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RELIGIÃO CONTINUADA

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e 
Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
Impresso no Brasil
As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram 
modificações com o novo Acordo Ortográfico.
Religião em diálogo
8o ano do Ensino Fundamental 
Lucas Vieira
Editor
Lécio Cordeiro
Revisão de texto
Departamento Editorial
Capa e projeto gráfico 
 Adriana Ribeiro e Nathália Sacchelli
Diagramação
Adriana Ribeiro
Ilustrações
Lourdes Saraiva
Direção de arte
Elto Koltz
Coordenação editorial
Multi Marcas Editoriais Ltda.
Rua Neto Campelo Júnior, 37 – Mustardinha – Recife/PE
Tel.: (81) 3447.1178
CNPJ: 00.726.498/0001-74 – IE: 0214538-37
Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos 
dos textos contidos neste livro. A Editora pede desculpas se houve al-
guma omissão e, em edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer 
créditos faltantes.
Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam, sempre que 
oportuno e sem prejudicar seu sentido original, uma nova pontuação.
O conteúdo deste livro está adequado à proposta 
da BNCC, conforme a Resolução nº 2, de 22 de 
dezembro de 2017, do Ministério da Educação.
Manual do Educador – Fundamentação
III
Ao longo da história da educação brasileira, o 
Ensino Religioso assumiu diferentes perspectivas 
teórico-metodológicas, geralmente de viés confessio-
nal ou interconfessional. A partir da década de 1980, 
as transformações socioculturais que provocaram 
mudanças paradigmáticas no campo educacional 
também impactaram no Ensino Religioso. Em função 
dos promulgados ideais de democracia, inclusão social 
e educação integral, vários setores da sociedade civil 
passaram a reivindicar a abordagem do conhecimento 
religioso e o reconhecimento da diversidade religiosa 
no âmbito dos currículos escolares.
APRESENTAÇÃO
respeito a 
diversidade 
cultural 
religiosa
Constituição Federal de 1988 (artigo 210) e a LDB nº 
9.394/1996 (artigo 33, alterado pela Lei nº 9.475/1997)
A Constituição Federal de 1988 (artigo 210) e a 
LDB nº 9.394/1996 (artigo 33, alterado pela Lei nº 
9.475/1997) estabeleceram os princípios e os funda-
mentos que devem alicerçar epistemologias e peda-
gogias do Ensino Religioso, cuja função educacional, 
enquanto parte integrante da formação básica do 
cidadão, é assegurar o respeito à diversidade cultural 
religiosa, sem proselitismos. Mais tarde, a Resolução 
CNE/CEB nº 04/2010 e a Resolução CNE/CEB nº 07/2010 
reconheceram o Ensino Religioso como uma das cinco 
áreas de conhecimento do Ensino Fundamental de 
09 (nove) anos.
Manual do Educador – Fundamentação
IV
Ensino Religioso à luz da BNCC
Para o Ensino Religioso estabelecido como componente curricular de oferta obrigatória nas escolas públicas 
de Ensino Fundamental, com matrícula facultativa, em diferentes regiões do País, foram elaborados propostas 
curriculares, cursos de formação inicial e continuada e materiais didático-pedagógicos que contribuíram para a 
construção dessa área de ensino, cujas natureza e finalidades pedagógicas são distintas da confessionalidade. 
Considerando os marcos normativos e em conformidade com as competências gerais estabelecidas 
no âmbito da BNCC, o Ensino Religioso deve atender aos seguintes objetivos:
a) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, a partir das mani-
festações religiosas percebidas na realidade dos educandos.
b) Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e de crença, no constante propósito 
de promoção dos direitos humanos.
c) Desenvolver competências e habilidades que contribuam para o diálogo entre perspectivas religiosas 
e seculares de vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções e o pluralismo de ideias, de acordo 
com a Constituição Federal.
d) Contribuir para que os educandos construam seu sentido pessoal de vida a partir de valores, prin-
cípios éticos e da cidadania.
Nakigitsune-sama | Shutterstock.com
Manual do Educador – Fundamentação
V
O conhecimento religioso, objeto do Ensino Religioso, é produzido no âmbito das diferentes áreas do 
conhecimento científico das Ciências Humanas e Sociais, notadamente da(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões). 
Essas Ciências investigam a manifestação dos fenômenos religiosos em diferentes culturas e sociedades 
enquanto um dos bens simbólicos resultantes da busca humana por respostas aos enigmas do mundo, 
da vida e da morte. De modo singular, complexo e diverso, esses fenômenos alicerçaram distintos sentidos 
e significados de vida e diversas ideias de divindade(s), em torno dos quais se organizaram cosmovisões, 
linguagens, saberes, crenças, mitologias, narrativas, textos, símbolos, ritos, doutrinas, tradições, movimentos, 
práticas e princípios éticos e morais. Os fenômenos religiosos em suas múltiplas manifestações são parte 
integrante do substrato cultural da humanidade.
Cabe ao Ensino Religioso tratar os conhecimentos religiosos a partir de pressupostos éticos e científicos, 
sem privilégio de nenhuma crença ou convicção. Isso implica abordar esses conhecimentos com base 
nas diversas culturas e tradições religiosas, sem desconsiderar a existência de filosofias seculares de vida. 
No Ensino Fundamental, o Ensino Religioso adota a pesquisa e o diálogo como princípios mediadores 
e articuladores dos processos de observação, identificação, análise, apropriação e ressignificação de 
saberes, visando ao desenvolvimento de competências específicas. Dessa maneira, busca problemati-
zar representações sociais preconceituosas sobre o outro, com o intuito de combater a intolerância, a 
discriminação e a exclusão.
Manual do Educador – Fundamentação
VI
Por isso, a interculturalidade e a ética da alteridade constituem fundamentos teóricos e pedagógicos 
do Ensino Religioso, porque favorecem o reconhecimento e respeito às histórias, memórias, crenças, 
convicções e valores de diferentes culturas, tradições religiosas e filosofias de vida.
O Ensino Religioso busca construir, por meio do estudo dos conhecimentos religiosos e das filosofias 
de vida, atitudes de reconhecimento e respeito às alteridades. Trata-se de um espaço de aprendizagens, 
experiências pedagógicas, intercâmbios e diálogos permanentes, que visam ao acolhimento das identida-
des culturais, religiosas ou não, na perspectiva da interculturalidade, dos direitos humanos e da cultura de 
paz. Tais finalidades se articulam aos elementos da formação integral dos estudantes, na medida em que 
fomentam a aprendizagem da convivência democrática e cidadã, princípio básico à vida em sociedade.
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as competências gerais da BNCC, a área de 
Ensino Religioso — e, por consequência, o componente curricular de Ensino Religioso — deve garantir 
aos alunos o desenvolvimento de competências específicas.
DiálogoValores
Amor
Respeito
Paz
Compreensão
Manual do Educador – Fundamentação
VII
Competências específicas de Ensino Religioso para o Ensino Fundamental
1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos religiosos e filosofias de 
vida, a partir de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida, suas experiências 
e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios.
3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor da vida.
4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e viver.
5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da política, da economia, da 
saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente.
6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos discursos e às práticas de intolerância, discrimina-
ção e violência de cunho religioso,de modo a assegurar os direitos humanos no constante exercício da 
cidadania e da cultura de paz.
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Manual do Educador – Fundamentação
VIII
Ensino Religioso
O ser humano se constrói a partir de um conjunto de relações tecidas em determinado contexto 
histórico-social, em um movimento ininterrupto de apropriação e produção cultural. Nesse processo, o 
sujeito se constitui enquanto ser de imanência (dimensão concreta, biológica) e de transcendência (di-
mensão subjetiva, simbólica).
Ambas as dimensões possibilitam que os humanos se relacionem entre si, com a natureza e com a(s) 
divindade(s), percebendo-se como iguais e diferentes.
A percepção das diferenças (alteridades) possibilita a distinção entre o “eu” e o “outro”, “nós” e “eles”, 
cujas relações dialógicas são mediadas por referenciais simbólicos (representações, saberes, crenças, 
convicções, valores) necessários à construção das identidades.
Tais elementos embasam a unidade temática Identidades e alteridades, a ser abordada ao longo de 
todo o Ensino Fundamental. Nessa unidade, pretende-se que os estudantes reconheçam, valorizem e 
acolham o caráter singular e diverso do ser humano, por meio da identificação e do respeito às seme-
lhanças e diferenças entre o eu (subjetividade) e os outros (alteridades), da compreensão dos símbolos 
e significados e da relação entre imanência e transcendência.
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Manual do Educador – Fundamentação
IX
A dimensão da transcendência é matriz dos fenômenos e das experiências religiosas, uma vez que, 
em face da finitude, os sujeitos e as coletividades sentiram-se desafiados a atribuir sentidos e significados 
à vida e à morte. Na busca de respostas, o ser humano conferiu valor de sacralidade a objetos, animais, 
pessoas, forças da natureza ou seres sobrenaturais, transcendendo a realidade concreta.
Essa dimensão transcendental é mediada por linguagens específicas, tais como o símbolo, o mito e o 
rito. No símbolo, encontram-se dois sentidos distintos e complementares. Por exemplo, objetivamente, 
uma flor é apenas uma flor. No entanto, é possível reconhecer nela outro significado: a flor pode despertar 
emoções e trazer lembranças. Assim, o símbolo é um elemento cotidiano ressignificado para representar 
algo além de seu sentido primeiro. Sua função é fazer a mediação com outra realidade e, por isso, é uma 
das linguagens básicas da experiência religiosa.
Tal experiência é uma construção subjetiva alimentada por diferentes práticas espirituais ou ritualís-
ticas, que incluem a realização de cerimônias, celebrações, orações, festividades, peregrinações, entre 
outras. Enquanto linguagem gestual, os ritos narram, encenam, repetem e representam histórias e acon-
tecimentos religiosos. Dessa forma, se o símbolo é uma coisa que significa outra, o rito é um gesto que 
também aponta para outra realidade.
Manual do Educador – Fundamentação
X
Os rituais religiosos são geralmente realizados coletivamente em espaços e territórios considerados 
sagrados (montanhas, mares, rios, florestas, templos, santuários, caminhos, entre outros), que se dis-
tinguem dos demais por seu caráter simbólico. Esses espaços constituem-se em lócus de apropriação 
simbólico-cultural, onde os diferentes sujeitos se relacionam, constroem, desenvolvem e vivenciam suas 
identidades religiosas.
Nos territórios sagrados, frequentemente atuam pessoas incumbidas da prestação de serviços reli-
giosos. Sacerdotes, líderes, funcionários, guias ou especialistas, entre outras designações, desempenham 
funções específicas: difusão das crenças e doutrinas, organização dos ritos, interpretação de textos e 
narrativas, transmissão de práticas, princípios e valores, etc. Portanto, os líderes exercem uma função 
pública, e seus atos e orientações podem repercutir sobre outras esferas sociais, tais como economia, 
política, cultura, educação, saúde e meio ambiente.
Esse conjunto de elementos (símbolos, ritos, espaços, territórios e lideranças) integra a unidade temá-
tica Manifestações religiosas, em que se pretende proporcionar o conhecimento, a valorização e o respeito 
às distintas experiências e manifestações religiosas e a compreensão das relações estabelecidas entre 
as lideranças e denominações religiosas e as distintas esferas sociais.
Manual do Educador – Fundamentação
XI
Na unidade temática Crenças religiosas e filosofias de vida, são tratados aspectos estruturantes das diferen-
tes tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, particularmente sobre mitos, ideia(s) de divindade(s), 
crenças e doutrinas religiosas, tradições orais e escritas, ideias de imortalidade, princípios e valores éticos.
O mito é outro elemento estruturante das tradições religiosas. Ele representa a tentativa de explicar 
como e por que a vida, a natureza e o cosmos foram criados. Apresenta histórias dos deuses ou heróis 
divinos, relatando, por meio de uma linguagem rica em simbolismo, acontecimentos nos quais as divin-
dades agem ou se manifestam.
O mito é um texto que estabelece uma relação entre imanência (existência concreta) e transcendência 
(o caráter simbólico dos eventos). Ao relatar um acontecimento, o mito situa-se em um determinado tempo 
e lugar e, frequentemente, apresenta-se como uma história verdadeira, repleta de elementos imaginários.
No enredo mítico, a criação é uma obra de divindades, seres, entes ou energias que transcendem a 
materialidade do mundo. São representados de diversas maneiras, sob distintos nomes, formas, faces 
e sentidos, segundo cada grupo social ou tradição religiosa.
PRINCÍPIOS 
MOVIMENTOS 
RELIGIOSOS 
IDEIAS 
DE 
DIVINDADE
TRADIÇÕES 
ORAIS 
TRADIÇÕES 
ESCRITAS
VALORES 
ÉTICOS
FILOSOFIAS 
DE 
VIDA
Manual do Educador – Fundamentação
XII
O mito, o rito, o símbolo e as divindades alicerçam as crenças, entendidas como um conjunto de ideias, 
conceitos e representações estruturantes de determinada tradição religiosa. As crenças fornecem respostas 
teológicas aos enigmas da vida e da morte, que se manifestam nas práticas rituais e sociais sob a forma de 
orientações, leis e costumes.
Esse conjunto de elementos origina narrativas religiosas que, de modo mais ou menos organizado, são 
preservadas e passadas de geração em geração pela oralidade. Desse modo, ao longo do tempo, cosmovisões, 
crenças, ideia(s) de divindade(s), histórias, narrativas e mitos sagrados constituíram tradições específicas, ini-
cialmente orais. Em algumas culturas, o conteúdo dessa tradição foi registrado sob a forma de textos escritos.
No processo de sistematização e transmissão dos textos sagrados, sejam eles orais, sejam eles escritos, certos 
grupos sociais acabaram por definir um conjunto de princípios e valores que configuraram doutrinas religiosas. 
Estas reúnem afirmações, dogmas e verdades que procuram atribuir sentidos e finalidades à existência, bem 
como orientar as formas de relacionamento com a(s) divindade(s) e com a natureza.
As doutrinas constituem a base do sistema religioso, sendo transmitidas e ensinadas aos seus adeptos de 
maneira sistemática, com o intuito de assegurar uma compreensão mais ou menos unitária e homogênea de 
seus conteúdos. 
Mito
Rito Símbolo
Divindade
CRENÇAS
Manual do Educador – Fundamentação
XIII
No conjunto das crenças e doutrinas religiosas, encontram-se ideias de imortalidade (ancestralidade, reencar-
nação, ressurreição, transmigração, entre outras), que são norteadoras do sentido da vida dos seus seguidores. 
Essas informações oferecem aos sujeitos referenciais tanto para a vida terrena quanto para o pós-morte, cuja 
finalidade é direcionar condutas individuais e sociais, por meio de códigos éticos e morais. Tais códigos, em geral, 
definem o que é certo ou errado, permitido ou proibido. Esses princípios éticos e morais atuam como balizadores 
de comportamento, tanto nos ritos como na vida social.
Também as filosofias de vida se ancoram em princípios cujas fontes não advêmdo universo religioso. Pes-
soas sem religião adotam princípios éticos e morais cuja origem decorre de fundamentos racionais, filosóficos, 
científicos, entre outros. Esses princípios, geralmente, coincidem com o conjunto de valores seculares de mundo 
e de bem, tais como: o respeito à vida e à dignidade humana, o tratamento igualitário das pessoas, a liberdade 
de consciência, crença e convicções e os direitos individuais e coletivos.
Cumpre destacar que os critérios de organização das habilidades na BNCC (com a explicitação dos objetos 
de conhecimento aos quais se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades temáticas) expressam 
um arranjo possível (entre outros). Portanto, os agrupamentos propostos não devem ser tomados como modelo 
obrigatório para o desenho dos currículos.
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Manual do Educador – Fundamentação
XIV
A avaliação a serviço da aprendizagem
A aprendizagem e, consequente e simultaneamente, a avaliação devem ser orientadas e dirigidas pelo currí-
culo — como ideia global de princípios e marco conceitual de referência que concretiza em práticas específicas 
a educação como projeto social e político — e pelo ensino, o qual deve inspirar-se nele.
Partindo dos pressupostos construtivistas sobre o ensino e a aprendizagem, e levando-se em conta a teoria 
implícita que ilumina o currículo, devemos reconhecer que um bom ensino contribui positivamente para tornar 
boa a aprendizagem e que uma boa atividade de ensino e de aprendizagem torna boa a avaliação.
Do mesmo modo, devemos reconhecer que uma boa avaliação torna boa a atividade de ensino e boa a 
atividade de aprendizagem. Assim, estabelece-se uma relação simétrica e equilibrada entre cada um dos ele-
mentos que compõem o “currículo total”, considerado como meio ideal de aprendizagem e como tempo e lugar 
de intercâmbio no qual são construídas, cooperativa e solidariamente, as aprendizagens escolares.
O que fica claro é que, em nenhum caso, a preocupação com os exames — que podem ser, razoavelmente 
bem-utilizados, recursos aceitáveis, embora não únicos de avaliação — deve condicionar e dirigir a aprendizagem; 
tampouco, evidentemente, deve condicionar o currículo e o ensino. Não podemos perder de vista que os exa-
mes, qualquer que seja a forma que adotem, devem estar a serviço da aprendizagem, do ensino e do currículo 
e antes, é claro, do sujeito que aprende. Do contrário, serão os exames, e não o currículo proclamado nem o 
currículo praticado, os que determinarão o currículo real e o que ele representa.
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Manual do Educador – Fundamentação
XV
A partir de uma interpretação tradicional da avaliação, própria da função designada, o professor tem desem-
penhado um papel decisivo, além de decisório, de um modo unidirecional. O papel destinado a quem aprende 
é o de responder a quantas perguntas sejam-lhes formuladas. A mudança no enfoque e na concepção de todo 
o processo deve levar, necessariamente, a uma mudança no papel que as técnicas devem desempenhar na 
implementação da avaliação. 
A partir de concepções alternativas, e mais de acordo com os novos enfoques curriculares, orientados pela 
racionalidade prática e crítica, quem aprende tem muito o que dizer do que aprende e da forma como o faz, 
sem que sobre a sua palavra gravite constantemente o peso do olho avaliador que tudo vê e tudo julga. Por 
esse caminho, podemos chegar a descobrir a qualidade do aprendido e a qualidade do modo pelo qual o aluno 
aprende, as dificuldades que encontra e a natureza delas, a profundidade e a consistência do aprendizado, bem 
como a capacidade geradora para novas aprendizagens daquilo que hoje damos por aprendido apenas tendo 
ouvido e estudado em um texto. Essa é a avaliação que considera o valor agregado do ensino como indicador 
válido da qualidade da educação.
ÁLVAREZ MÉNDEZ, J.M. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 36-37.
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Manual do Educador – Fundamentação
XVI
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Tradição escrita: registro dos ensinamentos sagrados
(EF06ER01) Reconhecer o papel da tradição escrita na preservação de memórias, acontecimen-
tos e ensinamentos religiosos.
(EF06ER02) Reconhecer e valorizar a diversidade de textos religiosos escritos (textos do Budis-
mo, Cristianismo, Espiritismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, entre outros).
Ensinamentos da tradição escrita
(EF06ER03) Reconhecer, em textos escritos, ensinamentos relacionados a modos de ser e viver.
(EF06ER04) Reconhecer que os textos escritos são utilizados pelas tradições religiosas de maneiras 
diversas.
(EF06ER05) Discutir como o estudo e a interpretação dos textos religiosos influenciam os adep-
tos a vivenciarem os ensinamentos das tradições religiosas.
Símbolos, ritos e mitos religiosos
(EF06ER06) Reconhecer a importância dos mitos, ritos, símbolos e textos na estruturação das 
diferentes crenças, tradições e movimentos religiosos.
(EF06ER07) Exemplificar a relação entre mito, rito e símbolo nas práticas celebrativas de diferen-
tes tradições religiosas.
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Manifestações religiosas
Místicas e espiritualidades
(EF07ER01) Reconhecer e respeitar as práticas de comunicação com as divindades em distintas 
manifestações e tradições religiosas.
(EF07ER02) Identificar práticas de espiritualidade utilizadas pelas pessoas em determinadas si-
tuações (acidentes, doenças, fenômenos climáticos).
Lideranças religiosas
(EF07ER03) Reconhecer os papéis atribuídos às lideranças de diferentes tradições religiosas.
(EF07ER04) Exemplificar líderes religiosos que se destacaram por suas contribuições à sociedade.
(EF07ER05) Discutir estratégias que promovam a convivência ética e respeitosa entre as religiões.
Crenças religiosas e filosofias de vida
Princípios éticos e valores religiosos (EF07ER06) Identificar princípios éticos em diferentes tradições religiosas e filosofias de vida, discutindo como podem influenciar condutas pessoais e práticas sociais.
Liderança e direitos humanos
(EF07ER07) Identificar e discutir o papel das lideranças religiosas e seculares na defesa e pro-
moção dos direitos humanos.
(EF07ER08) Reconhecer o direito à liberdade de consciência, crença ou convicção, questionando 
concepções e práticas sociais que a violam.
ENSINO RELIGIOSO – 6º ANO
ENSINO RELIGIOSO – 7º ANO
Manual do Educador – Fundamentação
XVII
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Tradição escrita: registro dos ensinamentos sagrados
(EF06ER01) Reconhecer o papel da tradição escrita na preservação de memórias, acontecimen-
tos e ensinamentos religiosos.
(EF06ER02) Reconhecer e valorizar a diversidade de textos religiosos escritos (textos do Budis-
mo, Cristianismo, Espiritismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, entre outros).
Ensinamentos da tradição escrita
(EF06ER03) Reconhecer, em textos escritos, ensinamentos relacionados a modos de ser e viver.
(EF06ER04) Reconhecer que os textos escritos são utilizados pelas tradições religiosas de maneiras 
diversas.
(EF06ER05) Discutir como o estudo e a interpretação dos textos religiosos influenciam os adep-
tos a vivenciarem os ensinamentos das tradições religiosas.
Símbolos, ritos e mitos religiosos
(EF06ER06) Reconhecer a importância dos mitos, ritos, símbolos e textos na estruturação das 
diferentes crenças, tradições e movimentos religiosos.
(EF06ER07) Exemplificar a relação entre mito, rito e símbolo nas práticas celebrativas de diferen-
tes tradições religiosas.
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Manifestações religiosas
Místicas e espiritualidades
(EF07ER01) Reconhecer e respeitar as práticas de comunicação com as divindades em distintas 
manifestações e tradições religiosas.
(EF07ER02) Identificar práticasde espiritualidade utilizadas pelas pessoas em determinadas si-
tuações (acidentes, doenças, fenômenos climáticos).
Lideranças religiosas
(EF07ER03) Reconhecer os papéis atribuídos às lideranças de diferentes tradições religiosas.
(EF07ER04) Exemplificar líderes religiosos que se destacaram por suas contribuições à sociedade.
(EF07ER05) Discutir estratégias que promovam a convivência ética e respeitosa entre as religiões.
Crenças religiosas e filosofias de vida
Princípios éticos e valores religiosos (EF07ER06) Identificar princípios éticos em diferentes tradições religiosas e filosofias de vida, discutindo como podem influenciar condutas pessoais e práticas sociais.
Liderança e direitos humanos
(EF07ER07) Identificar e discutir o papel das lideranças religiosas e seculares na defesa e pro-
moção dos direitos humanos.
(EF07ER08) Reconhecer o direito à liberdade de consciência, crença ou convicção, questionando 
concepções e práticas sociais que a violam.
Manual do Educador – Fundamentação
XVIII
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Crenças, convicções e atitudes 
(EF08ER01) Discutir como as crenças e convicções podem influenciar escolhas e atitudes pessoais 
e coletivas.
(EF08ER02) Analisar filosofias de vida, manifestações e tradições religiosas destacando seus prin-
cípios éticos.
Doutrinas religiosas (EF08ER03) Analisar doutrinas das diferentes tradições religiosas e suas concepções de mundo, vida e morte.
Crenças, filosofias de vida e esfera pública 
(EF08ER04) Discutir como filosofias de vida, tradições e instituições religiosas podem influenciar 
diferentes campos da esfera pública (política, saúde, educação, economia).
(EF08ER05) Debater sobre as possibilidades e os limites da interferência das tradições religiosas 
na esfera pública.
(EF08ER06) Analisar práticas, projetos e políticas públicas que contribuem para a promoção da 
liberdade de pensamento, crenças e convicções.
Tradições religiosas, mídias e tecnologias (EF08ER07) Analisar as formas de uso das mídias e tecnologias pelas diferentes denominações religiosas.
ENSINO RELIGIOSO – 8º ANO
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Imanência e transcendência 
(EF09ER01) Analisar princípios e orientações para o cuidado da vida e nas diversas tradições religiosas 
e filosofias de vida.
(EF09ER02) Discutir as diferentes expressões de valorização e de desrespeito à vida, por meio da análi-
se de matérias nas diferentes mídias.
Vida e morte 
(EF09ER03) Identificar sentidos do viver e do morrer em diferentes tradições religiosas, através do es-
tudo de mitos fundantes.
(EF09ER04) Identificar concepções de vida e morte em diferentes tradições religiosas e filosofias de 
vida, por meio da análise de diferentes ritos fúnebres.
(EF09ER05) Analisar as diferentes ideias de imortalidade elaboradas pelas tradições religiosas (ances-
tralidade, reencarnação, transmigração e ressurreição).
Princípios e valores éticos
(EF09ER06) Reconhecer a coexistência como uma atitude ética de respeito à vida e à dignidade 
humana.
(EF09ER07) Identificar princípios éticos (familiares, religiosos e culturais) que possam alicerçar a cons-
trução de projetos de vida.
(EF09ER08) Construir projetos de vida assentados em princípios e valores éticos.
ENSINO RELIGIOSO – 9º ANO
Manual do Educador – Fundamentação
XIX
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Crenças, convicções e atitudes 
(EF08ER01) Discutir como as crenças e convicções podem influenciar escolhas e atitudes pessoais 
e coletivas.
(EF08ER02) Analisar filosofias de vida, manifestações e tradições religiosas destacando seus prin-
cípios éticos.
Doutrinas religiosas (EF08ER03) Analisar doutrinas das diferentes tradições religiosas e suas concepções de mundo, vida e morte.
Crenças, filosofias de vida e esfera pública 
(EF08ER04) Discutir como filosofias de vida, tradições e instituições religiosas podem influenciar 
diferentes campos da esfera pública (política, saúde, educação, economia).
(EF08ER05) Debater sobre as possibilidades e os limites da interferência das tradições religiosas 
na esfera pública.
(EF08ER06) Analisar práticas, projetos e políticas públicas que contribuem para a promoção da 
liberdade de pensamento, crenças e convicções.
Tradições religiosas, mídias e tecnologias (EF08ER07) Analisar as formas de uso das mídias e tecnologias pelas diferentes denominações religiosas.
UNIDADE TEMÁTICA OBJETOS DE CONHECIMENTO HABILIDADES
Crenças religiosas e filosofias de vida
Imanência e transcendência 
(EF09ER01) Analisar princípios e orientações para o cuidado da vida e nas diversas tradições religiosas 
e filosofias de vida.
(EF09ER02) Discutir as diferentes expressões de valorização e de desrespeito à vida, por meio da análi-
se de matérias nas diferentes mídias.
Vida e morte 
(EF09ER03) Identificar sentidos do viver e do morrer em diferentes tradições religiosas, através do es-
tudo de mitos fundantes.
(EF09ER04) Identificar concepções de vida e morte em diferentes tradições religiosas e filosofias de 
vida, por meio da análise de diferentes ritos fúnebres.
(EF09ER05) Analisar as diferentes ideias de imortalidade elaboradas pelas tradições religiosas (ances-
tralidade, reencarnação, transmigração e ressurreição).
Princípios e valores éticos
(EF09ER06) Reconhecer a coexistência como uma atitude ética de respeito à vida e à dignidade 
humana.
(EF09ER07) Identificar princípios éticos (familiares, religiosos e culturais) que possam alicerçar a cons-
trução de projetos de vida.
(EF09ER08) Construir projetos de vida assentados em princípios e valores éticos.
Vamos dialogar .....................................................................................74 
Vida e religião: novos conceitos na atualidade .........................................74
Exercitando o que aprendemos ..........................................................78
Refletindo sobre o tema ........................................................................83
Espaço virtual: lugar de existência e transcendência ............................83
Trabalhando o tema ...............................................................................91
Agora é a sua vez ..................................................................................93
1o Momento
2o Momento
3o Momento
4o Momento
Crenças, convicções e atitudes
Crenças religiosas e filosofias de vida
Crenças filosóficas de vida e esfera pública
Tradições religiosas, mídias e tecnologia
Vamos dialogar .....................................................................................6
A vida muda quando a gente muda ...........................................................6
Exercitando o que aprendemos ..........................................................9
Refletindo sobre o tema ......................................................................12
Filosofias de vida ................................................................................................12
Trabalhando o tema ..............................................................................23
Agora é a sua vez ..................................................................................25
Vamos dialogar .....................................................................................26
Do outro lado ......................................................................................................26
Exercitando o que aprendemos ..........................................................28
Refletindo sobre o tema ........................................................................31
Rituais fúnebres ..................................................................................................31
Trabalhando o tema ..............................................................................42
Agora é a sua vez .................................................................................47Vamos dialogar .....................................................................................50
Crianças de religiões afro se sentem discriminadas na escola .........50
Exercitando o que aprendemos ..........................................................54
Refletindo sobre o tema ......................................................................57
Estado versus religião: uma mistura histórica ...........................................57
Trabalhando o tema ..............................................................................68
Agora é a sua vez ..................................................................................71
SUMÁRIO
CONHEÇA O MANUAL
Este Manual do Educador foi planejado para oferecer ao professor suporte didático para suas aulas. Levando em 
consideração que o trabalho em sala de aula é desenvolvido, em sua melhor forma, pela atenção dada pelo docente 
a detalhes que só ele conhece, como os diferentes níveis de aprendizado e interesse dos alunos. O que trazemos 
neste compêndio são sugestões bem elaboradas que esperamos ser úteis no processo de ensino e aprendizagem.
Manual do Educador – Fundamentação
VI
Por isso, a interculturalidade e a ética da alteridade constituem fundamentos teóricos e pedagógicos 
do Ensino Religioso, porque favorecem o reconhecimento e respeito às histórias, memórias, crenças, 
convicções e valores de diferentes culturas, tradições religiosas e filosofias de vida.
O Ensino Religioso busca construir, por meio do estudo dos conhecimentos religiosos e das filosofias 
de vida, atitudes de reconhecimento e respeito às alteridades. Trata-se de um espaço de aprendizagens, 
experiências pedagógicas, intercâmbios e diálogos permanentes, que visam ao acolhimento das identida-
des culturais, religiosas ou não, na perspectiva da interculturalidade, dos direitos humanos e da cultura de 
paz. Tais finalidades se articulam aos elementos da formação integral dos estudantes, na medida em que 
fomentam a aprendizagem da convivência democrática e cidadã, princípio básico à vida em sociedade.
Considerando esses pressupostos, e em articulação com as competências gerais da BNCC, a área de 
Ensino Religioso — e, por consequência, o componente curricular de Ensino Religioso — deve garantir 
aos alunos o desenvolvimento de competências específicas.
DiálogoValores
Amor
Respeito
Paz
Compreensão
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Manual do Educador – Fundamentação
VIII
Ensino Religioso
O ser humano se constrói a partir de um conjunto de relações tecidas em determinado contexto 
histórico-social, em um movimento ininterrupto de apropriação e produção cultural. Nesse processo, o 
sujeito se constitui enquanto ser de imanência (dimensão concreta, biológica) e de transcendência (di-
mensão subjetiva, simbólica).
Ambas as dimensões possibilitam que os humanos se relacionem entre si, com a natureza e com a(s) 
divindade(s), percebendo-se como iguais e diferentes.
A percepção das diferenças (alteridades) possibilita a distinção entre o “eu” e o “outro”, “nós” e “eles”, 
cujas relações dialógicas são mediadas por referenciais simbólicos (representações, saberes, crenças, 
convicções, valores) necessários à construção das identidades.
Tais elementos embasam a unidade temática Identidades e alteridades, a ser abordada ao longo de 
todo o Ensino Fundamental. Nessa unidade, pretende-se que os estudantes reconheçam, valorizem e 
acolham o caráter singular e diverso do ser humano, por meio da identificação e do respeito às seme-
lhanças e diferenças entre o eu (subjetividade) e os outros (alteridades), da compreensão dos símbolos 
e significados e da relação entre imanência e transcendência.
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Manual do Educador – Fundamentação
XV
A partir de uma interpretação tradicional da avaliação, própria da função designada, o professor tem desem-
penhado um papel decisivo, além de decisório, de um modo unidirecional. O papel destinado a quem aprende 
é o de responder a quantas perguntas sejam-lhes formuladas. A mudança no enfoque e na concepção de todo 
o processo deve levar, necessariamente, a uma mudança no papel que as técnicas devem desempenhar na 
implementação da avaliação. 
A partir de concepções alternativas, e mais de acordo com os novos enfoques curriculares, orientados pela 
racionalidade prática e crítica, quem aprende tem muito o que dizer do que aprende e da forma como o faz, 
sem que sobre a sua palavra gravite constantemente o peso do olho avaliador que tudo vê e tudo julga. Por 
esse caminho, podemos chegar a descobrir a qualidade do aprendido e a qualidade do modo pelo qual o aluno 
aprende, as dificuldades que encontra e a natureza delas, a profundidade e a consistência do aprendizado, bem 
como a capacidade geradora para novas aprendizagens daquilo que hoje damos por aprendido apenas tendo 
ouvido e estudado em um texto. Essa é a avaliação que considera o valor agregado do ensino como indicador 
válido da qualidade da educação.
ÁLVAREZ MÉNDEZ, J.M. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 36-37.
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Manual do Educador – Fundamentação
IX
A dimensão da transcendência é matriz dos fenômenos e das experiências religiosas, uma vez que, 
em face da finitude, os sujeitos e as coletividades sentiram-se desafiados a atribuir sentidos e significados 
à vida e à morte. Na busca de respostas, o ser humano conferiu valor de sacralidade a objetos, animais, 
pessoas, forças da natureza ou seres sobrenaturais, transcendendo a realidade concreta.
Essa dimensão transcendental é mediada por linguagens específicas, tais como o símbolo, o mito e o 
rito. No símbolo, encontram-se dois sentidos distintos e complementares. Por exemplo, objetivamente, 
uma flor é apenas uma flor. No entanto, é possível reconhecer nela outro significado: a flor pode despertar 
emoções e trazer lembranças. Assim, o símbolo é um elemento cotidiano ressignificado para representar 
algo além de seu sentido primeiro. Sua função é fazer a mediação com outra realidade e, por isso, é uma 
das linguagens básicas da experiência religiosa.
Tal experiência é uma construção subjetiva alimentada por diferentes práticas espirituais ou ritualís-
ticas, que incluem a realização de cerimônias, celebrações, orações, festividades, peregrinações, entre 
outras. Enquanto linguagem gestual, os ritos narram, encenam, repetem e representam histórias e acon-
tecimentos religiosos. Dessa forma, se o símbolo é uma coisa que significa outra, o rito é um gesto que 
também aponta para outra realidade.
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SUMÁRIO DO LIVRO 
DO ALUNO
Neste momento, você pode acom-
panhar o sumário do livro do alu-
no para que ele possa nortear 
o seu trabalho ao longo do ano.
ABERTURA DE 
CAPÍTULO
Ao lado de cada abertura do ca-
pítulo, há boxes com os objetivos 
de aprendizagem e desenvolvi-
mento da Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC).
PENSE +
Nesta seção, buscamos lembrar ao educador pontos importan-
tes no tratamento dos conteúdos; justificamos determinadas 
abordagens, argumentamos em prol de determinados pontos 
de vista em relação ao ensino, à língua e a algum tema; tudo 
para tentarmos caminhar de mãos dadas, ensaiando um diálogo 
constante, dividindo experiência e informações.
FAÇA +
Aqui, oferecemos dicas de como se trabalhar determinado con-
teúdo de modo que prenda a atenção do aluno, ou ainda uma 
forma interessante de se desenvolver alguma atividade. Por 
vezes, também disponibilizamos modelos de sequência didáti-
ca, reproduzimos textos pedagógicos, indicamos obras e assim 
por diante.
LEIA +
Textos teóricos e guias de traba-
lho em sala de aula, bem como 
dicas de livros, e endereços ele-
trônicos para pesquisa compõem 
esta seção. Esperamos que tudo 
isso possa aprimorar o trabalho 
do professor.
APRENDA +
Em um mundo marcado pelafor-
ça das imagens e das leituras, o 
cinema é um recurso fundamen-
tal para tratar os temas aborda-
dos no livro. A seção APRENDA 
+ foi elaborada com o objetivo 
de colaborar com sua prática de 
ensino abordando os conteúdos 
a partir de outras perspectivas. 
ANOTAÇÕES
Os manuais contam com áreas específicas para você realizar 
suas anotações de forma organizada, registrando todas as in-
formações importantes referentes à aula realizada. Assim, ficará 
muito mais fácil localizá-las depois, inclusive nos anos seguintes.
6
Manual do Educador
6
Religião em diálogo – 80 ano
Crenças, convicções e atitudes
1 MOMENT
O
A vida muda quando a gente muda
Costumamos nos questionar sobre vários problemas no nosso 
dia a dia, desde coisas simples, como alguém mandando a gente 
arrumar o quarto, a catástrofes ambientais, como um tsunami, que 
destrói cidades inteiras, matando milhares de pessoas.
As leis que regem o Universo, e consequentemente a vida na 
Terra, podem ser, pela Ciência, parcialmente desconhecidas, no 
entanto existe uma regra básica que abarca a todos:
Sobre esse tema, no portal SeikyoPost, da Editora Brasil Seikyo 
(EBS), foi publicada uma refl exão sobre como a mudança de nossas 
atitudes pode modifi car nosso ambiente e, consequentemente, o 
mundo que nos rodeia. Esse portal se confi gura como um espaço 
de encontros, refl exão e troca de ideias que visam à construção 
de um mundo melhor e mais pacífi co. 
“Mude, porque, quando a 
gente MUDA, o MUNDO 
muda com a gente.”
– Gabriel, O pensador
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OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
 Compreender como as religiões 
influenciam as escolhas e con-
vicções. 
 Analisar as manifestações divi-
nas e suas influências na vida 
dos seres humanos.
 Compreender os princípios éti-
cos que norteiam as religiões e 
seus adeptos. 
Professor, neste momento, 
é de grande importância iniciar 
os estudos com exemplos de re-
ligiões que são filosofias de vida, 
como o budismo.
Além disso, discuta como no 
dia a dia é possível exercer postu-
ras coletivas éticas, de modo que 
as atitudes possam beneficiar a 
todos, independente da crença.
ANOTAÇÕES
BNCC – HABILIDADES 
TRABALHADAS NO 
CAPÍTULO 
(EF08ER01) Discutir como 
as crenças e convicções podem 
influenciar escolhas e atitudes 
pessoais e coletivas.
(EF08ER02) Analisar filo-
sofias de vida, manifestações e 
tradições religiosas destacando 
seus princípios éticos.
7
Religião em diálogo – 80 ano
7
Religião em diálogo – 80 ano
Crenças, convicções e atitudes
“Somos convictos de que a fi losofi a humanista do budismo de Nichiren Daishonin 
pode oferecer meios para que você desenvolva uma força infi nita capaz de transformar 
positivamente qualquer realidade.
E, acredite, assim como o Sol aquece e irradia sua força e energia a todos ao redor, você 
pode iluminar e mudar qualquer circunstância.
Sim, isso é possível! E essa força existe em você.”
Muitas pessoas acreditam que os ensinamentos budistas podem melhorar bastante 
o nosso dia a dia, mesmo que não sejamos adeptos dessa fi losofi a de vida. O texto a 
seguir traz alguns desses ensinamentos.
Acredite, budismo é a vida diária!
Para que serve a religião? Para mudar a realidade de cada praticante!
Sua vida diária são suas relações, circunstâncias, vínculos, pessoas, ambiente. É feliz 
quem comanda as situações conforme seus desejos. Infelicidade é ser comandado pelas 
oscilações externas.
Aplicando o budismo — A prática budista visa à mudança interior, ou seja, tornar 
valoroso até aquilo que é negativo. Isso acontece quando você reconstrói cada situação 
a partir da energia vital de si mesmo. Faça de si uma “fonte inesgotável de benefícios”.
O que fazer — Inverta a lógica da negatividade tornando o Gohonzon (a lei da feli-
cidade interna) o parâmetro que dita as regras do seu bem-estar. E, desejando ser feliz 
em cada situação, conduza as pessoas à sua volta à felicidade também.
Muita gente é infeliz no trabalho. Pesquisa da International Stress Management no 
Brasil (Isma-BR) afi rma que 76% das pessoas se sentem infelizes com sua vida profi ssio-
nal. Outra, da Right Management, revela que 48% dos indivíduos estão infelizes com a 
vida profi ssional.
Aplicando o budismo — Mesmo no trabalho, um ambiente normalmente envolto em 
disputas, interesses e intenções das mais variadas, a chave é ser você o primeiro a ser feliz e, 
a partir disso, gerar ondas capazes de mudar seu setor e até a empresa inteira. Jossei Toda 
costumava dizer que “na fé, faça o trabalho de uma pessoa; no trabalho, faça o de três”.
Novos rumos na vida pessoal
Ser feliz no trabalho
A refl exão é a seguinte:
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Manual do Educador
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Religião em diálogo – 80 ano
O que fazer — Não importa em qual situação esteja, recite boas palavras e bons 
pensamentos com toda confi ança que tiver. Com essa energia, transborde um forte sen-
so de responsabilidade e sabedoria e, com isso, a boa sorte conduzirá o ambiente de 
trabalho até torná-lo uma sinfonia de criação de valores e respeito mútuo.
Ser feliz nos relacionamentos
Vida fi nanceira saudável
Relacionamento humano é um dos maiores desafi os do século XXI. Amigos, vizinhos, 
casamento, namoro, parentes; sua vida diária está repleta de pessoas. Portanto, ser feliz 
inclui saber o caminho para relacionamentos saudáveis.
Aplicando o budismo — Jossei Toda, segundo presidente da Soka Gakkai, sem-
pre dizia: “Nós manifestamos o que há dentro de nós. Não é possível manifestar o que 
não temos!”. Antes de colocar a culpa nos outros, saiba que todos manifestam tanto o 
forte e puro estado de buda como os fracos e medíocres estados de inferno, fome e 
animalidade. A solução budista é manifestar o estado de buda, uma energia interna que 
irradia calor humano e generosidade. “Assim como as causas dos sofrimentos estão em 
nossa vida, possuímos o poder de transformá-los em verdadeira felicidade — este é o 
real poder do estado de buda”, cita o terceiro presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda.
O que fazer — Manifeste o estado de buda e seus relacionamentos serão imediata-
mente revitalizados. Como fazer isso? Recitando e meditando sentimentos de confi ança 
e liberdade. Assim, será possível perceber como o pensamento estável e o desejo de 
ser feliz pode ser capaz de mudar o clima à sua volta e transmitir confi ança aos seus 
relacionamentos.
Aplicando o budismo — “A vida diária iguala-se à fé, e a fé se equipara à vida diária. 
O Sutra do Lótus nunca é dissociado da realidade. Essa é a sua grandiosidade”, afi rma 
Ikeda. A vida real cotidiana é uma batalha pela sobrevivência e desejar estabilidade fi -
nanceira é normal. O importante é fazer as coisas na ordem certa: o tesouro do coração 
sempre em primeiro lugar.
O que fazer — “O ponto crucial é possuir forte fé”, ensina o presidente Ikeda quando 
o assunto é boa sorte na vida diária. Essa forte fé fará com que você harmonize sua vida 
fi nanceira. Quanto mais você enriquece o coração, mais os tesouros do cofre e do corpo 
tornam-se abundantes.
Fonte: Brasil Seikyo, ed. 2.262, 07 fev. 2017, p. C2/C3. Adaptado.
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Meditação: o estilo de vida 
budista
Para seguir o budismo, você 
deve praticar a atividade diária 
mais importante para aumentar 
sua atenção e abertura: a medi-
tação. Ela permite que você se 
familiarize com a sua verdadeira 
natureza, com seu verdadeiro 
ser. Mas a meditação é mais do 
que apenas sentar em uma sala 
silenciosa. 
• No início, é importante encon-
trar um lugar silencioso: ache uma 
área tranquila onde ninguém irá 
incomodá-lo. Remova-se de dis-
trações, como seu telefone, com-
putadores ou músicas.
• Sente-se confortavelmente: a 
posição de pernas cruzadas é a 
mais comum associada à medita-
ção, mas não é obrigatória. Fique 
de uma maneira que seja con-
fortável, de forma que você pos-
sa praticar. Sente-se ereto e rela-
xe. Pode ser no chão ou em uma 
cadeira.
• Concentre-senos seus olhos: 
a maioria das pessoas preferem 
fechar os olhos para ajudá-las 
a relaxar, no entanto, fechar os 
olhos não é necessário. Se você 
deseja manter os olhos abertos, 
tente abaixar o olhar ou fixá-lo 
em um objeto à sua frente.
• Esteja atento à sua respira-
ção: concentre-se em cada ins-
piração e expiração. Se você se 
distrair, volte a atenção para a 
sua respiração quantas vezes for 
necessário.
• Não julgue os pensamentos. Es-
teja consciente deste momento, 
mas sem achar que algo é “bom” 
ou “ruim”, de que “está certo pen-
sar nisso” ou “está errado”. Não 
julgue nada e mantenha a aten-
ção na sua respiração.
• Por pelo menos 5 minutos por 
dia na primeira semana, você deve 
meditar na mesma posição e no 
mesmo lugar para gerar o hábito 
da prática de meditação. Se você 
quiser aumentar o tempo, prolon-
gue suas meditações acrescentan-
do 1 minuto por prática durante 
mais uma semana. Por exemplo 
inicie a prática por semana, me-
ditando 5 minutos por dia; na 
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Religião em diálogo – 80 ano
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Religião em diálogo – 80 ano
Nichiren Daishōnin: Monge budista que viveu durante o século XIII. Fundou o budismo 
Nitiren, um importante segmento do budismo japonês. 
Jossei Toda: Educador, pacifi sta e segundo presidente do Soka Gakkai. Em 1957, Jossei profe-
riu a Declaração pela abolição das armas nucleares, deixando os jovens com a missão de lutar 
pelo fi m das armas nucleares. Faleceu com 58 anos. 
Soka Gakkai: É uma associação budista composta por doze milhões de pessoas no mundo 
inteiro. Tem como base o pensamento do monge japonês Nichiren.
Estados de inferno: O budismo ensina que toda forma de vida contém dez estados poten-
ciais, Teoria dos Dez Mundos, e um deles é o estado de inferno, caracterizado por sofrimento, 
negatividade e desespero. Em sua forma mais grave, caracteriza-se pelo impulso de destruir 
a si próprio e a tudo que está à sua volta. 
1. A chave de toda evolução como pessoa é o autoconhecimento. Olhar para suas ações, 
questionar-se sobre elas e avaliar se é possível e necessário mudar é imprescindível 
para alcançar um estado de equilíbrio. Observe as três perguntas a seguir e, em seu 
caderno, responda-as. No entanto, é necessário que você seja verdadeiro(a) consigo. 
Resposta pessoal. 
• O que eu tenho de melhor? 
• O que me faz feliz?
• Aonde quero chegar?
2. Em sua opinião, apenas a mudança de atitude e o pensamento positivo podem fazer 
com que todo o Planeta mude para melhor, automaticamente?
Espera-se que os alunos compreendam que a tomada de decisão é importante para o
crescimento pessoal. Como refl exo de uma evolução humana, tudo muda em conjunto, 
podendo chegar a escalas mundiais. Se cada um fi zer sua parte, livrando-se de seus
preconceitos e intolerâncias, viveremos em um mundo melhor.
Exercitando o que aprendemos
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semana seguinte, aumente para 
6 minutos por dia; na seguinte, 
7 minutos diários por mais uma 
semana e assim por diante.
Disponível em: https://sobrebudismo.com.br/co-
mo-praticar-o-budismo/. Acesso em: 04/12/2019. 
Adaptado.
Explore alguns termos impor-
tantes para o desenvolvimento do 
conteúdo, por exemplo, ética no bu-
dismo, estilo de vida, trabalho social 
e a disciplina da vida regrada. 
Além disso, pode-se fazer um 
trabalho com “as quatro nobres ver-
dades”, que dizem respeito sobre a 
existência e a origem do sofrimento.
ANOTAÇÕES
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Manual do Educador
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Religião em diálogo – 80 ano
3. Para nós que somos do Ocidente, a forma de pensar do budismo, muitas vezes, tor-
na-se algo longe da nossa realidade. No entanto, foi com essa maneira simples de 
pensar e com exemplos do cotidiano que o budismo se revelou acessível a todos, pois 
sua relação se dá diretamente com o ser humano. Em sua opinião, quais problemas 
enfrentaríamos ao colocar em prática alguns dos ensinamentos budistas hoje em dia?
Espera-se que os alunos compreendam que a cultura ocidental, muitas vezes, nos impede
de enxergar a simplicidade das coisas que o budismo oferece. A cultura ocidental
nos induz a olhar aquilo que está fora, e, com a vida apressada que temos atualmente, 
torna-se algo inviável olhar nosso interior. 
 Observe o trecho retirado do texto lido: 
“E, acredite, assim como o Sol aquece e irradia sua força e energia a todos ao 
redor, você pode iluminar e mudar qualquer circunstância.
Sim, isso é possível! E essa força existe em você.”
4. No trecho, o autor faz uma comparação do Sol, astro-rei, conosco, humanos. Em sua 
opinião, qual foi o motivo do uso dessa metáfora?
Compara que, assim como o Sol, que ilumina a todos, sem distinção, seremos
nós quando conseguirmos descobrir o real sentido da felicidade. Seremos fontes de
uma luz que clareará todos que estão a nossa volta, sem fazer acepções.
5. A escolha de mudar começa por você, e cada um de nós é responsável pela evolução 
pessoal para a qual todos somos chamados. Ter acesso ao autoconhecimento leva 
tempo e necessita de uma intensa vontade pessoal de transcender. De acordo com as 
leituras feitas até este momento, o que é necessário para que se possa mudar nossa 
realidade individual e nosso ambiente?
Espera-se que os alunos compreendam que a mudança começa internamente e 
precisa ser aplicada na prática diária. Muitas vezes, mudamos nossas ações na teoria, no 
entanto continuamos vivendo como se nada tivesse acontecido. Para que as coisas 
exteriormente mudem, faz-se necessário que as ações correspondam àquilo que nos
propusermos a mudar. 
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Deleuze e o desejo
Para falarmos do que Gilles 
Deleuze entende por desejo, pre-
cisamos, antes de mais nada, in-
verter uma ideia que circula desde 
Platão: a de desejo como falta. Se 
a Psicologia se constrói com bases 
filosóficas e a História é escrita pelos 
vencedores, então é imprescindível 
trocar os personagens na base de 
nossa estrutura de conhecimento. 
Sabemos que assim nos arriscamos 
a levar abaixo toda psicologia mo-
derna, mas não há outra maneira.
No lugar de Platão, coloque-
mos, a título de experimentação, 
Aristipo (435–366 a.C.). Para Platão, 
este mundo é apenas uma “cópia 
imperfeita” do verdadeiro e impe-
recível “mundo das ideias”. Em seu 
diálogo, Banquete, o filósofo expõe 
a ideia de um ser que busca eter-
namente sua outra metade neste 
mundo. Condenado a vagar, mutila-
do, machucado, saudoso. O mito de 
Platão fala da dor da incompletude, 
fala do desejo como uma falta!
Sócrates diz, neste mesmo diá-
logo, “só podemos desejar o que 
não temos!”, há um sentimento de 
nostalgia no ar, algo foi perdido. Um 
desejo carente, mendigante, que 
pede para ser preenchido. Já Aristi-
po traz uma concepção totalmente 
diferente. O verdadeiro mundo é 
este, e o verdadeiro bem é a busca 
do prazer aqui e agora, um hedonis-
mo racional que procura o prazer 
e evita a dor. Como a história da 
filosofia pode esquecer de Aristipo? 
E Epicuro, com seu hedonismo cal-
mo? Vemos claramente: a história é 
sempre contada pelos vencedores, 
mesmo que malogrados e deca-
dentes.
Outra inversão: Schopenhauer 
sai, entra Nietzsche. Para o filósofo 
pessimista, influenciado por Kant e 
pelo budismo, o desejo é como um 
pêndulo que nos leva da dor ao té-
dio. O núcleo do mundo é a vontade, 
insaciável, ininterrupta. Por trás do 
véu de Maya, por trás das represen-
tações, encontramos a coisa em si: 
a vontade. Mas desejar só pode ser 
sofrer, porque a cada hora a vontade 
inconstante deseja algo diferente. 
Nada pode definitivamente preen-
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Religião em diálogo – 80 ano
Observe a tirinha a seguir: 
6. Nossos desejos e vontades podem aprisionar-nos e tampar nossa visão de forma que 
não consigamos enxergar o que, verdadeiramente, é importante para nós. No livro O 
Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, lemos isso de maneira mais evidente: 
“O essencial é invisível aos olhos”. 
a) Tendo em vista as leituras feitas, como você compreende o trechoretirado do livro O 
Pequeno Príncipe? 
Espera-se que os alunos compreendam que nossos quereres atrapalham aquilo que 
precisamos porque somos alvos fáceis daquilo que nos é ofertado, como os produtos,
a aparência ou os estilos de vida para os quais as campanhas publicitárias procuram
despertar nosso interesse.
b) Pesquise, em dicionários e na Internet, a diferença entre os signifi cados das seguin-
tes palavras: desejo e vontade. Após isso, crie um conceito e compartilhe com seus 
colegas de sala.
Espera-se que os alunos compreendam que desejo são as necessidades do corpo,
muitas vezes ligadas aos nossos instintos. Já a vontade parte de um comando do 
cérebro para o corpo. Exemplo: eu preciso estudar, meu corpo deseja deitar, mas 
minha vontade é ter bom resultado em uma prova. 
Eu quero ser 
feliz agora!
Eu quero ser feliz agora!
Primeiro, remova o “eu”, 
isso é o ego. Em segui-
da, retire “quero”, que é 
o desejo.
Agora, sim, você está 
preparado para ser feliz.
Feliz!
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cher esta falta! Nosso querer nunca 
pode se tranquilizar. Desejo é ca-
rência ou tédio! Por isso o filósofo 
de Frankfurt elaborou toda uma 
filosofia para levar o desejo a não 
desejar. Dar fim ao desejo, suprimir 
a vontade, é encontrar a liberdade.
Disponível em: https://razaoinadequada.
com/2013/02/08/deleuze-desejo/. Acesso em: 
17/12/2019.
Desejo, vontade e amor
Na obra Além do Bem e do Mal 
ou Prelúdio de uma Filosofia do Fu-
turo, Friedrich Wilhelm Nietzsche 
lança um desafio às nossas con-
cepções sobre o amor e o desejo:
“Acabamos por amar nosso 
próprio desejo, em lugar do objeto 
desejado”. 
Ainda estou meditando sobre 
este aforismo de Nietzsche, que 
reflete, talvez, a fantasia narcísica 
e a visão do outro como espelho. 
É uma doce provocação que nos 
desafia a pensar além do senso 
comum.
Assim, amamos o desejo pela 
imagem antecipada que temos do 
outro, e não propriamente o outro, 
que nunca vemos como ele real-
mente é. É o que Freud chamaria 
de ideias libidinais antecipadas:
“Se a necessidade que alguém 
tem de amar não é inteiramente 
satisfeita pela realidade, ele está 
fadado a aproximar-se de cada 
nova pessoa que encontra com 
ideias libidinais antecipadas.”
Em outras palavras, ligamos 
o objeto do nosso desejo, neste 
caso o outro (familiares, amantes, 
etc.), a uma das representações 
preexistentes em nosso imaginá-
rio, que podem ser deslocadas, 
modificadas ou ressignificadas 
como figuras substitutas de outras 
pessoas do passado, os primeiros 
objetos dos nossos sentimentos, 
que foram “perdidos” de alguma 
forma ou em alguma medida, mas 
sobrevivem em nossas ideias libi-
dinais antecipadas.
E assim, deslocando a me-
mória de uma figura antiga para 
o objeto atual do desejo, vemos o 
outro conforme as nossas ideias 
12
Manual do Educador
12
Religião em diálogo – 80 ano
“Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos 
pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo.”
Sidarta Gautama – Buda
Filosofi as de vida
Organização social e identidade 
Existe uma grande diversidade de povos que desenvolveram 
maneiras de se caracterizar e entender o mundo, mesmo que de 
forma local. Por exemplo, os povos nativos criavam interpretações 
que os ajudavam a determinar os motivos pelos quais chovia, 
trovejava, havia seca, etc., mesmo eles não tendo conhecimento 
de que em outro local do Planeta havia outros grupos de pessoas 
que tinham leis próprias, com seus próprios mitos e divindades. 
No entanto, essa determinada forma de pensar e viver bastava 
para eles.
Observe a narrativa cosmogônica de um grupo nativo que viveu 
na América no Norte, os astecas, entre os anos de 1300 e 1521 d.C. 
C o s m o g o n i a : 
Grupo de doutrina 
ou princípios reli-
giosos que se ocu-
pam em explicar a 
origem do mundo.
“Um mito asteca descreve Tlaltecuhtli, a deusa da terra, como uma besta cruel com 
várias bocas cheias de dentes afi ados que tudo devorava. Quetzalcóatl e Tezcatlipoca ob-
servaram a Tlaltecuhtli quando cruzava o oceano, enquanto buscava alimento com suas 
bocas famintas. Indignados com a presença desse monstro repulsivo que acabava com 
toda a vida que eles criavam, decidiram destruí-lo. Desceram do céu, se transformaram 
em serpentes gigantescas e atacaram a Tlaltecuhtli. Quetzalcóatl pegou uma pata, 
Tezcatlipoca tomou a outra e seguiram em direções opostas, partindo o monstro em 
dois. Com uma metade do corpo, Quetzalcóatl e Tezcatlipoca criaram o planeta Terra e, 
com a outra metade, criaram o céu. Os cabelos de Tlaltecuhtli se tornaram fl ores, ervas 
e árvores dos bosques. A pele da deusa se transformou em formosos campos; de seus 
olhos brotaram poços, mananciais e se formaram cavernas; as bocas deram origem ao 
nascimento dos rios e o seu nariz formou montanhas e vales. Entretanto, para proporcio-
nar aos homens os frutos e alimentos que os permitiram subsistir, Tlaltecuhtli exigiu um 
pagamento de sangue: corações humanos. Por essa razão, oferecer sacrifícios humanos 
a Tlaltecuhtli era, para os astecas, um ritual obrigatório, posto que, se não os praticassem 
de maneira regular, a deusa deixaria de produzir alimentos e o povo morreria de fome.
(VÉLEZ, Ricardo. Seminário sobre a fi losofi a dos mitos e lendas indígenas, UFJF, 2004, p. 23-25)
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antecipadas sobre ele, e não como 
ele realmente se apresenta. De-
sejamos experimentar o dese-
jo pelo que ressignificamos do 
outro, isto é, o desejo por uma 
ideia antecipada que temos dele. 
O outro que desejamos não é o 
outro, real e concreto; é a nossa 
ideia sobre ele, o que nos leva a 
pensar que amamos o desejo por 
essa imagem ressignificada, e não 
o outro, que nunca enxergamos. 
Só percebemos no espelho o que 
projetamos, e é por esse obje-
to idealizado e preexistente em 
nossa memória que caímos de 
amores.
Na verdade, o que nos move 
é a busca de gratificação para os 
desejos, que ocorre quando há o 
investimento libidinal, isto é, quan-
do o afeto é descarregado pelo 
enlaçamento do outro, que, por 
vezes, não é real. Mas não importa 
se o outro, de fato, corresponde 
às nossas projeções, assim como 
também não importa se ele diri-
ge para nós, em retribuição, um 
investimento libidinal, já que ama-
mos o desejo pela fantasia que 
alimentamos sobre ele. O que nos 
gratifica é o investimento libidinal 
no objeto dos nossos desejos, en-
fim o prazer da caçada, e não o 
eventual sentimento pelo outro.
O que queremos, afinal, é 
construir caminhos que nos pos-
sibilitem a satisfação do desejo, 
ou seja, atender ao “impulso de 
recuperar a perda da primeira ex-
periência de satisfação”, poder-se-
-ia dizer em linguagem freudiana 
(In: Interpretação dos Sonhos).
Concordando com Nietzsche, 
ao menos neste ponto, podemos 
dizer que “acabamos por amar 
nosso próprio desejo, em lugar 
do objeto desejado”.
O outro não importa, mas, 
sim, a gratificação que temos ao 
investir a libido na busca do prazer, 
descarregando, nesse processo, 
os impulsos sexuais. Se o desejo 
se dissipa, porque o investimen-
to libidinal deixou de gerar prazer 
ou, em última análise, porque não 
recupera a perda da primeira expe-
riência de satisfação, o outro deixa 
a cena dos nossos investimentos, 
mostrando que era o próprio de-
sejo, e não o outro que nos movia.
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Religião em diálogo – 80 ano
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Religião em diálogo – 80 ano
Quando conhecemos os mitos, deparamo-nos com as 
realidades sociocultural e religiosa daqueles que os narram. 
Algumas histórias míticas podem soar um tanto quanto fanta-
siosas, mas nos ajudam a entender como tal sociedade vivia. 
Quando conhecemos os mitos, aprendemos a filosofia de vida 
de quem estudamos, como no caso dos astecas, um povo que 
tinha a morte como algo positivo, que era concebida como um 
prêmio. 
Nesses grupos, mesmo que de modo simples, em comparação 
com as leis e regras que nos direcionam atualmente, as pessoas viviam 
sob orientações e costumes queconstituíam uma fi losofi a de vida. 
O embasamento político, a organização social, as celebrações 
de festas e cultos religiosos, bem como o conjunto de ideias que 
guia o modo de viver de um grupo de pessoas, podem ser classi-
fi cados como fi losofi a de vida. 
A maneira de viver e compreender o mundo é determinada 
pela comunidade em que as pessoas estão inseridas, o tempo, o 
nível de instrução, etc. Todas essas possibilidades podem gerar 
novas e diferentes formas de pensar, não sendo erradas ou hie-
rarquizadas, apenas refl exos do tempo e da história. 
Humanidade: agrupamento de ideias, fi losofi as e 
princípios éticos 
A humanidade é um projeto do seu tempo, ou seja, por meio do 
conjunto de ideias que vigoram, da política existente e da economia 
vigente, ela carrega consigo características que são indissociáveis 
da sua prática e do seu pensamento e elabora mecanismos de 
sobrevivência para se situar em um lugar e criar um sentimento 
de pertença em relação a ele. 
Geralmente, para se identifi car, as pessoas procuram um meio 
social com ideias semelhantes e juntas elaboraram maneiras de 
sobrevivência e colaboração mútua. Esse modelo de organiza-
ção — com a intenção de colaboração — existe desde os tempos 
primitivos, em que as pessoas viviam em cavernas e registravam 
seu cotidiano nas paredes. 
Nas aldeias indígenas, a 
criança é vista como um sinal 
de resistência da cultura e 
preservação das memórias 
de um coletivo. Por meio do 
contato com os mais velhos, 
os curumins aprendem 
sobre o poder das plantas, 
os cantos dos pássaros e a 
história do seu povo. 
Curumim: Palavra 
de origem tupi, que 
quer dizer criança. 
Indissociáveis: 
Algo que é insepa-
rável, que não se 
pode separar. 
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Monja Coen fala sobre bu-
dismo e violência no Um olhar 
sobre o mundo
Como explicar que um país 
como Myanmar, onde 95% da 
população é budista, religião 
que tem a paz como um de seus 
fundamentos, tenha promovido 
o massacre da minoria muçul-
mana rohingya e forçado cerca 
de 800 mil pessoas a fugir do 
país para viver miseravelmente 
nos campos de refugiados em 
Bangladesh? Esta e outras per-
guntas sobre o budismo e a vio-
lência são feitas pelo jornalista 
Moisés Rabinovici e respondidas 
pela monja Coen Rōshi, primaz 
fundadora da Comunidade Zen 
Budista, no programa Um olhar 
sobre o mundo, que vai ao ar pela 
TV Brasil.
Pode ser esta a ideia de 
Nietzsche no aforismo. Imagi-
no, ao menos, que este foi o seu 
caminho.
Não vou dizer, sem meditação 
mais profunda e sem conhecimen-
tos filosóficos e psicanalíticos, que 
a subscrevo integralmente. Faltam-
-me saber, engenho e arte, para 
concordar ou discordar.
Entretanto, estou propenso 
a acompanhar, ao menos parcial-
mente, o pensamento de Nietzsche, 
porque, de fato, amamos nosso 
próprio desejo, ou seja, amamos a 
busca da experiência de satisfação, 
que Freud chamou de princípio do 
prazer. Mas será que o amor se 
esgota nesse investimento libidinal 
no outro?
Acusem-me de romântico, 
mas não me sinto confortável para 
negar o amor ao outro, quando o 
sentimento sobrevive ao princípio 
da realidade, isto é, quando o amor 
permanece depois que, abando-
nando as nossas ideias libidinais 
antecipadas, paramos de ver o ou-
tro como espelho. E este insight 
pode acontecer eventualmente, 
embora reconheça a sua raridade 
em um mundo de relações super-
ficiais e transitórias.
Disponível em: https://almaacreana.blogspot.
com/2015/05/provocacoes-sobre-o-amor-e-o-
-desejo-em.html. Acesso em: 17/12/2019.
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Manual do Educador
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Religião em diálogo – 80 ano
Registro pré-histórico na 
caverna de Magura, na 
Bulgária. Estudos mostram 
que a caverna era um local 
político, onde as pessoas 
que viviam juntas respei-
tavam uma hierarquia e 
tinham regras a serem 
seguidas, tendo princípios 
éticos e maneiras de viver 
harmonicamente. 
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E, nessa procura por paridade de ideias, alguns aspectos 
são levados em conta, como o modo de pensar, julgar e viver. 
Quando uma determinada pessoa começa a fazer parte de 
um grupo, independentemente do motivo, ela, teoricamente, 
comunga do pensamento e das aspirações dele. Os jovens são 
os mais afetados pela necessidade de fazer parte de um grupo. 
Muitas vezes, os exemplos vistos na TV e as infl uências da In-
ternet fazem com que eles se agrupem em prol de um mesmo 
objetivo, como é o caso de alguns jovens que, por gostarem de 
um youtuber, por exemplo, criam grupos em redes sociais para 
falar dessa celebridade e compartilhar afetos — mesmo que o 
youtuber não esteja nele. 
O sentido de coletividade é muito forte nos jovens. Até atingir certa maturidade, a individualidade é negada para dar 
vazão àquilo que o coletivo faz. Essa prática é mais uma forma de se sentir aceito dentro de determinado círculo social. 
Fonte: http://www.willtirando.com.br/imagens/Individualidade_verde.png
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A monja Coen, que é autora, 
ao lado do historiador Leandro 
Karnal, do livro O inferno somos 
nós, explica que, embora Myanmar, 
a antiga Birmânia, seja um país de 
maioria budista, a perseguição aos 
rohingya é comandada por grupo 
de militares e pelo governo, não 
pela população. “A questão não é 
religiosa. O fato do país ser budista 
não significa que as pessoas que 
estão lá pratiquem o budismo. As 
pessoas que estão cometendo es-
ses atos estão representando o 
governo, são forças militares. O 
país esteve muito tempo sob um 
controle militar que criou discrimi-
nação e aumentou o preconceito”, 
explica a religiosa.
Ela também relata histórias 
ocorridas em outros países en-
volvendo budistas e ressalta 
que os princípios do budismo 
são absolutamente contrários 
à violência. Mesmo os budistas 
que foram obrigados a partici-
par de guerras, como as que 
ocorreram entre Japão e China 
ou na Segunda Guerra Mundial, 
ao final desses confrontos se 
dedicaram a pregar a paz e os 
princípios da não violência. Al-
guns monges budistas foram in-
clusive viver nos Estados Unidos 
com o objetivo de pregar a paz 
no país que tinha sido o grande 
inimigo do Japão. A monja Coen 
fala também sobre os monges 
que se imolavam para chamar 
a atenção sobre os horrores da 
Guerra do Vietnã.
Com a experiência de 35 
anos como missionária oficial 
da tradição Soto Shu, que tem 
sede no Japão, Coen explica as 
possibilidades da meditação 
como forma de melhorar as pes-
soas e a sociedade. “O mundo é 
muito mais vasto que os valores 
da minha família, do meu grupo 
social. A gente pode expandir a 
consciência, que é o que eu acho 
que a meditação faz”, explica a 
monja.
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.
br/geral/noticia/2018-10/monja-coen-fala-so-
bre-budismo-e-violencia-no-um-olhar-sobre-
-o-mundo. Acesso em: 04/12/2019. Adaptado. 
15
Religião em diálogo – 80 ano
15
Religião em diálogo – 80 ano
Os aplicativos para os smar-
thphones, como WhatsApp e 
Telegram, são facilitadores 
de agrupamentos huma-
nos. As pessoas podem 
montar grupos virtuais para 
debater assuntos, trocar in-
formações, memes, etc.
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Assim como acontecia na época da Pré-História, as pessoas 
continuam procurando maneiras de se unir em coletivos com a 
intenção se ajudar — não mais em cavernas como antigamente. 
Esses grupos, carregados da identidade dos antepassados, pre-
servam e atualizam os conhecimentos das tradições transmitidas 
e as adaptam às necessidades da atualidade. Grupos de minorias, 
religiosos e políticos, desempenham um importante papel social e 
dão representatividade às pessoas que estão neles, contribuindo 
para que todos tenham voz e exerçam seu papel político.
A fi losofi a de vida em algumas manifestações religiosas
A seguir, vamos mostrar algumas manifestações de ex-pressão religiosa, ou não, de grupos que ajudam a mudar o 
mundo colocando em prática seus princípios éticos.
 Taoísmo: É uma filosofia de vida que significa caminho, 
via ou princípio. O fundador dessa filosofia foi Lao-Tsé, que 
viveu entre os séculos V e IV a.C. Seu modo de pensar influen-
ciou outros movimentos filosóficos, e é possível perceber 
suas teorias até no tai chi chuan, arte marcial oriental. Sua 
tradição e princípios éticos são: serenidade e paz, vazio de si, 
moderação dos desejos, espontaneidade e contemplação da 
natureza. Segundo os taoístas, colocando em prática esses 
princípios, será possível conseguir três tesouros: a compaixão, 
a moderação e a humildade.
Tai chi chuan: Mo-
dalidade de arte 
marcial oriental que 
segue os princípios 
do taoísmo.
Também é reco-
nhecida como uma 
forma de meditação 
em movimento. 
Yin e Yang são conceitos do 
taoísmo que exemplifi cam a 
dualidade de todas as coisas. 
Essas duas forças fundamen-
tais que regem o Universo 
são opostas, complementa-
res e juntas formam o grande 
equilíbrio cósmico.
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Título: Kundun
Direção: Martin Scorsese
Em 1933, morreu o décimo ter-
ceiro Dalai Lama. Quatro anos de-
pois, em uma remota área do Tibet, 
é encontrado um menino de dois 
anos que é identificado como a reen-
carnação de Dalai Lama, o “Buda da 
Compaixão”. Dois anos mais tarde, 
o garoto, levado para Lhasa, é edu-
cado como um monge e preparado 
para se tornar um chefe de Estado. 
Quando completou 14 anos, passou 
a enfrentar problemas com a China, 
que pretendia tomar posse do Tibet. 
O filme é baseado na vida de Tenzin 
Gyatso, 14o dalai-lama.
Livro: A monja e o professor: Re-
flexões sobre ética, preceitos e valores
Autores: Monja Coen e Clóvis 
de Barros Filho
Um diálogo entre dois renoma-
dos pensadores brasileiros de ori-
gens e abordagens muito distintas: 
monja Coen, fundadora da Comuni-
tendo como base a ética e a felici-
dade, a importância de ser feliz no 
presente e também a necessidade 
de um propósito. “Então, como é que 
você mede o que é adequado? Isso, 
para mim, é sabedoria, é capacidade 
de inteligência e adequação à reali-
dade. E não adequação a um princí-
pio que pode me travar. O princípio 
está por trás disso, mas ele não me 
limita, tanto que eu posso mudar de 
ideia e posso até ser infiel, algumas 
vezes, a algo que não estava sendo 
benéfico. Mas não sou infiel a mim.”, 
monja Coen. 
dade Zen Budista do Brasil, e Clovis 
de Barros Filho, advogado, jornalista 
e professor. Dois renomados pensa-
dores brasileiros, cada um em sua 
área de atuação. O que esperar, por-
tanto, de um diálogo entre esses dois 
nomes, de origens e abordagens tão 
diversas? Em A monja e o professor, 
livro fruto de um diálogo gravado 
entre os dois autores, o leitor terá 
acesso a uma inspiradora conversa, 
16
Manual do Educador
Quando perguntado, Allan Kardec respondeu:
Onde está escrita a Lei de Deus? Na consciência.
Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido à humanidade, 
para lhe servir de guia e modelo? Jesus.
 A Lei de Deus se acha contida toda no preceito do amor ao pró-
ximo, ensinado por Jesus?
Certamente esse preceito encerra todos os deveres dos ho-
mens, uns para com os outros.
Espiritismo: Foi fundado por Allan Kardec com a publicação 
da obra O livro dos espíritos, no ano de 1857. De acordo com a 
visão espírita, toda humanidade necessita unir a religião, a ciência 
e a Filosofia, pois, apenas com esse tripé, é possível chegar ao 
entendimento de qual é nossa missão na Terra. O espiritismo visa 
fazer com que a humanidade compreenda que existe uma inteli-
gência suprema que tudo organiza e tudo gera, que o espírito do 
homem está em constante evolução e que ele, o espirito, é imortal.
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A Federação Espírita Brasi-
leira (FEB ) foi fundada em 2 
de janeiro de 1884, no Rio 
de Janeiro. Constitui-se em 
uma sociedade civil, religio-
sa, educacional, cultural e 
filantrópica que tem por 
objeto o estudo, a prática 
e a difusão do espiritismo 
em todos os seus aspectos, 
com base nas obras da co-
dificação de Allan Kardec e 
nos evangelhos canônicos.
Reprodução.
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Sugerimos estimular nos alu-
nos o interesse pelo conhecimento 
como produção humana. Para isso, 
apresente o seguinte pensamento, 
de Paul Yonggi Cho:
“Uma das buscas básicas do 
homem é a procura da verdade. 
Mas, por toda parte, avoluma-se o 
problema do engano. Além disso, 
antes que se encontre a verdade é 
preciso destruir o engano”.
Que tal perguntar aos estudan-
tes o que eles entendem por conhe-
cimento?
Os primeiros filósofos gregos 
dedicaram-se ao problema de deter-
minar qual era o princípio material 
de que era constituída a natureza, a 
chamada arché (o princípio regedor 
da natureza). Estes foram chamados 
ANOTAÇÕES
Livro: Introdução ao Budismo
Autor: Geshe Kelsang Gyatso 
Esta obra introduz o leitor à 
vida e aos ensinamentos de Buda 
Shakyamuni de uma maneira sim-
ples e profunda. Aqueles que são 
novos no budismo vão encontrar 
neste livro um guia ideal para com-
preender o que é o estilo de vida 
budista.
de naturalistas, pois procuravam 
responder a questões do tipo: o que 
é a natureza ou qual o fundamento 
último das coisas? Também eram 
considerados pessoas desprendidas 
das preocupações materiais do dia a 
dia e que se dedicavam apaixonada-
mente à contemplação da natureza.
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Religião em diálogo – 80 ano
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Religião em diálogo – 80 ano
No espiritismo, não há um símbolo que o represente, como em outras manifes-
tações religiosas, no entanto Allan Kardec, em O livro dos espíritos, fez uma metáfora 
da humanidade com a cepa — parreira, videira — da seguinte forma: 
“Porás no cabeçalho do livro a cepa que te desenhamos, porque é o emblema do tra-
balho do Criador. Aí se acham reunidos todos os princípios materiais que melhor podem 
representar o corpo e o espírito. O corpo é a cepa; o espírito é a seiva; a alma ou espírito 
ligado à matéria é o fruto.”
Seicho-No-Ie: Em tradução literal, quer dizer lar do progre-
dir infi nito. Foi fundada no Japão, no ano de 1930, por Masaharu 
Taniguchi. A Seicho-No-Ie é uma manifestação religiosa pluralista, 
pois seus adeptos entendem que todas as religiões são caminhos 
para se chegar na salvação da alma e na purifi cação dos corpos. 
Ela tem como objetivo fazer com que as pessoas entendam que 
palavras e pensamentos têm força e, se todos se unirem, será 
possível construir uma nova Terra, melhor e na qual todos vivam 
harmoniosamente. 
O símbolo da Seicho-No-Ie, chamado de Enkan, caracteriza a 
união de todas as religiões, as quais, unidas, devem lutar para um 
mundo melhor. A instituição se caracteriza pelo não sectarismo, ou 
seja, a Seicho-No-Ie não se denomina uma religião, mas, sim, uma 
pluralidade de preceitos de uma espiritualidade mais ampla; pelo 
estímulo ao autoaperfeiçoamento espiritual e pela reverência aos 
antepassados, trazendo a defesa das relações harmônicas entre a 
humanidade e a natureza. Na imagem a seguir, é possível observar 
o símbolo dessa manifestação religiosa no muro de entrada do 
Museu Histórico da Seicho-No-Ie, em Ibiúna-SP.
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Manual do Educador
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Religião em diálogo – 80 ano
Cristianismo: Tendo como exemplo Jesus Cristo, essa religião se 
desenvolveu e cresceu por todo o mundo. Jesus não era cristão; viveu 
a vida toda como judeu e ensinava as pessoas que, de todas as leis 
e mandamentos, os dois maiores eram amar a Deus sobre todas as 
coisas e amar o outro ser humano como a si mesmo. Com ideias de 
desapego aos bens materiais e compaixão aos mais necessitados, os 
seguidores de Jesus foram fazendo dessas palavras práticas e conquis-
tando mais adeptos. Os apóstolos Pedro e Paulo institucionalizaram e 
coordenaram a Igreja Cristã Primitiva, que durou aproximadamente 
três séculos.

Outros materiais