritubulares tem uma denominação especial, podem ser chamados de vasos retos. Reciclagem da ureia: ao longo de todo túbulo renal a ureia é praticamente impermeável, porém quando chega ao final do ducto coletor medular interno, é observado canais de ureia (UT1 e UT3) e estes são ativados pelo hormônio ADH. Além disso, com a reação do ADH em reabsorver água nos túbulos finais do néfron a ureia fica bem concentrada no lúmen do ducto o que facilita seu transporte por difusão através dos canais presentes nesse ducto. Ao chegar no interstício ela se soma aos demais solutos ali presentes e contribui para que a hiperosmolaridade continue presente. Porém a ureia apenas passa por este interstício e vai em direção ao ramo descendente fino da alça de henle para que possa ser secretado, no ramo descendente fino a canais E como anteriormente, com os solutos sendo reabsorvidos em nível ascendente da alça, o filtrado hipersmolar se torna hipoosmolar. Como consequência o córtex fica mais concentrado também. No ramo descendente há a reabsorção de água novamente e concentração do filtrado em seu interior. Esse processo ocorre repetidamente. O raciocínio começa do seguimento ascendente da alça para o descendente. Com a continuidade do fluxo do filtrado, observa-se chegando novamente no ramo descendente filtrado isosmolar e o filtrado que inicialmente estava hiperosmolar no ramo descendente vai em direção ao ramo ascendente. Inicialmente, no seguimento ascendente há a reabsorção de muitos solutos, observando-se uma diminuição de sua osmolaridade. Em contrapartida, os solutos que saem desse seguimento vão em direção ao interstício, aumentando sua osmolaridade. Imagine a alça de henle com seu filtrado e interstício com valores osmóticos isosmolares (hipoteticamente). O raciocínio começa do seguimento ascendente da alça para o descendente. Paralelamente ao processo anterior, no ramo descendente há muita reabsorção de água, favorecendo a concentração de soluto dentro desse ramo, aumentando sua osmolaridade. Por mais que essa água entre no interstício não altera muito sua osmolaridade devido a saída também de solutos do ramo ascendente. Ao decorrer desse processo, é possível perceber que há uma distribuição de osmolaridades dentro desse túbulo e isso favorece para a formação do gradiente cortiço-medular, uma vez que o interstício quanto mais próximo a medula, mais concentrado. 33 (UT2) estão dispostos com sentido de secreção para o lúmen tubular e então ela retorna para dentro do túbulo. EQUILÍBRIO ELETROLÍTICO Regulação renal do potássio: a maior parte do K+ corporal encontra-se no LIC (98%), sendo em média 4.2 sua dosagem. Esse grande gradiente de potássio é mantido pela bomba de sódio e potássio, sendo um desafio manter a concentração de potássio extracelular baixa devido ao gradiente de concentração. O potássio elevado apresenta uma toxidade aos miócitos, podendo causar arritmias. Esse íon pode ser encontrado com facilidade em alimentos comumente consumidos, então sua elevação no líquido extracelular pode ocorrer com facilidade, levando a um quadro de hipercalemia (afetando o coração), por esse motivo há mecanismos de homeostase afim de manter essa taxa de potássio baixa no LEC. Mecanismos de homeostase para o potássio Balanço interno de potássio: balanço de equilíbrio através das membranas celulares. Este mecanismo permite que internalize nas células o potássio presente no plasma quando em falta e permite sua saída em casos de hipercalemia. Balança externo de potássio: envolve mecanismos renais. Excretando mais potássio quando se tem muito circulante e excretando menos quando se tem menos circulante. Fatores que permitem a alteração de potássio a nível celular: Fatores que desviam o K+ para as células (reduzem o K+ extracelular) Insulina: hormônio pancreático que atua na internalização celular do potássio, ela age estimulando a bomba de sódio e potássio. Abundante após o período pós-prandial. (hipocalemiante). AldosteroNa+: nas células principais ela ativa a bomba de sódio e potássio na membranabasolateral e então o K+ pode ser externalizado por canais (que também são expressos em maior quantidade) na membrana luminal. Estimulação B-adrenérgica: quando a descarga de catecolamina/adrenalina há a estimulação de receptores do tipo Beta2 que levam a ativação da bomba de sódio e potássio. Alcalose: em condições de alcalose a ação da bomba e sódio e potássio trabalha com uma eficiência maior. Células intercaladas do tipo B: secreção de potássio. Fatores que desviam o K+ para fora das células (aumentam o K+ extracelular): 34 Deficiência de insulina (diabetes melito): com a falta de insulina seus efeitos também não ocorrem, não havendo o estímulo da bomba de sódio e potássio. Deficiência de aldosterona (doença de Addison): com a falta de aldosterona seus efeitos também não ocorrem, não havendo o estímulo da bomba de sódio e potássio. Bloqueio B-adrenérgico: existe uma classe de medicamentos que são os beta-bloqueadores, que agem bloqueando a atividade B-adrenérgica, podendo haver como paraefeito a hipercalemia de potássio, por esse motivo é recomendado que pacientes que utilizam esses medicamentos evitem atividades físicas extenuantes (que leva a exaustão). Isso, pois, essas atividades físicas levam a lesam de miócitos, externalizando o potássio dentro delas o que corrobora ainda mais para os efeitos arritmogênicos da hipercalemia. Acidose: não favorece o funcionamento da bomba de sódio e potássio. Lise celular: quebra de membranas plasmáticas causa o extravasamento do potássio dentro dessas células. Exercício extenuante: pode levar lise de miócitos e favorece a externalização de potássio. Aumento da osmolaridade do líquido extracelular: em situações de hiperglicemia por exemplo há o aumento da osmolaridade plasmática, com isso, observa-se um fluxo osmótico para onde essa osmolaridade está aumentada, então começa a sair água da célula e o interior da célula começa a ficar muito concentrado, como o potássio é o íon abundante intracelularmente também começa a ser externalizado por difusão a favor de seu gradiente, aumentando a concentração de potássio extracelular. Células intercaladas do tipo A: extravasamento de potássio pela membrana basolateral. 35 Balanço interno de potássio: distribuição de potássio através das membranas celulares. BOMBA DE Na+ E K+. todos os mecanismos citados acima que utilizam dessa bomba fazem parte do balanço interno. Hipercalemia: aumento da concentração de potássio no sangue. Hipocalemia: redução da concentração de potássio no sangue. Anormalidades ácido-básicas: -Acidemia: (acúmulo de H+ no sangue): redução da atividade da bomba de Na+/K+. Ação das células intercaladas do tipo A. HIPERCALEMIA -Alcalemia: (redução de H+ no sangue): Ação das células intercaladas do tipo B. HIPOCALEMIA. Balanço externo de potássio: geralmente acontece depois dos mecanismos internos já terem agido. A excreção de potássio é igual à ingestão. Balanço positivo de K+: excreção for menor do que a ingestão. HIPERCALEMIA. Balanço negativo de K+: excreção for maior do que a ingestão. HIPOCALEMIA. A excreção de potássio é determinada por 3 fatores: • 1-filtração do potássio: se há maior filtração de potássio ele será excretado em maior quantidade também. Em contrapartida, se há menor filtração de potássio menos ele será excretado. • 2-reabsorção de potássio: caso haja menor reabsorção de potássio naturalmente ele será excretado em maior quantidade. Em contrapartida, se há menor reabsorção de potássio ele também será excretado em menor quantidade. • 3-secreção tubular de potássio: com a maior secreção de potássio no interior do túbulo renal há maior concentração desse íon para ser excretado também. Em contrapartida, se há menos secreção de potássio, menos ele será excretado. A excreção de potássio é principalmente pela urina (92%) e uma pequena parte através das fezes (8%). A reabsorção de potássio ao longo do néfron: • Maior parte no túbulo contorcido proximal (cerca de 65%). • Ramo ascendente da alça de henle (reabsorve 20% de K+ do filtrado). Através do contratransportador Na+K+2Cl- • Túbulo contorcido distal e ductos coletores: secretam e reabsorvem K+ conforme a necessidade. Ajuste fino (mais criterioso) da excreção de K+, são processos importantes que somam a processos anteriores. 36 Situações hipotéticas para fixação do conteúdo: Aumento da ingestão de potássio: com o aumento da ingestão de muitos alimentos ricos em potássio se tende a ter uma maior concentração desse íon nos líquidos extracelulares, com isso, o rim trabalha aumentando a secreção de K+ pelos túbulos distais e coletores. Redução da ingesta de potássio: com a diminuição da ingestão de alimentos ricos em potássio se tende a ter um déficit desse íon no líquido extracelular, a fim de manter a homeostase há a diminuição da secreção de k+ pelos túbulos distais e coletores com objetivo de conservar o K+ já existente no corpo. Fatores controladores da secreção de potássio: • 1-atividade da bomba de Na+/K+ ATPase. Se há uma maior atividade da bomba o potássio será internalizado através da membrana basolateral em maior quantidade e consequentemente será secretado em maior quantidade através de canais presentes na membrana luminal. (aldosterona) • 2-gradiente eletroquímico para secreção de K+. O gradiente de concentração dentro das células precisa ser favorável para que esse íon seja transportado através dos canais na membrana luminal para o interior do túbulo. • 3-permeabilidade da membrana luminal. Importante ter os canais de k+ atuantes na membrana luminal. Se: 37 Hipocalemia: Cessa a secreção e K+ Reabsorção efetiva nos túbulos distais e coletores CÉCULAS INTERCALADAS TIPO A Hipercalemia: Secreção de k+ CÉLULAS INTERCALADAS TIPO B Balanço do fosfato: • Fosfato é constituinte os ossos e tampão urinário para o H+ (se liga temporariamente ao H+ neutralizando-o). • A maior parte de fosfato filtrado é reabsorvida no túbulo contorcido proximal. 38 • O paratormônio inibe o cotransportador de Na+ - fosfato no túbulo contorcido proximal. Fosfatúria (eliminação de fosfato pela urina). Balanço de cálcio: • 50% do cálcio total plasmático é encontrado na forma ionizada livre. (sem estar ligado a nada) • Aproximadamente 40% de cálcio plasmático encontra-se ligada a proteínas (albumina), obstáculo para ser filtrado. • Aproximadamente 10% de cálcio plasmático encontra-se associado a ânions (fosfato, citrato). Maior parte da excreção do cálcio ocorre pelas fezes. A maior parte do cálcio encontrado no corpo está armazenado nos ossos (complexo hidroxiapatita de cálcio). Regulação do cálcio: o cálcio também é um íon que precisa ficar dentro de sua faixa de normalidade. Quando há quadros de hipocalcemia, mecanismos de homeostase fazem com que haja a secreção do paratormônio, esse por sua vez agirá em três pontos para tentar aumentar as concentrações de cálcio plasmáticas: ativação da vitamina D3 (só com a ativação dessa vitamina o Ca++ da alimentação pode ser absorvido no intestino), aumenta a reabsorção de Ca++ nos seguimentos finais do néfron e aumenta a liberação óssea de cálcio (vai até os osteoclastos e estimula sua ação de desmineralização do cálcio da matriz óssea e o joga na corrente sanguínea). Paratormônio (PTH) inibindo a entrada de fosfato. 39 Reabsorção de cálcio no túbulo proximal: • Via paracelular (maior parte). • Via transcelular (menor parte). Reabsorção de cálcio na alça de henle: • Seguimento ascendente espesso. 40 Reabsorção de cálcio no túbulo distal: • Reabsorve cerca de 8% do Ca++ filtrado. • Reabsorção estimulada pelo paratormônio. Hipocalciúria. • Único segmento onde a reabsorção de Ca++ não está associada à do Na+. Balançodo magnésio: • A maior parte do Mg++ é reabsorvida no ramo ascendente espesso da alça de henle. • Diuréticos de alça inibem a reabsorção de Mg++ (hipomagnesemia) Equilíbrio ácido básico (homeostase do pH) pH normal do corpo: 7,4. pH da urina: entre 4,5 e 8,0. (reflexo da busca do equilíbrio ácido básico renal) pH das secreções gástricas: 0,8. Mudanças do pH podem desnaturar proteínas. Importantes defesas contra as alterações da concentração do H+: • Tamponamento nos líquidos corporais • Regulação respiratória • Controle renal Controle renal no equilíbrio ácido-base: Os rins excretam urina ácida ou básica • Grande quantidade de HCO3- filtrada de forma contínua. • Grande quantidade de H+ secretada de forma contínua. Reabsorção de HCO3- Excreção de H+ Ao decorrer do túbulo há um processo importante nesse equilíbrio. Ocorre nas porções: túbulo proximal, segmento espesso ascendente da alça de henle e início do túbulo distal. Secreção de H+ A reabsorção de HCO3- só acontece se tiver secreção de H+ 41 O HCO3- que é filtrado de forma contínua se encontra com o H+ que é secretado de forma contínua e forma o ácido carbônico (H2CO3) que é um composto intermediário, o H2CO3 na luz túbulo por ser um composto instável se dissocia em CO2 e H2O. Esse processo é importante, pois não há canais de bicarbonato na membrana luminal, mas o CO2 formado pode se difundir pela membrana por difusão para o interior da célula. Ao chegar no interior dessas células essa molécula encontra em abundância H2O e pela enzima anidrase- carbônica é convertida novamente em ácido carbônico o qual se dissocia em HCO3- e H+ intracelularmente. Dessa forma o HCO3- pode ser transportado para o LEC por um transportador em conjunto a Na+ presente na membrana basolateral. A secreção de H+ é muito importante para que o HCO3- possa ser reabsorvido. • Então se houver diminuição da concentração de H+ nos líquidos extracelulares: menor secreção de H+, menor reabsorção de HCO3- e maior excreção de HCO3-. • Se houver aumento das concentrações de H+ nos líquidos extracelulares: maior secreção de H+, reabsorção de todo HCO3- e ausência de excreção de HCO3-. 42 A determinação do pH só é definida depois que o filtrado passa pelas células intercaladas, as quais fazem um ajuste fino desse pH. Tampão amônia: mecanismo encontrado em acidoses crônicas A glutamina é um produto de metabolismo de aminoácidos, a qual chega através da circulação até os rins, ao chegar nas células do túbulo contorcido proximal e se internalizar, essa molécula se transforma em outras duas moléculas 2NH4+ (amônia) e 2HCO3-(bicarbonato). A amônia é secretada em um contratransporte com Na+ sendo então liberada uma molécula ácida. Em contrapartida o bicarbonato consegue se difundir pela membrana basolateral até que chegue à corrente sanguínea e ajuda na manutenção do pH. 43 Etapas: • Aumento da concentração de H+ no LEC. • Estímulo ao metabolismo renal de glutamina. • Aumento na formação de NH4+ e HCO3-. • Acidose crônica aumenta a excreção de NH4+ AUMENTAM a secreção de H+ e a Reabsorção de HCO3- DIMINUEM a secreção de H+ e a Reabsorção de HCO3- Aumento na PCO2 Redução na PCO2 Aumento H+ / Redução no HCO3- Redução H+ / Aumento HCO3- Redução do LEC Aumento do LEC Aumento Angiotensina II Redução Angiotensina II Aumento Aldosterona Redução Aldosterona 44 Principais estímulos para o aumento da secreção de H+ pelos túbulos: 1- Aumento na PCO2 (pressão parcial de CO2): acidose respiratória. Os rins ajudam o trabalho pulmonar em busca da homeostase secretando H+ no túbulo, que por consequência se liga a bicarbonato, sendo observado uma grande reabsorção de bicarbonato. 2- Aumento de H+/redução de HCO3-: acidose metabólica. Mesmo mecanismo mencionado na acidose respiratória. 3- Redução do LEC: a secreção de H+ é dependente da reabsorção de sódio, então qualquer condição que leve a uma maior reabsorção de sódio também leva a maior reabsorção de H+. 4- Aumento da angiotensina II: aumenta a reabsorção de sódio. 5- Aumento da aldosterona: aumenta a reabsorção de sódio. Principais estímulos para diminuir a secreção de H+ pelos túbulos (ao contrário dos mecanismos acima). Gasometria: 45
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