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Motricidadde e Tônus Muscular

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Semiologia Neurológica - Victoria Durand 
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Motricidade e Tônus Muscular 
No homem a motricidade é controlada por dois grandes grupos de fibras: 1) sistema piramidal e 2) 
sistema extrapiramidal. 
i. Sistema piramidal é o responsável pela motricidade voluntária e tem ação facilitadora sobre 
os reflexos cutâneos superficiais (cutaneoplantar e cutaneoabdominal). 
ii. Sistema extrapiramidal é responsável pela movimentação automática, involuntária e de 
ajustes ou correções de movimentos voluntários. 
Força muscular 
É o que capacita o músculo a movimentar articulações e membros ou tronco/face, estando relacionado a 
duas vias principais para sua efetivação: 
• 1º neurônio motor 
o Localizado na área motora do córtex. Forma o Trato Córtico-espinhal. 
1. Lesão: Comprometimento do SNC (lesão central). Observa-se o comprometimento 
do membro como um todo. 
• 2º neurônio motor 
o Está no Corno Anterior da Medula, formando a Raiz ventral (motora). Essa raiz vai se 
somar a raiz dorsal (sensitiva), formando os nervos periféricos. 
1. Lesão: Comprometimento do SNP (neuropatia periférica). Observa-se o 
comprometimento de seções do membro. 
Graduação de força muscular 
Obs.: O exame físico precisa descrever todos os acontecimentos perceptíveis da consulta, desde o nível de 
consciência até a força muscular. Isso favorece a comparação para próximas consultas. 
 
Obs..: Se houver dúvida se é grau 0 ou grau 1, na dúvida se coloca grau 0. 
Obs.: Para manter-se de pé, o indivíduo necessita de no mínimo força grau IV nos MMII. 
Conceitos em relação a perda de força/movimento 
↳ Paresia: Perda de força parcial (Grau 1 - Grau 4) 
I. Monoparesia: Perda de força parcial em um membro 
II. Hemiparesia: Perda de força de um lado do corpo (Completa - pega face; Incompleta - não pega face) 
III. Paraparesia: Perda de força parcial em MMII 
IV. Tetraparesia: Perda de força parcial em todos os membros 
V. Diparesia: Perda de um lado em um momento, perda do outro lado em outro momento. 
 
↳ Plegia: Perda de força total (Grau 0) 
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I. Monoplegia: Um membro só 
II. Hemiplegia: Um lado do corpo (Completa - pega face; Incompleta - não pega face) 
III. Paraplegia: Ambos os MMII 
IV. Tetraplegia: Todos os membros 
V. Diplegia: Perda de um lado em um momento, perda do outro lado em outro momento. 
Obs.: As paresias podem ser descritas como proximais, distais ou globais (quando acometem toda a extensão do 
membro), sendo sinal de grande importância na determinação do tipo de doença causadora do distúrbio. 
Exame físico (Manobras) 
↳ Manobra contra resistência 
Testada em cada grupamento muscular, para avaliação da força máxima/submáxima – contra resistência do 
examinador 
• Servem para graduar. 
↳ Manobra deficitária 
Testada com os membros contra gravidade, por tempo determinado, para avaliar quedas que sugiram perda de 
força (principalmente piramidal) 
• Quando a força do paciente é muito além ou muito aquém a do examinador. 
• Ajuda a definir se a perda do membro é piramidal ou não. 
Nas graduações menores de força: Observar se o membro vence a gravidade, apresenta movimento ou tônus 
muscular. 
i. Mingazzini dos MMSS (Manobra dos Braços Estendidos) 
Paciente fazendo Mingazzini MMSS os dedos flexionam (fadiga do extensor dos dedos), braço prona 
(vira para baixo pela fadiga da supinação) e em seguida cai. Se a musculatura proximal cai primeiro, 
pode ser lesão de plexo (segundo neurônio motor). 
ii. Mingazzini (MMII) 
 
iii. Barré 
90º entre os segmentos coxa-perna-pé, queda de distal para proximal no mesmo raciocínio. Pode também 
apresentar paresia em órgãos inervados apenas por um músculo, indicando lesão de raiz (fraqueza, por 
exemplo, apenas na perna sem alteração no pé) 
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Obs.: Déficits de força leves, priorizar o exame distal dos MMSS ou manobras deficitárias. 
Obs.: Situações psicogênicas não seguem a anatomia e na hora do teste é possível perceber pela forma que o braço 
cai. 
Sensibilizar é útil quando a pessoa é muito jovem ou forte, precisa realmente expor a fadiga. 
Obs.: Na perda piramidal, a musculatura mais atingida é a distal. (No AVC a mão é sempre mais “danificada” que 
o ombro). As musculaturas que apresentam perda primeiro e maior nos MMSS são: 
I. Extensor dos dedos 
II. Supinador do punho 
III. Extensor do antebraço 
Obs.: Nos MMII, os músculos que apresentam perda primeiro e maior na perda piramidal são: 
I. Extensor do pé 
II. Extensor da Perna 
Obs.: Lesão extrapiramidal não tem perda de força. 
Tônus muscular 
O primeiro neurônio manda mexer e regula o segundo, caso contrário estaríamos sempre em contração muscular 
(começar quando precisa, parar quando precisa). O segundo neurônio executa o movimento pelo contato direto com 
os músculos (unidade motora). 
Lesão Piramidal (Síndrome do Neurônio Motor Superior) 
↳ Costuma acometer grupos musculares mais extensos 
↳ Hipertonia do tipo elástica (espástica) - pior no início do movimento 
Obs.: Pode ocorrer hipotonia na fase aguda (inicial) e depois seguir para hipertonia. 
↳ Sinal do canivete - grande resistência muscular inicial ao estiramento, que cessa bruscamente, semelhante ao que 
ocorre ao abrir ou fechar um canivete. 
↳ Hiper-reflexia profunda. 
↳ Atrofia crônica, discreta e tardia, por desuso (como na academia) 
Obs.: Existe Fluxo Axonal - Fluxo de substâncias que passa pelo neurônio, por consequência há atrofia. 
↳ Marcha parética – a marcha ceifante. 
↳ Reflexo cutaneoabdominal 
 
 
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Lesão da Unidade Motora (Síndrome do Neurônio Motor Inferior) 
Hipotonia, hiporreflexia e atrofia grave e inicial, tudo isso em decorrência da perda de interação direta com o 
músculo. O prejuízo é no grupo de músculos que aquele nervo inerva. 
↳ Hipotonia (perda do tônus, flácido) 
↳ Hiporreflexia 
↳ Atrofia grave e inicial 
- Lesão Extrapiramidal 
• Núcleo rubro, núcleos da base, etc. 
• Podem causar alteração de tônus no movimento com hipertonia plástica (do começo ao final tem a mesma 
restrição de movimento, como sinal da roda dentada em Parkinson), que nem melhora nem piora, é igual em toda 
a execução. 
• Extrapiramidal não gera perda de força, não chega a cair 
Obs.: esclerose lateral amiotrófica (ELA): pega neurônio motor superior e inferior 
↳ Hipertonia em todo o movimento, do tipo plástica 
↳ Sinal da roda dentada - aumento do tônus ao movimento passivo, superposto a tremor durante o movimento, com 
a resistência semelhante à de uma catraca. 
↳ Trofismo normal (Não há atrofia)

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