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SEMIOLOGIA DA FEBRE

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GIRLEY CORDEIRO Antônio Abreu – MED 102 
SEMIOLOGIA DA FEBRE 
Programa de Aproximação a Prática Médica II 
 
“A febre, a fome e a guerra. Dentre eles, o maior e o mais terrível é, de longe, a febre.” 
Hoje, a frase acima pode parecer fora de contexto, mas, na época, fazia total sentido, visto que não havia 
conhecimento sobre a febre. Antes, entendia-se que a febre era a causa de uma doença, e não uma consequência, 
decorrente, muitas vezes, de doenças infecciosas da época. Ou seja, ninguém tinha ideia que a maior parte das 
doenças eram causadas por microorganismos, e que a febre nada mais era do que uma manifestação dessas doenças. 
DEFINIÇÃO: Febre é um reajuste patológico da temperatura do termostato do hipotálamo para níveis mais elevados 
que o normal. A temperatura normal do hipotálamo é em torno de 37°C. Quando a temperatura do termostato 
hipotalâmico é elevada, a temperatura do restante do corpo, também, se altera obrigatoriamente. 
Por que a febre é um sinal/sintoma pouco sensível e pouco especifico? 
É pouco especifico, porque tem-se uma diversidade de doenças que causam febre. E, é pouco sensível, já que nem 
todas as pessoas tem manifestações febris quando possuem infecções (mesmo que graves), principalmente na 
infância, já que o sistema imunológico não está completamente formado, e nos pacientes idosos – porque o sistema 
imunológico já está bem debilitado. 
A febre precisa de uma avaliação objetiva. Ou seja, é preciso aferir a febre com um termômetro, ainda que haja 
outros sinais e sintomas que possam sugerir que o paciente esteja febril. 
A homeostase térmica é o equilíbrio térmico, dinâmico do corpo humano. É o equilíbrio entre a produção e a 
quantidade perdida de calor, a fim de manter a temperatura estável. 
Como ganhamos calor? 
Por meio de: 
 Metabolismo basal, realizado quando o corpo está em repouso. Esse metabolismo tem gasto energético, 
assim, há destruição de ligação de fosfato altamente energética, disponibilizando energia para as funções que 
necessitamos. Dessa energia, 20 a 25% é transformada em calor. 
 Atividade física, que é o principal produtor de calor. Isso se deve a contração muscular, que pode ser 
voluntaria, como caminhar, ou involuntária, como os calafrios. 
 Metabolismo controlado por hormônios, como tireoide, de crescimento, epinefrina, norepinefrina. Essas 
substancias aumentam o metabolismo basal e, consequentemente, aumenta a produção de calor. 
 Metabolismo do tecido adiposo, que está mais relacionado a recém-nascidos. Ao executa-lo, produz-se uma 
quantidade de calor maior do que no metabolismo de outros tecidos. 
Como perdemos calor? 
Por meio de: 
 Radiação infravermelha (sol), que resulta na transferência direta de calor, por ondas eletromagnéticas, para o 
meio ambiente; 
 Condução de calor para as estruturas sólidas como roupas, por exemplo; 
 Convecção, que é o processo de perda de calor para o ar junto à superfície cutânea; 
 Evaporação – através da transpiração (suor) e da absorção de calor interno – que é a maneira mais eficiente 
do corpo perder calor. 
Onde o termostato hipotalâmico fica localizado? 
Na área pré-ótica do hipotálamo. 
 
GIRLEY CORDEIRO Antônio Abreu – MED 102 
Como acontece a febre? 
Primeiro, o nosso corpo se expõe a pirógenos exógenos (presente na membrana celular de bactérias, vírus, 
protozoários, como o ácido glicocólico e os glicopolissacarídeos), a outros mediadores de inflamação ou a produtos 
de reações imunológicas. Todos essas substancias conseguem estimular nosso sistema fagocitário (composto por 
células fagocitarias, como monócitos, macrófagos, células endoteliais, células de Kuffler) a produzir pirógenos 
endógenos, chamados de CITOCINAS PIROGÊNICAS, em resposta a identificação de algo estranho no organismo. 
Os 4 principais pirógenos endógenos são: 
 Interleucina-1 (IL-1) 
 Interleucina-6 (IL-6) 
 Fator de necrose tumoral (TNF ou FNT) 
 Fator Interferon (IFN) 
 
Essas citocinas caem na corrente sanguínea até chegar ao endotélio do mesopotálamo. Este, junto a membrana basal 
do sistema nervoso central forma a barreira hematocefálica, que é uma das regiões menos permeáveis do nosso 
sistema circulatório, impedindo que grande parte das substancias de microorganismos atinja o SNC (é um local de 
proteção). 
Essas moléculas, devido ao tamanho, não conseguem passam por essa barreira hematocefálica, mas elas possuem 
receptores no endotélio do hipotálamo. Nesse endotélio, existe uma enzima chamada ciclooxigenase-3 (COX-3) que 
é ativada quando recebe um estimulo das citocinas. A COX-3, então, produz uma substancia chamada prostaglandina-
2 (PGE-2) que regulam o termostato do hipotálamo para cima (aumenta a temperatura), causando a febre. Assim, o 
corpo ativa os mecanismos de conservação ou de produção de calor, a fim de atingir a homeostase. 
Mecanismos de Conservação de Calor: O agasalhamento por parte do próprio paciente caso esteja sentindo frio; 
Vasoconstrição periférica causada pelo próprio corpo. As arteríolas da pele são espremidas para impedir a passagem 
do fluxo de sangue em direção a periferia, assim, as chances de perda de calor por irradiação são reduzidas. 
Mecanismos de produção de calor: Aumentar o metabolismo basal e os calafrios. Caso o paciente não se agasalhe 
em situações que sinta frio, por exemplo, ele passa a ter calafrios (mecanismo de produção de calor para compensar 
uma conservação de calor inadequada). 
 
 Calafrio = contração involuntária = produção de calor aumentada 
 
Os antitérmicos podem atuar em vários pontos da cadeia da termogênese. 
 Os anti-inflamatórios não esteroides (AINES) – Ibupofreno, Nimesulida, Diclofenaco. Agem nas enzimas 
inibindo a produção de prostaglandinas (COX-1, COX-2, COX-3). 
 
Anti-inflamatorios inibitores: Ibupofreno  não é seletivo, pois inibe todos (por bem ou por mal) 
 
Como eu posso parar a febre ou impedir que ela ocorra? 
Deve-se: 
 Inibir a prostaglandina-2, que inibe a elevação do termostato. Então, todos os medicamentos antipiréticos 
clássicos conhecidos agem dessa forma. Exemplo: Dipirona, Paracetamol, Ibuprofeno; OU 
 Inibir a ativação do monócito e do macrófago. Assim, as citocinas não serão produzidas e a febre será reduzida 
consequentemente. Dessa forma, inibe-se a ação do sistema imunológico. Esses medicamentos são chamados 
de anti-inflamatórios esteroidais ou corticoides. 
GIRLEY CORDEIRO Antônio Abreu – MED 102 
A segunda via, para controle de febre, é demorada e ineficiente. Inibir a produção de monócitos e macrófagos não 
consegue inibir a produção de todas as substancias (ela só reduz a quantidade). Pode ser, então, que o paciente tenha 
uma febre mais baixa e duradoura. Demora muito mais a passar do que tomar uma dipirona, por exemplo. 
Qual é o parâmetro de normalidade da temperatura corporal? Entre 36-36,8°C 
 A temperatura corporal do ser humano não é constante, ela varia em torno de 0,5°C durante o dia. Ou seja, a 
temperatura pela manha é diferente daquela a tarde; 
 O horário em que a temperatura corporal está mais baixa possível é entre 03-6h, já o horário em que está 
maior possível é entre 16-18h; 
 Durante a ovulação (período em que a mulher ovula até o período em que ela menstrua), a temperatura 
corporal é aumentada em torno de 0,6°C. 
Esse fato é usado em mulheres que desejam fazer inseminação artificial ou por aquelas que desejam realizar o 
método natural, a fim de saber a data mais propicia para ter relação sexual. Muitas mulheres, então, aferem a 
temperatura corporal todos os dias no mesmo horário e, no dia em que a temperatura corporal dela está 0,6°C 
mais elevada em relação a do dia anterior, significa que ela está ovulando – período que há mais chances de a 
paciente engravidar. 
 O reto é o local mais fidedigno para medição da temperatura, seguido pela cavidade oral e, então, pela axila. 
 
Qual é a relação entre esses tipos de aferição de temperatura?A temperatura axilar é 0,4°C menor que a temperatura oral que, por sua vez, é 0,4°C menor que a retal. Desse modo, 
a temperatura axilar 0,8°C menor que a temperatura retal. 
Como se dá a medição da temperatura corporal? 
Por meio do termômetro clinico, mantendo-o de 2 a 3 minutos, não havendo necessidade de esperar mais do que 5 
minutos. Caso o termômetro digital seja usado, mesmo que ele apite antes de 2 minutos, recomenda-se esperar até 
atingir o tempo mínimo, a fim de ter um ajuste melhor na temperatura do corpo. 
Quando a temperatura retal e a axilar tem uma diferença de mais de 1°C entre si. Isso significa que há uma produção 
de calor, além do habitual na região próxima do reto, seja na pelve, seja no abdômen. 
Quem pode causar esse aumento de temperatura? 
Alguma inflamação ou infecção, como peritonite, doença inflamatória pélvica, um tumor. 
TIPOS DE TERMÔMETROS 
 Termômetro de mercúrio: é o mais fidedigno de todos, no entanto, usa um metal pesado em sua composição. 
Está proibido pela ANVISA devido a intoxicação por mercúrio, por isso não pode ser mais vendido no Brasil. 
Aconteceram muitos acidentes, principalmente, com crianças que ficavam brincando com ele, deixavam-no 
cair e quebrar e, por vezes, punham a mão na boca. 
 Termômetro retal: possui um bulbo bem maior, a fim de evitar que o termômetro entre no reto do paciente e 
se perca. Ele apresenta a vantagem de ser constante e fácil de ser medido, apesar de não haver uma cultura 
de medição por essa via – exceto em crianças. 
 Termômetro adesivo: apresenta adesivos em forma de faixas que muda de cor conforme a temperatura do 
paciente. Antes do surgimento dos termômetros digitais, era muito prático, já que aferir a temperatura axilar 
usando um termômetro habitual em crianças, por exemplo, era difícil. 
 Termômetro Oral (chupeta): é colocado na boca do bebe; tem forma de chupeta. Tem uma fidedignidade boa 
e você consegue avaliar bem a temperatura. 
 Termômetro Timpânico: é adaptado para ser introduzido no ouvido do paciente. É importante ressaltar que 
se o individuo apresentar uma otite (inflamação timpânica), o termômetro vai mostrar uma temperatura 
maior do que a real. Para usar em casa ou no ambulatório, tudo bem, mas se precisar de uma temperatura 
GIRLEY CORDEIRO Antônio Abreu – MED 102 
muito fidedigna, ele pode ter até 0,4°C de variação da temperatura real. É fácil de usar, só colocar no ouvido 
e apertar o botão. 
 Termômetro Infravermelho: aferido em qualquer parte do corpo, com uma distancia de, aproximadamente, 
10cm. Não são totalmente fidedignos. 
ESTADO DE FEBRE 
Definição do Harrison: “Temperatura axilar maior que 36,8° pela manhã ou 37,3° à tarde”. 
Assim, uma pessoa considerada com febre de manhã, pode não ser considerada com febre a tarde, mesmo que esteja com 
a mesma temperatura. Isso se deve a variação da temperatura durante o dia. Essa definição de Harrison é a mais recente e 
vale para indivíduos de toda faixa etária, inclusive crianças. 
Existem cerca de 3 ou 4 literaturas que consideram valores de temperatura diferentes para febre. Ou seja, essas 
temperaturas variam de acordo com a literatura lida. No Mário Lopez, por exemplo, define-se febre como acima de 37,5°, 
não especificando o horário do dia. Dessa forma, para as nossas aulas, para efeito prático e para a nossa semiologia, o 
professor adota a definição do Harrison como parâmetro por ser mais atualizada e baseada em estudos mais amplos. 
Lembrando que o Harrison não considera um valor fixo, e sim um valor pela manhã e um outro à tarde. 
O professor diz que não cobra os valores na prova e que, provavelmente, se colocar febre na prova, vai por acima de 37,5° 
exatamente pela divergência entre literaturas. Nunca vai por abaixo de 37,5°, porque todas as literaturas falam que acima 
de 37,5° é febre. Então, se ele colocar alguma coisa de febre na aula, será acima de 37,5°. Não haverá essa divergência de 
literatura. Mas para efeitos práticos, acima de 37,3° é febre independente do horário do dia. Se de manhã está acima de 
36,8° e de tarde está acima de 37,3° ou tem mais que 37,3° em qualquer horário do dia, é febre. Não tem nem o que discutir. 
O sistema imunológico tem um pico de desenvolvimento e depois tem um decaimento. Os bebês recém-nascidos, 
principalmente prematuros, não tem a capacidade de ter febre ainda, porque não tem o sistema imunológico muito bem 
formado. Na primeira infância, tem uma formação extremamente acelerada do sistema imunológico. As amigdalas, o timo, 
os linfonodos aumentam de tamanho. Então, criança de dois ou três anos tem febre por qualquer motivo. É comum crianças 
nessa faixa etária ter 3, 4 ou 5 episódios de febre durante o ano – mesmo que seja febre por motivos banais, que dura 1 ou 
2 dias. À medida que as crianças crescem, o sistema imunológico fica menos acelerado. Na idade adulta, estabiliza e, quando 
fica idoso, perde boa parte do tecido responsável pelas reações imunológicas, não sendo capazes de fazer febre. 
Classificação da febre: 
O Harrison não classifica febre, então o professor pegou essa parte do 
Mário Lopez. 
 Temperatura axilar de 37,5° até 38,4° - febre discreta 
 Temperatura axilar de 38,5° até 38,9° - febre moderada 
 Temperatura axilar de 39,0° até 40,5° - febre elevada 
 Temperatura axilar acima de 40,5° - febre extrema 
 
O Harrison define, ainda, a temperatura corporal acima de 41,5°C de 
HIPERPIREXIA. 
Acima de 42°C, o corpo começa a fazer lise proteica, tendo risco severo de inatividade celular (extremamente grave) e, 
portanto, de morte. Até 42°C o corpo consegue reajustar, mas acima disso, tem que reduzir essa temperatura 
imediatamente. 
Como já foi falado, a temperatura varia conforme o horário do dia. Ou seja, existe uma curva térmica normal que varia 
conforme o ciclo circadiano. A temperatura cai gradativamente, sendo, as 18h, a mais alta durante o dia e, entre 3h e 6h, 
as temperaturas mais baixas. A partir daí, a temperatura sobe novamente. A variação é cíclica, ocorre todos os dias, por 
toda a vida. 
Esse ciclo circadiano é variado? Quem troca a noite pelo dia interfere? 
Normalmente, não varia tanto, mas interfere. Se você inverte o ciclo circadiano, o ciclo de temperatura também inverte 
um pouco, podendo variar de pessoa para pessoa. Exemplo: um indivíduo que fica desperta durante a noite e dorme 
durante o dia, Pessoa do Tipo B, pode ter alterações nessas temperaturas. 
GIRLEY CORDEIRO Antônio Abreu – MED 102 
CURVAS TÉRMICAS 
Já houve época que as curvas térmicas definiam doenças, mas, atualmente, observa-se que as patologias não respeitam 
muito essas curvas. 
Há algumas circunstâncias em que o ciclo circadiano se altera, elevando ou reduzindo muito a temperatura. Dessa forma, 
surgem algumas doenças. Quando há um aumento de temperatura devido ao reajuste do termostato hipotalâmico para 
um nível mais elevado que o normal, tem-se febre. 
1) Febre Remitente: É aquela febre continua, que tem temperaturas elevadas o tempo 
inteiro. A linha continua na horizontal é a temperatura normal. Assim, percebe-se que a 
curva dessa febre está sempre acima da temperatura normal (não chega à normalidade). 
Exemplo: O paciente tem temperatura de 38,0°C, sobe para 39,0°C/39,5°C, abaixa para 
37,8°C, sobe novamente. Ou seja, a temperatura varia durante o dia, mas nunca chega 
à normalidade. 
2) Febre intermitente: É aquela febre que vai e volta. Tem-se variações maiores que 1°C, 
mas que retornam à normalidade em pelo menos 24h. Podemos ver a temperatura 
elevada do paciente acima da normalidade e, posteriormente, ela retorna à normalidade. 
Isso se repete. O nome já é bem sugestivo. 
3) Febre héctica ou séptica: É uma curva totalmente aleatória. Tem picos febris 
extremamente altos, totalmente variáveis, irregulares e imprevisíveis. Ou seja, não 
obedece a nenhum ciclo de variação durante o dia. Algumas vezes, até pode voltar à 
normalidade. Ocorrem variações maiores que 1,4°C durante um único dia. Écomum ver 
pacientes que atingiram 39°C e voltou depois para uma temperatura próxima a 37°C em 
um único dia. O caso clássico como o próprio nome sugere é a sepse, a sepsemia. 
4) Febre recorrente ou ondulante: Recorrente também é bastante sugestivo. Tem 
períodos de febre, melhora da febre e volta a febre novamente. Seriam períodos de 
temperatura normal que duram dias ou semanas seguidos por períodos de febre. 
Exemplos clássicos de febre recorrente: 
 Linfoma de Hodgkin: Esse linfoma pode ter uma febre chamada de Pel-Ebsteins. 
O paciente tem 3 ou 4 dias de febre e depois fica 3, 4 dias ou 1 semana sem tê-
la. Após esse tempo, a febre volta novamente. 
 Malária: É o protótipo da febre recorrente, como febre terçã e febre quartã: A 
pessoa tem 3 ou 4 dias de febre seguidos. Fica melhor e volta a ter 3 ou 4 dias de 
febre seguidos de novo. Muitas vezes fica assim 1 mês ou 2 meses. 
Habitualmente, esses episódios de malária se resolvem em 1 mês. 
Em resumo: Precisa-se entender as curvas: 
 Normal ou fisiológica; 
 Febre remitente: possui quedas, variações diárias na temperatura, porém não chega à normalidade. O paciente 
está com febre todos os dias; 
 Febre intermitente: possui quedas diárias para normalidade com variações maiores que 1°C; 
 Febre héctica ou séptica: totalmente irregular, desorganizada com temperaturas maiores que 1,4°; 
 Febre recorrente ou ondulante: possui períodos de febre e períodos de normalidade. 
É uma decoreba. Hoje em dia não é tão útil como foi um dia, mas ainda é necessário. Toda vez que tem um paciente 
acompanhando no ambulatório é importante que se faça uma curva térmica desse paciente. Apesar de não conseguir dizer 
“a febre intermitente é sempre da malária”, são sintomas muito sugestivos. A curva térmica nos dá uma sugestão do que 
o paciente possa ter. 
 
HIPERTERMIA 
Variações de temperatura que podem ocorrer: Febre e Hipertermia 
GIRLEY CORDEIRO Antônio Abreu – MED 102 
Para ser febre tem que ter reajuste do centro termorregulador hipotalâmico para um nível mais elevado que o normal. 
Então, na febre está tudo funcionando normal no nosso corpo. Alguma coisa estimula a produção de PGE2 e ela, por sua 
vez, eleva o termostato. Assim, o corpo se reajusta ao novo valor do termostato. Na hora que reajusta, equilibra a perda e 
a produção de calor e o indivíduo fica com a temperatura elevada. 
FEBRE NÃO É O MESMO QUE HIPERTERMIA. 
A hipertermia é a elevação da temperatura corporal acima do normal, SEM ALTERAÇÃO do ponto físico do termostato 
hipotalâmico. Só eleva a temperatura corporal, pois há um desbalanço entre a produção e a perda de calor. Ou seja, ou 
não está conseguindo perder calor suficiente ou está produzindo mais do que consegue perder. 
Há, também, a HIPOTERMIA que é uma redução involuntária da temperatura corporal central para menos de 35°C. Ou seja, 
toda vez que eu tiver uma temperatura menor que 35°C, eu tenho uma hipotermia. Seja por exposição ao frio intenso, seja 
por um desbalanço entre produção e a perda de calor – quando está produzindo menos do que deveria ou está perdendo 
mais do que deveria. Dessa forma, pode ou não ser associada com alteração do termostato hipotalâmico 
Exemplo de uma causa de hipotermia bastante frequente (pensando na fisiologia da temperatura corporal): hipotiroidismo. 
No hipotiroidismo grave, o paciente chega com 34,8°C/34,5°C. Por quê? O metabolismo basal dele cai muito, ou seja, a 
produção de calor dele cai muito e faz uma temperatura corporal baixa, apesar do termostato hipotalâmico estar marcando 
uma temperatura normal de 37°C. A periferia, como tem pouco estímulo do metabolismo basal, acaba tendo uma 
temperatura reduzida. 
 
CAUSAS DA HIPERTERMIA: 
1) Intermação: exposição ao calor externo muito grande. 
Exemplo: uma pessoa que trabalha a 100/200 m de profundidade, exposto a um ambiente extremamente quente e fazendo 
atividade física. Esse aumento de temperatura corporal, pela maior exposição ao calor, pode estar ou não relacionada à 
atividade física. Se há a prática de atividade física em um ambiente extremamente quente, há o aumento do risco de o 
corpo não ter capacidade de dissipar todo o calor que está produzindo. Não perdemos calor para o meio externo por 
irradiação, convecção e evaporação? Caso o meio externo tiver a temperatura maior que do indivíduo, não será possível 
perder calor por irradiação, mas sim ganhar. Não tende a ter um equilíbrio térmico? Você ganha calor por irradiação, então 
começa a ter um desbalanço entre a produção e a perda de calor. 
Todo ano, em momentos de surto de calor extremo, principalmente em países que não estão acostumados a isso, morrem 
muitos bebês e muitos idosos de intermação. Isso acontece, pois, as pessoas dessas faixas etárias têm menos capacidade 
de lidar com esse desbalanço calórico. Assim, temperaturas muito elevadas (acima de 42°C) são, muitas vezes, fatais para 
as pessoas, pois toda a parte enzimática para de funcionar, ocorrendo uma proteólise maciça por temperatura temporal 
elevada. 
2) Induzida por fármacos: A hipertermia pode ser também induzida por fármacos. As pessoas podem tomar alguma 
medicação que faz com que ocorra produção de calor maior do que a habitual no corpo. 
Exemplo 1: Anticolinérgicos. Eles podem induzir hipertermia porque atuam inibindo a produção adequada de acetilcolina, 
reduzindo a sudorese (e o principal mecanismo de perda de calor é a evaporação do suor). Dessa forma, se produz muito 
calor e não consegue suar, acumula-se muito calor, fazendo uma hipertermia. 
Exemplo 2: Síndrome Neuroléptica Maligna. É uma causa de hipertermia associada ao uso da classe de medicamentos 
chamadas de neurolépticos. São medicamentos antipsicóticos (haloperidol, haldol) que, muitas vezes, pacientes 
esquizofrênicos, que possui doenças psiquiátricas graves, fazem uso crônico ou usam em grande quantidade. Esses 
fármacos bloqueiam a ação da dopamina, muitas vezes, inibindo a capacidade de perda de calor e aumentando a sua 
produção. Então, os pacientes podem fazer uma intoxicação e aumentar a temperatura corporal, além de ter rigidez 
muscular tipo cano de chumbo (o membro fica como um cano de chumbo inteiriço. Não consegue dobrar o braço, faz 
rigidez). 
Exemplo 3: Síndrome da serotonina por uso de antidepressivo. No caso da síndrome neuroléptica maligna é por uso de 
neurolépticos, na síndrome da serotonina é por antidepressivos. Seja inibidor da monoaminoxidase (MAO), seja por 
antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina (fluoxetina, paroxetina). O uso desses medicamentos pode fazer 
síndrome da serotonina e, portanto, hipertermia no paciente. 
GIRLEY CORDEIRO Antônio Abreu – MED 102 
Exemplo 4: Hipertermia Maligna. Talvez seja a mais conhecida dentre esses exemplos, apesar de não ser mais tão comum. 
Está associada ao uso de anestésicos inalatórios. 
3) Endocrinopatia: Da mesma maneira que algumas doenças causam hipotermia, existem patologias que causam 
hipertermia. Isso acontece todas as vezes que eu tenho uma produção aumentada de hormônios que eleva o metabolismo 
basal. Por exemplo, um paciente com hipertireoidismo grave produz uma alta produção de estrogênio, aumentando o 
metabolismo basal. Com isso, há, também, um aumento na produção de calor local e na temperatura corporal. 
Outra situação clássica: Feocromocitoma. É um tumor da medula das glândulas adrenais que produz muita catecolamina. 
A catecolamina aumenta o metabolismo basal, frequência cardíaca, aumentando a temperatura corporal. 
Além da catecolamina, a adrenalina, a noradrenalina, o hormônio do crescimento também podem causar a hipertermia. 
4) Lesão do sistema nervoso central: Traumatismos cranianos, sangramentos intracranianos e traumatismos 
cranioencefálicos habitualmente tem capacidade de alterar os mecanismos de produção e retenção de calor, fazendo com 
que a temperatura corporal se eleve. 
 
HIPERTERMIA MALIGNA: 
É uma reação idiossincrática, ou seja, é uma alteração genética relacionadaa própria pessoa. A pessoa tem uma 
predisposição genética para isso, assim, não é todo mundo. Quando submetido a anestésicos inalatórios, como halotano, 
isoflurano e enflurano, o paciente faz uma reação a esses anestésicos, fazendo hipertermia maligna. 
Como é essa reação? 
É uma desregulação do cálcio intracelular. Se lembram que, para ter contração muscular, o pré-requisito é ter cálcio livre 
dentro do citoplasma da célula muscular (sarcolema)? Só que o cálcio, a partir do momento que cessou a contração 
muscular, é recaptado pela bomba de cálcio e jogado novamente dentro do retículo sarcoplasmático. O que acontece então 
nessa reação? Quando o paciente é exposto a anestesia, sendo o anestésico um desses inalatórios, todo aquele cálcio que 
estava no retículo sarcoplasmático é liberado instantaneamente ao mesmo tempo. Imagina o cálcio do corpo inteiro sendo 
liberado do sarcolema de todos os músculos ao mesmo tempo. É como se tivesse uma contração muscular de todos os 
músculos ao mesmo tempo. E, como falamos, o principal mecanismo de produção de calor é a contração muscular. Imagina 
o paciente com contração muscular o tempo inteiro. Imagina a quantidade de calor produzida. Isso faz com que a 
temperatura corporal se eleve em minutos. Em minutos, o paciente está com 42/43°C de temperatura, rigidez muscular 
intensa, taquicardia, taquipneia, hipertensão. 
Se você não fizer nada, o paciente vai morrer, em minutos, intubado e anestesiado. É uma situação grave. Tem que fazer o 
controle e o resfriamento desse paciente: colocar gelo, compressa e cobertor gelado, infundir soro gelado pela sonda 
nasogástrica, vesical e por acesso venoso. Fazer qualquer coisa para tentar reduzir a temperatura. Existem, também, 
medicamentos que inibem a ação desses anestésicos, mas eles demoram 30 a 40 minutos para fazer efeito (não dá tempo 
de esperar). Dessa forma, as medidas inicias são controle da temperatura. 
Em resumo: A hipertermia maligna é uma reação de descontrole do cálcio a partir da exposição a esses anestésicos. Tem-
se a liberação do cálcio intracelular que estava no retículo sarcoplasmático para o sarcolema ao mesmo tempo, fazendo 
contração muscular involuntária de todos os músculos e elevação intensa da temperatura corporal. As manifestações, como 
já mencionadas, são: **febre** alta, rigidez muscular (se tem contração muscular, tem que ter essa rigidez), taquicardia 
(porque a temperatura eleva, a frequência cardíaca também eleva), arritmia (aumento da contração cardíaca), hipertensão 
(primeiro), hipotensão (depois). 
A hipotensão é consequência da arritmia cardíaca, que impede o enchimento completo do ventrículo direito, diminuindo o 
debito cardíaco. 
**febre** = aumento da temperatura causado pela contração muscular (não é febre). Para ser febre deve ter elevação do 
termostato hipotalâmico, o que não ocorre nesse caso. É uma reação periférica. 
PRINCIPAIS CAUSAS DE FEBRE: 
1) Infecção: Toda vez que um paciente tem febre, independente da faixa etária, a primeira coisa que pensamos é infecção. 
Isso acontece, pois a infecção é a principal causa de febre nos indivíduos. 
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2) Necrose tecidual: Paciente com Infarto Agudo do Miocárdio pode fazer febre por necrose tecidual. Se lembra das 
citocinas pirogênicas? Elas são liberadas quando tem lesão de qualquer tecido. Temos, nesse caso, os mediadores 
inflamatórios e os macrófagos que habitam o local. Os macrófagos entram em contato com aquelas substâncias 
intracelulares que não deveriam estar ali na corrente sanguínea, entendem como substância estranha e induzem a 
produção de interleucinas e interferon, promovendo a produção de prostaglandinas, logo gerando a febre. 
3) Inflamação: Qualquer processo inflamatório pode ativar o sistema de macrófagos, seja causado por algum 
trauma/infecção, seja por uma doença autoimune. 
Exemplo: Lúpus Eritematoso Sistêmico. O lúpus é uma doença autoimune clássica, bastante famosa, e um dos sintomas é 
a febre. Tem produção de anticorpos que destroem tecidos do corpo, principalmente, o colágeno do organismo (é uma 
doença do colágeno). Quando há lesão nesse colágeno, essa necrose/lesão produz mediadores inflamatórios que vão 
causar febre. 
4) Doenças endocrinológicas: Como a Feocromocitoma, as endocrinopatias. Nesse caso, estamos falando de aumento da 
temperatura corporal que, a princípio, fica difícil saber se há aumento do termostato hipotalâmico ou não. Só é possível 
saber após a investigação. Antes de tudo, são sintomas febris. 
5) Drogas: Como os neurolépticos, serotonina, anestésicos. 
6) Neoplasia maligna: 
Quando se tem um tumor/uma neoplasia maligna, produz-se várias substâncias que não são comuns no nosso corpo. A 
célula tumoral não tem a carga genética normal das outras células, ela é modificada. Além disso, as proteínas que ela 
produz, também, não são proteínas normais. Essas proteínas defeituosas são entendidas pelo nosso corpo, muitas vezes, 
como não sendo nossas, causando, assim, uma reação imunológica e produzindo febre. 
7) Lesões cerebrais: Como o Traumatismo craniano, AVC (Acidente Vascular Cerebral). 
 
Qual o quadro clinico do paciente febril? 
Os principais sintomas apresentados por um paciente febril são: 
 Vasoconstrição periférica: O paciente vai estar com a temperatura do restante do corpo aumentada e, no início da 
febre, vai ter vasoconstrição periférica. Os pés e as mãos estarão frios, expondo menos sangue a temperatura do 
ambiente. Contribui para a conservação do calor de forma mais eficaz. 
 Calafrios: O paciente que não estiver coberto e estiver com pouca roupa vai fazer calafrios (contração muscular 
involuntária) para aumentar a temperatura corporal. 
 Taquicardia: Para cada 1°C que a temperatura aumenta, 15bpm, também, aumentam. Então, um paciente que, 
normalmente, apresenta 80 batimentos cardíacos por minuto (bpm) e uma temperatura corporal basal de 37°, caso 
estiver com uma temperatura de 38C°, apresentará, consequentemente, 95bpm. Da mesma forma, se estiver com 
39°C, terá 110bpm – e assim por diante. 
 Taquipneia: Toda vez que se tem taquicardia e aumento do metabolismo basal, aumenta-se a necessidade 
energética de oxigênio, provocando taquipneia. 
 Sensação de frio: maneira comportamental do organismo para reter calor e igualar a temperatura com o hipotálamo. 
Exemplo: Agasalhar-se, abrigar-se em um local mais quente. 
 
Quais são os sinais e os sintomas mais frequentes na síndrome febril? 
Toda vez que se fala em síndrome, fala-se em um conjunto de sinais e sintomas. Dessa forma, a febre não é só um sintoma, 
é uma síndrome febril. 
 Febre: é o sinal cardinal dessa síndrome. Assim, para ter síndrome febril, tem que ter febre; 
 Astenia: Sensação de fraqueza, de não querer fazer nada, exceto ficar deitado – desanimo; 
 Inapetência: paciente com febre as vezes perde o apetite; 
 Cefaleia: dor de cabeça; 
 Taquicardia: frequência cardíaca alta; 
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 Taquipneia: frequência respiratória alta; 
 Taquisfigmia: aceleração do pulso 
 Oligúria: redução do volume urinário, que reduz, também, o débito urinário (urinar menos de 800ml em 24h); 
 Mialgia: dor no corpo difusa; 
 Artralgia: dor nas articulações do corpo; 
 Calafrios; 
 Sudorese; 
 Náuseas e vômitos. 
Ao produzir PGE2, as interleucinas e os mediadores inflamatórios induzem a formação de prostaglandinas em outros locais 
do corpo, como articulações e músculos. Isso causa dor e desconforto nesses locais e, por isso, quando se ter febre, muitas 
vezes, é comum ter mialgia e artralgia. 
A sudorese, geralmente, acontece após o período de febre. O paciente atinge o pico da febre e, em seguida, o termostato 
começa a ser regulado para baixo de novo. As terminações nervosas percebem que a temperatura corporal está alta na 
periferia, necessitando a redução de temperatura. A maneira mais eficiente de perder calor é por meio da sudorese, sendo 
a evaporaçãoo principal mecanismo. 
 
CONDIÇÕES ASSOCIADAS AO SURGIMENTO DA FEBRE: 
1) Doenças infecciosas e parasitárias: São as principais causadoras de febre em qualquer faixa etária. 
Todo paciente com febre tem infecção? Não, mas a maioria dos pacientes com infecção tem febre. Então, pensa-se logo em 
febre quando há infecção, pois são causas tratáveis e, muitas vezes, de alta mortalidade quando não diagnosticadas. 
2) Doenças do sistema nervoso: Como traumatismo craniano, tumores do SNC, AVC isquêmico, AVC hemorrágico 
3) Medicamentos: Já foi citado vários medicamentos que podem causar febre. 
4) Febre de origem obscura ou indeterminada: É uma entidade que vamos falar mais à frente. 
5) Neoplasias: Tumores, em geral, em qualquer lugar, podem dar febre. 
 
 Doenças infecciosas e parasitárias 
Quando a febre é associada a doenças infecciosas e parasitárias, o órgão afetado dá indícios que tem algum problema nele. 
Assim, o paciente tem febre e logo em seguida tem sinais daquele órgão. 
 Pneumonia: Febre, tosse, expectoração purulenta e dor torácica; 
 Infecção urinaria: Febre, disúria, polaciúria e dor lombar; 
 Apendicite: Febre associada a dor abdominal na fossa ilíaca direita, constipação; 
 Colecistite: Febre, náusea, vomito e dor no hipocôndrio direito; 
 Pielonefrite: Febre, náusea, vômito, tontura, dor lombar ao percutir a região lombar; 
 Gastroenterite: Febre, náusea, vomito, diarreia, dor abdominal; 
 Gripe: Febre, coriza, tosse, prostração, mialgia, artralgia, odinofagia (dor de garganta), nariz escorre, tosse. 
 
Por isso, é importante investigar todos os sintomas que o paciente apresenta para descobrir qual a origem febre. O objetivo 
dessa aula é exatamente isso: aprender a investigar uma febre/fazer a semiologia da febre. 
Algumas dessas doenças infecciosas e parasitarias tem características de ter febre prolongada, com pouca sintomatologia 
ou com nenhuma sintomatologia no órgão afetado. 
Quais são essas doenças? 
Tuberculose: uma doença extremamente prevalente na nossa região. Se tem alguma coisa muito esquisita, muito diferente 
em algum paciente, pense em tuberculose. Tuberculose pode dar vários sintomas, pode acometer só o pulmão, mas como 
também quase todos os órgãos. Pode ser renal, das vertebras, peritoneal, da pleura, meningoencefalite por tuberculose, 
tuberculose cutânea. Pode chegar em qualquer lugar. E, quando a tuberculose não é pulmonar, ela apresenta pouco 
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sintomas. A pulmonar dá logo tosse e prostração. Muitas vezes, o paciente tem somente febre prolongada noturna (não 
tem mais nenhum sintoma) e, quando vai ver, é tuberculose renal, peritoneal. 
Endocardite infeciosa: inflamação na valva cardíaca. Uma doença grave, muitas vezes, que dá somente febre prolongada e 
nenhum outro sintoma. Muitas vezes, investiga-se e não consegue encontrar a origem, então, tem que pensar. 
Brucelose: é uma zoonose. Doença transmitida do gado para o ser humano, principalmente por leite não fervido ou por 
contaminação das mãos da pessoa que tira o leite. É uma doença rara, não muito comum de encontrar na nossa região. 
Salmonelose: quando há uma Salmonelose não intestinal, mas sistêmica, muitas vezes se tem febre sem mais nenhum 
outro sintoma. 
Infecções pirogênicas (abscessos): as vezes o paciente tem um abscesso intraperitoneal, pancreático ou cerebral. Muitas 
vezes, causa febre prolongada e nenhum outro sintoma. 
Amebíase: também é causa de febre prolongada. 
Esquistossomose: essa doença não é endêmica aqui da região. O único local que é endêmico é Paracambi. Se tiver um 
paciente de Paracambi com sintomas, pode até suspeitar. Em Minas Gerais nas tem muitos casos. Na região de governador 
Valadares, por exemplo, o que mais tem é esquistossomose. 
Malária: são muitas vezes causas de febres prolongadas 
Doença de chagas aguda: Alguns casos associados ao consumo de açaí e de caldo de cana consumido em natura 
 
 Doenças do sistema nervoso 
Quase todas as vezes que eu tenho uma lesão cerebral – como traumatismo craniano, hemorragia – a temperatura corporal 
é afetada, ou seja, tem-se febre. Dessa forma, se houver um AVC hemorrágico extenso, sobe a temperatura corporal. 
Quanto mais grave a doença, mais elevada é a febre. O paciente pode fazer uma hiperpirexia, fazendo febre de 42° antes 
de evoluir para o óbito. Lembrando que existem casos de hipertermia neurogênica, em que a temperatura pode elevar logo 
depois de uma intervenção cirúrgica – principalmente se for uma cirurgia da fossa hipofisária do terceiro ventrículo. Por 
quê? Porque o hipotálamo perde a capacidade de fazer a regulação da temperatura quando se mexe na região próxima ao 
ele, onde se localiza do centro termorregulador. Em resumo: você promove uma inflamação local, próximo ao hipotálamo, 
e desregula o termostato, podendo causar uma hipertermia neurogênica. 
Lembrando, também, que, em pacientes com AVC isquêmico, a febre é moderada de 37,5°C até 39°C. 
Todas as vias aferentes e eferentes seguem através da medula. Ou seja, os nervos/cordões da medula levam tanto 
informações do cérebro para a periferia quando da periferia para o cérebro. Dessa forma, se acontece uma secção (corte) 
da medula, como um trauma raquimedular, o SNC não tem ideia de como está a temperatura do hipotálamo. Assim, o SNC 
perde a capacidade de regular a temperatura da periferia, podendo ter elevações ou quedas importantes nas regiões 
periféricas. Em situações como essas, pode-se ter hipotermias ou hipertermias importantes. 
 
 Induzida por drogas 
Essa febre tem diversos mecanismos envolvidos, sendo o mais comum a hipersensibilidade mediada por anticorpos. Ou 
seja, a pessoa tem uma sensibilidade imune a determinada droga. 
Exemplo 1: Um indivíduo que tem sensibilidade/alergia a dipirona, quando recebe uma dose dessa substancia, pode ter 
febre. Isso acontece, pois os anticorpos liberados ativam o sistema imune da pessoa, produzindo pirógenos endógenos, 
que fazem febre. 
Exemplo 2: É muito comum pacientes ter febre após tomar vacina contra febre amarela. Isso acontece, pois existem, na 
vacina, vírus vivo atenuado, os pirógenos exógenos. Assim, os lipopolissacarídeos, que são pirógenos endógenos, reagem 
a isso fazendo febre. 
Obs1: Febre induzida por sujeira: a febre é induzida pela sujeira do frasco. Muitas vezes, pode-se pensar que a febre foi 
induzida pela droga, quando não foi. A causa foi o frasco contaminado. 
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Exemplo: um indivíduo aspira um medicamento sem antes limpar o frasco dele. Esse frasco, no entanto, estava 
contaminado com bactérias. Dessa forma, ao aplicar o antibiótico em outra pessoa, leva a bactéria a ela. 
Obs2: Liberação de pirógenos exógenos: mesmo aquelas vacinas que têm fragmentos de vírus, tem pirógenos exógenos e 
podem induzir a febre. 
Essa febre não tem nenhum padrão característico e, quando tira o medicamento, a febre cessa. Exemplo: febre associada 
a fenitoína (medicamento que pode induzir febre): normalmente, inicia-se a fenitoína e, 2 a 3 dias depois, o paciente 
começa a fazer febre, mantendo-a enquanto estiver fazendo tratamento. Então, 2 a 3 dias após cessar o uso de fenitoína, 
para, também, a febre. 
Caso a febre seja mediada por hipersensibilidade a anticorpo, não vai ter somente febre. Toda aquela hipersensibilidade 
mediada por anticorpo vai causar exantema, dermatite esfoliativa, vasculite, urticária. O paciente, além da febre, tem uma 
reação alérgica a aquele medicamento que está usando. Os medicamentos mais associados a isso são antibióticos 
principalmente beta-lactâmicos (antibióticos da classe com o anel beta-lactâmico – penicilinas – tanto naturais, quanto 
sintéticas, cefalosporinas, meropenem) 
QUAIS SÃO AS COMPLICAÇÕES DA FEBRE: 
A febre pode causar sinais e sintomas no paciente. 
1) Lesões herpéticas peri-orais: são lesões que se parecem herpes, em que o indivíduo fica com a boca estourada. 
Geralmente, surgem duranteepisódios de febre causadas por pneumococo (pneumonia pneumocócica), amidalite 
estreptocócica, Mycoplasma, meningite, febre tifoide. 
Exemplo: uma pessoa estava muito gripada, teve uma febre alta, além de lesões herpéticas peri-orais. 
2) Convulsão febril: Crianças com predisposição genética principalmente, podem fazer convulsão febril. Essa convulsão 
febril não está relacionada com o nível de febre. Muitas vezes, uma febre de 38°C em uma criança com predisposição 
acomete convulsão, já outras vezes, crianças com 40°C de febre não tem convulsão. O principal preditor se uma criança 
vai ter convulsão é os pais terem tido convulsão febril quando crianças. Tem padrão genético. 
3) Delirium: Paciente faz febre alta e faz um quadro de delirium (diferente de delírio). É um quadro neurológico que o 
paciente tem desorientação, tem delírios visuais (enxerga coisa onde não tem), desorientação tempo-espacial. É um quadro 
associado muitas vezes a febre. O delirium é muito característico em idosos. 
4) Complicação cardiovasculares: A febre não eleva o metabolismo basal e a frequência cardíaca em 15bpm por grau 
aumentado? Imagina um paciente com insuficiência cardíaca grave, no limiar, com os medicamentos ajustadinhos, 
assintomático em repouso apenas (andou um pouquinho e já sempre falta de ar). Imagina esse paciente com febre com 
2°C acima do basal, aumentando 30bpm acima do que ele tem. Ele vai descompensar. Pode até fazer um infarto agudo do 
miocárdio. Paciente que tem doença coronariana, com exigência de um débito cardíaco muito maior por causa da 
hipercinesia da febre e com uma frequência cardíaca muito maior. Podem fazer um infarto agudo do miocárdio ou um 
descompensação cardíaca. 
5) Distúrbio hidroeletrolítico/Sudorese profusa da febre: Pode fazer com que o paciente fique desidratado, com potássio e 
sódio baixo. 
6) Teratogenia: A própria febre pode ser teratogênica (capacidade de fazer malformação fetal). Em gestantes no primeiro 
trimestre que tiverem episódios de febre alta, a própria febre pode causar malformação fetal. Então, é importante ter o 
controle da temperatura principalmente no primeiro trimestre. Usar antitérmico, controlar a temperatura, porque a própria 
febre pode ser causa de teratogenia. 
 
 Febre de origem indeterminada ou obscura 
É uma entidade. Essa entidade é a que tem mais diferença de literatura entre o Mário Lopez e a atualidade. O Mário Lopez, 
como é de 2007, é uma definição. Agora os novos estudos subdividiram e usaram outra definição. Então, a febre de origem 
obscura ou febre de origem indeterminada (são sinônimos) é dividida em quatro categorias: 
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1) Clássica: Temperatura axilar maior que 38,3°C em várias ocasiões, com mais de 3 semanas e impossibilidade de conseguir 
diagnóstico a despeito de 3 consultas ambulatoriais ou três dias de internação hospitalar ou 1 semana de investigação 
ambulatorial criteriosa invasiva. 
Ou seja, aquele paciente que está com febre há mais de 3 semanas, todo dia a febre passa de 38,3° e você consultou ele 
três vezes no seu consultório ou ficou ele ficou três dias internado e fez um monte de teste, colheu cultura e mais outras 
coisas e não conseguiu definir de onde vem a febre. Diz-se que essa febre foi de origem indeterminada ou obscura. Você 
vai tentar identificar as causas dessa febre. Toda vez que estiver falando de febre de origem indetermina e não falar mais 
nada, estamos falando de febre obscura clássica. 
2) Neutropênica: O paciente tem temperatura sempre igual, maior que 38,3°C, em várias ocasiões e tem neutrófilo menor 
que 500/𝑚𝑚3 ou que você imagine que vai ficar assim. 
Imagine um paciente que esteja com 1000/𝑚𝑚3 de neutrófilo e começou a fazer quimioterapia hoje. Imagina-se que em 
um ou dois dias ele vai ter menos que 500/𝑚𝑚3 . Com drogas pesadas, o paciente, muitas vezes, reduz a carga neutrofílica. 
Se esse paciente tiver 38,3° em várias ocasiões que estejam com a contagem de neutrófilos menor que 500/𝑚𝑚3, eu chamo 
de febre de origem obscura/indeterminada neutropênica desde que essa febre tenha duração de mais de 3 dias com pelo 
menos dois dias de coleta de cultura. Você colheu a cultura que ficou mais de 48h crescendo, acompanhou o paciente por 
mais de 3 dias e mesmo assim esse paciente teve febre e as culturas foram todas negativas em 48h. Já pode classificar como 
febre de origem obscura neutropênica. 
3) Hospitalar: É aquele paciente que está hospitalizado com temperatura maior de 38,3° em várias ocasiões e que faça 
tratamento em que não tenha evidência de infecção. 
Por exemplo: paciente que está no hospital para tratar insuficiência cardíaca, sem nenhum indício de infecção e ele começa 
a apresentar febre por 3 dias. Colheu-se cultura (cultura: hemocultura, urinocultura, cultura de secreção traqueal) e as 
culturas rodaram 48h e mesmo assim não apareceu nada. Significa que já pode classificar como febre de origem obscura 
hospitalar. 
É tudo muito parecido, a diferença é o local e a situação do paciente. 
4) Associada ao HIV: Novamente maior que 38,3° em várias ocasiões, só que em pacientes com HIV que a febre tenha 
duração ao longo de 4 semanas em ambulatório ou 3 dias internado. 
Se for 3 dias internado, vira febre obscura de origem hospitalar. Então, a definição anterior. A mesma coisa. Investigação 
de 3 dias com pelos menos 2 dias de incubação de cultura. É um pouco longo, mas é quase tudo a mesma coisa. Dividiram 
para seccionar os pacientes e as causas dessa febre obscura. 
 
INVESTIGAÇÃO DA FEBRE: 
Paciente com febre. Na investigação, o que temos que investigar quando foi o início, quando começou. Qual a intensidade? 
Qual a duração? Como está evoluindo? Como a febre termina? Termina em lise, ou seja, gradativamente a ponto de o 
paciente nem perceber? Ou em crise quando a febre vai embora com sudorese profusa, rubor facial, e outras alterações 
características do fim da febre? 
Temos que ser objetivos. Ver os níveis de febre; fazer a curva térmica, pois sabendo a periodicidade, podemos determinar 
qual o tipo de febre (remitente, intermitente...); saber os fatores e sinais associados como calafrios, vômitos, mialgia, para 
investigar se direciona para algum órgão específico; investigar se há uso de medicamento antitérmico, pois o uso dele altera 
a curva térmica. Em horário que deveria haver febre, não há, pois o antitérmico impede; se há uso de medicamento que 
pode induzir a febre como os neurolépticos, inibidores da recaptação de serotonina ou anticolinérgicos. Tudo isso pode 
interferir. 
Além disso, temos que investigar se a pessoa teve contato com algum indivíduo com doença que pode produzir febre ou 
infectocontagiosa. “Ah doutor, estou com febre há um mês e minha mãe está tratando de tuberculose tem seis meses”.O 
que provavelmente esse paciente tem? Tuberculose. Tem que se pesquisar o contato com doenças infectocontagiosas. 
Se mesmo assim, não se conseguir investigar qual o tipo de febre, devemos avaliar entradas em florestas e cavernas; 
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Avaliar hábitos e atividades sexuais que podem estar relacionadas a febre como por exemplo a febre associada a HIV (o 
paciente que tiver hábito sexual de não usar preservativo e ter vários parceiros, pode estar exposto a doenças sexualmente 
transmissíveis como o HIV que é uma causa de febre de difícil diagnóstico); 
Viagem a regiões endêmicas como por exemplo: um paciente voltou do Pará ontem e está com febre do tipo recorrente. O 
que ele provavelmente tem? Malária. A epidemiologia é importante, ela nos ajuda a definir muito; 
Transfusões sanguíneas, principalmente antes dos anos 80, quando não se fazia screening para HIV nem para hepatite. 
Então, é importante saber se o paciente teve esse tipo de transfusão; 
Contato com animais. Como anteriormente mencionada, a brucelose é uma doença transmitida por animais. Além disso, 
agora temos o coronavírus que foi transmitida por contato com animais.Para descobrir de onde a doença veio foi a 
epidemiologia que serviu. Quem teve a doença inicialmente foi quem teve contato com aqueles animais do mercado de 
Wuhan; 
Hábitos higiênicos, alimentares e de vida; uso de seringas ou agulhas não esterilizadas (paciente que se injeta com agulhas 
não esterilizadas); 
Emagrecimento: quanto e qual a velocidade? Quantos quilos emagreceu? Em quanto tempo? Por que perguntar sobre 
emagrecimento no caso de febre? O que pode causar febre que causa também emagrecimento? HIV, tuberculose e 
neoplasias. Câncer causa febre. O paciente que está emagrecendo pode ter câncer; 
Doenças pregressas e familiares (algumas doenças autoimunes têm padrão familiar e podem causar febre); 
É importante se houver dúvida quanto a essas informações, confirmá-las com parentes e amigos. 
No exame físico, o que pesquisamos? Lesões cutâneas; avaliamos orofaringe, seios paranasais (pode ter sinusite causando 
febre), dentes (por quê? Endocardite infecciosa: um dos locais de entrada da bactéria pode ser dentes mau cuidados ou 
manipulação dentária); aumento de viscerais (fígado e baço aumentados pode ser indício de calazar que é a leishmaniose 
visceral, uma causa de febre importante); linfonodos aumentados (pode ser linfoma, tuberculose, várias doenças que 
aumentam linfonodo); avaliar o fundo de olho. Por quê? No fundo de olho, pode-se ter lesões sugestivas de toxoplasmose 
(a principal delas), citomegalovírus (principalmente em paciente com HIV. Na citamegalovirose, podemos ver lesão de 
fundo de olho); boca; região anal e retal; massa abdominal ou pélvica (câncer pode dar febre); sopro cardíaco (por quê? 
Paciente não tinha sopro cardíaco antes, quando aparece com sopro cardíaco e febre, é quase patognomônico de 
endocardite. Quase patognomônico). 
Deve-se avaliar curva térmica e comparar com o dia anterior. Repeti-la todo dia até conseguir o diagnóstico de febre.

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